quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

TEM QUE OUVIR: Ultraje A Rigor - Nós Vamos Invadir Sua Praia (1985)

Já ouviu falar no advogado do Diabo? Pois então, serei ele hoje. Não com orgulho ou convicção, mas serei. Digo isso pois, se tem uma figura que acho detestável no rock brasileiro (para não dizer música brasileira, pra não dizer rock mundial) é o Roger Moreira do Ultraje A Rigor. 

Não nego, sua posição direitista contribui muito para isso (o blog é meu, "imparcialidade" é ilusão), ainda mais quando embalada por argumentos toscos, infantis e superficiais. Mas tem algo mais. O Lobão adota as mesmas visões políticas e o vejo com mais simpatia. Ao menos algumas brigas que ele compra são coerentes.


Mas voltando ao Roger e seu Ultraje A Rigor, acho importante para todos que queiram falar mal do sujeito, conhecer a sua obra. Não que a qualidade seja de valor imensurável, mas faz parte da narrativa da música pop brasileira e do tal BRock oitentista.

Lançado em 1985, Nós Vamos Invadir Sua Praia, disco de estreia do Ultraje A Rigor, coleciona uma impressionante sequência de hits. A faixa que batiza e abre o álbum é sem dúvida das mais divertidas daquela geração e mostra um grupo paulista transgredindo a "cena carioca" ensolarada do rock brasileiro. A introdução explosiva, a linha de baixo em slap (executado pelo produtor do álbum, o grande Liminha), o solo de guitarra (do ótimo Carlo Bartolini), o refrão cantado como se fosse por uma gangue... é tudo muito legal.

Há todo um astral new wave divertido em "Rebelde Sem Causa" (atenção para a bateria programada) e na rockeira "Zoraide". "Mim Quer Tocar" é um reggae quadrado, mas que cabia na época. Vale destacar ainda "Independente Futebol Clube" e "Eu Me Amo".

Dois grandes sucessos aqui presentes são "Ciúme", de letra e melodia tão bobinhas quanto simpáticas; e "Inútil", dona de ótimo riff composto pelo Edgard Scandurra (e que hoje tanto o envergonha) e letra condizente com um Brasil no fervor das Diretas Já.

Como sempre, toda piada perde a graça e o que foi jovem fica velho. No caso do Ultraje (e mais precisamente do Roger), tornou-se também reacionário. Não que isso tire meu sono, mas é uma pena. Fica Nós Vamos Invadir Sua Praia como registro de uma época. Não é nenhuma "maravilha" ou "clássico irretocável", como já li por ai, mas é um disco artisticamente ok e que não deve ser ignorado por quem se interessa por música pop/jovem brasileira. Vale lembra que a Rolling Stone o colocou em 27º lugar na lista de "100 melhores discos brasileiros de todos os tempos" e a MTV Brasil considerou "o melhor álbum do rock nacional". Para mim, um tremendo exagero. Mas ouçam e tirem suas próprias conclusões.

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