A evolução do heavy metal é basicamente calcada no progresso de duas qualidades: peso e velocidade. Por esse motivo, quando o Tool surgiu, foi notório o diferencial. Mais que meramente agressivo, o som do grupo era denso e atmosférico. Mais que veloz, era ritmicamente complexo. Curiosamente, Ænima (1996), o segundo álbum da banda, fez enorme sucesso e pavimentou os caminhos do metal alternativo.
Claro, já havia grupos de heavy metal com influências do rock progressivo, mas o Tool é diferente, muito devido as peculiaridades de cada integrante. Veja por exemplo o Maynard James Keenan, que transparece tanto em suas letras quanto no cantar uma atmosfera "anestésica" e delirante. Seu canto é misteriosamente sedutor e dramático.
Embora tenha um pouco da carga emocional do grunge já em seus últimos suspiros, "Stinkfist" soa moderno. O arranjo perfeitamente distribuído na mixagem faz com que o peso transpareça nitidez. Uma produção impressionante.
Faz parte da estética do Tool criar climas ritualísticos. Isso fica evidente na épica "Eulogy", dona de refrão grandioso. Provocar o ouvinte nas letras também é uma premissa, vide "Hooker With A Penis", cantada com enorme energia.
Danny Carey é uma baterista tecnicamente fantástico, mas é a maneira singular com a qual ele enxerga o instrumento o seu diferencial. Em "H." ele extrai diferentes timbres dos tons, distribui as levadas no stereo da mixagem e cria percussivas frases tribais.
Já o baixista Justin Chancellor, sempre criativo nos timbres, começa sua trajetória de grandes introduções em seu instrumento em "Forty Six & 2". Atenção para os motivos étnicos tanto na acentuação rítmica quanto na melodia. Excelente faixa!
Por sua vez, o guitarrista Adam Jones soa como um "The Edge do metal". Seus riffs e timbres criam ambientações e texturas grandiosas. Tais características são expostas explicitamente nas longas "Pushit" e "Third Eye".
Vale ainda citar a interação com o metal industrial na corrosiva "Die Eier Von Satan", além da ótima faixa que batiza o disco, que ganhou o Grammy de melhor performance de metal daquele ano.
O Tool chegou chutando as portas, gerando clamor a cada novo lançamento, ainda que Ænima se mantenha como o trabalho mais espontâneo - ainda que extremamente audacioso - do grupo
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