terça-feira, 17 de dezembro de 2019

RETROSPECTIVA 2019: Shows do ano (entre os que vi, claro)

Está cada vez mais inviável listar os melhores shows do ano. Isso ocorre devido a dificuldade que é ir aos espetáculos. Coloque neste pacote o preço exorbitante dos ingressos, a dificuldade que é se deslocar por São Paulo, falta de tempo e até mesmo a preguiça de aguentar um público cada vez mais mal educado. Todavia, consegui ver alguns bons shows, do qual falarei neste post.

Vale lembrar alguns shows interessantes que rolaram no Brasil e que eu perdi: Lauryn Hill, Unknow Mortal Orchestra, Courtney Barnett, The Internet, Kendrick Lamar, Post Malone, Ghostface Killah, Pussy Riot, Hall & Oates, St. Vincent, Ride, BTS, Daughters, Marc Ribot, Baroness, A Place To Bury Strangers, Stephen O'Malley, Patti Smith, The Specials, Mineral, Jaz Coleman, Zeal & Ardor, Behemoth, ...And You Will Know Us By The Trail Of Dead, Battles, Shame, Weezer, H.E.R., Erykah Badu, Drake, John Zorn (com o Julian Lage na guitarra), Marcos Valle (tocando Previsão do Tempo na integra), A Barca do Sol (após 38 anos), fora aquele Setembro Negro Festival, com três dias de bandas underground do metal mundial (incluindo o Full Of Hell).

Vale registrar também a peidada da cueca que o Dead Kennedys deu (se é que dá para chamar a formação atual sem Jello Biafra de "Dead Kennedys") cancelando o show após toda a polêmica relacionada a um pôster anti-Bolsonaro. Vocês se lembram, né? E por mais feio que tenha sido, aqui entre nós, dá para entender. Não deve ser fácil beirando os 60 anos viajar para um país governado por milicianos para tocar em buraco punk com ameaças de fascistas.

E já que não fiz nenhum comentário anteriormente, quero deixar registrado que achei a apresentação da Anitta no Rock In Rio um fiasco. De tantos outros grupos também foi, mas havia uma expectativa para o show dela, que passou longe de corresponder. Repertório mal utilizado, excesso de playback, coreografia pífia, nenhum atrativo instrumentalmente... Bem chato.

Dito isso, vamos ao pouco que eu assisti.

Ainda não havia assistido o Sepultura desde que o ótimo Eloy Casagrande entrou na banda. Fui no show e gostei. Nada muito instigante, mas legal. O som embolado atrapalhou a experiência, mas em nenhum momento duvidei de estar diante da maior banda do Brasil. Repertório excelente!

Falando em repertório, tive a honra de assistir o Milton Nascimento em sua turnê que privilegia canções do Clube da Esquina (tanto o I quanto o II). De quebra ainda rolou outros clássicos da fase Minas e Geraes. A banda é ótima (destaque para o baterista Lincoln Cheib) e, só para traçar uma comparação desnecessária, soa com muito mais pegada que a banda do Chico Buarque (que assisti ano passado). E o Milton, mesmo com tantas limitações, ainda consegue emocionar com sua voz única. Lindo e celebrativo show. 

Numa ensolarada tarde, pude comparecer ao Festival BB Seguros. Lá, mesmo sem planejar, consegui chegar a tempo de assistir o espetacular baixista Thiago Espírito Santo acompanhado do Cuca Teixeira (bateria) e com participação do lendário Mauricio Einhorn. Vi também uma apresentação equivocada do Sérgio Dias, que apostou numa fusão pouco azeitada de jazz-rock. Ao menos quando o Luís Carlini subiu ao palco formou-se uma magia. Ali estavam os dois principais guitarrista do rock brasileiro. Só por isso já valeu. Finalizando o evento, Robert Cray fez uma apresentação segura e correta. Nada muito emocionante, mas o suficiente para ser possível compreende-lo com o criador do pop-blues que artistas como John Mayer produzem atualmente. Bom strateiro.

Num outro festival, o Samsung Jazz Festival, assisti uma apresentação pavorosa do Zakk Wylde, que embora estivesse acompanhado dos integrantes de Black Label Society, decidiu queimar seu tempo com solos completamente sem propósito (com direito a citação criminosa de Allman Brother Band). Adoro ele, mas juro que foi dos shows mais chatos que já assisti na vida. Ao menos a apresentação que veio antes, do Kenny Wayne Shepherd - um cara que assumo nunca ter dado muita bola - foi ótima. Timbres, fluidez, pegada, técnica, interpretação... Bem legal. Fica a lição para o Zakk Wylde.

E agora vamos para disparado os melhores shows!

Assisti a celebração de três décadas dos Racionais MC's. E foi uma paulada! Munidos de uma excelente e grandiosa banda, o repertório cronológico soou ainda mais grooveado e pesado. A presença dos três MC's e do brilhante DJ também é imponente. Quando o assunto é rap MUNDIAL, os Racionais estão no topo da lista.

E pra finalizar, pela primeira vez no Brasil, teve o King Crimson. Três horas de um espetáculo digno de lágrimas. Em "21st Century Schizoid Man" o público ficou literalmente ensandecido (foi possível ver murros no ar, choro e pessoas correndo sem rumo). Por dentro eu explodia. Execução e repertório acima de qualquer suspeita. Robert Fripp é um herói e, tanto a espera quanto o caríssimo valor do ingresso, valeram a pena. Irretocável.
*Como teve uma enorme e aprovada recomendação de não usarmos o celular durante a apresentação, não encontrei vídeos do show. Então deixo um da mesma tour, só que em outro país.

2 comentários:

  1. Muito legal! King Crimson, de fato, o show do ano! Seguido de perto pela efervescência de John Zorn (ainda melhor que em 2012, e num ambiente ainda mais apropriado. Vi um dos dias, mas quem pôde ver os 3, ganhou a vida!). O Daughters, em estudio e ao vivo, é fenomenal. O vocalista é um Dave Gahan from hell, soturno e performático. Mesmo sentimento para Zeal & Ardor, ainda mais surpreendentes ao vivo, talvez fosse meu show do ano, à exceção do KC. Senti ter perdido alguns shows de bandas essenciais do metal moderno, como Baroness, Leprous e Periphery, mas conferi a apoteotica despedida do Slayer, não tem como sair imune de um show desses rs! E esse Shame é uma bandaça também, fizeram dois shows memoráveis em SP!

    ResponderExcluir
  2. Que legal, você conseguiu ir em ótimos shows! Esse do Daughters é do que mais lamentei perder. E legal saber que você gostou tanto do Zeal & Ardor.

    Abraço!

    ResponderExcluir