domingo, 19 de janeiro de 2020

TEM QUE OUVIR: Vampire Weekend - Contra (2010)

Durante a década de 2010, o rock claramente deixou de ser um dos principais meios de expressão da juventude, ficando excelentes bandas restritas a um nicho. Entretanto, dentre tantas subvertes do rock, o indie pop pareceu manter relevância comercial, ao menos entre uma classe média com grana suficiente para ir ao Lollapalooza.

Imagine Dragons, Twenty One Pilots, 30 Seconds To Mars, Foster The People, Bastille... eram inúmeras as bandas que me causavam indigestão só de ouvir o nome. Algumas por preconceito, outras por conceito. Todas me transmitiam uma sonoridade falsamente grandiloquente, presunçosa, limpa e cooptada pela industrial. Simplesmente não era pra mim.

Diante disso, joguei o Vampire Weekend neste balaio, muito provavelmente por eles dividirem o mesmo palco e público com as bandas citadas anteriormente. Entretanto, descobri posteriormente que a sonoridade deste grupo novaiorquino tinha muitos elementos que eu adorava. E isso se deu principalmente no álbum Contra (2010).


Assim como já tinha proposto o Paul Simon, há um mergulho em sons africanos, latinos e tribais por todo o disco. Isso pode ser conferido logo em "Horchata", que tem sua marcação de house music atenuada devido os timbres e melodias exóticas. Isso sem perder a fluidez pop.

O arranjo intricado de "White Sky" traz à faixa um alegre bem-estar. A batida dançante, a interação entre teclados e guitarra (com direito a uso de staccatos), a divertida melodia vocal no refrão... é tudo muito criativo e colorido.

A contagiante "Holiday" soa como uma fusão do Talking Heads com o The Clash, ou seja, nada mal. Por outro lado, acho que o Peter Gabriel ficaria feliz de ouvir "Taxi Cab". Mas não se engane, a produção cristalina faz com que nenhuma destas canções soe retrô ou pastiche.

Há uma linguagem tipica das guitarras do carimbó e outros estilos da América Latina na complexa "California English", dona de arranjo não menos que espetacular.

É impossível ficar ileso diante do groove simpático de "Run" (ótimas levadas de bateria). A urgência sonora com toques de ska e frevo em "Cousins" é outro ponto alto (destaque para as guitarras).

"Giving Up The Gun" é daquelas faixas que definem muito bem o indie 10's, ainda que seja mais rebuscada instrumentalmente que seus contemporâneos. Já o beat de "Diplomat's Son" bem que poderia ser sampleado num funk. O final com a linda/singela "I Think Ur A Contra" é mais um ato de criatividade alinhado ao faro pop.

Posteriormente o grupo lançou o aclamado Modern Vampire Of The City (2013), que a mim pouco interessou. Todavia, Contra mostrou que é possível ter exito comercial com inteligência composicional dentro do tal indie pop.

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