quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

TEM QUE OUVIR: Joanna Newsom - Ys (2006)

Alguns álbuns, ainda que distantes do grande público, rapidamente recebem status de clássico. Isso vale para Ys (2006), o segundo trabalho da harpista/cantora/compositora Joanna Newsom, elogiado pela crítica - Uncut e The Guardian deram nota máxima - e cultuado por seus fãs, ou seja, todos que ouviram.


Com arranjos orquestrados do Van Dyke Parks, baixos do Leland Sklar, vozes do Bill Callahan, captação do Steve Albini e mixagem do Jim O'Rourke, o álbum revela logo em sua ficha técnica um improvável e magnifico encontro de talentos.

Entretanto, é mesmo Joanna Newsom o centro da exuberância. No auge da digitalização das gravações, seu som orgânico coloca composição e performance na linha de frente.

"Emily" abre o disco expondo a magnitude singela do arranjo. O longo texto, que traz doses de cultura medieval e ares de devaneio, é cantando com convicção e ternura. Tudo enquanto gotejam notas cristalinas de sua harpa.

Há o humor tipico de conto infantil de piratas somado a tradição folclórica em "Monkey & Bear". Impossível não ficar atraído pela atmosfera aventureira da canção.

Já a aconchegante "Sawdust & Diamonds" soa como se a Björk fosse uma fada renascentista. Sozinha, o virtuosismo da Joanna enquanto cantora e instrumentista fica ainda mais notório.

Em tom épico, "Only Skin" abraça o ouvinte com sua riqueza cinematográfica. É incrível como as orquestrações elevam as composições mesmo estando no fundo das canções, criando quase que cenários. Uma aula de arranjo. O mesmo vale para derradeira "Cosmia", dona de final brilhante.

Com apenas 24 anos, Joanna Newsom transbordou personalidade num disco incomparável a qualquer outro da música pop. Um trabalho ambicioso e glamouroso que não perde a graciosidade. Outras obras aclamadas foram lançadas pela artistas, mas Ys se mantém não somente como seu principal álbum, mas dos mais desafiadores e encantadores do século XXI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário