segunda-feira, 4 de abril de 2016

Para quem não viveu a cena techno

Essa semana fiz um post desbravando a house music, indo dos clubs de Chicago até a eclosão das raves em Manchester. Agora, volto para música eletrônica justamente de onde o outro post parou, adentrando a música techno.

Não sou especialista, mas diante de pesquisas que faço há anos (ou décadas, já que desde criança me interesso por música eletrônica e vi à distancia a explosão do gênero), consegui selecionar minhas faixas prediletas.

Vitalic

Model 500 - No UFO's (1985)
Diretamente de Detroit - berço do gênero -, uma das faixas precursoras do techno. Inclusive, ela é bastante avançada pra época. Obra do Juan Atkins, DJ importantíssimo para a cena eletrônica.

Mescalinum United - We Have Arrived (1991)
Assinando como Mescalinum United, o Marc Trauner já em 1991 lançou essa paulada, que prevê o hardcore techno. The Advent e Aphex Twin são apenas alguns que se influenciaram pela faixa, sendo que posteriormente ambos fizeram seus remixes.

CJ Bolland - Camargue (1992)
Seria esse o primeiro hit de pista do techno? Acho que sim, até porque fez bastante sucesso na noite quando lançada, além de ser uma ótima composição/produção.

Plastikman - Spastik (1993)
Com ritmos e breakdowns "estranhos", o Richie Hawtin fez do embrião do techno algo bastante ousado e complexo. Tem quem chame de minimal techno e, até mesmo, quem jogue no balaio do IDM. Especial.

Underground Nation Of Rotterdam - I Am The Master (1993)
Pesado, veloz, ruidoso e saturadíssimo. Dá para considerar precursor daquela cena gabber, desta forma transcendendo o techno. Brutal.

Basic Channels - Phylyps Trak (1993)
Esse duo alemão funde duas propostas de manipulação de áudio: a sujeira techno com as mixagens imersivas do dub. O resultado é explosivo.

Choice - Acid Eiffel (1993)
Um épico do techno. É techno pra quem curte progressivo. É pra derreter na pista. 

Dave Clarke - Wisdom To The Wise (1994)
Dono de conhecidos remixes para Depeche Mode e New Order, Dave Clarke lançou também EPs nomeados Red que foram extremamente importantes para a cena techno. Até o John Peel rasgou seda pra ele. Nesta faixa chama atenção como a composição se desenvolve numa crescida hipnotizante.

Josh Wink - Higher State Of Consciousness (1995)
Acid techno americano que chegou no topo das paradas da dance music inglesa. Ela tem um "pulso" drum and bass espetacular. Curiosamente ela também trafega pelo trance. Esse synth parece perfurar nosso crânio a cada subida no pitch.

Green Velvet - Flash (1995)
Da escola de Chicago, essa faixa tem um grave nebuloso formado por um beat constante. Ela é narrada pelo DJ/produtor até a chegada do seu clímax alucinante. Pesadíssima.

Speedy J - Ping Pong (1995)
Techno holandês. É claramente um desenvolvimento do estilo se comparado ao que era feito até então. Um dos pilares da IDM.

The Advent - Bad Boy (1995)
Duo formado por um inglês e um português que lançou o importante álbum Element Of Life, que contém a ótima "Bad Boy". Clássico da época.

Adam Beyer - Decoded (1995)
Logo no inicio da carreira, esse espetacular DJ já entregava faixas corrosivas, de graves densos e ritmos intrincados.

Underworld - Born Slippy (1995)
Esse duo fez bastante sucesso em meados da década de 1990, sendo que essa música tornou-se um hit após ser incluída da trilha-sonora do Trainspotting. Assim como outros momentos do grupo, ela explora batidas de techno ultra pesadas dentro de um contexto bastante progressivo. Seu vocal tem uma atitude punk tipicamente britânica.

DJ ESP - Birdman (1996)
O EP Basketball Heroes (1996) foi um um marco do acid techno. Na faixa "Birdman" está suas principais qualidades: é alucinante, pesado e dançante. 

Elektrochemie LK - Schall (1996)
Inicialmente próxima do house, essa faixa ganhou um remix eletrizante, onde a frase vocal repetitiva vai dominando nossa mente. Atente-se a essa linha de baixo ultra saturada. Espetacular.

Jeff Mills - The Bells (1996)
Um super hit do cenário eletrônico. Faixa com abertura memorável, com aquele peso ganchudo típico de Detroit. Produção brilhantemente construída. Vale dizer que, para muitos, Jeff Mills é o grande nome do techno. Analisando suas discotecagens é difícil se contrapor.

DJ Rush - Maniac (1997)
Um dos DJs mais singulares e frenéticos do estilo. Suas produções transbordam personalidade. “Maniac” é das faixas mais criativas e divertidas do período.

Neil Landstrumm - Tension In New York (1997)
Um clássico do techno "estranho". É um estilo mais esquelético em elementos, mas com graves definidos capazes de deslocarem o cérebro do lugar. O álbum Bedrooms And Cities (1997) marcou época.

Thomas Krome - Bitches From Hell (1998)
Quando suecos se propõe a fazer algo, se prepare que vem porrada. [1] É cavernoso. Das minhas prediletas.

DJ Hell - Copa (1998)
Figura fundamental pra cena eletrônica da Alemanha. Ele tem décadas de serviços prestados, proporcionando ótimas produções, vide "Copa", feita uma homenagem ao Brasil. A faixa mais solar aqui listada.

Underground Resistance - Afrogermanic (1998)
Oriundo de Detroit, esse coletivo em muitos momentos bebeu nos primórdios do miami bass para a construção de um techno sinistro, encorpado e político.

Ben Sims - Body Music (1999)
Aqui há uma forte presença de graves na construção de uma batida que invade nossos corpos. É uma produção bastante moderna.

Innerzone Orchestra - Eruption (1999)
Programmed (1999), disco espetacular deste projeto que consiste no encontro do DJ/produtor Carl Craig com instrumentistas de jazz. O resultado é um trabalho rico em timbres, climas, ritmos e de resultado não menos que memorável. Pra ser bem honesto, na maior parte de tempo nem se enquadra no techno, mas vale a menção para sinalizar as possibilidades que englobam o estilo.

Laurent Garnier - The Man With The Red Face (2000)
Um dos melhores DJ's - tanto em termos técnicos quanto de repertório -, num épico da música techno, com direito a elementos jazzisticos.

Moodymann - Tribute (2000)
Diretamente de Detroit, esse DJ/produtor traz uma organicidade em seu trabalho, sabendo capturar os sons que o ronde-a (do jazz à música africana) e inserindo dentro do contexto do techno e da house music. O álbum Forevernevermore (2000) é uma maravilha.

Technasia - Force (2000)
Incialmente um duo de Hong Kong, eles lançaram essa faixa menos abrasiva que as aqui citada. Todavia, seu astral irresistível é perfeito pra levantar pista. Tem algo de New Order nela.

Surgeon - Death Before Surrender (2001)
Obra-prima do inglês Anthony Child. Extremamente pulsante, grave e volumosa. Levanta pista. 

Vitalic - La Rock 01 (2001)
Uma pérola do talentoso Pascal Arbez, renomado DJ francês. É um clássico que, de certa forma, transcendeu gênero, cabendo em qualquer grande festa. Ela tem o espirito do rock alternativo do período, assim como resquícios do big beat. Vale pontuar que o disco OK Cowboy (2005) - onde a faixa foi posteriormente registrada - é um dos grandes álbuns da história da música eletrônica.

Mr. Sliff - Rippin And Dippin (2001)
Quando suecos se propõe a fazer algo, se prepare que vem porrada. [2] Beat rápido e carismático.

Umek - Gatex (2001)
Faixa inicialmente esquisita, de ritmo intrincado e synths reluzentes. Construção bastante particular e paranoica. Eu gosto muito!

Oxia - Domino (2002)
Dá para chamar isso de acid techno, né? Essa acentuação do baixo é desconcertante. Faixa imersiva, feita pra dançar até derreter. Clássico.

Alexander Kowalski - Speaker Attack (2002)
Pesado, dançante e viajante. Uma composição memorável. Simples assim.

Renato Cohen - Pontapé (2002)
Um clássico do techno paulistano que transcendeu o seu local de origem. Arrisco dizer que é das músicas brasileiras mais conhecidas fora do país. Produção espetacular.

Chris Liebing - American Madness (2003)
Ótimo DJ alemão. Essa produção é suja, frenética e nocauteante. Vale dar uma pesquisada no disco Evolution (2003) como um todo, assim como no Analagon EP (2001). É uma cacetada.

Glenn Wilson - Enemies (2003)
Precursor do hard techno. Para mim, nervoso até demais. Nada que alguns aditivos não me façam adentrar esse estado de espírito.

DJ Murphy - Tem Lenha (2004)
O DJ Murphy foi muito responsável por animar a noite paulistana. Isso desde a década de 1990. Essa música traz certa "brasilidade não caricata" pra música techno dentro de uma produção pesadíssima. É o “Roots Bloody Roots” do techno.

DJ Mau Mau - The Lov.e Club (2004)
Mais um personagem importante da cena brasileira. Aqui, já no nome da faixa, ele entrega seu habitat natural. Incrível como o brasileiro revela um groove particular em todos os gêneros, inclusive no techno. Ótima produção.

Oscar Mulero - False Statement (2012)
Pra finalizar, um salto temporal. Um tremendo disco techno que descobri há pouco tempo: Black Propaganda (2012) do madrilense Oscar Mulero. É um techno já experimental, que se apropria do glitch, do ambient, do noise... da liberdade. Vale muito conferir.

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