quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

RETROSPECTIVA 2016: Mortes

Se tem algo que deixou muita gente impressionada é a quantidade de personalidades talentosas que morreram neste ano de 2016. O pior é saber que a tendência é piorar. 

Fica aqui uma singela homenagem.

Pierre Boulez
Um dos mais importantes compositores e maestros do século XX. Artista desbravador.

David Bowie
Dispensa apresentações.

Glenn Frey
Fundador, vocalista e guitarrista do Eagles.

George Martin
Lendário produtor, maestro e arranjador. Trabalhou com os Beatles (onde ficou conhecido como o quinto beatle), além de Jeff Beck, Cheap Trick, UFO, dentre outros.

Naná Vasconcelos
Um dos maiores percussionistas do mundo.

Keith Emerson
Tecladista do Emerson, Lake & Palmer e um dos maiores nomes no instrumento. Símbolo do rock progressivo.

Greg Lake
Vocalista, baixista e violonista ícone do rock progressivo. Fez parte do King Crimson, Emerson Lake & Palmer, Asia, dentre outros grupos.

Marle Haggard
Ícone da música country americana.

Prince
Artista completo. Um dos maiores nomes da música POP. 

Bernie Worrell
Tecladista do Parliament-Funkadelic. Chegou a participar do Talking Heads.

Scotty Moore
Guitarrista influente. Responsável pelas primeiras gravações do Elvis Presley.

Alan Vega
Lenda do punk rock. Vocalista do Suicide.

Bobby Hutcherson
Um dos mais aclamados vibrafonistas e marimbistas da história.

Toots Thielemans
Guitarrista, gaitista e até mesmo assobiador lendário do jazz.

Leonard Cohen
Cantor e compositor canadense. Um dos grandes letristas da história.

Leon Russell
Pianista que acompanhou inúmeros artistas. Dono de uma carreira solo consistente.

Sharon Jones
Ícone recente da soul music. Cantora impecável.

Rick Parfitt
Guitarrista e vocalista do Status Quo.

Rudy Van Gelder
Lendário engenheiro de áudio que trabalhou em diversos álbuns clássicos de jazz.

George Michael
Ícone da música POP.

- Lester Paul (Guitarrista filho do icônico Les Paul).
- Paul Bley (Pianista de jazz responsável pela inclusão do sintetizador no estilo).
- Michel Delpech (Cantor francês que fez sucesso na década de 1960).
- Gilberto Mendes (Compositor e regente brasileiro).
- Natalie Cole (Cantora de jazz, filha de Nat King Cole).
- Otis Clay (Ícone da soul music e do blues de Chicago).
- Dale "Buffin" Griffin (Baterista do Mott The Hoople).
- Jason Mackenroth (Baterista da Rollins Band).
- Jimmy Bain (Baixista da formação original do Rainbow e da banda Dio).
- Black (Autor do sucesso "Wonderful Life").
- Paul Kantner (Guitarrista fundador do Jefferson Airplane).
- Signe Anderson (Primeira vocalista do Jefferson Airplane).
- Maurice White (Vocalista e fundador do Earth, Wind & Fire).
- Dan Hicks (Talentoso guitarrista que fez parte do Charlatans).
- Yusef Lateef (Músico mestre dos sopros na linguagem jazz).
- Vanity (Cantora e dançarina canadense).
- Severino Filho (Integrante do grupo Os Cariocas).
- John Thomas (Guitarrista do Budgie).
- Nikolaus Harnoncourt (Regente austríaco).
- Eduardo "Jó" Josino (Percussionista que fez parte da banda do Caetano Veloso).
- Jimmie Haskell (Compositor americano).
- Aaron Huffman (Baixista do Harvey Danger).
- Robert Stigwood (Produtor de musicais).
- Nik Green (Tecladista do Blues Murder).
- Serena (Ótima cantora. Filha do Itamar Assumpção).
- Joe Skyward (Baixista que fez parte do Sunny Day Real Estate).
- Marcus Rampazzo (Guitarrista, produtor e conhecido fã de Beatles e equipamentos antigos).
- Vi Subversa (Vocalista da banda anarcopunk, Poison Girls).
- Gato Barbieri (Premiado saxofonista argentino).
- Phife Dawg (Rapper membro do A Tribe Called Quest).
- Jimmie Van Zant (Cantor americano).
- Dennis Davis (Baterista espetacular que gravou grandes discos do David Bowie).
- Rogério Duarte (Artista plastico autor de diversas capas tropicalistas).
- Richard Lyons (Membro do Negativland. Importante figura da música experimental).
- Lonnie Mack (Guitarrista americano extremamente influente).
- Papa Wemba (Músico congolês).
- Billy Paul (Cantor lendário da soul music americana)
- Fernando Faro (Jornalista musical e apresentador da TV Cultura).
- Christian Petermann (Ótimo crítico de cinema que indiretamente me inspirou a começar a escrever sobre música).
- Vespasiano Ayala, o Paraguaio (Técnico de som que trabalhou com inúmeros artistas do rock nacional).
- Isao Tomita (Desbravador dos sintetizadores)
- João Palma (Baterista que tocou com Tom Jobim, Frank Sinatra e Sergio Mendes).
- John Stabb (Vocalista do Government Issue).
- Cauby Peixoto (Uma das vozes mais singulares da música brasileira).
- Guy Clark (Músico veterano de country music).
- Jane Little (Baixista que ficou durante 70 anos a frente da Orquestra Sinfônica de Atlanta).
- Adrian J. Guerra (Baterista do Bell Witch).
- John Berry (Integrante fundador presente no começo do Beastie Boys).
- Nick Menza (Baterista da fase clássica do Megadeth).
- Papete (Compositor e percussionista maranhense).
- Mario Sergio (Cantor do Fundo de Quintal).
- Thomas Fekete (Guitarrista do Surfer Blood).
- Manoel Ferreira (Compositor de marchinhas carnavalescas).
- Brandon Ferrel (Fundador do Municipal Waste).
- Marshall "Rock" Jones (Baixista do Ohio Players).
- Dave Swarbrick (Compositor e multi-instrumentista do Fairport Convention).
- Henry McCullough (Guitarrista do Wings e da banda do Joe Cocker).
- Prince Be (Membro do duo de hip hop P.M. Dawn).
- Wayne Jackson (Músico de Memphis que fez parte da Stax e que tocou com inúmeros artistas).
- Ralph Stanley (Veterano da música americana. Ícone do bluegrass).
- Bárbara Reis (Jovem cantora que fez parte do grupo do Liniker).
- Mack Rice (Veterano cantor de soul music).
- Rob Wasserman (Baixista que tocou com Lou Reed, Van Morrison, Elvis Costelo, dentre outros).
- Lidoka Martuscelli (Integrante das Frenéticas).
- Sandy Pearlman (Produtor muito associado ao Blue Oyster Cult, mas que trabalho também com The Clash, Black Sabbath, dentre outros).
- Brian Rading (Fundador e baixista do Five Man Electrical Band).
- Roye Albrighton (Guitarrista e vocalista da banda Nektar).
- Vander Lee (Cantor e compositor mineiro).
- Luiz de Boni (Tecladista que fez parte d'O Terço).
- Gary Watson (Jovem líder da banda The Lapelles).
- James Woolley (Tecladista que integrou o Nine Inch Nails).
- Thoman Bielefeld (Vocalista e tecladista do Azul 29).
- Matt Roberts (Guitarrista do 3 Doors Down).
- Joe Jeffrey (Líder do Joe Jeffrey Group).
- Fernando Souza (Baixista que tocou com vários artistas da música brasileira).
- Lou Pearlman (Empresário conhecido por criar boy bands como Backstreet Boys e N'Sync).
- Pecu Cinnari (Baterista do Tarot).
- Leonard Haze (Baterista do Y&T).
- Jerry Corbeta (Vocalista fundador do Sugarloaf).
- Wagner Giudice (Vocalista de uma das primeiras bandas de heavy metal do Brasil, o Abutre).
- Peninha (Percussionista do Barão Vermelho).
- Rod Temperton (Espetacular compositor que trabalhou, dentre outros, com o Michael Jackson).
- Phil Chess (Cofundador da lendária Chess Records).
- Ryo Fukui (Pianista japonês virtuoso de jazz).
- Pete Burns (Vocalista do Dead Or Alive).
- Bobby Vee (Cantor pop que fez enorme sucesso na década de 1960).
- José Rozenblit (Fundador da gravadora Rozenblit, que lançou Tom Zé, Lula Côrtes, Flaviola, Zé Ramalho, dentre outros).
- Curly Putman (Compositor de "Green, Green Grass Of Home").
- Eddie Harsch (Tecladista do Black Crowes. Tocou com outros artistas).
- Jean-Jacques Perrey (Compositor pioneiro da música eletrônica).
- Richard Steiner (Produtor da Broadway).
- Victor Bailey (Baixista virtuoso de fusion).
- Mose Allison (Veterano pianista de blues e jazz. Autor da clássica "Young Man Blues").
- Holly Dunn (Cantora e compositora).
- Michael Bell (Integrante do duo Lymbyc Systym).
- Craig Gill (Baterista do Inspiral Carpets).
- Jean-Cluade Risset (Pioneiro da música eletrônica).
- Roberto Corrêa (Integrante da banda Golden Boys).
- Pauline Olieros (Transgressor e influente compositor).
- Adam Sagan (Jovem baterista que participou de inúmeras bandas de heavy metal).
- Roberto Lly (Baixista do Herva Doce).
- Damião Experiença (Artista de música experimental que ganhou prestigio cult nos últimos tempos).
- Mick Zane (Membro fundador do Malice).
- Alphonse Mouzon (Baterista influente. Fez parte do Weather Report).
- Pierre Barouh (Compositor francês).
- Debbie Reynolds (Atriz, cantora e dançarina).

sábado, 24 de dezembro de 2016

RETROSPECTIVA 2016: Shows do ano (entre os que vi, claro)

Está cada vez mais inviável listar os melhores shows do ano. Isso ocorre devido a dificuldade que é ir aos espetáculos. Coloque neste pacote o preço exorbitante dos ingressos, a canseira que é se deslocar por São Paulo, falta de tempo e até mesmo a preguiça de aguentar um público cada vez mais mal educado.

Entre shows interessantes que perdi estão o do John McLaughlin, Larry Carton, Adrian Belew, Meshuggah, The Aristocrats, Air, Courtney Barnett, Body/Head, Lee Ranaldo, De La Soul, Guns N' Roses, Tortoise, Descendents, Black Sabbath e Novos Baianos.

Ainda assim pude ver um ou outro show que destaco agora, sem ordem de preferência:

Rolling Stones
É verdade que o grupo não apresenta mais a vigorosidade de décadas atrás. Todavia, me contento ao menos pela oportunidade de ver a banda ao vivo. Se o genial Keith Richards se esconde atrás da caricatura que virou, o Mick Jagger continua detonando. Sua disposição é impressionante. E o repertório, claro, é excelente.

Wilco
Dois shows seguidos em São Paulo. Um pelo Popload, num lugar aberto, com clima explosivo e vibrante. Outro no teatro do Ibirapuera, bem mais intimista. Repertório bastante variado e a excelência de uma das melhores bandas da atualidade. Um fim de semana inesquecível.

Herod
Assisti um festival gratuito e independente da Sinewave no Largo da Batata no Dia da Música. Estrutura simples, com a banda na mesma altura do público, mandado ver em suas ótimas composições de post-rock com influencia de drone. E no fim rolou até um Kraftwerk. Que venha mais eventos como esse.

Patife Band
Uma das minhas bandas prediletas de rock brasileiro, com o baterista original, tocando num espaço que tinha não mais que 20 pessoas. Paulo Barnabé não deu a mínima e mandou bala em suas geniais faixas. Mais pareceu uma aula que um show.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

RETROSPECTIVA 2016: Tem que conferir

Sabe aquele grupo/artista que não lançou um grande disco, mas soltou uma música legal que não pode passar despercebida numa retrospectiva, seja por ter tocado muito, por apontar novos horizontes, por ter um clipe divertido ou simplesmente devido a música ser bacana? Pois então, são essas faixas que reúno neste post. Vamos a elas:

Obs: Tais músicas não são necessariamente as melhores do ano, até porque exclui deste post as grandes músicas que estão dentro dos grandes discos. Estão aqui as faixas isoladas que merecem atenção.

Coldplay - Up&Up
A música é fraquinha, mas o vídeo é delirante.

BabyMetal - Karate
Acho graça. Thrash metal, dubstep, k-pop e djent num pacote só.

Baco Exu do Blues & Diomedes Chinaski - Sulicídio
Essa deu treta, hein. Se ofendeu é porquê a carapuça serviu. Eu achei bem legal. Chegaram chutando a porta, sem brodagem e, principalmente, com consistência musical. Produção nervosa. O verso do Diomedes é embaçado. Tem seus momentos que dão margem para o cancelamento, mas sei lá, vale pela ousadia.

Bones - Fat
Sem grande informação. Só sei que essas garotas andaram tocando com o Jeff Beck e que elas tem um som próprio bem legal.

Charli XCX - Vroom Vroom
Paulada pop, sexy, divertida, dançante, ganchuda... Bom demais! A produção é corrosiva. Das minhas músicas prediletas do ano.

David Bowie - Lazarus
Durante a retrospectiva falarei mais sobre o David Bowie, mas não poderia deixar de mencionar o emocionante clipe de "Lazarus". Obra de arte derradeira de um gênio.

Desiigner - Panda
Pô, é um faixa pesada. Trap pulsante, de boa produção e versos. Já tá bom.

DJ Shadow feat. Run The Jewels
Honestamente nem me atentei ao disco do lendário produtor, mas adorei essa música lançada em parceria com o Run The Jewels. E o clipe é legal demais.

Flying Lotus - FUCKKKYOUUU
Nem tanto pela música - um drone ambient maluco -, mas mais pelo ótimo clipe dirigido Eddie Alcazar. Tem que ser assistido.

Kodak Black, 21 Savage, Lil Uzi Vert, Lil Yachty & Denzel Curry (2016 XXL Freshmen Cypher)
Estranho quem não vê grandes horizontes para o hip hop diante de uma geração dessas. Cada flow tem sua particularidade. Escolha seu favorito. Eu fico com o Denzel Curry.

M83 - Go!
Ainda que eu não tenho achado o disco do grupo grande coisa, admito que achei essa música legal. Talvez um pouco devido o solo do Steve Vai no final.

Massive Attack, Young Fathers - Voodoo In My Blood
Mais um vídeo sensacional numa parceria acachapante.

Prophets Of Rage
Projeto reunindo integrantes do RATM, Public Enemy e Cypress Hill. É mais interessante pela parceria do que pelo som em si.

ACHADOS DA SEMANA: Jéssica Areias, Elliot Sharp, Arthur Verocai e Cressida

JÉSSICA AREIAS
Ganhei o CD desta cantora de uma amiga. É ótimo em todos os quesitos. Música brasileira cantada com o sotaque de Portugal. Vale a pesquisa.

ELLIOT SHARP
Um ícone da guitarra avant-garde. Ele tem trabalhos bem esquisitos, mas para quem se interessa por experimentações é uma boa pedida.

ARTHUR VEROCAI
Eu já conhecia a lenda de que seu único disco lançado na década de 1970 foi redescoberto e sampleado por DJs/produtores de hip hop, só faltava ouvi-lo. Tem canções bem bonitas e arranjos soberbos. Um álbum verdadeiramente especial.

CRESSIDA
Mergulhando em mais uma entre tantas ótimas bandas do progressivo britânico. Nada que bata de frente com os medalhões, mas é bacana.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

RETROSPECTIVA 2016: Bandas que acabaram / Bandas que voltaram

Assim como faço todo mês de dezembro, chegou a hora da retrospectiva do ano. Aguardem posts sobre os grandes lançamentos (e relançamentos), as decepções, as músicas que não podem passar despercebidas, os melhores shows (entre os vistos por mim, claro), além de uma pequena homenagem aos ídolos da música que se foram.

Mas hoje falarei sobre as bandas que voltaram e as que encerraram as atividades. Sem mais delongas, vamos a elas!

BANDAS QUE ACABARAM
Crosby, Stills & Nash
Seria normal, nesta altura da vida, se uns dos três decidisse amigavelmente não trabalhar mais em grupo. Mas não, ao que parece eles entraram num arranca-rabo feio. Que fim indigno.

U.D.R.
Não que eu ache muita graça nas letras do grupo, mas é revoltante como o politicamento correto virou censura, sendo o trio condenado por "incitar o crime". Absurdo.

Die Antwoord
É uma banda que não pode envelhecer mesmo. Acaba que é melhor.

Bolt Thrower
Boa banda de death metal. Batera morreu, banda acabou. 

Graveyard
Banda nova, que ainda tinha lenha para queimar, mas a velha "divergência artística" levou o grupo para o buraco.

Viola Beach
Confesso que não me recordo da banda, mas vale a menção devido a tragédia que foi a morte de todos os jovens integrantes e do empresário do grupo em um acidente automobilístico.

Emerson, Lake & Palmer
Ano triste para banda. Tá certo que não estavam em atividade, mas com a morte de Emerson e Lake fica impossível qualquer reunião. É o fim definitivo.

DeFalla
Voltaram, lançaram um disco fraquíssimo e deram área novamente. Vai entender.

Kid Abelha
Anunciaram o fim, mas quem se importa? E já não tinha acabado?

BANDAS QUE VOLTARAM
Guns N' Roses
Em termos de expectativa comercial, a grande volta do ano. Confesso que fiquei feliz só de ver uma foto com Axl, Slash e Duff juntos. Aguardo um disco de inéditas agora.

Rainbow
Não é exatamente o Rainbow, mas sim o Blackmore voltando a tocar guitarra. E tocando bem mal, diga-se de passagem. Ao menos o vocalista mandou bem.

Misfits
Por essa ninguém esperava: Danzig de volta ao Misfits. E de quebra com Lombardo na bateria. No minimo divertido.

Temple Of The Dog
Ainda que seja uma mero encontro para poucos shows em comemoração ao relançamento do disco do supergrupo grunge, não deixa de ser um fato relevante.

Novos Baianos
Assim como todas as outras voltas, nada de material inédito, apenas show. Mas já é o suficiente para trazer alegria.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

ACHADOS DA SEMANA: Nico, Shad, Nenê Trio e Ianis Xenakis

NICO
O que dizer dessa versão da Nico pra clássica "The End" dos Doors? Gostei demais.

SHAD
Assisti essa semana um documentário em formato de série no Netflix chamado Hip Hop Evolution apresentado por esse tal de Shad. Tocou essa música e achei muito boa, assim como a série. Recomendo.

NENÊ TRIO
Lendário baterista que acompanhou meio mundo da música brasileira e, ainda assim, pouco conheço. Decidi tirar o atraso. Seu trabalho próprio, em trio, é espetacular.

IANNIS XENAKIS
Um amigo me mandou este trabalho (La Légende D'Eerr) deste importante compositor do século XX. São uns barulhinhos agudos "chatos" quando escutados dispersamente, mas que ouvindo com atenção constroem texturas interessantíssimas.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

TEM QUE OUVIR: Slipknot - Vol. 3: (The Subliminal Verses) (2004)

O new metal teve sua ascensão na segunda metade da década de 1990 através de grupos como Korn e Deftones. Todavia, é possível dizer que o auge de sua popularidade se deu na virada do século, principalmente com o Slipknot, que lançou em 2004 seu terceiro trabalho, o ótimo Vol. 3: (The Subliminal Verses).


Se antes o grupo já havia chamado atenção por sua violência sonora, shows pirotécnicos/agressivos, visual impactante - com direito as famigeradas máscaras fazendo alusão a palhaços, macacos, Hannibal, Coringa, Pinóquio e Jesus Cristo -, no Vol. 3, para desespero dos antigos fãs, a banda fez concessões musicais que ressaltaram as boas qualidades composicionais do grupo em detrimento da urgência sônica.

Produzido pelo grande Rick Rubin, o peso da banda continua intacto, principalmente nas desesperadoras "The Blister Exist", "Three Nil", "Opium Of The People" e "Welcome", com destaque para a bateria verborrágica do Joey Jordison, além dos riffs graves e cacofônicos de guitarra.

Todavia, faixas como "Duality", "Vermilion" e "Before I Forget", todas com grande rotação na programação da MTV, apresentam certa sensibilidade "pop" em seus excelentes refrões - lembre-se, sempre sem abrir mão do peso - e as várias possibilidades interpretativas do Corey Taylor.

Se a acústica "Circles" é de grande qualidade melódica, "The Nameless" tem um certo experimentalismo sônico doentio, com destaque para o trabalho do DJ Sid Wilson.

Conservador que é o mundo do heavy metal, o Slipknot sofreu muita resistência da velha guarda, mas com sua estética particular, representou também a última incursão do gênero pelo mainstream.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

TOP 5: Discos da Rita Lee

Recentemente saiu a biografia da Rita Lee. Entre elogios, críticas e tentativas fracassadas de entrevistas, a eterna rainha do rock brasileiro virou novamente notícia. E aqui não vai ser diferente! Por isso preparei um Top 5 de discos da Rita Lee. Pra lista ficar mais difícil, divertida e ampla, inclui até mesmo sua fase nos Mutantes.


Sem mais delongas, segue a lista em ordem cronológica:

O1: Os Mutantes (1968)
Direto do bairro da Pompéia e acolhidos pelo tropicalismo, os Mutantes apresentam logo em seu disco de estreia a sua grande riqueza sonora. É jovem, divertido, psicodélico, inventivo e sofisticado. Muito disso graças ao arranjador Rogério Duprat. Um cult internacional que merece o status que alcançou. Clássico!

02: A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970)
Meu disco predileto do trio. Já não tão mais engraçadinho, mas ainda jovem, criativo e rockeiro. Um claro sinal do amadurecimento.

03: Atrás Do Porto Tem Uma Cidade (1974)
O predileto para muito dos fãs do rock setentista. Acompanhada pelo sensacional grupo Tutti Frutti, ela soa mais pé no chão, encontra suas raízes no rock básico e produz algo próximo ao que seria o glam rock brasileiro.

04: Fruto Proibido (1975)
Clássico! Cheio de hits, com Carlini imitando o Keith Richards, Franklin debulhando na bateria e Rita definitivamente virando uma estrela. Ah, a produção também é ótima.

05: Rita Lee (1979)
Fiquei tentado a listar o rockeiro Entradas e Bandeiras (1976), mas não seria justo ignorar o lado mais pop da Rita. No seu trabalho de 1979, a cantora inicia sua parceria com Roberto de Carvalho e mostra seu talento apurado para compor hits. Ótima produção radiofônica do Guto Graça Mello. Teria as gravadoras investido no tal BRock 80 se poucos anos antes a Rita Lee não tivesse mostrado a fórmula para se fazer dinheiro com pop rock?

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

ACHADOS DA SEMANA: Ludovic, Kronos Quartet, Megadeth e Miles Davis

LUDOVIC
Devo confessar que conheço o trabalho solo do Jair Naves, mas nunca tinha ouvido Ludovic. Que banda legal! Idioma Morto (2007) é provavelmente um dos melhores discos de rock brasileiro da época em que foi lançado.

KRONOS QUARTET
Sem compromisso, estava apenas assistindo alguns vídeos desse requisitado quarteto de cordas no YouTube. Vale a pesquisa.

MEGADETH
O que fazer quando fica sabendo que o Vinnie Colaiuta gravou as bateras de um disco do Megadeth? Ouvir o disco! Mas já adianto, infelizmente não é grande coisa. 

MILES DAVIS
Esqueça todo o resto e escute o At Plugged Nickel do Miles Davis. Nesta fase seu famoso quinteto era formado por Wayne Shorter, Herbie Hancock, Ron Carter e Tony Williams. Parece piada, né!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

TEM QUE OUVIR: R.E.M. - Out Of Time (1991)

A ascensão do R.E.M. ao mainstream se deu de forma progressiva e arrasadora, chegando ao seu ápice global no lançamento de Out Of Time (1991), que se para muitos não representa a melhor fase da banda, ao menos é um fenômeno pop impressionante.


Foi aqui que o R.E.M. definitivamente deixou de ser alternativo. Esqueçam as rádios universitárias, seu público agora estava na MTV, o que justificou a alta produção e rotação do premiado clipe de "Losing My Religion", uma balada fantástica guiada pelo bandolim de Peter Buck e a letra sagaz de Michael Stipe.

A consistência sonora de uma das grandes bandas do rock é evidente logo na abertura de "Radio Song", um power pop grooveado, de arranjo enorme e com direito a participação do rapper KRS-One.

Um dos maiores hits do grupo e da década de 1990 é a divertida e ironicamente politizada "Shiny Happy People", que traz a participação de Kate Pierson (B-52's). Seu clipe colorido também fez sucesso na programação da MTV.

A dramática "Low" e a instrumental "Endgame" revelam que o disco, apesar de pop, não poupa rebuscamento nas composições.

Além da guitarra à la Byrds de Peter Buck, é o vocal do baixista Mike Mills que chama atenção no belo single "Near Wild Heaven". Já seu baixo rouba a cena na ótima "Texarkana".

Destaque também para a acústica "Half A World Away" e a delirante "Country Feedback". Ambas lembram a sonoridade que o Pearl Jam viria a fazer posteriormente, o que revela que, mesmo com o sucesso, o R.E.M. não perdera admiração das novas estrelas do cenário alternativo. 

Lançado com um espaço de três anos de seu último trabalho, o R.E.M. acertou em cheio com Out Of Time, não só comercialmente, mas também artisticamente, dando relevância a um grupo que passou ileso pelo furacão grunge mesmo fazendo música pop.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

TOP 5: Discos de samba

Muito tem se falado sobre o centenário do samba. Embora eu não seja dos maiores apreciadores do ritmo, não posso deixar de citar ao menos um TOP 5 pessoal dos meus discos prediletos do estilo.

Uma lista óbvia, mas preciosa. Curiosamente todos os álbuns lançados num espaço de 4 anos.

Nelson Cavaquinho - Nelson Cavaquinho (1973)
Uma amostra emocionante da tristeza de Nelson Cavaquinho, retratada tanto em suas composições quanto na sua interpretação única de dicção falha e sincera. Se as clássicas "Juízo Final" e "Folhas Secas" não te provocam nenhuma emoção, então há algo de muito errado com você.

Paulinho da Viola - Nervos de Aço (1973)
Paulinho da Viola é elo perfeito entre o que há de mais tradicional no samba com a modernização quase erudita do estilo através de sua poética exuberante e arranjos pouco convencionais de suas canções. Isso sem falar na sua voz maravilhosamente delicada. Nervos de Aço é seu auge.

Adoniran Barbosa - Adoniran Barbosa (1974)
Décadas de cultura proletária imigrante em um único disco. Um documento fundamental do samba paulista. Isso sem falar na charmosa voz de tabagista do Adoniran.

João Bosco - Caça à Raposa (1975)
Um símbolo da cultura afro-brasileira, parceiro de Aldir Blanc, dono de um violão singular, que fez do ritmo sincopado do estilo algo ainda mais complexo. Não por acaso o repertorio envolvente desse disco deixou Elis Regina boquiaberta.

Cartola - Cartola (1976)
Do morro, via Cartola, veio o que há de mais sofisticado na estética da canção popular. Um duro golpe a quem atribui a baixa cultura aos subúrbios. São poucos os que escrevem tão bem quanto o Cartola. No momento, ao som da melodiosa "O Mundo É Um Moinho", não consigo pensar em nada melhor que isso.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

TEM QUE OUVIR: Leonard Cohen - Live In London (2009)

Aos 75 anos, Leonard Cohen era um artista mais que consagrado. Havia se afastado da carreira artística para desfrutar seus últimos anos de vida num mosteiro budista. Foi quando um golpe financeiro da sua empresária o levou a falência. Solução: voltar para os palcos.

Com shows de mais de 3 horas de duração, o músico/poeta registrou tal fase no exuberante Live In London (2009), que traz um apanhado de toda sua carreira e um vigor/humor incrível para sua idade. Se você não conhece sua obra, essa é a melhor porta de entrada.


Logo de cara, ovacionado pela plateia, Cohen entrega "Dance Me To The End Of Love", com aquele clima de saloon e influência da música francesa de Serge Gainsbourg. Isso sem falar na sua voz encantadoramente fúnebre que mais parece cochichada ao pé do ouvido.

"The Future" é uma de suas canções mais politizadas, onde com ironia prevê o caos. Já seu lado pop pode ser exemplificado na melódica em "Ain't No Cure For Love" e na divertida "I'm Your Man".

A poética do compositor se faz valer na linda "Bird On The Wire", com direito a deliciosas passagens de guitarra. É não menos que cinematográfico o arranjo de "Anthem". Enquanto isso, a épica "Tower Of Song" remete as suas inserções pelo synthpop na década de 1980, embora aqui em versão completamente acústica.

A delicada voz de Sharon Robinson em "In My Secret Life" faz um belo contraponto ao timbre grave de Cohen. Já o violonista Javier Mas esmerilha seu instrumento na introdução flamenca de "Who By Fire".

É emocionante ouvir sua interpretação para clássicos do seu primeiro disco, vide "Hey, That's No Way To Say Goodbye", "Suzanne", "Sisters Of Mercy" e, claro, "So Long, Marianne". Outro hit que aqui ficou melhor que na versão original é "Hallelujah".

Muitos são os pecados que se podem cometer na vida. Entre tantos, só não cometa o absurdo de passar despercebido por esse disco.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

MINHA NAMORADA E MEUS DISCOS MERDA: Close To The Edge, do Yes

Vire e mexe falo pra Re sobre rock progressivo (eu devo ser um saco!) e ela nunca entende do que se trata. Quem sabe com um exemplo prático a coisa fique mais fácil.

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por Rena Alves, do Maria D'escrita

Demorei mas voltei.

Na semana passada o Juliano me indicou o álbum Close To The Edge da banda Yes. Dessa vez a indicação veio com um adendo: Eu só deveria ouvir as 3 primeiras músicas do álbum.*

Meu primeiro pensamento foi “vai ser coisa rápida”, até me deparar com a primeira música que tinha 18 minutos e 38 segundos de duração! Para uma ansiosa isso é tortura. Só de olhar pro Spotify eu já tava me tremendo. Loucuras minhas à parte, vamos para as loucuras do Yes.

A primeira música, que dá nome ao álbum, tem vibe de natureza no inicio e me pareceu legal. Mais ainda quando surge a guitarra nela. Teve um sonzinho de cordas tocadas bem rápido que eu adorei e um “ahhhh” que eu achei desnecessário.

É claro que em dado momento a ansiedade bateu e eu queria logo era passar de música, mas foi aí que rolou um tipo de transição e a música pareceu virar outra. Fiquei me perguntando se o Yes é tão bom a ponto de saber em que momento fazer essa transição.

Mas não pensem que essa transição foi só alegria. Os próximos minutos eram instrumentais e eu tenho um pouco de bode de música instrumental (me julguem). Mas, mais uma vez, a banda foi certeira e uma voz surgiu quando eu já estava ficando cansada novamente. Depois de tudo isso ainda me restavam TREZE minutos de música. Pensem no meu pé torto batendo no chão e meu dedo querendo clicar em “next”.

Fui pro Facebook, voltei e ainda me restavam 9 minutos de "Close To The Edge". Essa parte era meio dark e eu definitivamente não curti pois sou mais do sol do que das trevas. Podiam ter terminado a música de maneira ótima hein, YES? Mas não, exageraaados que só eles.

Enfim, a música termina com um som de natureza similar ao inicio e foi aí que a brisa bateu. "Close To The Edge" é como um mundo todo dentro de uma só música. Eu tive varias sensações, momentos, pensamentos e ela amarrou tudo isso muito bem. Caramba Yes, vocês são danadinhos mesmo, hein!?

Depois de uma vida para analisar a primeira música, eu fui para "And You And I", que já me encantou logo no comecinho. Pareceu algo um tanto psicodélico e já tinha gente cantando desde o inicio. Prefiro assim! Essa também parecia ter mais uma música dentro a música, mas dessa vez gostei de ambas.

Pra finalizar ouvi "Siberian Khatru". Que chave de ouro! Música animada, gostosa e me deu vontade de sair dançando por aí. Parece música da Disco, não?

Enfim, coisa de maluco esse disco. Mas eu não esperava algo diferente do meu namorado. Apesar das estranhezas eu simpatizei com as músicas e achei bem interessante o misto de sensações/impressões que elas me trouxeram.

Bom feriado, pessoal! Até a próxima quinzena!


*Obs: Apenas quis livra-la das bônus tracks.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

TOP 5: Adrian Belew

Neste mês de novembro, mais precisamente no dia 27, um dos grandes guitarristas da história tocará em São Paulo. Não, não me refiro ao Slash e seu enfadonho Guns N' Roses, mas sim ao grande Adrian Belew.

Mesmo que você nunca tenha ouvido falar dele, seu currículo certamente provocará o interesse de conhece-lo.

Ele já trabalhou com Frank Zappa, Talking Heads, David Bowie, King Crimson, Paul Simon, Laurie Anderson e Nine Inch Nails. Isso sem contar seus bons discos solo.

Com tantas parcerias em mais de 40 anos de carreira, decidi selecionar um ingrato TOP 5 dos meus momentos prediletos dele. Claro que vai faltar muita coisa, mas ao menos é uma boa porta de entrada para um músico brilhante.

01: David Bowie - Stay
Ainda que tenha tocado no derradeiro berlinesco Lodger (1979), a grande parceria de Belew com o Bowie ocorreu ao vivo, vide o clássico Stage (1978). Essa é minha fase ao vivo predileta do camaleão. É interessante salientar que Belew acompanhou o Bowie também durante sua passagem pelo Brasil, se não me engano em 1990. Tem quem ouse dizer que ele roubou a cena do show. Isso definitivamente não é pouca coisa. Mas aqui, como registro, deixo o vídeo de "Stay" gravado para a TV alemã logo no inicio da parceria, onde Bowie não esconde no olhar a admiração por seu mais novo guitarrista.

02: Talking Heads - Born Under Punches
Embora goste do Talking Heads, devo confessar que não sou dos maiores admiradores. Mas quando calho a ouvir, minha escolha é sempre o disco Remain In Light (1980), obra precursora da chamada world music e que traz na guitarra o Adrian Belew tirando sons "incomuns", para não dizer bizarros. Algo mais próximo de sons de elefantes e computadores do que do virtuosismo do Eddie Van Halen tão em voga na época.

03: Paul Simon - Crazy Love Vol. II
Se o Talking Heads foi quem começou com esse papo de world music no rock, Paul Simon foi quem popularizou no clássico Graceland (1986). O álbum traz a participação do guitarrista na complexa balada "Crazy Love Vol. II".

04: King Crimson - Elephant Talk
Foi com esse vídeo que entrei em contato pela primeira vez com o trabalho do Belew. Já conhecia e adorava a obra do King Crimson da década de 1970, mas como na década seguinte a grande maioria das bandas de progressivo tinham virado um troço intragável, nem me dei o trabalho de ouvir. Foi então que um sujeito me mostrou esse video de "Elephant Talk" e meu mundo caiu! O arranjo das guitarras definitivamente abriu minha cabeça. É absurdamente complexo e técnico, mas sem ser chato. Isso sem falar nos timbres malucos. São muitas as qualidades! Hoje acho o Discipline (1981) um dos grandes discos do King Crimson. Poucos se adequaram tão bem a época quanto eles (ou ele, o senhor Robert Fripp).

05: King Crimson: Happy With What You Have To Be Happy With
A prova definitiva de que Adrian Belew e Robert Fripp formam uma das grandes duplas de guitarra de todos os tempos. Como que ele consegue tocar esse ritmos complexos e ainda cantar? Como uma banda da década de 1960 consegue soar ainda hoje tão consistente? Como perder o show do Belew em São Paulo?

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

TEM QUE OUVIR: Jefferson Airplane - Surrealistic Pillow (1967)

Na segunda metade da década de 1960, grupos dissidente do chamado "Verão do Amor" brotaram principalmente na região de São Francisco. Dentre os mais cultuados está o Jefferson Airplane, um símbolo da contracultura americana que sobrevive no consciente de qualquer um que se interesse por psicodelia.


Surrealistic Pillow (1967), o segundo trabalho da banda, marca exatamente o momento de transição entre a saída do lendário Skip Spence e a entrada da maravilhosa Grace Slick.

Um detalhe interessante que une a costa oeste americana é menção do Jerry Garcia (Grateful Dead) nos créditos do disco, intitulado como "conselheiro musical e espiritual". Especificamente, é dele o violão na contagiante "Plastic Fantastic Lover" e a voz em "Comin' Back To Me".

É não menos que viajante ouvir canções como a energética "She Has Funny Cars", a balada "My Best Friend", a lisérgica "3/5 Of A Mile In 10 Seconds" e a bluseira "Come Back Baby". Todas com as linhas de baixo poderosas do Jack Casady.

Mas se tem canções que possam ser considerados clássico inquestionáveis são a eletrizante "Someone To Love" e a delirante "White Rabbit", que entre citações de Alice no Pais das Maravilhas e uma dinâmica instrumental crescente, se mantém como um hino da época.

sábado, 5 de novembro de 2016

TEM QUE OUVIR: Sepultura - Roots (1996)

Em 1996 o Sepultura já era uma realidade dentro do heavy metal. Ao lado do Pantera, era uma das maiores banda do estilo no mundo. Um pouco disso culpa dos medalhões de thrash metal que, ou pareciam não ter mais nada a oferecer, ou tinham se rebaixado artisticamente para chegar ao mainstream (não é mesmo, Metallica?).


Foi nesse contexto que o grupo brasileiro lançou Roots, obra que transcendeu o metal, sendo elogiada pela Björk, Dave Grohl, Ozzy Osbourne, Caetano Veloso, Jello Biafra e quem mais ouviu. É verdade que um grupinho de metaleiros conservadores desaprovou, mas o Sepultura agora era alternativo, era relevante, era internacional e tinha muito mais com o que se preocupar.

Produzido por Ross Robinson, a banda soou mais brutal do que nunca. Nem tão veloz, mas assombrosamente perturbadora. A clássica "Roots Blood Roots" logo de cara já entrega tudo isso. Quando Max Cavalera berra pela primeira vez a coisa desanda para um nível assustador.

O berimbau e o ritmo tribal na introdução de "Attitude" deixa claro que esse não é um disco de metal comum. Já a afinação grave das guitarras e as dissonâncias tão características do Andreas Kisser em "Cut-Throat" aponta para o que seria feito tempo depois no new metal.

Tudo ótimo até aqui, quando não mais que de repente, eis que surge "Ratamahatta", com sons indígenas, cacofonias, percussão do Carlinhos Brown e letra em português invocando Zé do Caixão, Zumbi e Lampião. Tenho certeza muita gente não entendeu porra nenhuma. Daí para entrar uma bateria de escola de samba em "Breed Apart" foi dois pulos. Claro que tudo legitimado pela pegada assustadora do Iggor Cavalera. Ouvindo tais faixas é impossível sentir qualquer estereótipo do metal. O Sepultura estava na vanguarda.

Para estruturar o conceito abrasileirado do álbum, o grupo foi até uma região afastada do Mato Grosso de encontro a uma tribo xavante. As influências mais evidentes dessa viagem estão em "Jasco" e "Itsári", sendo essa última gravada às margens do Rio da Morte.

Mas nada de caricatura ufanista. O disco traz também Mike Patton (Faith No More), Jonathan Davis (Korn) e Dj Lethal na esquisita "Lookaway". Não dá para deixar também de destacar o instrumental esquizofrênico de "Dusted", a agressiva "Endangered Species" e a paulada hardcore "Dictatorshit".

Roots foi lançado e o prestigio alcançado. Nada parecia atrapalhar a banda. Mas um conflito familiar/empresarial resultou na saída do Max Cavalera. Uma ruptura drástica que ainda hoje ecoa. Max foi para um lado e os três remanescentes bem que tentaram, mas perderam parte da relevância comercial. Passado o auge do Sepultura só fica um certeza: em nenhum outro momento um grupo brasileiro foi tão relevante e prestigiado fora do país.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Peculiaridades do POP brasileiro

*Logo de cara um adendo: se você se interessa por cultura POP, indústria fonográfica e MPB, o livro Pavões Misteriosos do André Barcinski é de leitura obrigatória. Isso posto, deixo agora minha impressões sobre uma época extremamente peculiar da música brasileira.

A indústria fonográfica e a cultura POP sempre caminharam de mãos dadas. Mas no Brasil existem particularidades típicas de um país subdesenvolvido e adepto da "malandragem".

Um dos fenômenos musicais mais curiosos é o dos brasileiros que cantavam em inglês. Alias, não só cantavam, mas fingiam ser gringos. Com o atraso do lançamento de hits internacionais no país - as vezes chegava a demorar mais de 2 anos -, diretores de gravadoras tiveram uma sacada genial: regravar com artistas locais sucessos internacionais.

Vale o adendo que nada disso era ilegal, já que as gravadoras compravam os direitos das canções e não o fonograma em si. Essa ação era muito mais barata e, respectivamente, lucrativa.

Isso ocorria desde a década de 1960, principalmente com os artistas da Jovem Guarda. Jerry Adriani, por exemplo, fez enorme sucesso regravando canções italianas. Mas ok, todos sabiam que Jerry era brasileiro, tanto que paralelamente ele também apresenta canções exclusivas do seu repertorio, vide "Doce, Doce Amor" (vale a curiosidade, composta por Raul Seixas).


Bizarro foi quando brasileiros começaram a se passar por artistas internacionais. Daí surgiram nomes como Malcolm Forrest, Terry Winter, Pete Dunaway, Morris Albert, Dave Maclean, Patrick Dimon, dentre outros.

Mark Davis, que fez enorme sucesso com "Don't Let Me Cry", era na verdade o Fábio Jr.. Para piorar, nesse meio tempo ele foi também Uncle Jack. A coisa era tão armada que o Fábio Jr. não podia dar entrevista, já que correria o risco de ser desmascarado.


Mas Fábio Jr. não foi o único que posteriormente "abrasileirou". Jessé, por exemplo, era o Tony Stevens e o Christie Burgh. Já a dupla Cristian & Ralf era, respectivamente, Don Elliot e Chrystian.

Morris Albert foi o único brasileiro que chegou a desfrutar de prestigio internacional cantando em inglês (anos depois teve o Sepultura, mas aí é outro papo). Além de ter feito grande sucesso comercial, sua canção "Feelings" chegou a ser interpretada por Frank Sinatra, Nina Simone, Johnny Mathis e até mesmo pelo Offspring.



Outro caso curioso na nossa indústria fonográfica é Os Carbonos, grupo formado por ótimos músicos de estúdio e que tinha como grande qualidade copiar sucessos internacionais. É interessante pensar que a trilha sonora da novela Dancin Days (lançada pela Som Livre), não continha as versões originais dos hits do Bee Gees, mas sim regravações dos Carbonos com o grupo vocal Harmony Cats. O público pouco se importou se era cópia ou não. O disco foi um enorme sucesso.


É preciso lembrar que Os Cabornos não eram somente encarregados de copiar sucessos internacionais, já que serviram como banda de apoio para inúmeros hits brasileiros da época, vide "Que Pena" (Jorge Ben), "Fuscão Preto" (Almir Rogério), "A Onde A Vaca Vai O Boi Var Atrás" (João da Praia), além de jingles, vide "Toddy, Sabor Que Alimenta". Na maior parte das vezes eles não eram creditados, já que recebiam por hora. Eles sequer sabiam o que estavam gravando. Apenas liam a partitura e obedeciam o arranjo.


Outro exemplo de como a coisa era esquizofrênica no Brasil é que qualquer sucesso internacional ganhava vida própria no país. E não me refiro somente as músicas, mas também aos grupos. Um exemplo é o Brazilian Genghis Khan, uma versão do grupo POP alemão Dschinghis Khan. Todavia, o sucesso "Comer, Comer" não tinha relação alguma com o grupo europeu.

Tudo era tão maluco que sequer o Brazilian era liderado por um brasileiro, mas sim pelo argentino Jorge Danel. Se existe um exemplo de globalização cultural POP, é esse.

ACHADOS DA SEMANA: Téo Azevedo, Andy Timmons, Sting e Saint Vitus

TÉO AZEVEDO
Sem grandes informações sobre o artista. Todavia, essa música é espetacular. A começar pelo nome: "O Novo De Hoje Já É Velho Aqui". E o que dizer desse visual na capa do disco? Sensacional!

ANDY TIMMONS
Ouvi o disco Resolution (2006) deste virtuoso guitarrista na época em que foi lançado. É verdade que quando eu tinha 16 anos ele fazia mais sentido, mas ainda é um dos melhores neste segmento shred.

STING
Adoro o Police, logo, por que não pegar o primeiro disco solo do Sting para ouvir? Tem canções bem boas que flertam jazz com o pop. A banda de apoio dele na época era espetacular, com destaque para o baterista Omar Hakim, o baixista Darryl Jones e o Branford Marsalis nos instrumentos de sopro.

SAINT VITUS
Banda dita precursora do doom metal que conhecia só de nome. Adorei o primeiro disco. É tão positivamente tosco que parece aqueles grupos de heavy metal brasileiro do começo da década de 1980.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

TEM QUE OUVIR: Rita Lee & Tutti Frutti - Fruto Proibido (1975)

Ao falar sobre Rita Lee é preciso desmistificar alguma coisas. Primeiro sua saída dos Mutantes, que por mais importante que tenha sido para história da banda, atingiu apenas um pequeno nicho de rockeiros brasileiros. Apesar da inquestionável excelência do grupo, Os Mutantes não era um sucesso comercial como muitos imaginam. Prova disso é que Tudo Foi Feito Pelo Sol (1974), disco mais vendido da banda, sequer tinha em sua formação a estrela Rita e o cultuado Arnaldo Baptista.


Me atento a isso pra tentar explicar como uma personagem emblemática, mas segmentada, tornou-se um dos maiores ícones pop do país. E isso se deu não no trio tropicalista da Pompéia, mas em sua carreira solo, quando ainda era acompanhada pelo Tutti Frutti.

Após discos artisticamente bem sucedidos com Mutantes, trabalhos solo, parceria com Lúcia Turnbull e o debut com o Tutti Frutti - Atrás Do Porto Tem Uma Cidade (1974) -, Rita finalmente alcançou fama e prestigio com o espetacular Fruto Proibido (1975).

Da capa glam rock, passando por letras divertidas como a de "Esse Tal De Roque Enrow', a figura da Rita transborda atitude.

O alto astral é elevado desde o piano boogie/ragtime de "Dançar Pra Não Dançar", passando pelo hit "Agora Só Falta Você" (destaque para a bateria alucinante do Franklin Paolillo), as bluseiras "Cartão Postal" (sobre Arnaldo?) e "Fruto Proibido", o riff stoniano da maravilhosa "O Toque", o hard rock de "Pirataria" e "Luz Del Fogo" e a clássica "Ovelha Negra", balada radiofônica dona de um dos mais emblemáticos solos de guitarra brasileiro, autoria do lendário Luis Sérgio Carlini.

Passar indiferente pelo baixo preciso de Lee Marcutti e a produção do Andy Mills também não é justo. Mas apesar da boa companhia, foi mesmo a Rita Lee que despontou com esse trabalho, vendendo disco como poucos antes na história do Brasil. Clássico do rock, pop e da música brasileira em geral.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

ACHADOS DA SEMANA: Renato Mendes, Lipps Inc., Birdland e Fates Warning

RENATO MENDES
Tido com o primeiro disco eletrônico brasileiro, Electronicus (1974) do Renato Mendes traz versões bastante curiosas para clássicos da MPB. Lembra Trapalhões (!!!). Ouça e entenderá.

LIPPS INC.
Não manjo nada, apenas tivesse acesso a essa música através de uma amiga. É demais. Algo como se o Kraftwerk fosse um grupo da disco music.

BIRDLAND
Mais uma da série "A década de 80 era legal SIM!".

FATES WARNING
É cafonão, já aviso. Mas se você curte metal progressivo e até mesmo, hum, metal melódico (que vergonha!), dê uma conferida no disco Parallels do Fates Warning. Eu gosto (que vergonha [2]!).

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

TEM QUE OUVIR: Bob Marley And The Wailers - Exodus (1977)

Em 1977, Bob Marley já era uma realidade fora da Jamaica. Ele tinha levado o reggae para outros continentes, tornando-se um ícone do terceiro mundo. Mas foi em seu país de origem, com o intuito de apaziguar o violento clima politico, que acabou pagando por suas ações, sofrendo uma tentativa de assassinato. Como método de autopreservação, exilou-se em Londres, onde gravou Exodus, seu disco mais universal.


Acompanhado dos sempre fundamentais Aston "Family Man" Barrett (baixo), Carlton Barrett (bateria), Tyrone Downie (teclado) e Julian Marvin (guitarra), o disco é um dos mais políticos e religiosos de Marley. Isso fica evidente logo de cara na vagarosa "Natural Mystic". O mesmo vale para alucinante "The Heathen".

Tem que ser muito odioso para não se deliciar com o clima tropical de "So Much Things To Say" e o ritmo hipnótico de "Exodus" em seus delirantes sete minutos.

Muito mais pop - e não menos fantástica - é a sequência formada pelas apaixonantes/clássicas "Waiting In Vain", "Turn Your Lights Down Low", "Three Little Birds" e a dobradinha "One Love/People Get Reddy".

Após ouvir tais canções é fácil entender o culto por trás da figura de Bob Marley. Maravilhado, alguns tornaram-se rastafáris, outros deram um jeito de inserir o reggae em seu som (né, The Police!) e outros, mais precisamente alguns jornalistas da Time, classificaram Exodus como o melhor disco do século. Eis a força de Bob Marley.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

ACHADOS DA SEMANA: Especial Obscene Extreme Fest

* Tenho tentado toda sexta-feira trazer algumas músicas que fizeram minha cabeça durante a semana. Mas justo na quinta-feira, nada mais fez a menor diferença. Só o que acontece no Obscene Extreme Fest importa. Uma banda mais bagaceira que a outra. No público, um bando de maluco fazendo um carnaval ao som grindcore. Divirta-se!

GUTALAX

SPASM

RECTAL SMEGMA

CLITGORE

ULTIMO MONDO CANNIBALE

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

TOP 5: Álbuns póstumos

Após uma espera de mais de 10 anos, essa semana saiu Sabotage, disco póstumo homônimo do rapper Maestro do Canão. Já adianto que é um dos melhores lançamentos nacionais do ano e, talvez, o melhor disco póstumo de um artista brasileiro (vale uma pesquisa/reflexão mais atenta).

Discos póstumos costumam ser um engodo da indústria para gerar dinheiro em cima do saudosismo putrefato. Que outra explicação teria para aquele disco do Michael Jackson de 2010? Justificativa artística não há.

Mas, é claro, temos exceções. E é disso que vou tratar aqui. Uma listinha rápida. Os 5 primeiros que lembrei. Ao vivo não vale. Deixe nos comentários seus prediletos.

Obs: por mais melancólico e "conceitualmente póstumo" que seja, Blackstar do David Bowie, tecnicamente, não se enquadra na lista, já que foi lançado dois dias antes de sua morte.


01: Janis Joplin - Pearl
Não só um dos grandes discos da época, mas disparado o melhor da icônica Janis Joplin. Não se trata de sobras de estúdio, mas sim de uma obra 90% finalizada pela cantora. É triste pensar que a própria artista não desfrutou do seu auge.

02: Otis Redding - The Dock Of The Bay
Lançado poucos meses após a morte prematura de um dos maiores cantores de todos os tempos, o álbum traz na faixa-titulo o maior sucesso do artista. Nada que Otis gravou é ruim.

03: The Notorious B.I.G. - Life After Death
Obviamente que não supera Ready To Die, mas um disco só não saciaria toda a demanda para obra deste gigante do rap. Um álbum digno.

04: Roy Orbison - Mystery Girl
A vida de Roy foi uma sucessão de fracassos e tragédias. Quando ele finalmente poderia ter paz e desfrutar de seu talento, bateu as botas. Algumas participações dão uma sensação oportunista, mas a melancolia presente nas composições ressaltam a genialidade de Roy.

05: Johnny Cash - American V: A Hundred Higways e American VI: Ain't No Grave
Rick Rubin fez milagre ao trazer novamente relevância a carreira de Johnny Cash com sua sequência American. Neste pacote estão os V e VI, talvez mais fracos que os anteriores, mais ainda preservando o charme fúnebre do homem de preto já fragilizado pela idade.


*Ato falho meu: Acho injusto mudar a lista depois de feita, mas não posso deixar de mencionar os discos Sun Ship do John Coltrane, Out to Lunch! do Eric Dolphy, Grievous Angel do Gram Parsons, Closer do Joy Division, The Sky Is Crying do Stevie Ray Vaughan e Donuts do J Dilla.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

TEM QUE OUVIR: Chuck Berry - Chuck Berry Is On Top (1959)

"Se o Rock N' Roll tivesse outro nome seria Chuck Berry". Essa frase do John Lennon dá uma ideia da relevância do guitarrista-compositor americano para o estilo mais popular do século XX. Elvis pode até ter popularizado o rock, mas é Chuck Berry o legitimo alicerce.


Chuck Berry se diferenciava de seus contemporâneos devido o grande criador e guitarrista que era. Um letrista que com poucos minutos conseguia narrar verdadeiros épicos. Um cronista legitimo do lado mais perigoso da América.

Como guitarrista, teve seus licks energéticos recheados por bends bluseiros copiado por Keith Richards, Billy Gibbons, Angus Young e tantos outros. Impossível pensar no desenvolvimento do instrumento - e do rock, até então mais calcado no piano - sem Chuck Berry.

Para entrar em contato com sua obra, Chuck Berry In On Top (1959) é preciso. Sem enrolação, o álbum traz o resumo de seus primeiros anos de carreira na Chess Records. 12 clássicos que dispensa apresentações. Algumas faixas contam até mesmo com o baixo do lendário Willie Dixon e o piano majestoso do Johnnie Johnson.

Dentre as mais famosas estão "Carol", "Maybellene", "Johnny B. Goode", "Little Queenie" e "Roll Over Beethoven". Ainda hoje são poucas as composições na música popular que superam isso. Audição fundamental.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A Trilogia Gay do Agnaldo Timóteo

A década de 1970 foi muito rica pra música popular brasileira. E quando falo em popular, me refiro aos artistas donos de sucesso comercial, que tocavam nas rádios e faziam a trilha sonora de grande parte população. Nada de Chico Buarque ou Milton Nascimento. Falo do pop brasileiro tão subestimado.

Passada décadas, Odair José e Fernando Mendes tornaram-se cult para a nova geração. Parte devido a elogios de Caetano Veloso, parte ao livro Eu Não Sou Cachorro Não (Paulo César de Araújo) que contextualizou o período, mas também graças ao real valor artístico. Exemplo? Não tem quem ouse negar a qualidade de discos como O Filho de José e Maria, obra conceitual lançada por Odair José e que tinha em sua ficha técnica membros do Azymuth.


Um cara que ainda não conseguiu o hype artístico da molecada é o Agnaldo Timóteo. Tem quem sinta asco pelo político ou vê apenas como piada o "sempre polêmico" convidado do programa da Luciana Gimenez. Todavia, três discos lançados pelo cantor na década de 1970 merecem atenção.

A Galeria do Amor (1975), Perdido da Noite (1976) e Eu Pecador (1977) são hoje facilmente encontrados no Spotify, mas sofreram resistência da EMI-Odeon. O primeiro deles logo de cara devido a faixa-título, uma crônica ambientada na Galeria Alaska, famoso reduto gay carioca da época. Já a canção que nomeia o segundo disco é um hino a favor da liberdade sexual. "Eu Pecador" por sua vez põe em xeque preceitos religiosos.


Tá certo que poucos associaram as letras homossexuais a um homem brucutu como Timóteo. Se fosse o Ney Matogrosso daria na cara. E eis o mérito desses artistas ditos populares/bregas. Eles conseguiam em meio a uma truculenta ditadura militar e ambiente conservador armado pela censura, cantar sobre prostitutas, anticoncepcional e homossexualismo. Transgressor é pouco para eles.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

ACHADOS DA SEMANA: The Roches, Eirc B. & Rakim, The Primitives e Art Of Noise

THE ROCHES
Com produção do Robert Fripp, esse grupo passeia por um repertório consiste em arranjos vocais inusitados.

ERIC B. & RAKIM
Conheci essa semana e já é das minhas faixas prediletas de hip hop. Sou desses. Dupla fundamental no alicerce do estilo.

THE PRIMITIVES
Ah, o final da década de 1980. Musicão.

ART OF NOISE
Synthpop dos bons. O debut da banda é espetacular. Ele traz ao gênero doses de ousadia.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

TOP 5: Músicas que justificam o Nobel de Bob Dylan

Bob Dylan ganhou o prêmio Nobel de literatura. Ele é o primeiro músico a conquistar tal feito. Justo! Se tinha alguém da classe musical que mereceria era ele mesmo. Claro que podemos entrar no mérito do quão relevante e de "cartas marcadas" é a premiação, mas prefiro concentrar a energia em exaltar Bob Dylan. Sendo assim, eis um TOP 5 das melhores letras deste menestrel.

Alias, ao contrário do que li por aí, vale reforçar que Bob Dylan faz literatura sim! A escrita é apenas uma ferramenta tecnológica de registro de uma tradição oral poética. Sendo assim, a canção do Dylan (além de suas crônicas), pode muito bem ser compreendida enquanto literatura.

Já sobre minha seleção de músicas, desculpem qualquer obviedade, mas é que quando Bob Dylan alcança seu ápice é difícil ignorar. Ainda assim é normal sentir falta de "A Hard Rain's A-Gonna Fall", "Desolation Row", "Sad Eyed Lady Of The Lowlands", "All Along The Watchtower" e tantas outras. Essa é a graça do TOP 5.


Masters Of War
Dylan tinha apenas 22 anos, mas já escrevia como poucos. O tão corriqueiro tema de oposição as guerras tem seu primeiro hino. Completamente inspirado por Woody Guthrie.

Blowin' In The Wind
Um clássico da música popular, que elevou o nível da música folk e trouxe uma poética exuberante em tempos de descrença na humanidade. Hino dos direitos civis.

Subterranean Homesick Blues
Influenciado tanto pela poesia beat de Allen Ginsberg quanto pelas sonoridades elétricas do rock, Dylan cria um petardo cantado em letra corrida. Não é absurdo chamar de pré-rap.

Like A Rolling Stone
Dispensa apresentações. Uma quebra de padrões da música pop. 6 minutos de despretensão poética a favor do rock. O estilo enfim atingia a maturidade.

Hurricane
Nada de refrão. Um texto corrido sobre a prisão indevida do boxeador Rubin Carter, acusado injustamente de assassinato. Dylan expõe na canção o racismo envolto a condenação. Uma verdadeira epopeia.

Deixem o TOP 5 de vocês nos comentários.