segunda-feira, 30 de outubro de 2017

ACHADOS DA SEMANA: Jimmy Brant & Speed West, Nara Leão e Mark Applebaum

JIMMY BRANT & SPEED WEST
Quando era adolescente gostava muito desse duo de guitarras. Foi quando me atentei ao pedal steel. É o fino da guitarra country.

NARA LEÃO
Muito se fala sobre o primeiro disco da Nara Leão (Nara, 1964), mas devo confessar que o que mais gosto é da capa, contendo o famoso/lindo design da Elenco. Mas não me entenda mal, é um belo disco. Ela era uma interprete diferenciada. Isso sem mencionar os ótimos arranjos.

MARK APPLEBAUM
Ele inventou um instrumento e uma nova escrita musical. Compôs uma obra para três regentes e nenhum músico. Essas são apenas algumas entre tantas aventuras desse sujeito. Vale assistir pela curiosidade.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

TEM QUE OUVIR: Ride - Nowhere (1990)

Hoje é comum encontrar quem morra de amores por Loveless, clássico shoegaze lançado pelo My Bloody Valentine em 1991. Todavia, é preciso lembrar que um ano antes o Ride tinha dado ao mundo o subvalorizado - embora cultuado em seu nicho - Nowhere (1990).


A icônica capa contendo uma onda no meio do oceano - tão linda e aparentemente calma, embora fria e perigosa - representa um pouco do que encontramos no disco. Doces melodias se entrelaçam num emaranhado de guitarras, empilhadas como se fossem uma muralha de autodefesa. O ouvinte após romper essa massa sonora vai de encontro a belas canções confessionais.

Difícil ouvir o disco e não contemplar faixas como a linda "In A Different Place". Mas é a épica "Seagull" que abre o álbum, mais parecendo uma projeção noventista para "Eight Miles High" do Byrds. Já a introdução de "Polar Bear" tem sua semelhança com "How Soon Is Now?" do Smiths.

Embora as guitarras enormes roubem a atenção dentro do shoegaze, é preciso se atentar para o ótimo desempenho da cozinha em "Kaleidoscope".

Já para o final do álbum, chegamos ao ápice da catarse, representada na densidade apaixonante de "Dream Burn Down", "Paralysed" e "Vapour Trail".

Ainda que em qualidade e alcance o Ride não tenha produzido nada próximo ao Nowhere, a banda conquistou o seu lugar na história do rock alternativo. Passado décadas do lançamento, mais que cultuado, o álbum já pode ser categorizado como um clássico de todo o britpop.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Capas espetaculares da Rolling Stone Magazine

A revista americana Rolling Stone completou 50 anos. Pensando nisso, ao invés de escrever um texto extenso analisando o seu papel dentro da cultura POP, resolvi selecionar algumas capas bem legais. Não necessariamente são as mais importantes ou conhecidas, mas sim aquelas que eu teria como pôster na minha sala.

Sem mais papo furado, um pouco da história da música popular do século XX em algumas fotos.

















sexta-feira, 20 de outubro de 2017

ACHADOS DA SEMANA: The Muffs, Pusha T e Turma da Gafieira

THE MUFFS
Se for para ouvir pop-punk noventista, eu fico com Blonder And Blonder (1995). É arrasa quarteirão!

PUSHA T
Li uma matéria que associava o disco My Name Is My Name (2013) do rapper Pusha T como um exemplo de quando o minimalismo - aquele de caras como Philip Glass - é inserido na música popular atual. Embora não tenha reconhecido nada do minimalismo, é um disco de rap com pontos bem altos.

TURMA DA GAFIEIRA
Altamir Carrilho cercado por nomes como Sivuca, Edison Machado e Raul de Souza num trabalho que é o fino da música instrumental brasileira.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Spoken Word

Recentemente um amigo leu que um artista se enquadrava no "gênero" spoken word e me perguntou que raio era isso. Respondi que, mais que uma vertente musical, tratava-se de um recurso interpretativo e composicional, que tinha como intuito trazer a oratória para a canção.

Pensando nisso, listei momentos interessantes do spoken word.

Obs: Lembro de ler que o compositor Arnold Schönberg desenvolveu uma técnica entre o canto e fala chamada sprechgesang. Mesmo em óperas anteriores é possível reconhecer esse tipo de canto falado. Todavia, não me sinto gabaritado a entrar nesta esfera erudita.

Gil Scott-Heron
O primeiro nome que me vem quando penso em spoken word é o lendário Gil Scott-Heron, hoje muito associado as origens do rap por conta do seu estilo de cantar, mas também devido os temas de contestação presentes em suas letras. Por mais que "The Revolution Will Not Be Televised" seja um clássico, recomendo também dar atenção para outras faixas de seu ótimo repertório. O disco Pieces Of A Man (1971) é maravilhoso.

The Last Poets
Conheci esse grupo de poetas do Harlem lendo uma lista dos álbuns prediletos do David Bowie. Talvez mais até que o Gil Scott-Heron, muito da origem do hip hop está aqui.

Saul Williams
Um rapper atual que faz excelente uso do spoken word é o Saul Williams. É claro, tantos outros também fazem, mas o fato dele estar mais ligado a poética e ao discurso que propriamente a questão sonora/musical, coloca ele em destaque.

Grandmaster Flash
Para encerrar a questão do spoken word no hip hop, trago "The Message" do Grandmaster Flash, faixa que praticamente definiu a estética do rap. Posteriormente muitos outros artistas do gênero viriam a fazer uso do canto falado, mas todos são variação disso aqui. Melle Mel fez escola.

Serge Gainsbourg
Tão talentoso quanto canastrão, o grande Serge Gainsbourg conseguia com seu canto falado soar viril e encantador, principalmente diante de composições e arranjos majestosos. Vale notar que Jane Birkin também fazia uso do recurso, parecendo suspirar no pé do ouvido, soando libidinosa.

Frank Zappa
Embora o Zappa fosse um instrumentista espetacular, compositor brilhante e dono de letras sagazes, ele tinha pouca capacidade vocal. Uma das saídas que ele encontrou foi fazer uso do spoken word. Não poderia ter dado mais certo.

Lou Reed
Assim como Zappa, Lou não era dono de uma grande voz, mas escrevia como poucos. Sendo assim, declamava com personalidade letras densas que narram o submundo sombrio de prostituas e drogados.

Kraftwerk
Acho interessante como o Kraftwerk não apenas fez uso do canto falado, como aplicou o recurso de maneira robótica. Aqui está a raiz para o que futuramente veio a fazer o Daft Punk, vide "Technologic".

Jello Biafra
Embora o Biafra sempre tenha tido excelentes performances à frente do Dead Kennedys, sua sagacidade com a palavra é mais forte que o desempenho vocal. Com isso, sua transição para o mais puro spoken word em carreira solo foi muito bem sucedida. Inteligente e engraçado.

Slint
Com seu instrumental denso e climático, o spoken word caiu muito bem no post-rock, sendo as canções do Slint exemplos dessa inclinação no estilo.

Arrigo Barnabé
O canto falado está presente em toda a vanguarda paulista, basta observar o Itamar Assumpção ("Prezadíssimos Ouvintes") e o Grupo Rumo ("Minha Cabeça"), sendo que o Luiz Tatit é um verdadeiro estudioso sobre a questão da fala na canção brasileira. Todavia, são as narrativas que misturam história em quadrinho com Gil Gomes do Arrigo Barnabé que mais fazem a minha cabeça.

Cordel do Fogo Encantado
A tradição dos cantadores e da literatura de cordel se faz presente na voz do Lirinha. Sua interpretação é sempre apaixonada.

Anthony Joseph
Para finalizar, um ótimo exemplo do spoken word atual fora do hip hop. É bem bacana.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

ACHADOS DA SEMANA: Bark Psychosis, Buraka Som Sistema e Skinny Puppy

BARK PSYCHOSIS
Encontrei uma lista de melhores disco de post-rock que cita o álbum Hex (1994) como o melhor de todos. Como não conhecia, peguei para ouvir. É bem bonito, de arranjo bem amarrado e cheio de nuances interessantes, mas confesso precisar ouvir com maior atenção. É daqueles que precisa de várias audições para se apaixonar.

BURAKA SOM SISTEMA
Claro que já tinha ouvido falar da banda e do hype que foi o kuduro anos atrás, mas só agora peguei o disco de estreia deste grupo, lançado em 2006, para ouvir. É muito bem produzido e divertido, mas serve mais pra "discotecar" numa festa do que para ficar ouvindo em casa.

SKINNY PUPPY
Já ouviram falar de um subgênero chamado agrotech? Pois é. Ao que consta é um pós-industrial, ainda mais eletrônico e cavernoso. Li que disco Mind: The Perpetual Intercourse (1986) do Skinny Puppy é considerado precursor dessa "cena/estética". Independente do nome que dão a isso, é tudo muito intenso, brutal e interessante.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

TEM QUE OUVIR: Thelonious Monk - Brilliant Corners (1957)

Thelonious Monk para muitos não é um nome familiar, o que não muda o fato dele ser um dos principais compositores do século XX, sendo responsável pelos rumos do jazz e o desenvolvimento da linguagem bebop.

Distribuindo suas peripécias pianísticas desde meados da década de 1940, chegou em 1957 com fama de artista problemático e sem contrato com gravadora. Foi então que o selo Riverside apostou no seu trabalho. Como resultado tivemos Brilliant Corners, seu mais prestigiado disco.


Logo de cara, a faixa "Brilliant Corners", com sua a introdução de piano com acordes dissonantes e rítmica peculiar, anuncia uma das mais intrigantes composições da história. A faixa se desenvolve num misto de tensão e originalidade. Ao contrário de muitas gravações lendárias desse período, essa só foi possível após incontáveis takes descartados.

Na sequência a longa "Be-Lue Bolivar Ba-Lues-Are" é prato cheio para Sonny Rollins mostrar o porque de ser considerado um dos mais brilhantes saxofonistas de todos os tempos. O improviso de Thelonious também não fica para trás.

Outros músicos talentosos que participam do disco são o baterista Max Roach, o saxofonista Ernie Henry e o contrabaixista Oscar Pettiford. Mas quem rouba a cena em "Bemsha Swing" é o lendário baixista Paul Chambers.

O disco ainda proporciona a delicada "Pannonica" (com direito a timbre lúdico de celesta) e a linda "I Surrender Dear", sendo essa última uma faixa solo de Thelonious ao piano. Um álbum não menos que majestoso.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

ACHADOS DA SEMANA: Curved Air, The Crystal Method, Towes Van Zandt e MC Deedy

CURVED AIR
Por algum motivo cheguei no disco Phantasmagoria (1972) do Curved Air. É aquele progressivo/psicodélico/folk inglês que a gente já conhece e tanto adora, só que com uma tecladeira (EMS Synthi 100) - principalmente na segunda metade - dando um diferencial "futurístico" ao disco. É massa.

THE CRYSTAL METHOD
Acabei de desenterrar esse grupo. Há mais de 10 anos atrás, quando comecei a pesquisar sobre música eletrônica, o disco Legion Of Boom (2004) era um dos que mais gostava. É um bigbeat genérico, mas soa bem.

TOWES VAN ZANDT
Um caipira americano vive dentro de mim. High, Low And In Between (1972) é discão!

MC DEEDY
Acho maneiro esses funks do começo dos anos 90. É divertido, vai!

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Completando a lista de Rhythm Guitar Gods da revista Guitar Player

Estava eu aqui foliando a matéria de capa da edição de outubro de 2011 da revista Guitar Player americana, que traz os 50 maiores guitarristas rítmicos (ou no bom "português rockeiro": guitarristas "base"), quando senti falta de alguns músicos que eu considero fundamentais no quesito.

A seleção da revista é ótima e ampla, trazendo nomes como Pete Townshend, Joe Pass, Nile Rodgers e até mesmo João Gilberto. No entanto, eis aqui alguns nomes fundamentais ignorados por eles:

John Lee Hooker
Pense naquele groove mais sujo, cafajeste e contagiante de boogie e, inevitavelmente, você ouvirá o John Lee Hooker. Indispensável na história do rock. Lenda do blues.

John Lennon
O responsável pela guitarra base dos Beatles. Simples assim. Muita consistência e consciência harmônica. Ouçam as gravações ao vivo do quarteto para comprovar.

Ron Wood
Talvez por ter sido baixista (do Jeff Beck Group), o Ron Wood desenvolveu um diferente approach rítmico na guitarra. O que ele faz no Faces e, principalmente, no disco Every Picture Tells A Story (1972) do Rod Stewart, é brincadeira. Ele bota o violão pra falar alto. Fora que ele foi o guitarrista que melhor se encaixou ao estilo do Keith Richards, sendo um complemento do outro. O entrosamento deles ao vivo é assombroso. Não por acaso foi com ele que a banda incorporou mais explicitamente influências do funk e reggae.

Mark Farner
Grande guitarrista do Grand Funk Railroad, power trio dos bons, que em sua mistura de blues-rock com pegada hard, sempre incluía levadas funkeadas no groove.

Ernie Isley
Ultra influenciado pelo Jimi Hendrix que ele era, o irmão mais novo dos Isley Brothers sabia como groovear (e tinha espaço para isso). 

Wilko Johnson
Verdadeira escola do punk rock inglês. A excelência e a força sonora dos pub's retratado na mão direita e nos olhos anfetaminados do Wilko. Poucas coisas no rock são melhores que o Dr. Feelgood.

Andy Gill
Da escola Wilko Johnson de martelar a guitarra. Já o vi ao vivo e foi arrebatador.

Billy Zoom
Uma lenda da guitarra punk não poderia deixar de ter uma mão direita não menos que certeira. Adoro como ele traz as origens do rock n' roll para o estilo do X.

Geordie Walker
Grande guitarrista do Killing Joke, que trouxe uma força descomunal para o pós-punk via sua guitarra enorme. Ele soube como construir uma parece consistente com sua ES-295.

Scott Ian
Muito se fala (com justiça) do James Hetfield quando o assunto é guitarra base no thrash metal. Todavia, se for para escolher o meu predileto eu fico sem dúvida com o Scott Ian. Pegada hardcore em canções matadoras, tanto no Anthrax como no S.O.D..

Greg Ginn
Falando em hardcore, eis o maior guitarrista do gênero. Ultra criativo nos riffs, ríspido no timbre e intenso na execução.

Peter Buck
Proporcionando majestosas melodias em meio a suas bases, Peter Buck faz a ponte entre Roger McGuinn com Alex Lifeson. Deveria ter o mesmo prestigio de um Johnny Marr.

John Frusciante
O Frusciante apresentou a guitarra funk para a minha geração, sempre aplicando solos lisérgicos em canções de apelo pop.

Kevin Shields
Na lista da Guitar Player ficou muito claro que a guitarra rítmica não está restrita ao groove, mas sim em preencher o alicerce da música. Tem alguém que faça isso melhor que Kevin Shields? Seu paredão sonoro é o guia definitivo da guitarra shoegaze.

Dean DeLeo
Minha ideia inicial era mencionar o Jerry Cantrell (Alice In Chains) pelo fato dele ser um tremendo criador de riffs. Entretanto, da geração grunge, acho que o Dean DeLeo do Stone Temple Pilots é ainda mais completo ritmicamente. Seus timbres tão nítidos quanto distorcidos, assim como os acordes abertos enormes, formam bases ultra consistentes.

Dimebag Darrell
Para uma banda com o peso do Pantera ser frequentemente chamada de "groove metal" é porque a seção rítmica é muito boa. Os riffs, os timbres (ultra distorcidos sem nunca embolar) e o "grude" com a bateria... é tudo muito intenso. Influenciou toda uma geração.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

TEM QUE OUVIR: Tom Petty And The Heartbreakers - Damn The Torpedoes (1979)

Desde o lançamento do primeiro trabalho, Tom Petty é um fenômeno popular (verdade seja dita, primeiramente na Europa, só depois nos EUA, mas nunca no Brasil). Ele rejuvenesceu a forma do country rock do Byrds, deixando mais digerível e pop, embora sem abrir mão do protagonismo das composições. Seu som é o perfeito heartland rock feito para a classe trabalhadora americana.


Em 1979 - auge do punk rock, new wave e disco music -, o som ligado as raízes do EUA presente em seu terceiro álbum, o aclamado Damn The Porpedoes, sacramentou sua carreira para todo o sempre. Vale lembrar que o disco foi produzido por um ainda jovem Jimmy Lovine.

A abertura com a clássica "Refugee" é a definição máxima do rock de arena. Já o hit "Here Comes My Girl" é uma entre tantas amostras dos refrães poderosos que Tom Petty criava com sua voz anasalada.

Seria injusto não citar sua azeitada banda de apoio, The Heartbreakers, com destaque para seu fiel escudeiro, o guitarrista Mike Campbell, artesão dos timbres vintages, dono de bases enormes e solos energéticos, vide "Even The Losers". Já quem ataca o baixo em "You Tell Me" é o lendário Donald "Duck" Dunn.

O disco prossegue com a espetacular/divertida "Shadow Of A Doubt (A Complex Kid"), a rockeira "Century City" e a radiofônica "Don't Do Me Like That", com direito a ótimas passagens de teclado do Benmont Tench.

Tem quem acuse Tom Petty de ser uma cópia sem graça do Bob Dylan - acho difícil uma mera cópia reunir parceiros como George Harrison, Roy Orbison, Jeff Lynne e o próprio Dylan -, esquecendo dos muitos que se dizem influenciados por ele, vide Jeff Tweddy, Tom Morello e os Strokes.