terça-feira, 26 de julho de 2011

TEM QUE OUVIR: Rolling Stones - Sticky Fingers (1971)

Sempre achei que a rivalidade "Beatles x Stones" temporalmente desproporcional, visto que os melhores trabalhos do quinteto liderado por Mick Jagger e Keith Richards foram lançados quando o quarteto de Liverpool já havia encerrado as atividades, vide o clássico Sticky Fingers (1971).


Esse álbum começa emblemático pela capa produzida pelo ícone da Pop Art, o americano Andy Warhol. A obra contém um zíper que, quando aberto, revela uma cueca de algodão. Esse é também o primeiro álbum dos Stones a carimbar a famosa "língua" da banda inglesa. Já a produção ficou mais uma vez a cargo do Jimmy Miller.

A primeira música do disco é a clássica "Brown Sugar", dona de um dos mais inspirados riffs de Keith Richards. A simplicidade dos acordes se contrapõe a genialidade da letra, fato que fez dela um dos maiores hits dos Rolling Stones. Rock n' roll certeiro.

A banda esbanja potência e maturidade composicional na ótima "Sway", repleta de slides bem colocados, ótimo solo de guitarra, bateria consistente, belo arranjo de cordas, tremenda linha de baixo e piano sulista. 

Para balancear o peso, a bela balada "Wild Horse" surge evidenciando ótima melodia, violões primorosos e sensibilidade absurda, mesclando country e blues com gigante competência. Ao que consta, a frase do refrão "cavalos selvagens não seriam capazes de me arrastar daqui" foi dita pela Marianne Faithfull após ela se recuperar de uma tentativa de suicídio.

Em "Can't You Hear Me Knocking" vale mencionar as performance vigorosa do Mick Jagger e a sensibilidade do subestimado guitarrista Mick Taylor. Isso fora o solo de sax do Bobby Keys e o riff do Keith. Puro rock n' roll com pitada latina - Santana fazendo escola? - na metade final da canção.

"You Gotta Move" é um blues rural que comprova a influência do Robert Johnson na música dos Stones. Já "Bitch" chega chutando o balde com um riff ritmicamente espetacular, reforçado pelo arranjo de metais. Mick Jagger mostra mais uma vez o grande vocalista que é esbanjando um timbre potente cheio de agressividade.

O ápice das baladas é alcançado na melódica "I Got The Blues", mais uma vez sobrecarregada de ótimos metais e um solo de órgão matador do Billy Preston. A beleza do disco continua na entorpecida "Sister Morphine", com direito a slides do Ry Cooder.

"Dead Flowers" é uma linda balada perfeita para curtir observando uma paisagem rural. Seu piano lembra a The Band. Para fechar o disco temos os violões espertos de "Moonlight Mile" produzindo uma harmonia minimalista e melancólica quando somada a melodia vocal.

Sticky Fingers é um clássico que representa um passo a frente na discografia da banda, passo esse que se repetiu com o Exile On Main St. no ano seguinte. Mas isso é história para um próximo "Tem Que Ouvir".

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