sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

RETROSPECTIVA 2019: Não pode passar despercebido

Sabe aquele grupo/artista que não lançou um grande disco, mas soltou uma música legal que não pode passar despercebido numa retrospectiva, seja por ter tocado muito (é agora que postarei os hits de qualidade duvidosa), por apontar novos horizontes, por ter um clipe curioso ou simplesmente pela música ser bacana? Pois então, são essas faixas que reúno neste post. Vamos a elas:

Obs: Tais músicas não são necessariamente as melhores do ano (longe disso, alias), até porque exclui deste post as grandes músicas que estão dentro dos grandes discos. Aqui estão faixas isoladas que merecem atenção.

Está em ordem do que fui lembrando (um pouco cronologicamente, já que fui compilando durante o ano). Em vídeo está somente as que eu gostei.

ÀIYÉ - Mulher 
Um vídeo só para reforçar que a Larissa Conforto é um talento.

Ariana Grande, Miley Cyrus, Lana Del Rey - Don’t Call Me Angel
Com Ariana e Lana do auge, nem a Miley conseguiu arruinar o resultado. Cativante, sexy (principalmente a parte da Lana), beat estrondoso... uma boa performance pop.

BC Raff - 'FAH FAH FAH FAH"
Raffa Moreira (aka Lil Raffa, aka BC Raff) em mais uma pedrada. É de "mal gosto"? Sim. É intoxicante? Também. O verso do Loc Dog é bem bom.

Blueface - Thotiana Remix 
O Lill Raff dos gringos. É meio tosco, tonto e seu flow parece fora do beat. O que isso importa para seus fãs? Nada. Tem espontaneidade jovem. Eu já sou velho, então não consegui captar todo o seu potencial.

Denzel Curry - Bulls On Parade 
Acho que o Zack de la Rocha topou reunir novamente o RATM após ouvir isso aqui. Se seu desinteresse continuasse, Tom Morello faria uma oferta ao Denzel Curry. Brincadeira, claro (ou não). Mas voltando a versão, achei fudido! Pesado e energético. Mesmo com o instrumental "limpinho", o Denzel está tão explosivo e convicto que compensa.

Dua Lipa - Don't Start Now
De cara eu pensei "lá vem esse synth bass de electrodisco novamente". Meia hora depois eu já estava atraído pela faixa. Um pouco da minha predileção pela Dua Lipa ajudou, mas a verdade é que a música tem ótimos ganchos. 

Emicida, Majur e Pabllo Vittar - AmarElo
Ainda que respeite todos os envolvidos e tenha achado legal samplearem o Belchior em uma de suas frases mais fortes, achei a música como um todo bem fraquinha, embora de temática impactante. A única parte que gostei foi a emocionante introdução com um áudio dilacerante de um amigo do Emicida. Ao menos o clipe é bem dirigido. O público adorou, os detratores odiaram (diga-se de passagem, muito por conta da participação da Pabllo e da Majur) e assim o mundo gira.

Gabriel Diniz - Jenifer 
O tal "hit do verão", só que desta vez pareceu mais forçado que o normal. Achei bem sem graça. Todavia, os números alcançados me impedem de ignora-la numa retrospectiva. Vale lembrar também que poucos meses após a faixa estourar, o cantor morreu num acidente aéreo. Incrível como algumas tragédias se repetem.

Heavy Baile & Baby Perigosa - Grelinho de Diamante
Para o desespero dos arautos da moralidade. Acho bem divertido.

Julio Secchin - Ou Você Me Come Ou Você Cai Fora
Já ouviu falar no "funk indie"? Pois é, branco é detestável mesmo.

Killswitch Engage - The Signal Fire
Honestamente não tive interesse em ouvir o novo disco do grupo. Esse metalcore mega processado não faz mais a minha cabeça. Todavia, vi por acaso esse clipe e achei legal o encontro dos dois (bons) vocalistas que passaram pela banda. Imaginei uma música com o Ian Gillan e o Coverdale juntos. Nem todos tem a maturidade (se não musical, ao menos pessoal) dos caras do Killswitch Engange. Aliás, a música também é legal, mesmo o refrão sendo bem piegas. Ao menos tem energia.

LEALL - Moda Síria Anti-Adidas
O rap nacional se apropriando do grime e trazendo para sua estética uma cara jovem e brasileira. Produção poderosa e flow inspirado.
*por algum motivo que não entendi, não consegui linkar o vídeo do YouTube.

Lil Nas X ft. Billy Ray Cyrus - Old Town Road
A música que ficou mais tempo em primeiro lugar nas paradas da Billboard. Um hit improvável. O trap se apropriando da country music (!!!). É o rap para caipiras (!!!). E o mais impressionante é que a faixa é simpática. 

Los Hermanos - Corre Corre 
Primeira música inédita em uns 15 anos. Não é ruim, mas também não é boa. É esquecível. Me lembrou muito a Banda do Mar.

Luan Santana & Paula Fernandes - Juntos 
A tal versão horrível para a já péssima "Shallow" (Lady Gaga e Bradley Cooper), que gerou o bordão passageiro e sem graça de "shallow now". Até os memes musicais já foram mais divertidos e espontâneos.

Ludmilla e Anitta - Favela Chegou 
Embora a composição seja bem fraquinha, é gritante como a Anitta se saí bem quando aposta no funk. Ele deveria parar com aquelas músicas latinas sem graça e voltar para o que faz bem (goste você ou não do estilo). Ela tem voz, alma, atitude e safadeza de funkeira.

Madonna ft. Anitta - Faz Gostoso 
Não tive vontade de ouvir o novo álbum da Madonna, mas fui conferir a música com a Anitta. Produção magrinha emulando porcamente o beat do funk carioca. Refrãozinho chato também. Ao menos a Anitta cantou em português e não foi a responsável direta pelo fracasso da faixa. Péssimo momento da Madonna.

Mc Lan, Skrillex, TroyBoi - Malokera (feat. Ludmilla & Ty Dolla $ign)
E enquanto a Anitta atenua o funk do seu repertório e se camufla como uma latina qualquer, o Skrillex embarca nessa:

MC Livinho (ft. Rennan da Penha) - Hoje Eu Vou Parar na Gaiola
Embora tenha sido lançada no finalzinho de 2018, é definitivamente um dos maiores sucessos de 2019. Faixa ganchuda, que ajudou a bombar o Baile da Gaiola e trouxe o 150bpm para um público ainda maior. Vale aqui lembrar da injusta prisão do Rennan da Penha, num ataque direto contra o funk.

MC Kevin O Chris - Ela É Do Tipo 
Um dos hits do ano. Beat climático e muito divertido. A interpretação abafada, ébria e de dicção falha também é muito legal. Post Malone e Drake curtem.

Manoel Gomes - Caneta Azul
Ao que consta viralizou. Não entendi nada. Ele canta esquisito né. É só isso mesmo?

Oliver Tree - Hurt
Clipe e música divertidas, mas que não me empolgaram a procurar mais sobre o artista. É um pop-punk/pop-rap esquisitão.

Rammstein - Deutschland 
Não tive saco para ouvir o novo disco do Rammstein, mas essa música é bem legal. Pesado e épico. O clipe tem produção impressionante.

Roberta de Razão - Rebuceteio
Uma atmosfera brega-punk numa letra grudenta e divertida de temática lésbica. Simples e eficaz. Fora que a capa é boa demais.

Rob Scallon (The World's Largest Guitar Pedalboard)
Na verdade não é uma música, é só uma curiosidade. O Rob Scallon ligou uma caralhada de pedais de guitarra em série. Até o Alex Lifeson foi checar a empreitada. Ideia criativa (e de resultado pouco importante) para deleite dos amantes de equipamento.

Ah, em 2019 também tocou muito Melim, AnaVitória, Vitor Kley... essa tal "mpb-pop good vibes" limpinha e chatíssima. Nem lembro exatamente quais foram as músicas, mas que rolou e em algum momento ficou na cabeça, isso ficou. Aposto ser só mais uma tendência que passará sem deixar marca alguma. Se eu errar, o azar é nosso.

Acho que também vale deixar registrado o nome da Marilia Mendonça, que tocou nas rádios como poucos artistas no Brasil neste ano (basta procurar os números), mas que honestamente sequer sei quais são seus hits. Não ouço rádio. E esse sertanejo da indústria definitivamente não é a minha praia. 

Outra que fez bastante sucesso é a Duda Beat, que acho bem sem graça, mas sei lá, o público comprou a ideia. 

E aí, lembram de mais algo que "bombou" sem exatamente estar num disco? Não me venham com Tool, tô falando de outra coisa.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

RETROSPECTIVA 2019: Mortes

Chegou a hora de relembrarmos quem nos deixou em 2019. Vamos a eles:

- Marcelo Yuka
Fundador, compositor e ex-bateristas do Rappa. Uma das mentes criativas do rock noventista. Conhecido também por seu ativismo social.

- Michel Legrand 
Compositor francês que trabalhou em premiadas trilhas-sonoras.

- Mark Hollis 
Líder, vocalista e principal compositor do Talk Talk.

- Keith Flint 
Vocalista do Prodigy e uma das figuras mais icônicas da cena eletrônica da década de 1990.

- Hal Blaine 
Lenda da bateria. Com a equipe do Wrecking Crew, foi responsável por gravar clássicos do Beach Boys, Byrds, Frank Sinatra, Elvis Presley e tantos outros.

- Dick Dale 
Guitarrista e lenda do surf rock.

- Scott Walker 
Cantor americano de carreira e voz singular. Foi do Walker Brothers, lançou discos solos aclamados e renasceu através de trabalhos bastantes experimentais.

- Beth Carvalho 
Madrinha do samba. Uma das maiores interpretes do gênero.

- Roky Erickson 
Lenda do rock psicodélico. Fundador e cantor do 13th Floor Elevators.

- Dr. John 
Cantor, compositor e pianista, lenda da música de New Orleans.

- Serguei 
Figura folclórica do rock brasileiro.

- André Matos 
Vocalista e fundador das bandas Viper, Angra e Shaman. Um dos maiores nomes do heavy metal nacional.

- André Midani 
Diretor artístico da Warner e um dos principais nomes da industria musical brasileira. Diretamente responsável pela ascensão de inúmeros artistas brasileiros, seja da MPB ou do rock.

- João Gilberto 
Gênio da música brasileira. Criador da bossa nova. Violonista e cantor extraordinário e altamente influente. Dispensa maiores comentários.

- Art Neville 
Tecladista, compositor, cantor e fundador do The Meters. Uma das lendas de New Orleans.

- David Berman 
Fundador e compositor do Silver Jews e mais recentemente do Purple Mountains. Um dos mais talentosos nomes do rock alternativo.

- Daniel Johnston 
Ícone do rock alternativo. Compositor e interprete extremamente influente.

- Ric Ocasek 
Compositor e vocalista do The Cars e produtor de artistas como Bad Brains e Weezer. Figura importante no desenvolvimento do rock.

- Ginger Baker 
Lenda da bateria. Tocou com o Cream, Blind Faith, Fela Kuti, Air Force, Graham Bond Organisation, PiL, dentre outros. Definiu muito da linguagem jazzistica no rock.

- Walter Franco 
Um dos grandes criadores da canção vanguardista brasileira.

- Pedro Baldanza, o Pedrão 
Um dos melhores baixista do rock nacional. Integrante do Som Nosso de Cada Dia.

- Dona Petinha (Bandolinista brasileira).
- Alan R. Pearlman (Engenheiro americano conhecido como fundador da ARP Instruments, empresa fundamental para o desenvolvimento dos sintetizadores).
- Kevin Fret (Rapper porto-riquenho. Um dos primeiros a declarar-se abertamente gay).
- Edys de Castro (Cantora das Frenéticas).
- Lorna Doom (Baixista do The Germs).
- Reggie Young (Guitarrista de estúdio que gravou com nomes como Elvis Presley e Willie Nelson).
- Marciano (Da dupla João Mineiro & Marciano).
- Jim Rodford (Baixista que durante muitos anos fez parte do Kinks. Tocou também com o Zombies).
- Ted McKenna (Ótimo baterista da Sensational Alex Harvey Band com passagens pela banda do Rory Gallagher, Michael Schenker e a Ian Gillan).
- Sérgio de Carvalho (Produtor que trabalhou com os mais variados artistas da música brasileira).
- Bruce Corbitt (Vocalista do Rigor Mortis).
- Paul Whaley (Baterista do Blue Cheer).
- James Ingram (Cantor de r&b que fez sucesso na década de 1980).
- Bolívia Rock (Importante fotógrafo da cena musical rockeira brasileira).
- Alex Brown (Guitarrista do Gorilla Biscuits).
- Carlos Fernando (Cantor que fez parte do Nouvelle Cuisine).
- Jim Dunlop (Lendário fabricante de acessórios para músicos, incluindo suas mega utilizadas palhetas).
- Xinês (Vocalista da banda punk Excomungados).
- Deise Cipriano (Talentosa cantora bastante conhecida por ter integrado o grupo Fat Family).
- Bibi Ferreira (Cantora brasileira ícone dos musicais).
- Peter Tork (Baixista dos Monkees).
- PC, Paulo Cavalcanti (Jornalista musical brasileiro. Foi editor da Rolling Stone e fez parte da BIZZ).
- Tavito (Brilhante compositor e cantor. Fez parte do Som Imaginário).
- Andy Anderson (Baterista que fez parte do The Cure).
- Doug Sandom (Baterista presente na formação inicial do The Who).
- Dino Rangel (Guitarrista de jazz brasileiro).
- André Sakr (DJ e produtor brasileiro). 
- Mangenta Devine (Apresentadora inglesa e produtora do Sigue Sigue Sputnik).
- Bernie Tormé (Guitarrista que fez parte da banda do Ian Gillan e iniciou a carreira solo do Ozzy).
- Justin Carter (Cantor country em ascensão. Morreu com um tiro disparado por ele mesmo durante uma gravação de um videoclipe).
- Ranking Roger (Vocalista do The Beat e General Public).
- Nipsey Hussle (Rapper americano).
- Tim Austin (Baterista que passou pela banda do Buddy Guy).
- Shawn Smith (Vocalista conhecido da cena de Seattle e que fez parte das bandas Brad, Satchel e Pigeonhead).
- Davey Williams (Guitarrista inventivo muito associado a música de vanguarda).
- Evaldo do Santos Rosa (Músico carioca criminosamente metralhado pelo exército brasileiro).
- Simaro Lutumba (Guitarrista do Congo. Fez parte do TPOK Jazz). 
- Johnny Hutchinson (Baterista conhecido por ter recusado integrar os Beatles na época de sua formação).
- Paul Raymond (Baixista e tecladista que fez parte do UFO).
- MC Sapão (Funkeiro carioca).
- Gerson da Conceição (Um dos principais nomes do reggae brasileiro).
- Phil McCormack (Vocalista do Molly Hatchet).
- Doris Day (Musa dos musicais da década de 1960).
- Lawrence Carroll (Criador da clássica capa de Reign In Blood do Slayer).
- Gabriel Diniz (Jovem cantor conhecido pela música "Jennifer", um dos maiores hits brasileiros do ano).
- Zé Nogueira (Lenda do radialismo musical brasileiro, tendo produzido diversos programas e eventos importantes).
- Bushwick Bill (Rapper integrante do Geto Boys).
- Rubens Ewald Filho (Crítico de cinema que, de alguma forma, me influenciou a começar a escrever sobre música aqui no blog).
- Francisco Zeffirelli (Cineasta italiano que trabalhou na montagem de diversas óperas). 
- P.A. (Baterista do RPM).
- Dave Bartholomew (Um dos percursores do rock. Teve suas composições gravadas por Fats Domino, Chuck Berry e Elvis Presley).
- Alan Rogan (Guitar tech do Pete Townshend e referência em modificação de guitarras).
- Ian Gibbons (Tecladista que integrou o Kinks).
- Waldemar Mozena, o Risonho (Guitarrista que fez parte dos Incríveis e do Clevers).
- Lizzy Grey (Guitarrista e vocalista que fez parte das bandas Sister e Spiders & Snakes).
- Henri Belolo (Empresário criador do Village People).
- César Canales (Vocalista da banda de Apes Of God, assassinado no palco).
- D.A. Pennebaker (Diretor e cinegrafista que registrou momentos clássicos da música, como o concerto do Ziggy Stardust do David Bowis, o festival de Monterey e o emblemático clipe de "Subterranean Homesick Blues" do Bob Dylan).
- Peter Fonda (Ator símbolo da contracultura que ficou bastante conhecido pelo filme Easy Rider. Sua fala foi sampleada por bandas como Mudhoney e Primal Scream).
- Larry Taylor (Baixista do Canned Heat).
- Sonia Abreu (Conhecida como a primeira DJ mulher do Brasil).
- Neal Casal (Guitarrista que passou pelas bandas do Chris Robinson, Ryan Adans e Willie Nelson).
- Elton Medeiros (Grande compositor e cantor brasileiro. Importante nome do samba).
- Tarso Wierdak (Vocalista do Carnal Desire, banda icônica do hardcore da baixada santistas).
- Jimmy Johnson (Guitarrista da Muscle Shoals. Acompanhou nomes como Aretha Franklin e Wilson Pickett).
- Eddie Money (Cantor americano por trás dos hits "Two Tickets To Paradise" e "Take Me Home Tonight").
- Roberto Leal (Cantor símbolo da cultura portuguesa no Brasil).
- Tony Mills (Vocalista que integrou as bandas TNT e Shy).
- Larry Wallis (Guitarrista que fez parte da formação original do Motörhead e que tocou no Pink Fairies).
- José José (Cantor e compositor mexicano).
- Kim Shattuck (Baixista e vocalista do Muffs. Teve breve passagem pelo Pixies).
- Barrie Masters (Frontman da banda de pub rock, Eddie And The Hot Rods).
- Robert Hunter (Letrista associado ao Grateful Dead).
- Jessye Norman (Importante soprano. Estrela das óperas).
- Larry Junstrom (Baixista fundador do Lynyrd Skynyrd. Fez parte do 38 Special).
- Erik Scott (Baixista e produtor. Trabalhou com o Alice Cooper).
- Sulli (Ex-integrante do grupo de k-pop, f(x), um dos poucos interessantes do gênero).
- George "Pops" Chambers (Cantor e baixista do Chambers Brothers).
- Patrício Bisso (Ator, figurinista, ilustrador e performer, bastante conhecido por ter interpretado a cantora Olga del Volga).
- Ed Cherney (Engenheiro e produtor que trabalhou com artistas como Iggy Pop, Eric Clapton, Bonnie Raitt, Sting, Bob Dylan, Rolling Stones, dentre outros).
- Ray Santos (Um dos grandes nomes do jazz latino. Tocou com Machito, Tito Puente, Tito Rodriguez e até mesmo Linda Ronstadt).
- Paul Barrere (Excelente guitarrista do Little Feat).
- Timi Hansen (Baixista que fez parte do Mercyful Fate e da banda do King Diamond).
- Fred Bongusto (Cantor e ator italiano. Chegou a trabalhar com o Toquinho e o Vinicius de Moraes).
- Robert Freeman (Fotógrafo de muitas capas iniciais dos Beatles).
- Reinaldo (Cantor conhecido como O Príncipe do Pagode).
- José Mário Branco (Cantor, instrumentista, compositor e produtor português).
- Duncan "Sandy" Sanderson (Baixista que fez parte dos grupos Pink Fairies e Deviants).
- Gugu Liberato (Apresentador que contribuiu para a ascensão de diversos nomes da música pop brasileira, principalmente através do programa Viva a Noite).
- Doug Lubahn (Baixista que trabalhou em diversas seções de gravação do Doors).
- Ricardo Bauer (Baterista da banda Atroz).
- Juice Wrld (Jovem rapper americano. Dos principais nomes do trap e emo rap).
- Marie Fredriksson (Cantora e compositora que fez muito sucesso a frente do Roxette).
- Gershon Kingsley (Compositor alemão pioneiro no uso de sintetizadores).
- Emil Richards (Veterano percussionista e vibrafonista. Gravou com inúmeros artistas, vide George Harrison, Frank Zappa, dentre outros).
- Bira (Baixista que ficou bastante conhecido por integrar o Sexteto do Programa do Jô).
- Dave Riley (Baixista fundador do Big Black).
- Stephen Kasner (Artista plástico conhecido por ter produzido capas para o Sunn O))), Integrity, dentre outros).
- Vaughan Oliver (Designer que trabalhou em inúmeras para a 4AD, vide artistas como Cocteau Twins e Pixies).

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

TEM QUE OUVIR: Joanna Newsom - Ys (2006)

Alguns álbuns, ainda que distantes do grande público, rapidamente recebem status de clássico. Isso vale para Ys (2006), o segundo trabalho da harpista/cantora/compositora Joanna Newsom, elogiado pela crítica - Uncut e The Guardian deram nota máxima - e cultuado por seus fãs, ou seja, todos que ouviram.


Com arranjos orquestrados do Van Dyke Parks, baixos do Leland Sklar, vozes do Bill Callahan, captação do Steve Albini e mixagem do Jim O'Rourke, o álbum revela logo em sua ficha técnica um improvável e magnifico encontro de talentos.

Entretanto, é mesmo Joanna Newsom o centro da exuberância. No auge da digitalização das gravações, seu som orgânico coloca composição e performance na linha de frente.

"Emily" abre o disco expondo a magnitude singela do arranjo. O longo texto, que traz doses de cultura medieval e ares de devaneio, é cantando com convicção e ternura. Tudo enquanto gotejam notas cristalinas de sua harpa.

Há o humor tipico de conto infantil de piratas somado a tradição folclórica em "Monkey & Bear". Impossível não ficar atraído pela atmosfera aventureira da canção.

Já a aconchegante "Sawdust & Diamonds" soa como se a Björk fosse uma fada renascentista. Sozinha, o virtuosismo da Joanna enquanto cantora e instrumentista fica ainda mais notório.

Em tom épico, "Only Skin" abraça o ouvinte com sua riqueza cinematográfica. É incrível como as orquestrações elevam as composições mesmo estando no fundo das canções, criando quase que cenários. Uma aula de arranjo. O mesmo vale para derradeira "Cosmia", dona de final brilhante.

Com apenas 24 anos, Joanna Newsom transbordou personalidade num disco incomparável a qualquer outro da música pop. Um trabalho ambicioso e glamouroso que não perde a graciosidade. Outras obras aclamadas foram lançadas pela artistas, mas Ys se mantém não somente como seu principal álbum, mas dos mais desafiadores e encantadores do século XXI.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

RETROSPECTIVA 2019: Shows do ano (entre os que vi, claro)

Está cada vez mais inviável listar os melhores shows do ano. Isso ocorre devido a dificuldade que é ir aos espetáculos. Coloque neste pacote o preço exorbitante dos ingressos, a dificuldade que é se deslocar por São Paulo, falta de tempo e até mesmo a preguiça de aguentar um público cada vez mais mal educado. Todavia, consegui ver alguns bons shows, do qual falarei neste post.

Vale lembrar alguns shows interessantes que rolaram no Brasil e que eu perdi: Lauryn Hill, Unknow Mortal Orchestra, Courtney Barnett, The Internet, Kendrick Lamar, Post Malone, Ghostface Killah, Pussy Riot, Hall & Oates, St. Vincent, Ride, BTS, Daughters, Marc Ribot, Baroness, A Place To Bury Strangers, Stephen O'Malley, Patti Smith, The Specials, Mineral, Jaz Coleman, Zeal & Ardor, Behemoth, ...And You Will Know Us By The Trail Of Dead, Battles, Shame, Weezer, H.E.R., Erykah Badu, Drake, John Zorn (com o Julian Lage na guitarra), Marcos Valle (tocando Previsão do Tempo na integra), A Barca do Sol (após 38 anos), fora aquele Setembro Negro Festival, com três dias de bandas underground do metal mundial (incluindo o Full Of Hell).

Vale registrar também a peidada da cueca que o Dead Kennedys deu (se é que dá para chamar a formação atual sem Jello Biafra de "Dead Kennedys") cancelando o show após toda a polêmica relacionada a um pôster anti-Bolsonaro. Vocês se lembram, né? E por mais feio que tenha sido, aqui entre nós, dá para entender. Não deve ser fácil beirando os 60 anos viajar para um país governado por milicianos para tocar em buraco punk com ameaças de fascistas.

E já que não fiz nenhum comentário anteriormente, quero deixar registrado que achei a apresentação da Anitta no Rock In Rio um fiasco. De tantos outros grupos também foi, mas havia uma expectativa para o show dela, que passou longe de corresponder. Repertório mal utilizado, excesso de playback, coreografia pífia, nenhum atrativo instrumentalmente... Bem chato.

Dito isso, vamos ao pouco que eu assisti.

Ainda não havia assistido o Sepultura desde que o ótimo Eloy Casagrande entrou na banda. Fui no show e gostei. Nada muito instigante, mas legal. O som embolado atrapalhou a experiência, mas em nenhum momento duvidei de estar diante da maior banda do Brasil. Repertório excelente!

Falando em repertório, tive a honra de assistir o Milton Nascimento em sua turnê que privilegia canções do Clube da Esquina (tanto o I quanto o II). De quebra ainda rolou outros clássicos da fase Minas e Geraes. A banda é ótima (destaque para o baterista Lincoln Cheib) e, só para traçar uma comparação desnecessária, soa com muito mais pegada que a banda do Chico Buarque (que assisti ano passado). E o Milton, mesmo com tantas limitações, ainda consegue emocionar com sua voz única. Lindo e celebrativo show. 

Numa ensolarada tarde, pude comparecer ao Festival BB Seguros. Lá, mesmo sem planejar, consegui chegar a tempo de assistir o espetacular baixista Thiago Espírito Santo acompanhado do Cuca Teixeira (bateria) e com participação do lendário Mauricio Einhorn. Vi também uma apresentação equivocada do Sérgio Dias, que apostou numa fusão pouco azeitada de jazz-rock. Ao menos quando o Luís Carlini subiu ao palco formou-se uma magia. Ali estavam os dois principais guitarrista do rock brasileiro. Só por isso já valeu. Finalizando o evento, Robert Cray fez uma apresentação segura e correta. Nada muito emocionante, mas o suficiente para ser possível compreende-lo com o criador do pop-blues que artistas como John Mayer produzem atualmente. Bom strateiro.

Num outro festival, o Samsung Jazz Festival, assisti uma apresentação pavorosa do Zakk Wylde, que embora estivesse acompanhado dos integrantes de Black Label Society, decidiu queimar seu tempo com solos completamente sem propósito (com direito a citação criminosa de Allman Brother Band). Adoro ele, mas juro que foi dos shows mais chatos que já assisti na vida. Ao menos a apresentação que veio antes, do Kenny Wayne Shepherd - um cara que assumo nunca ter dado muita bola - foi ótima. Timbres, fluidez, pegada, técnica, interpretação... Bem legal. Fica a lição para o Zakk Wylde.

E agora vamos para disparado os melhores shows!

Assisti a celebração de três décadas dos Racionais MC's. E foi uma paulada! Munidos de uma excelente e grandiosa banda, o repertório cronológico soou ainda mais grooveado e pesado. A presença dos três MC's e do brilhante DJ também é imponente. Quando o assunto é rap MUNDIAL, os Racionais estão no topo da lista.

E pra finalizar, pela primeira vez no Brasil, teve o King Crimson. Três horas de um espetáculo digno de lágrimas. Em "21st Century Schizoid Man" o público ficou literalmente ensandecido (foi possível ver murros no ar, choro e pessoas correndo sem rumo). Por dentro eu explodia. Execução e repertório acima de qualquer suspeita. Robert Fripp é um herói e, tanto a espera quanto o caríssimo valor do ingresso, valeram a pena. Irretocável.
*Como teve uma enorme e aprovada recomendação de não usarmos o celular durante a apresentação, não encontrei vídeos do show. Então deixo um da mesma tour, só que em outro país.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Mulheres na música em 2019 - Podcast 3 à Mesa

Passando só para deixar registrado que participei de um especial do podcast 3 à Mesa sobre "Mulheres na música em 2019". Lá discorremos brevemente sobre Ariana Grande, Billie Eilish, Charli XCX, Anitta, Ana Frango Elétrico, RAKTA, Lizzo, Taylor Swift, Weyes Blood, Lana Del Rey, Little Simz, Otoboke Beaver, Kim Gordon, Lingua Ignota, Marilia Mendonça, Duda Beat, dentre outras.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

ACHADOS DA SEMANA: King's X, Herbert e Sergio Godinho

KING'S X
Embora conheça o King's X há um bom tempo, só agora escutei com maior atenção. Peguei os discos Out Of The Silent Planet (1988) e Gretchen Goes To Nebraska (1989), sendo que achei o primeiro levemente mais interessante e ousado. Inclusive, consta que o Dimebag Darrell adorava esse disco (e faz sentido!). Muito do metal progressivo tem como alicerce ambos os álbuns.

HERBERT
Não lembro como, mas cheguei ao disco Bodily Functions (2001) com a ideia de que era um "clássico" da house music. Mas fui ouvir e me deparei com canções melodiosas (inclusive, ótima cantora), influência do jazz e, só lá no meio, elementos bem ousados de house music. Belo achado.

SERGIO GODINHO
Me debrucei no disco Os Sobreviventes (1971), deste lendário compositor português. As canções são brilhantemente acolhedoras. Muito bem escrito e interpretado. É uma maravilha!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

RETROSPECTIVA 2019: Bandas que voltaram / Bandas que acabaram

Assim como faço todo mês de dezembro, chegou a hora da retrospectiva do ano. Aguardem posts sobre os grandes lançamentos (e relançamentos), as decepções, as músicas que não podem passar despercebidas, os melhores shows (entre os vistos por mim, claro), além de uma pequena homenagem aos ídolos da música que se foram.

Mas hoje falarei sobre as bandas que voltaram e as que encerraram as atividades. Sem mais delongas, vamos a elas!

BANDAS QUE VOLTARAM
Los Hermanos
Aquela conversa de sempre, vocês já sabem. Ao menos dessa vez eles lançaram uma faixa inédita, a legalzinha "Corre, Corre". Fora que lotar o Maracanã é uma conquista impressionante. Nem preciso dizer que já encerraram as atividades novamente, né?

Jonas Brothers
Alguém certamente deve se importar.

Bikini Kill 
Grupo importantíssimo e ainda necessário (sonoramente e socialmente). É ótimo ver a Kathleen Hanna novamente em cima dos palcos.

Sandy & Junior 
Achei legal (o fato do encontro, não necessariamente o resultado). Claro, eles gostam de dinheiro, mas ainda assim pareceu uma volta genuína de dois irmãos que querem se divertir e proporcionar momentos de felicidade aos fãs. A demanda era enorme, então porquê não. Eu, de longe, os respeito.

Beastie Boys 
Os dois remanescentes em show dirigido pelo Spike Jonze. Ao menos foi o anunciado, sendo que até agora não rolou nada. Por mais que o Adam Yauch faça uma gigantesca falta, para eu que não tive a chance de vê-los ao vivo, é uma oportunidade a ser comemorada. Vamos ver se rola.

Tiago Iorc 
Ele ficou um ano quieto, lançou uma musiquinha (até ok, chamada "Desconstrução") e já foi o suficiente para uma galera entrar na pilha de "Tiago Iorc voltou!". Honestamente, a mim não fez muita diferença nem o sumiço nem a "volta".

509-E 
Após 15 anos, a dupla formada pelo Dexter e Afro-X volta a se encontrar. Achei bem legal. Vão inclusive tocar no Lollapalooza.

Mr. Bungle
A banda do Mike Patton pré- Faith No More anunciou shows após 20 anos em pausa. E o mais absurdo, Scott Ian (Anthrax) e Dave Lombardo (eternamente Slayer) farão parte da reunião. Imperdível!

Supergrass
Mais um retorno anunciado para 2020. A banda ainda tem lenha para queimar. Acho que vai ser bacana.

Cansei de Ser Sexy 
Sem o Adriano Cintra. Em tempos de saudosismo, vale tudo. Se não levarem tão a sério (como fizeram no passado), pode ser divertido. Todavia, até o momento só tocaram no Popload Festival. Não sei se vai rolar mais coisas.

Bauhaus 
Anunciaram show com a formação original após 13 anos. Eu iria fácil. Promotores brasileiros, chegou a hora!

A Barca do Sol 
É verdade, foi apenas um show, mas faziam 38 anos que Marcelo Costa, Muri Costa, Jaques Morelenbaum e turma não subiam juntos no mesmo palco. Um encontro definitivamente bem legal.

Infectious Grooves 
Com o Mike Muir, Robert Trujillo e o Jim Martin (sim, o do Faith No More). Tocaram até no Brasil. Nada mal.

My Chemical Romance 
Esse blog definitivamente está velho. Eu falei sobre o fim da banda e agora falo sobre o retorno. Na época, disse que o MCR era o melhor grupo da safra emo 00's e que eles virariam cult com o passar do tempo. Não podem dizer que eu errei. Mas honestamente achei que eles demorariam mais para voltar.

Rage Against The Machine 
Só rolou o anuncio por enquanto. A coisa pra valer ficou para o ano que vem. Mas já é uma tremenda noticia.

Black Crowes 
Anunciaram o retorno e na mesma semana já foram para o palco. Tão rápido quanto provavelmente vai durar mais essa volta da banda. Aposto que ano que vem eles acabam novamente (e retornam lá pra 2022). Eles são assim mesmo. Quem não cair na picaretagem pode curtir.

Mötley Crüe 
Mas era óbvio que eles iam voltar. Vai dizer que vocês acreditaram naquele contrato? Eles são uma piada (no bom e mal sentido). É legal.

Circle Jerks 
Alguns poucos shows para comemorar os 40 anos do debut. Deve ser um showzão!

* Breve atualização: E o que dizer do retorno do John Frusciante ao Red Hot Chilli Peppers? Será que agora a banda volta a funcionar. Ao menos causa novamente interesse.

Lançaram novo trabalho após anos de repouso, embora não tenham propriamente anunciado o fim (maiores comentários no post sobre lançamentos): David Berman (via o seu derradeiro projeto, o Purple Mountains), Duster, L7, Mekons, Pedro The Lion, Pin Ups, Rammstein, Royal Trux, Som Nosso de Cada Dia, Stray Cats, The Who, TNGHT e Tool.


BANDAS QUE ACABARAM
Macaco Bong 
Novamente anunciaram o fim. E novamente eu lamento. Excelente banda.

UFO 
Eis mais uma famigerada tour de despedida. Inclusive vai passar pelo Brasil. Eu ficarei com os discos setentistas mesmo.

Tribalistas 
Daqui 15 anos voltam novamente? Não sei, só sei que neste meio tempo não fará falta.

BTS 
O famigerado grupo de k-pop anunciou uma pausa na carreira. Não fui procurar saber mais nada porque a mim pouco importa, mas vale deixar registrado.

Som Nosso de Cada Dia 
Com a morte do Pedrão, chega ao fim um dos melhores grupos do rock progressivo brasileiro. Vale lembrar do bom disco que eles lançaram este ano e que pouca gente deu bola.

Skank
Ainda vai rolar uma tour de despedida em 2020, mas Samuel Rosa já fez declarações bastante honestas sobre o fim do grupo. Diga-se de passagem, uma das bandas mais dignas do pop rock nacional. Ele ter sugerido o fim de outros grupos como Capital Inicial e Jota Quest foi de grande atitude.

The Pains Of Being Pure At Heart 
Era uma banda bacana (ao menos o debut é ótimo), mas confesso que sequer lembrava da existência. O mercado é ingrato.

Big Ups 
Boa banda de post-hardcore/indie rock formada nesta década e que encerrou sem causar muito burburinho.

Worst 
A banda sucumbiu diante da postura questionável dos integrantes. Não tô acusando eles de serem ligadas a nenhuma ideologia extremista, me refiro a atitude "ogra" juvenil meio besta. Não vai fazer muita falta.

The Muffs 
Com a morte da Kim Shattuck, não há muito mais o que fazer.

Soundgarden 
Após a morte do Chris Cornell, o final era óbvio, mas só agora foi anunciado.

Slayer 
Com tour de despedida aclamada e elevados ao status de ícones (merecidamente). Se não engatarem uma volta picareta, serão lembrados devido a gigantíssima competência e dignidade.

TEM QUE OUVIR: No New York (1978)

No underground do rock, longe da pasteurização comercial e de difícil acesso as gravações, cenas e bandas impulsivas tem seus principais registros em compilações. A clássica Nuggets (1972) é um exemplo disso, mas não o único. No New York (1978) é um documento histórico que traduz um dos momentos mais efervescentes do rock independente.


Rotulados de No Wave - nada mais que "os sem onda" em meio a "onda" da new wave que eclodia no final da década de 1970 -, diversos grupos novaiorquinos trouxeram para a vanguarda do rock elementos do free-jazz e da música erudita, explorando dissonâncias e ruídos em paralelo a rispidez punk do período. Nada que tenha chegado ao grande público, mas que nos porões escuros ajudou a fomentar muito do rock independente, que o diga o Sonic Youth.

A primeira banda a dar as caras na coletânea é o The Contortions, grupo liderado pelo saxofonista e vocalista James Chance. O groove frenético da cozinha durante o solo livre de sax na introdução de "Dish It Out" já entrega o que teremos pela frente. A voz agressiva e o órgão garageiro completam a faixa. Um espetáculo!

De estrutura nada óbvia e guitarras ruidosas, "Flip Your Face" ainda hoje seria considerada experimental (ou no minimo art punk). Ainda assim, incrivelmente a banda ainda soa funky. Já "Jaded" é somente estranha mesmo. Seu arranjo cheio de espaços é inquietante e de atmosfera aterrorizante.

"I Can't Stand Myself" fecha a participação do Contortions com uma gravação repetitiva e abrasiva. É um timbre mais gorduroso que o outro.

Ainda que muito mais lo-fi, a urgência promovida nos textos Lydia Lunch e na interpretação furiosa do baixista Gordon Stevenson em "Burning Rubber" faz do Teenage Jesus And The Jerks um dos pontos altos do disco.

Embora curta, "The Closet" soa como um épico do noise rock, com direito a guitarras estridentes e ritmo primário. Com apenas 30 segundos, "Red Alert" chega a remeter ao Lightning Bolt. Finalizando, "I Woke Up Dreaming" não se parece com nada. Sua crueza visceral é intoxicante.

Como um "space rock pós-punk", "Helen Fordsdale" apresenta o Mars, grupo esquisitíssimo que parece propagar radiação nuclear. O mesmo vale para a desesperadora "Tunnel", que soa como uma simples interferência. "Hairwaves" não melhora a estranheza, mais parecendo um seção de improviso balbuciada em meio a guitarras desafinadas e ritmos inconstantes. Diante de tamanhas bizarrices, "Puerto Rican Ghost" pode ser considerada uma piada. Eu gosto.

Encerrando o disco está o D.N.A., grupo que tinha na linha de frente ninguém menos que o Arto Lindsay, que anos depois ganhou notoriedade ao produzir nomes como Caetano Veloso e Marisa Monte. Do grupo é possível destacar a agressivamente psicodélica "Lionel", a mecanicamente esquizofrênica "Not Moving" e a angular "Size". Todas de excelentes e afiadas guitarras.

Com direito a produção do Brian Eno, No New York tornou-se item obrigatório para quem quer sair da zona de conforto do rock. Complexo sem ser pedante, maluco sem ser idiota. Uma geração destemida que ainda hoje não teve sua criatividade absorvida.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

ACHADOS DA SEMANA: Aimee Mann, The Dave Clark Five e Jay-Z

AIMEE MANN
Bachelor No. 2 (2000), álbum da Aimee Mann lançado após sua prestigiada trilha sonora para Magnolia (1999). É um pop rock americano de excelência em todos os sentidos. Poderia ser cafona se não fosse tudo tão bem arranjado, interpretado e produzido. Leve, orgânico e inspirado. Produção do Jon Brion, claro.

THE DAVE CLARK FIVE
Saiu um poeiraCast (sempre eles!) sobre essa emblemática banda que até então tinha passada praticamente despercebida por mim. Eles foram gigantes na década de 1960, tendo elaborado diversos hits e influenciado inúmeros artistas. Para quem gosta da primeira fase dos Beatles, é ultra recomendado. Para quem gosta de sax e teclados no rock também. E como bem apontado no podcast, é um dos melhores timbres de bateria do rock nos anos 60.

JAY-Z
Finalmente o Jay-Z liberou sua discografia no Spotify. Dei uma repassada no clássico The Blueprint (2001) e ele continua poderoso. É incrível como esse álbum mudou a estética do rap dentro do mainstream.
No YouTube ainda tá chato procurar coisas do Jay-Z, então partam logo para o Spotify antes que ele mude de ideia.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

TEM QUE OUVIR: D'Angelo - Brown Sugar (1995)

O r&b vive momentos de glória no século XXI. Isso porque conseguiu adequar/atualizar seu som num formato pop contemporâneo, mas sem perder a dignidade artística. Da Beyoncé ao Frank Ocean, os exemplos são diversos. Entretanto, o estilo passou por uma entressafra no inicio da década de 1990. Mesmo o Prince, herói na década anterior, embarcou em viagens sonoras difíceis de acompanhar. A pasteurização através de cantoras como Mariah Carey legitimamente não agradavam os fãs do gênero. Foi diante deste cenário que surgiu o D'Angelo com o seu aclamado Brown Sugar (1995).


O artista cresceu em meio a música gospel e o jazz, conseguindo posteriormente transitar para o r&b trazendo elementos contemporâneos a época. Timbres de bateria eletrônica se somam a Fender Rhodes e órgãos Hammond, sendo justamente essa união a saltar aos ouvidos na abertura do disco através do hit "Brown Sugar". Sua atmosfera urbana se deve muito a parceria com o Ali Shaheed Muhammad. Já o aspecto sexy da canção é exclusiva do D'Angelo mesmo.

Vale registrar que, embora o álbum tenha sido lançado pela EMI, sua produção foi baratíssima. Para surpresa dos diretores da gravadora, o disco vendeu 300 mil cópias somente nos dois primeiros meses.

O beat consistente de "Alright" é acompanhado por um arranjo de teclado viajante e um potente coro de vozes, ainda que interpretado com delicadeza aconchegante. É praticamente um encontro entre Stevie Wonder, a música gospel e o rap. Tudo isso num approach pop.

É impressionante o desfile melódico que o D'Angelo promove com sua voz na fantástica "Me And Those Dreamin' Eyes Of Mine". Diante da gravação, onde ele ainda arranjou e tocou todos os instrumentos - com exceção do ótimo solo de guitarra do produtor Bob Power -, seu talento torna-se inegável. Atenção, na época ele tinha apenas 21 anos.

Um dos fatores que aproximou o r&b do artista a uma nova geração é o elementos textual, já que não daria para imaginar os medalhões do estilo cantando músicas como "Shit, Damm, Motherfucker". Falando nos veteranos do gênero, vale se atentar para a nova roupagem de "Cruisin'", originalmente do Smokey Robinson.

A quase jazzistica "Smooth" soa com um vigor contagiante através de seu ritmo cru em meio aos arranjos de cordas ao fundo. Excelente faixa! O clima jazz aparece também na balada "When We Get By". 

Vale ainda destacar o single "Lady", uma canção apaixonada (inclusive em performance) que permeou o imaginário de muitas garotas e garotos.

Ao final, "Higher", um perfeito r&b de vocais soberbos sobrepostos (todos do D'Angelo, com forte traço gospel), hammond elegante e baixo do Will Lee.

Após esse clássico imediato, D'Angelo focou em lançamentos esporádicos e certeiros. Aqui está só o começo de um nome fundamental para o r&b contemporâneo e neo-soul.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

TEM QUE OUVIR: Japan - Quiet Life (1979)

O final da década de 1970 foi dos períodos mais libertadores do rock. Essa liberdade pode ser expressada no Japan, grupo inglês que não fazia distinção de gêneros em sua mistura inusitada de sonoridades. Quiet Life (1979), o terceiro álbum da banda, é uma belíssima amostra dessa inventividade.


Ao falar em gêneros, vale ressaltar a imagem andrógena do vocalista David Sylvian na capa do disco. Essa estética, na linha tênue entre o glam rock e a new wave, gerou o período/estilo New Romantic.

Musicalmente, a primeira referência que salta aos ouvidos é do Giorgio Moroder, que havia trabalhado com a banda recentemente e inegavelmente influenciou nos sintetizadores arpejados, pulsantes e etéreos da introdução de "Quiet Life". Já sua ponte tem uma dramaticidade típica do David Bowie. Tudo isso com direito a um solo de guitarra robertfrippiano e linha de baixo fretless majestosa do lendário Mick Karn. Excelente faixa de abertura.

Com vigor, criatividade e apelo pop, "Fall In Love With Me" evidência a influência do Roxy Music na música do Japan. A voz barítono do David Sylvian e a guitarra inquieta do Rob Dean novamente se destacam.

A melancolia surge através do pianos de "Despair". A interpretação vocal é profunda, assim como o solo reverberoso de sax. Um assustador coro de voz completa o arranjo. Esse clima quase noir se mantém na bela e tensa "In Vogue", onde o Mick Karn faz miséria de seu instrumento.

Tão animada quanto fúnebre, "Halloween" soa como um encontro da disco music com o pós punk (!!!). Já o arranjo e os timbres incomuns de "All Tomorrow's Parties" só não confundem o ouvinte por conta da excelente melodia.

É incrível como a banda soa futurística e funkeada em "Alien". Já a longa "The Other Side Of Life" expõem a ousadia refinada do quinteto através de um arranjo obscuro que, de alguma forma, remete ao que o Suede viria a fazer mais de uma década depois.

Embora nem sempre lembrados, o Japan foi dos mais importantes grupos enquanto esteve em atividade. Sua música transgressora serviu de influência para o desenvolvimento do synthpop e continua como uma fantástica amostra de art rock.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

ACHADOS DA SEMANA: The New Pornographers, Peter Ivers e Tindersticks

THE NEW PORNOGRAPHERS
As vezes penso que o New Pornographers não deu sorte com sua época. Se fosse uma banda da década de 1970, seria das grandes do power pop. Nos anos 80, fariam sucesso nas college radio. Tinham tudo para serem um dos grandes nomes do rock alternativo noventista. No entanto, sobrevivem como um supergrupo que nunca explodiu. Ao menos discos como o Twin Cinema (2005) são bem legais.

PETER IVERS
Terminal Love (1974), um daqueles discos estranhos que a gente se depara por acaso. A capa é bizarra, o estilo trafega entre "blues", glam rock e esquisitices à la Frank Zappa, o timbre vocal é singular, tem melodias bem tortas... Boas e intrigantes qualidades de um artista que honestamente desconheço.

TINDERSTICKS
Tindersticks (1995), segundo álbum homônimo dessa banda inglesa de rock alternativo. Disco denso e dramático. As composições são excelentes e os arranjos orquestrados profundos. Acompanha tardes frias e solitárias.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

TEM QUE OUVIR: Fiona Apple - Tidal (1996)

Desde que a Joni Mitchell lançou o clássico álbum Blue (1971), inúmeras outras cantoras-compositoras de anseio confessional surgiram. Entretanto, talvez afetado pelo niilismo grunge, essa tendência aumentou ainda mais em meados da década de 1990, vide a PJ Harvey, Tori Amos e Liz Phair, que abriram as portas para a explosão da Alanis Morissette em 1995. Diante deste cenário, é possível afirmar que o álbum que melhor representa as ambições e angustias femininas é Tidal (1996), a deslumbrante estreia da Fiona Apple.


Embora com apenas 18 anos, Fiona parece ter vivido o suficiente para cantar versos desolados. Ela não soa fake, mas sim com alma. Fora que sua destreza musical lhe dá larga vantagem.

"Sleep To Dream" abre o disco com um beat em looping que poderia estar num álbum de trip hop. Todavia, o enorme arranjo de cordas, a pungente linha de baixo, o piano sinistro e a produção redonda dá um aspecto muito mais dark para a canção. Um hit imediato!

A maturidade com que a Fiona Apple interpreta "Shadowboxer" é impressionante. Ela soa como uma transposição feminina do Jeff Buckley. Curiosamente, a vulnerabilidade é a mesma. Excelente refrão.

Sua voz grave e convicta dá vida a uma personagem atraente e perigosa em "Criminal", mais um hit da época. É interessante perceber como a faixa tem todos os trejeitos do rock alternativo noventista, embora com arranjo orquestrado e piano no lugar das guitarras. O groove final da canção é espetacular. Vale dizer que a mão do Jon Brion foi fundamental para o instrumental exitoso não somente desta faixa, mas de todo o disco.

A voz e o piano melancólicos da Fiona são as bases para as composições, vide o que acontece na elegante (e depressiva) balada "Sullen Girl", na jazzística "Slow Like Honey" (uma aula de respiração ao cantar) e na graciosa "Never Is A Promise". Há ainda trejeitos do neo-r&b em "The First Taste".

Com uma estreia dessas, Fiona Apple cresceu em meio a prêmios e culto, posto do qual não saiu. Uma artista ainda hoje inquieta e prestigiada.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Pincelando o livro Lindo Sonho Delirante (1968 - 1975)

Comprei há cerca de um ano as duas edições do livro Lindo Sonho Delirante (Bento Araújo, editor da Poeira Zine). A primeira edição traz a resenha de 100 discos psicodélicos do Brasil entre os anos de 1968 e 1975.

Muitos eu já conhecia, principalmente dos medalhões (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Ronnie Von) e de alguns grupos (O Terço, Som Nosso de Cada Dia e Casa das Máquinas), mas outros sequer tinha ouvido falar. Sendo assim, durante todo esse ano fui escutando vários deles (obrigado, YouTube) e fazendo pequenas observações sobre os quais considerei mais interessantes.

Vale registrar que o único álbum que não encontrei para ouvir foi o da OrianaMaria.

Pontuo também que as minhas observações são meramente constatações pessoais. Para obter informações sobre estes e tantos outros discos, a compra do livro é indispensável.

Falando em compra do livro, vale dizer que acabou de sair a campanha de financiamento coletivo da terceira edição da obra, que contará com a resenha de "100 Discos Corajosos Lançados no Brasil entre os anos de 1986 e 2000". Para participar basta acessar esse link (http://catarse.me/lsd3). Eu recomendo muito.

Sem mais delongas, vamos as minhas breves observações:


Fábio - Lindo Sonho Delirante (1968)
Acompanhado dos Fevers, Fábio, parceiro do Tim Maia, lançou essa pérola psicodélica com groove de soul music e teclados à la Jovem Guarda. Sua letra faz clara referência ao LSD (no auge ditadura militar). Adoro o seu "cuti-cuducuducuti-cuu".

Beatniks - Alligator Hat (1968)
Uma paulada que eu jamais diria que foi gravada num Brasil de 1968. Fuzz pesadão, linha de baixo entorpecida e vocal potente. Espetacular!

Suely E Os Kantikus - Que Bacana / Esperanto (1968)
Se a voz da Suely Chagas e a letra de "Que Bacana" é singela, o mesmo não pode ser dito sobre a guitarra ácida do Lanny Gordin. Faixa com total clima tropicalista. Mais absurdo ainda é o riff de "Esperanto". Bom demais!

The Beggers - Estes Homens Farrapos / We're Going To Aid You (1968)
Honestamente nem gostei tanto destas músicas, mas adorei o fato deles serem do ABC paulista - região onde moro, operária e berço do punk rock nacional -, e trazerem em "Estes Homens Farrapos" uma letra politicamente engajada. Já a experimental "We're Going To Aid You" mais parece um krautrock tupiniquim.

O Bando - O Bando (1969)
Nem foi dos discos que achei mais interessante, mas como há muito tempo ouço falar da banda, achei que eu deveria deixar aqui registrado. Ele tem uma abordagem bastante tropicalista, muito devido os arranjos do Rogério Duprat. É bacana, mas para um país que tinha Mutantes, não me espanta terem ficado no segundo escalão. Vale pela curiosidade, afinal, no pior das hipóteses você ouvirá uma bela versão para "Que Maravilha" (Jorge Ben) e o groove surreal de "...E Assim Falava Mefistófeles".

Loyce & Os Gnomos - O Despertar dos Mágicos (1969)
Banda obscura do interior de São Paulo. As composições são de certa forma bobinhas, mas o instrumental, com destaque para a guitarra em "Era Uma Nota de 50 Cruzeiros", é tão ácido e esporrento que traz um espirito quase proto-punk para a música.

Os Brazões - Os Brazões (1969)
Mais um daqueles discos que sempre ouvi falar, mas nunca tinha escutado. Devo dizer que achei meio decepcionante. Nenhum grande problema, inclusive mostra que o grupo estava em sintonia tanto com o tropicalismo (eles chegaram a acompanhar o Tom Zé, Gal Costa e Jards Macalé) quanto com a psicodelia internacional. Todavia, não "bateu". Achei apenas bacana. A capa é uma das melhores de todo o rock nacional.

Liverpool - Por Favos, Sucesso (1969)
Cultuada banda do Rio Grande do Sul. Achei bem legal. Ótimas composições com pitadas psicodélicas equilibradas. Não é clichê, afetado ou pastiche. As referências lisérgicas parecem genuínas.
Vale aqui deixar registrado que também escutei o EP Marcelo Zona Sul lançado pelo grupo no ano seguinte e que igualmente adorei.

Os Da Bahia - Fobus In Totum / Nem Sei De Mim (1970)
Na verdade o grupo se chamava Os Leif's. Era a banda formada pelo Pepeu Gomes com seus irmãos. Esse compacto já demonstra muita das qualidades do guitarrista. Muito legal ambas as faixas.

Equipe Mercado - Mary K. No Esgotô das Maravilhas / Poensonscópio de Mil Novecentos e Quarenta e Quinze (1970)
O nome das faixas já deixa claro o absurdo que estamos diante. Nem soa tão psicodélico, mas sim extremamente inventivo, tanto na poética quanto no instrumental, diga-se de passagem muitíssimo bem arranjado e tocado. As vocalizações chegam a lembrar o que seria feito pela Vanguarda Paulista anos depois. As histórias de rebeldia contadas no livro LSD sobre o grupo deixa tudo ainda mais encantador. Muito legal!

Serguei - O Burro Côr de Rosa / Ouriço (1970)
Claro, sei das lendas envolto a persona do Serguei, mas confesso que nunca tinha escutado suas músicas. Esse compacto é bem legal. Ouvi antes mesmo de ler o texto do livro e fiquei abismado ao notar semelhanças com o famigerado "som de jarro" do 13th Floor Elevator, assim como o Bento Araújo apontou no texto. Vale pela curiosidade.

Bango - Bango (1970)
Fique impressionando com a potência e a força das composições deste que é o único álbum do Bango. Muito bom mesmo. Só a faixa de abertura ("Inferno no Mundo") já deveria ser reconhecida como um clássico do rock nacional. Um dos melhores disco deste período. Simples assim.

Os Lobos - Miragem (1971)
Achei tudo muito bem produzido. Posso estar exagerando, mas a capa é nível Hipgnosis. Bem tocado, arranjado, composições divertidas (tem um humor à la Mutantes). Impressionante como os vocalistas cantam bem (convenhamos, o Brasil não tem GRANDES cantores de rock). As melodias são ótimas. Resumindo, é um trabalho de qualidades surpreendentes para época.

Blow Up - Blow Up (1971)
Um grupo que atravessou uma década num disco que demonstra profissionalismo e qualidades enormes. A faixa "Som D'Avenida" é muito legal. Mais um álbum surpreendente.

Spectrum - Geração Bendita (1971)
Disco cultuado. Sempre vi sua capa por aí, mas só agora ouvi. A banda era formada por típicos hippies, sendo que isso se manifesta no som da banda. No livro LSD o Bento conta as dificuldades que o grupo teve em meio a ditadura militar. Não pirei no álbum, mas vale conhecer.

Hereton + Meta - Hereton + Meta (1971)
Escutando este compacto do Hereton Salvani fica nítido o grande arranjador que ele era. Não me surpreende que posteriormente ele tenha sido diretor musical da TV Record. As canções tem perfil politico e clima quase cinematográfico. É um trabalho curioso.

Módulo 1000 - Não Fale Com Paredes (1972)
Já tinha escutado este cultuado/raro disco, mas confesso que desta vez soou muito melhor. Antes achava extremamente tosco (o que realmente é), mas ele tem um peso "espacial" criativo. É quase um encontro do Black Sabbath com o Hawkwind (dada as devidas proporções). A faixa-título é um clássico cult do rock nacional.

Free-Son - Banguelê (1972)
Para quem curte percussão, afrobeat e/ou música latina, esse disco é prato cheio. Embora um tanto quanto repetitivo, ele é intenso na proposta. É bacana.

Nelson Angelo e Joyce - Nelson Angelo e Joyce (1972)
Já tinha lido muito por ai sobre este disco. Realmente ele é bem especial. Traz a Joyce, que depois veio a fazer grande sucesso, numa parceria folk com o Nelson Angelo. Uma obra aconchegante, bonita e muito bem arranjada.

Paulo, Cláudio e Maurício - Paulo, Cláudio e Maurício (1972)
Muita influência da música brasileira em composições com direcionamento do rock progressivo. Tudo muito bem tocado num clima de jam bastante orgânico. De imediato dá pra perceber que os instrumentistas são diferenciados. Ótimo compacto, principalmente o lado A, inteiramente instrumental.

Alceu Valença & Geraldo Azevedo - Quadrofônico (1972)
Álbum fundamental para a ascenção da música pernambucana no pop brasileiro. Sempre ouvi falar do disco, mas só agora escutei. Achei bom demais. Inclusive a produção é ótima, com direito a arranjos do Rogério Duprat. Há muitas referências da música regional, ainda que numa linguagem bastante contemporânea. Arrojado e divertido. Ótimos violões/violas/guitarrras.

Rubinho e Mauro Assumpção - Perfeitamente, Justamente Quando Cheguei (1972)
O grande ponto deste disco é a qualidade das composições, inclusive apontando para diferentes direções, vide o samba-rock "Os Olhos". Há também delirantes e melódicas guitarras. Muito variado. É bem legal.

Satwa - Satwa (1973)
Parceria do Lula Côrtes com o Lailson. Apenas os dois, munidos de uma viola de 12 cordas e um tricórdio. A fundição da música nordestina com o folk em mantras hipnóticos. Repetitivo por essência, criando climas bonitos e viajantes. Diz no livro que foi um dos primeiros lançamentos independes do Brasil.

Guilherme Lamounier - Guilherme Lamounier (1973)
Já tinha escutado esse disco, mas não lembrava que ele era tão bom. Dono de ótimas melodias e produção típica da época, dá até para considera-lo um dos grandes álbuns do pop rock brasileiro. As letras delirantes são embaladas em ótimos arranjos. Canções acessíveis não menos que cativantes. Seria um clássico se ao menos fosse lembrado. Vale dizer que o Fábio Jr. é um grande admirador dele. Infelizmente seu final foi trágico, visto que ele caiu no ostracismo e desenvolveu esquizofrenia.

Paulo Bagunça - Paulo Bagunça E A Tropa Maldita (1973)
Já tinha escutado esse álbum quando ele foi relançado, mas ele me soou bem melhor agora. Imagine um "Jorge Ben mais pesado". Inclusive ele é também um ótimo violonista. Muito grooveado e dono de matrizes africanas intrínsecas. Fora que tem ótimos refrães (vide "Olhos Risonhos") e é bem gravado. "Microfones Metálicos" prevê o Primal Scream.

Marconi Notaro - No Sub Reino dos Metazoários (1973)
Um disco simbolo do movimento Udigrudi, que concretizou Recife como um polo psicodélico brasileiro. A poesia do Marconi Notaro destaca-se enquanto violas caipiras criam uma atmosfera viajandona. "Sinfonia em Ré" exemplifica muito bem isso. Vale atentar que o Robertinho de Recife dá as caras no disco (vide "Made In PB"). Um álbum dificil, mas que vale a insistência.

Sidney Miller - Línguas de Fogo (1974)
Um outrora sambista com passagens pelos festivais de TV em seu momento "rockeiro". Adoro esse cruzamento da canção popular brasileira com nuances psicodélicas naturais do período. As letras são ótimas, há timbres de fuzz furiosos, a produção opaca tipica da época muito me agrada, a interpretação vocal é introspectiva... um puta disco.

Arnaud - Murituri (1974)
Humorista parceiro do Chico Anysion num baita álbum de samba-rock (mas não só isso, vide o sotaque nordestino da ótima "Antonio Nepomuceno"). Destaque para alguns nomes da ficha-técnica: arranjos de Arthur Verocai, teclados de José Roberto Bertrami, guitarras do Lanny Gordin (ele arrebenta em "Murituri"), vozes de Jane Duboc e até mesmo orquestrações da Orquestra Municipal de São Paulo. Um espetáculo! "Conscachá, Fimará (Magnífico)" é das melhores composições sobre futebol.

Sergio Ricardo - A Noite do Espantalho (1974)
Embora nem sempre lembrado, acho o Sergio Ricardo um dos personagens mais interessantes da música popular brasileira. Suas trilhas sonoras são de eficiência impressionante. Sua participação no festival da Record é emblemática. Esse disco, com fortes elementos regionais, é de grande beleza. Alceu Valença e Geraldo Azevedo participam. É a música nordestina genuína, ácida e rebelde.

Perfume Azul do Sol - Nascimento (1974)
Conheci esse disco raríssimo não faz muito tempo. Lembro de ter adorado o fato dele contar com o Pedrão Baldanza no baixo. Reouvindo, foi novamente ele que saltou aos ouvidos, principalmente nas faixas "20.000 Raios de Sol" (que tem um lance meio Gal Costa) e "Calça Velha". Bom flerte da música brasileira com o rock psicodélico e carga extra de groove.

Assim Assado - Assim Assado (1974)
Eu já tinha escutado esse disco, mas não lembrava que ele era tão legal. É muito variado, indo do samba-rock ao hard rock, rock psicodélico, funk e baião. Tudo muito bem tocado. O problema é a capa e o nome do grupo, que claramente tentou surfar no sucesso do Secos & Molhados, escondendo a personalidade sonora do grupo. Curiosamente, graças a isso também virou um cult.

Alceu Valença - Molhado de Suor (1974)
Disco de estreia solo do Alceu. Sua fase inicial é muito boa, trazendo forte DNA da música nordestina, seja dos violeiros, maracatu ou cantadores. Hoje suas músicas mais pop fazem sucesso com a classe média da Vila Madalena, o que despertou em mim uma birra besta. Mas neste disco, ainda que lançado pela Som Livre, a produção não parece tão lapidada (embora excelentissimamente arranjada e tocada), o que me empolga e atenua meus preconceitos.

Ney Matogrosso - Água de Céu - Pássaro (1975)
Embora não tenha feito sucesso comercial, esse primeiro disco solo do Ney explica muito o porquê do astro que ele se tornou posteriormente (claro, isso além do talento e da personalidade única). Esqueça o amadorismo visto em grande parte dos discos, aqui a produção (do Billy Bond) é excelente. Bruce Henri e Claudio Gabis tocam no álbum. Já as composições trazem nomes como Sá & Guarabyra, Milton Nascimento, João Bosco e Aldir Blanc. Um ficha técnica impressionante. O resultado é um álbum quase conceitual e performances excelentes do ex-Secos & Molhados.

Carlos Walker - A Frauta de Pã (1975)
De um lado a voz terna do Carlos Walker. Do outro arranjos lindíssimos, sendo alguns assinado pelo Radamés Gnatalli. O João Bosco toca no álbum e o Aldir Blanc cedeu algumas composições. Uma obra de beleza e delicadeza exuberante. Vale dizer que o Carlos Walker era bastante jovem quando gravou esse disco e que ele foi apadrinhado pela Elis Regina.

Persona - Som (1975)
Fundamental ler o texto no livro LSD para entender melhor do que se trata. Mas adianto que é uma obra que começou enquanto instalação, para depois virar um brinquedo/jogo que via acompanhado deste disco, que mais parece uma colagem abstrata de sons malucos. Luis Carlini, Lee Marcucci e Franklin Paolillo (todos do Tutti-Frutti) foram responsáveis pela instrumentação. A produção é meio tosca, o que de certa forma contribui para o clima quase aterrorizante do trabalho. Álbum curiosíssímo. A capa é espetacular.


Agora o lance é participar do financiamento coletivo do próximo livro e neste meio tempo ir escutando os álbuns presentes no segundo volume, com 100 discos audaciosos do Brasil entre os anos de 1976 e 1985.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

ACHADOS DA SEMANA: Crystal Castles, The Pains Of Being Pure At Heart, James Blood Ulmer e Petr Válek

CRYSTAL CASTLES
É incrível como, passado mais de 10 anos, o debut do Crystal Castles lançando em 2008 continua trazendo diversos elementos que hoje são tendência na música eletrônica. Um disco pesado, divertido, intoxicante e versátil.

THE PAINS OF BEING PURE AT HEART
A banda acabou e eu peguei a estréia deles pra reouvir. Ouvi na época, adorei e nunca mais tinha escutado. É a fórmula dream pop/shoegaze tocada com tanta convicção e em cima de composições tão boas que nem parece pastiche. Se lançado em 1991 seria um clássico.

JAMES BLOOD ULMER
Odyssey (1983), tremendo álbum do já na época veterano, James Blood Ulmer. Uma fusão maluca de jazz, reggae, funk e rock. Rola até "motivos étnicos". Tudo com audácia e tortidão.

PETR VÁLEK
Cara, trombei esse doidão por acaso no YouTube. Não me aprofundei no seu trabalho e nem provavelmente irei, mas pra quem curte performances estranhas de noise, vale conhecer. É interessante como ele usa objetos do cotidiano enquanto instrumento.

TEM QUE OUVIR: Boards of Canada - Music Has The Right To Children (1998)

Um dos períodos mais interessantes da música eletrônica se deu no final do milênio, onde grupos eclodiram abusando de texturas timbrísticas que apontavam tanto para o futuro quanto para o passado. Em seu debut, o Boards of Canada demonstra isso não apenas sonoramente, mas também no conceito nostálgico que permeia o álbum.


Como um despertar de traumas e memórias afetuosas à partir de programas televisivos e fotografias de infância, as faixas presentes no Music Has The Right To Children trazem beats vigorosos costurados na calmaria de sintetizadores analógicos. É tudo muito denso, delirante e atraente.

Após uma breve nuvem ambient ("Wildlife Analysis"), uma verdadeira pancada no peito se faz valer no ritmo urbano de "An Eagle In Your Mind". A interação com o hip hop é clara, visto o uso bem colocado de scratches. O desenvolver da música é de exuberância crescente.

É hipnótica a imersão em ritmos como o de "Telephastic Workshop", que usa até mesmo vocalizações inteligíveis em seu beat.

Os timbres de "Syxtyten" são esmagadores. Há colagens de vozes, sintetizadores etéreos, ruídos glitch e graves nocauteantes de bumbo. Uma produção definitivamente arrojada. As mesmas características dominam a espetacular "Pete Standing Alone".

Tão pesada quanto é "Roygbiv", onde um baixo corrosivo é amaciado através de uma composição bela. Falando em baixo, é preciso destacar o groove da psicodélica "Aquarius".

Quem gosta de downtempo e trip hop encontrará conforto na intoxicante "Turquoise Hexagon Sun", onde sons de um diálogo se misturam ao ritmo lascivo.

"Rue The Whirl" constrói uma interessante ponte entre ritmos de boom bap e sintetizadores de música ambient. Tudo com uma produção bastante atmosférica. Algum desavisado pode até acreditar que se trata de um beat do Madlib.

Entre as faixas mais longas, vinhetas constroem uma narrativa cinematográfica riquíssima. É possível destacar neste sentido a sinistra "The Color Of The Fire" e o baixo sintético e oriental de "Kaini Industries".

Lançado pela Warp e jogados no balaio da IDM, o duo se consolidou como um dos mais emotivos dentro da cena eletrônica.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

ACHADOS DA SEMANA: Sister Rosetta Tharpe, The Blue Nile e Patrick Cowley

SISTER ROSETTA THARPE
O Ricardo Alpendre do poeiraCast expôs uma problemática interessante. Ele disse que muitos que adoram a Sister Rosetta Tharpe tomam como base vídeos da década de 1960, onde ela se apresentava munida de uma guitarra SG. Entretanto, não foi esse período da artista que influenciou nomes como Chuck Berry e firmou sua importância, mas sim quando na década de 1930 ela já debulhava no violão pérolas do blues e da música gospel. Curiosamente, essa fase da artista é pouco prestigiada. Ele recomendou a coletânea The One And Only Queen Of Hot Gospel para conhecer essa fase inicial. É bem legal.

THE BLUE NILE
Dei uma passada pelos dois excelentes primeiros discos do Blue Nile e não consegui chegar a conclusão de qual eu gosto mais. É a música pop oitentista no auge de sua sofisticação e elegância.

PATRICK COWLEY
Li sobre o Patrick Cowley e me interessei pelo seu som. Despretensiosamente peguei o disco Afternooners (uma compilação lançada em 2017) pra escutar e adorei. Ele faz parte daquela cena “disco music eletrônica gay" do começo da década de 1980. As composições e produções são excelentes. Quem gosta de Giorgio Moroder tem que ouvir.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Os artistas "seculares" e a música gospel

Nesta altura do campeonato todos já sabem, mas vale reforçar: Kanye West lançou seu aguardado disco "gospel", Jesus Is King. Infelizmente o resultado não foi dos melhores. Acontece.

Pensando nisso, decidi reunir alguns artistas "seculares" que em algum momento enveredaram suas carreiras pelo sons de cunho religioso. Todos com muito mais êxito sonoro que o Kanye.

Selecionei apenas discos. Faixas isoladas não vale (isso o próprio Kanye já tinha feito em "Jesus Walks"). Deste modo, do George Harrison ao Tupac, todos ficarão de fora.

Vale lembrar que a música gospel (ou mesmo a chamada spirituals) é matriz sonora de muitos gêneros da música americana, sendo extremamente natural o flerte com o estilo entre os artistas pop (principalmente os negros).

Obs: com todo (e talvez até mais) respeito as outras religiões, mas tive que me restringir aos discos de música cristã, simplesmente porque foi a proposta do Kanye. Se eu fosse abordar flertes com a música das religiões afro-brasileiras, budistas, islâmicas, hinduístas, indígenas, satanistas, cultura racional... a coisa não ia acabar nunca. Mas se lembrarem de algo neste sentido que achem relevante - tipo o caso Cat Stevens -, botem nos comentários.

Sem mais conversa fiada, vamos ao que interessa:

Aretha Franklin - Amazing Grace (1972)
Clássico! Se tiver que ouvir apenas um disco entre os citados, escolha esse sem pestanejar. É uma ótima e genuína imersão nos sons da Igreja Batista. A performance da Aretha é incendiaria. Se for para ajoelhar diante de algo, eu ajoelho diante dela.

Elvis Presley - His Hand In Mine (1960)
Embora muito conhecido que o Elvis tenha tido sua fase gospel - fruto de uma tradição familiar -, a verdade é que ela é pouco escutada. His Hand In Mine merece atenção. A voz do Elvis está exuberante.

Bob Dylan - Slow Train Coming (1979)
O fato de um judeu como o Bob Dylan ter se convertido ao cristianismo causou enorme burburinho. Diversos detratores ficaram prontos para apedrejar seus discos. Alias, cresci lendo que era uma das piores fases do Dylan. Ouvi o Slow Train Coming e me surpreendi. Inclusive, o Mark Knoplfler arrebenta por todo o disco. É bem bom.

Al Green - The Lord Will Make A Way (1980)
Para muitos, Al Green é acima de tudo um astro da música gospel, ainda que seja discos como Let's Stay Together sua inegável melhor fase. Entretanto, vale a pena conhecer álbuns como The Lord Will Make A Way. Tem ótimos momentos.

Johnny Cash - The Holy Land (1969)
Esse é o único disco entre os famigerados trabalhos gospel do Homem de Preto que eu conheço. Acho meio ruim, meio encantador. Vale a experiência.

The Louvin Brothers - Satan Is Real (1959)
Por mais sério que seja, eu vejo quase como um meme. Acho divertido, peculiar e denso.

Obs: Little Richard deve ter diversos discos gospel, mas confesso que não conheço. E acho que o excelente Stranger Fruit do Zeal & Ardor não vale, né?

Deixem outros nos comentários.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

TEM QUE OUVIR: Sam Cooke - Live At The Harlem Square Club, 1963 (1963 - 1982)

Nos pouco mais de 10 anos de carreira, Sam Cooke produziu diversas pérolas da soul music. Todavia, lançado tardiamente em 1982, Live At The Harlem Square Club, 1963 sobrevive como principal registro deste cantor fabuloso.


Gravado pouco mais de um mês antes do James Brown lançar seu histórico Live At The Apollo, o álbum do Sam Cooke expõe o momento efervescente na música negra americana, principalmente em cima dos palcos.

Com sua voz tão poderosa quanto arranhada, Sam Cooke põe Harlem abaixo com "Feel It", um rhythm and blues repetitivo e gorduroso.

O entrosamento da banda com a plateia é primoroso, vide o que acontece na jovialmente amorosa "Chain Gang", uma elegante faixa pop de sonoridade orgânica. Destaque para as levadas de bateria do Albert "June" Gardner.

"Cupid" é ainda mais melosa, mas não menos irresistível. Dá para imaginar todo o público dançando com o affair. Detalhe para o erro no final na canção, o que traz um charme espontâneo para a gravação.

Após berros profundos com seu timbre musculoso, Sam Cooke coloca o auditório todo para cantar "For Sentimental Reasons". Um dos registro ao vivo mais emocionantes que você poderá escutar.

O arranjo dos metais e a interpretação vigorosa da banda em "Twistin' The Night Away" é a base do rock n' roll. Incontáveis grupos tentaram emular essa sonoridade ainda hoje.

O blues rola solto na sacolejante "Somebody Have Mercy", com direito a solo de sax do King Curtis. Já o arranjo espaçado e crescente de "Bring It On Home To Me" abre espaço para o Sam Cooke não economizar sua voz.

Fecham o espetáculo o hit "Nothing Can Change This Love" (atenção para a guitarra rítmica inquietante do Cornell Dupree) e a obviamente festival "Having a Party". Um desfecho à altura de todo o restante.

Infelizmente, um estranho homicídio pois fim na vida deste que foi dos mais brilhantes entertainment da música. Ficou esse disco como documento histórico.