terça-feira, 26 de novembro de 2019

TEM QUE OUVIR: Japan - Quiet Life (1979)

O final da década de 1970 foi dos períodos mais libertadores do rock. Essa liberdade pode ser expressada no Japan, grupo inglês que não fazia distinção de gêneros em sua mistura inusitada de sonoridades. Quiet Life (1979), o terceiro álbum da banda, é uma belíssima amostra dessa inventividade.


Ao falar em gêneros, vale ressaltar a imagem andrógena do vocalista David Sylvian na capa do disco. Essa estética, na linha tênue entre o glam rock e a new wave, gerou o período/estilo New Romantic.

Musicalmente, a primeira referência que salta aos ouvidos é do Giorgio Moroder, que havia trabalhado com a banda recentemente e inegavelmente influenciou nos sintetizadores arpejados, pulsantes e etéreos da introdução de "Quiet Life". Já sua ponte tem uma dramaticidade típica do David Bowie. Tudo isso com direito a um solo de guitarra robertfrippiano e linha de baixo fretless majestosa do lendário Mick Karn. Excelente faixa de abertura.

Com vigor, criatividade e apelo pop, "Fall In Love With Me" evidência a influência do Roxy Music na música do Japan. A voz barítono do David Sylvian e a guitarra inquieta do Rob Dean novamente se destacam.

A melancolia surge através do pianos de "Despair". A interpretação vocal é profunda, assim como o solo reverberoso de sax. Um assustador coro de voz completa o arranjo. Esse clima quase noir se mantém na bela e tensa "In Vogue", onde o Mick Karn faz miséria de seu instrumento.

Tão animada quanto fúnebre, "Halloween" soa como um encontro da disco music com o pós punk (!!!). Já o arranjo e os timbres incomuns de "All Tomorrow's Parties" só não confundem o ouvinte por conta da excelente melodia.

É incrível como a banda soa futurística e funkeada em "Alien". Já a longa "The Other Side Of Life" expõem a ousadia refinada do quinteto através de um arranjo obscuro que, de alguma forma, remete ao que o Suede viria a fazer mais de uma década depois.

Embora nem sempre lembrados, o Japan foi dos mais importantes grupos enquanto esteve em atividade. Sua música transgressora serviu de influência para o desenvolvimento do synthpop e continua como uma fantástica amostra de art rock.

2 comentários:

  1. Mick Karn é fantástico! Recomendo sua variada e interessantíssima carreira solo! RIP

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    1. Preciso mesmo conferir a carreira solo dele. Nunca ouvi nada. Obrigado pela recomendação. Abraço!

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