O Arcade Fire conseguiu desde o inicio prosperar além do cenário alternativo. Seus dois primeiros álbuns foram aclamados pela crítica e conquistaram até mesmo fãs famosos. Entretanto, com o lançamento do The Suburbs (2010, pela Merge), o grupo deu um passo largo ao mainstream.
Sem abandonar a grandiloquência sonora, presente nos arranjos orquestrados e interpretação dramática, os canadenses fizeram o mesmo movimento da The Band e do Neil Young, se apropriando da música americana, trazendo diversos elementos do folk e do pop rock oitentista (na linha do Tom Petty) para seu indie rock "barroco". "Modern Man" e "City With No Children" exemplificam isso.
Estruturada num piano de saloon, "The Suburbs" abre o disco com uma atmosfera dão doce quanto emotiva. Sua letra contextualiza a temática do álbum, expondo o tédio, as tristezas e angustias do subúrbio.
A tão característica instrumentação vasta presente nos arranjos da banda é uma das tantas amostras ambiciosas numa época em que o "indie pé de chinelo" reinou em termos de crueza com o propósito de emular visceralidade. As exuberantes "Rococo" e "Half Light I" saltam aos ouvidos neste sentido.
Em meio a ternura melódica, há um peso pós-punk embalando "Ready To Start" e "Half Light II (No Celebration)". Tal influência se manifesta também na atmosfera dark das letras. A quase shoegaze "Emtpy Room" é outro ensejo de euforia emotiva. Já "Month Of May" é dos momentos mais pesados na discografia do grupo.
A dinâmica crescente de "Suburban War" eleva o nível das composições. Outro fator determinante para isso - e neste caso me refiro a todo o disco - é a produção do Markus Dravs.
Vale ainda destacar a linda "Deep Blue" e a dobradinha "Sprawl", sendo a primeira um mini ato cinematográfico, enquanto a segunda é o pop perfeito, com interferência até mesmo da disco music.
O êxito do The Suburbs levou o Arcade Fire para as grandes arenas, os colocou como headliner dos maiores festivais e garantiu o Grammy de melhor álbum do ano. Eis um dos maiores triunfos do indie rock.
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