quinta-feira, 26 de junho de 2025

ACHADOS DA SEMANA: Thin Lizzy, Beach Boys, Allan Holdsworth, “Playlist de Techno”, Clutch, João Donato e Dinosaur Jr.

Acumulei duas semanas, então hoje tem mais recomendações que o habitual. 

Thin Lizzy
Fighting (1975). Toca guitarra ou se interessa pelo instrumento no rock? Esse disco é obrigatório. A dupla está ultra inspirada. Como todos dizem, certamente o Iron Maiden bebeu dessa fonte, mas também é muito mais que isso. E o que dizer do baixo do Phil Lynott? Pressão com groove. E a capa? Foda.

Beach Boys
A morte do Brian Wilson foi uma paulada que recebemos nos últimos dias. Aqui restou as homenagens. Se no caso do Sly Stone eu reouvi discos que tão sempre em rotação - e por isso nem trouxe pra esse post -, no caso do Beach Boys eu peguei o Sunflower (1970), que sempre negligencie, inclusive numa repassada pela banda que fiz recentemente. E olha que há pouco tempo o canal do Anthony Fantano colocou entre os Classic Albums, nem assim despertando meu interesse. Falha minha. É uma maravilha extasiante. Difícil se contrapor a todo o clamor que rodeia o grupo diante de melodias e arranjos tão absurdos. Isso sem mencionar as subestimadas performances. Fiquei obcecado por “Tears In The Morning”. Discaço.

Allan Holdsworth
Wardenclyffe Tower (1992). Caí nesse disco por acaso. É aquele fusion de alienígena, que você não sabe onde vai dar a melodia, a harmonia, o ritmo. O fraseado do Allan sempre impressiona, não importa quantos anos ouça. É que cozinha formam Chad Wackerman (bateria) e Jimmy Johnson (baixo), não? Embaçado.

“Playlist de Techno”
Recentemente rolou a volta da Circuito, festa que ajudou a fortalecer a música eletrônica no Brasil. Não fui, mas nada me impediu de lembrar o tracks clássicas de techno, inclusive abordadas nesta antiga postagem (link aqui). Ouvi na academia, laçando louça, antes de dormir… fiquei brevemente aficionado. Só música explosiva.

Clutch
Nem sou dos que amam a banda, mas acho bacana e gosto de conferir por conta das gravações/captação. Voltei no tempo, no período que repetitivamente afirmo ter sido o auge da produção (no sentido técnico) do rock: meados da década de 1990. Peguei o disco autointitulado de 1995 e achei bacana. É um stoner mais bluesy. Ouvir tomando conhaque neste frio é uma ótima pedida.

João Donato
Quem É Quem (1973). Clássico do João Donato que por vezes deixo de lado simplesmente por ser mais entusiasta do A Bad Donato (1970). Mas ele é muito bom também, talvez só menos… vibrante. Na ficha técnica estão nomes como Hélio Delmiro, Naná Vasconcelos, Novelli, Maurício Einhorn e Bebeto Castilho. Fora a produção do Marcos Valle e arranjos de Dori Caymmi, Lindolfo Gaya e Laércio de Freitas. Impressionante.

Dinosaur Jr.
Live In The Middle East (2006). Nossa senhora como o J. Mascis toca, não? A performance dele nesse show é alucinante. Fora que a banda soa volumosa, com todos aqueles amplificadores que ostentam no palco fazendo jus. Tem momentos que parece até que tem dois guitarristas no palco.

domingo, 8 de junho de 2025

TEM QUE OUVIR: Françoise Hardy - Tous les garçons et les filles (1962)

Ao pensarmos no desenvolvimento da música pop/jovem, a primeira metade da década de 1960 merece um foco especial. Na Inglaterra tínhamos Beatles, Stones, Who, Kinks e mais uma dúzia de grandes grupos; nos EUA a Motown e a Stax, assim como as girl groups, pavimentaram a linguagem do r&b e da soul music; mesmo no Brasil, a Jovem Guarda criou o primeiro fenômeno do rock/pop brasileiro. Não menos importante está a França, que com seu charme envolto as musas do cinema e da moda, deu origem ao yé-yé, um estilo musical com elegância cinematográfica, influências jazzisticas e pompa do "pop barroco", renovando a canção francesa (chanson). 

Inúmeros mulheres contribuíram para o gênero. Uma mais linda que a outra: Brigitte Bardot, France Gall, Jane Birkin, Sylvie Vartan... Françoise Hardy teve uma carreira musical mais certeira, a começar pelo seu debut autointitulado, posteriormente conhecido como Tous les garçons et les filles (1962, atente-se, antes dos Beatles estrearem).

Se as maiores estrelas do gênero eram mulheres, por sua vez, assim como acontecia em qualquer indústria daquele período (e, infelizmente, até hoje), eram os homens que controlavam as produções. Mas no caso de Françoise, logo de cara ela assinou as canções, tirando do conteúdo a submissão e "inocência sexualizada" tão explorada no gênero, substituindo pela visão de uma jovem garota sobre o amor (também com inocência e sensualidade, mas com um tom muito mais pessoal).

"Tous les garçons et les filles" abre o disco já expondo o principal sucesso do disco, da cantora, do período. O canto discreto/tímido para uma melodia lindíssima cria todo um cenário de um mundo mais belo.

"Ça a raté" é o puro rock do período. Um rockabilly nada "billy", mas muito francês.

Há um tom misterioso em "La fille avec toi". O canto singelo, sem esforço, somado a imagem da capa, é o suficiente para nos fazer se apaixonar pela Hardy. Atenção para seu "yé-yé" cantado ao final.

A instrumentação simples que domina boa parte do disco (um violão rítmico que mais parece uma vassourinha (?), uma guitarra de crueza calorosa e um baixo saltitante) soa quase cômica em "Oh oh chéri" (Bobby Lee Trammell). Canção muito carismática, mesmo com tão pouco. Esse arranjo enxuto se contrapõe as grandes produções do yé-yé, transparecendo exuberância na simplicidade. O mesmo vale para "II est tout pour moi", essa com uma "bateria" (aka caixa) de captação magrinha, não querendo se sobressair ao que verdadeiramente importa: a Françoise Hardy.

Embora com trejeitos do surf rock, "Le temps de l'amour" tem o romantismo de uma livraria-café na Champs-Élysées da década de 1960. Quase me vejo andando com a Jean Seberg por lá. Desperta meu romantismo.

Adoro esse som reverberoso ao mesmo tempo que parece cantado ao pé do ouvido em "J'ai jeté mon coeur". A voz é tão charmosa que até esquecemos de admirar a irresistível guitarra.

A divertidinha "II est parti un jour", o "blues francês" "J'suis d'accord", a balada lindamente interpretada "C'est à l'amour auquel ja pense" fecham o disco.

O sucesso de Françoise Hardy transcendeu a França, o modismo, o yé-yé e as décadas. Da Rita Lee ao Beach House, passando por Eurythmics, Air, Avalanches e Beck, todos beberam dessa fonte. Ela lançaria outros álbuns tão bons quanto posteriormente (ou até melhores), mas é sempre bom começar do começo.

sábado, 7 de junho de 2025

ACHADOS DA SEMANA: Black Sabbath, Blue Öyster Cult, Pery Ribeiro e War

Black Sabbath
Dehumanizer (1992). Um disco que divide opiniões, embora eu honestamente só enxergue excelência. Nem sei o que os detratores alegam. Não sei o que a banda poderia ter feito que seja melhor que isso. As composição são boas, a produção é poderosa, a performance de todos está excelente… não tem erro. E ainda fazia sentido pra uma época onde o grunge, doom metal e stoner explodiram. Não dá sequer pra dizer que é meramente caricato, já que há algumas ousadias composicionais. Finalizo ainda polemizando: gosto mais deste disco que do Painkiller (1990) do Judas Priest, pra dizer um álbum adorado, do mesmo período, por outra banda veterana de heavy metal.

Blue Öyster Cult
Tyranny And Mutation (1973). Peguei pra reouvir esse disco por acaso e não lembrava que ele era tão bom. É um hard rock setentista imerso nas rupturas do período, inserindo elementos de progressivo, glam e art rock sem descaracterizar a essência rock n’ roll. Fora que o Buck Dharma é um tremendo guitarrista. Álbum bem legal.

Pery Ribeiro
Muito Mais Bossa (1964). Às vezes só quero ouvir um cantor de afinação, timbre, dicção e interpretação primorosa. Pery Ribeiro sempre me atende. Fora que essa base samba-jazz, por mais distante que esteja do presente, me serviu de inspiração pra uma viagem ao Rio de Janeiro que farei em breve. Charmoso.

War
Eric Burdon Declares War (1970). Disco espetacular para sábados de manhã. É rock, é soul, é funk. Isso via uma banda azeitada e uma das melhores vozes da história do rock. Eric Burdon é muito subestimado. Vale se atentar ainda a sonoridade do disco, tão limpa quanto encorpada. Que tremenda estreia do War.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

ACHADOS DA SEMANA: Edu Lobo, Johnny Winter e Nuclear Assault

Edu Lobo
Embora saiba e reconheça a majestade do Edu Lobo, confesso que ele não faz parte da minha rotina auditiva (problema todinho meu). Mas nos últimos dias me joguei em alguns dos seus mais prestigiados álbuns. Cantiga de Longe (1970) é um absurdo. Curiosamente lembro do Kiko Loureiro apontar esse disco como um dos seus prediletos. A capacidade/complexidade melódica do Edu se revela nos detalhes. As composições soam como se a tradição da música brasileira fosse tensionada aos limites da vanguarda (mas sem perder a elegância ou partir para invencionismos bestas). Vale dizer que o Hermeto Pascoal e o Airto Moreira são determinantes na execução do álbum. Limite das Águas (1976) é mais “configurado” dentro da típica canção popular brasileira, o que não é demérito e muito menos limita sua criatividade. Na verdade, intriga o porque ele não ser tão “popularmente aclamado” quanto o Chico Buarque. Voltando ao disco, fiquei perplexo com as guitarras do Toninho Horta “Negro Negro”, uma faixa quase de rock progressivo. Ao longo do disco ainda colaboram nomes como Cristóvão Bastos, Joyce Moreno, Lindolfo Gaya, Oberdan Magalhães, Danilo Caymmi, Márcio Montarroyos, Rubinho Moreira, Cacaso, dentre tantos outros. É embaçado! Por sua vez, Camaleão (1978) é mais um salto de instrumentação e produção, o que possibilita arranjos ainda mais complexos e belos. “O Trenzinho do Caipira” está em sua “versão popular” definitiva. Mais uma vez ele busca nas raízes brasileiras a matéria prima para seu trabalho. Vale dizer que o Dori Caymmi colaborou com arranjos e o Cacaso produziu algumas das suas melhores letras. É o fino da canção popular brasileira.

Johnny Winter
Com a morte do Rick Derringer, peguei um dos grandes álbuns de rock n’ roll pra ouvir: Johnny Winter End (1970). Espetacular desde o nome, desde a capa. Um show de guitarras, de performance vocal, de captação orgânica, de canções. Simples assim. Abra uma cerveja e faça uma homenagem aos envolvidos. De quebra ainda passei pelo clássico Live (1971), onde a dupla de guitarra brilha em perfeita interação no solo de “It’s My Own Fault”. Foda.

Nuclear Assault
Handle With Care (1989). Clássico do crossover. Adoro como esse disco soa… alvoroçado. Dan Lilker (baixo) e Glenn Evans (bateria) é uma tremenda cozinha. Simples e eficaz. Perfeito pra ouvir puxando ferro.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

TEM QUE OUVIR: Sufjan Stevens - Illinois (2005)

Em tempos onde a qualidade composicional foi posta em dúvida, Sufjan Stevens se destacou amparado justamente por esse talento. Em 2005 ele deu inicio a um projeto ambicioso - que posteriormente abandonaria - de traçar a cada disco um panorama dos 50 estados norte-americanos. Apesar da ideia fracassada, Illinois (Sufjan Stevens invites you to: Come On Feel The Illinoise) - trocadilho em homenagem ao Slade -, abordando seu estado natal, Michigan, é indiscutivelmente uma pérola deste século.


Seu inicio introspectivo é convidativo ao revelar a voz graciosa do Sufjan em "Concerning The UFO Sighting...". Assim como o suposto OVNI avistado por policiais de Illinois, seu primeiro contato impressiona.

Uma das grandes marcas do álbum são seus arranjos quase sinfônicos (não o são por recurso). Com tímpanos iniciais, coro de vozes, flautas, oboé, dentre outros instrumentos tocados exclusivamente pelo Sufjan, "The Black Hawk War" é encantadoramente majestosa.

Num 5/4 progressivo, "Come On! Feel The Illinoise!" relembra Chicago como centro do novo mundo. Musicalmente ela aproxima o folk do indie pop e, até mesmo, de estruturais composicionais do Steve Reich, vide o uso do vibrafone em frases repetitivas sobrepostas. Há ainda uma citação a The Cure numa linha de sax. Isso tudo, mais uma vez, sem perder a graça.

O lindo violão dedilhado, as notas do piano e o canto delicado em "John Wayne Gacy, Jr.", com terna tristeza, trata da infância de um assassino em série local. Impossível passar indiferente

Com contraponto de banjo, baixo, guitarra, violão e violinos, além de metais belissimamente arranjados, "Jacksonville" é folk-prog envolvente.

A música country é a base de "Decatur, or, Round Of Applause For Yout Stepmother", aqui inserindo além do banjo e da guitarra, um típico acordeom. Sua vozes ao final por sua vez tem algo de chamber pop à la Beach Boys. As pausadas ao fundo traz a sensação de performance ao vivo e espontânea.

Embora de sonoridade cristalina, um contraponto deste álbum ao que se era produzido no período está em seus timbres completamente orgânicos, sem recurso humano ou equipamento caríssimos. Nada disso faz com que ele não chegue a momentos grandiosos, vide a riqueza de "Chicago", de arranjo orquestrado triunfante. Brian Wilson adoraria.

Ambientado num dia de feriado em homenagem a um herói local, a acústica "Casimir Pulaski Day" soa como um hino tipicamente americano, mas mais bela (e triste) ao abordar a uma doença terminal de uma garota. 

Outro herói local homenageado é o Superman, agora em "The Man Of Metropolis...", única canção em que a guitarra fala alto no disco.

É de se destacar o apelo/bom gosto melódico somado ao arrojo quase erudito embutido em canções como "Prairie Fire That Wanders About". Isso se revela também em "The Predatory Wasp Of The Palisades Is Out To Get Us!", canção pop, mas com elementos da música minimalista em sua composição. Atenção ainda para, obviamente, os nomes surreais que batizam as faixas.

Trafegando em torno de cidades fantasmas, "They Are Night Zombies!!" é um folk-progressivo intrincado. Sua construção é riquíssima. 

Interessante perceber o elemento cultural do cristianismo no tema de "The Seer's Tower", algo que reverbera em diversos ponto do disco, mas que aqui, através do arranjo pra piano e coro, toma um rumo sacro.

A longa "The Tallest Man, the Broadest Shoulders Part 1" tem como base para seu complexo desenvolver a sonoridade de bandas marciais de colégio. Seu rebuscado arranjo mais uma vez traz a influência da música erudita e do rock progressivo para um contexto indie 00's.

Há ainda no disco algumas vinhetas que complementam o todo e que, mesmo isoladamente, impressionam por sua categoria. Destaque para "To The Workers...", de piano arpejado, guitarra com reverb e tremulo de mola, bateria imagética e trompete melancólico.

Completamente calcada na música minimalista do século XX, "Out Of Egypt..." é um desfecho complexo/abstrato/delirante para um álbum que não subjuga o ouvinte.

Não são muitos os artistas deste século que nos fazem convencer que 22 duas faixas e 74 minutos num disco conceitual são realmente algo a não se perder. Sufjan Stevens nos apresentou o seu mundo e, posteriormente, nos manteve nele através de outros ótimos álbuns. Álbum tão ambicioso quanto convidativo.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

ACHADOS DA SEMANA: Meshell Ndegeocello, Franz Zappa, Masterplan e Jawbox

Meshell Ndegeocello
Se não me engano, essa prestigiada compositora/cantora/baixista toca hoje em São Paulo. Aproveitei pra conhecer seus discos mais prestigiados, sendo que eu adorei o Peace Beyond Passion (1996). É uma mistura formidável de Prince, D'Angelo, Erykah Badu, Esperanza Spalding (logo, de influencias e influenciados). Muito groove, baixos poderosos, arranjos soberbos, sonoridade pulsante e cristalina, bom repertório. Impressionante mesmo, tendo inclusive contribuído para o desenvolvimento do neo-soul. Vale dizer que colaboram com o álbum nomes como Billy Preston, Bennie Maupin, David Gamson, Wah-Wah Watson, Joshua Redman, Wendy Melvoin, David Fiuczynski, dentre outros. Diante desse meu apreço, confesso que o Bitter (1999) me entusiasmou menos. De bonita capa, o álbum é mais singelo e introspectivo. A qualidade musical obviamente tá lá, só me empolgou menos. A ficha técnica se mantém impressionante, agora com nomes como Lisa Coleman, Abe Laboriel Jr., David Torn, Doyle Bramhall II. Ouçam os dois.

Franz Zappa
You Are What You Is (1981). Daqueles discos do Zappa tão centrados no texto (e qual não é?) que confesso ter certa preguiça. Ainda mais por ele ser duplo. Mas embalei escutá-lo e é inegável que tem grandes momentos, incluindo seu hit que nomeia o álbum, além da espetacular “If Only She Woulda” (tremendo solo de guitarra). Da fase Ike Willis e Steve Vai é dos melhores.

Masterplan
Masterplan (2003). Tenho preconceito com power metal, mas tanta gente fala bem dessa banda/disco que decidi dar uma chance. É o grupo do Jorn Lande com o Roland Grapow. Longe de ser um disco que agora vou incluir no meu cardápio auditivo, mas entendi porque as pessoas gostam tanto. Apesar do clichês “espadísticos”, é um álbum de heavy metal consistente, encorpado e nem tão afetado. Vale se atentar pra produção. Alemães dominam esse tipo de sonoridade.

Jawbox
For Your Own Special Sweetheart (1994). Esse disco pertence aos panteão dos "clássicos do rock alternativo sem hype". Ultra influente pro post-hardcore. Até o Deftones e o Foo Fighters beberam dessa fonte. Lembra o que vinha fazendo o Helmet e o Fugazi. Não por acaso, já que foi produzido pelo Ted Nicely e saiu pela Dischord. Inclusive, que puta sonoridade (mais uma vez comprovando minha tese que essa época é o auge técnico da produção musical de rock). Ótimas guitarras. Discão.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

ACHADOS DA SEMANA: Living Colour, Bim Sherman, Lyle Mays e John Adams

Living Colour
Depois de décadas, escutei o Stain (1993) com a devida atenção. Que discaço! Gostei mais da produção dele do que dos outros álbuns anteriores do grupo (incluindo o clássico Vivid). É mais vivo e pesado. Vernon Reid tá quebrando tudo (normal). Destaque para o baixista Doug Wimbish., que havia acabado de entrar na banda e já rouba cena, tanto no que diz respeito às ideias quanto a timbragem abrasiva e moderna.

Bim Sherman
O Nando Reis lançou um vídeo em seu canal no YouTube sobre alguns discos prediletos de reggae que ele tem na coleção. Salvei uns cinco pra escutar, mas o Love Forever (1978) tem uma capa tão boa que pulou na frente. Simplesmente o artista, com toda classe e paz do mundo, empunhando seu contrabaixo. E o som? O reggae com toda sua força e aconchego.

Lyle Mays
Lyle Mays (1986), álbum do brilhante tecladista, que conta com a presença do Bill Frisell, Alex Acuña, Nana Vasconcelos, Marc Johnson. Carinha de ECM, mas saiu pela Geffen. Não vou omitir que os timbres de teclado não envelheceram bem, mas seu bom gosto composicional e o lirismo ao solar compensa qualquer coisa.

John Adams
Tem quem ainda ignore o genocídio do povo palestino. Eu acho que vale sempre lembrar o horror promovido pelo exercito de Israel. Pensando nisso, fui buscar alguma obra que retrate essa violência. Cheguei na ópera The Death Of Klinghoffer. Falar que eu assimilei toda sua musicalidade seria mentira. Precisaria ouvir mais vezes. Mas achei a interpretação do cantores impressionante, assim como o clima denso em sua totalidade. Vale dizer que muitos alegaram que a obra glorifica o terrorismo e é antissemita, uma velha desculpa para passar pano pra Israel, um estado racista que definitivamente não representa os judeus.