quinta-feira, 25 de abril de 2019

TEM QUE OUVIR: The Moody Blues - Days Of Future Passed (1967)

Há muitas "transgressões" que tornaram-se clichês no rock (independente da qualidade do resultado). Discos conceituais e a união de banda com orquestra são dois destes chavões. Entretanto, nem sempre foi assim. Em meados da década de 1960, o rock ainda não havia elevado o seu status a ponto de tudo ser "permitido". Neste sentido, além de sonoramente impecável, Days Of Future Passed (1967) do Moody Blues foi essencial para apresentar muitas novidades estéticas.


Embora outros grupos já tivessem usado orquestrações em suas músicas - vide os Beatles, só para citar o mais óbvio -, a interação da banda com a orquestra, tanto no que diz respeito a arranjo quanto a composição, foi um diferencial na época. O fato das canções serem amarradas por um único conceito - indo do amanhecer ao anoitecer de um dia -, também soou como novidade. Não por acaso muitos consideram o disco precursor do rock progressivo.

As faixas são assinadas pelo regente Peter Knight e por um tal de Redware, que nada mais é que o alter ego do Moody Blues. Vale registrar que a orquestra presente no disco era a da gravadora Decca, que bancou o projeto com o propósito inicial de divulgar a tecnologia stereo, que acabara de chegar ao mercado inglês. O álbum saiu pelo selo Deram.

"The Days Begins" abre o álbum em formato de overture. Exuberantes melodias trazem a sensação de luminosidade, desaguando numa delirante poesia. Uma introdução não menos que cinematográfica.

"Dawn: Dawn Is A Feeling" é a primeira interação do grupo com a sinfônica. Há grande qualidade melódica e interpretativa, sendo a vocalização amarrada por cordas, sopros, piano e uma percussão reverberosa. Impressionante!

A variedade de instrumentos escutados somente na introdução de "The Morning: Another Morning" já torna sua experiência auditiva riquíssima. A composição caminha pelo clima singelamente psicodélico em voga na época.

Há um aspecto lúdico que remete a trilha-sonora de desenhos animados em "Lunch Break: Peak Hour". Isso ao menos antes da faixa virar um rock beat com linha de baixo envolvente.

O lado B do disco é muito mais progressivo, iniciando com a longa "The Afternoon", onde banda e orquestra se unem numa canção de diferentes climas e dinâmica. Sua segunda metade intercalada entre o irradiante e o bucólico.

"Evening" é ainda mais experimental, trazendo percussões tribais, voz reverberosa, melodias orientais e arranjo rebuscado. A parte final com a banda é pesadamente psicodélico.

O desfecho do disco é também o grande hit da banda, a linda "The Night (Nights In White Satin)", canção de melodia não menos que emocionante, muito por seu arranjo crescente. Um hino do período. Um encerramento perfeito para um álbum rico e exuberante.

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