TEM QUE OUVIR: The Ronettes - Presenting the Fabulous Ronettes Featuring Veronica (1964)

Em 1964, enquanto a invasão britânica tomava para si o reinado do rock, os EUA explorava a música pop através das girls groups. As Ronettes, guiadas pelo malucaço Phil Spector, representava o que de mais jovem, sexy e ousado era produzido na América do Norte naquele período. Com diversos singles de sucesso na bagagem, Presenting the Fabulous Ronettes Featuring Veronica veio para coroar o grupo.

A Veronica "Ronnie Spector" Bennett é quem comandava o trio vocal. Todavia, é importante salientar a presença de figuras carimbadas dos estúdios nas gravações das Ronettes, vide o pianista Leon Russell, o baterista Hal Blaine, os guitarristas Tommy Tedesco e Barney Kessel, além de uma tal de Cherilyn, anos depois conhecida como Cher.

Após o disparo de uma arma - Phil dando indícios? -, a produção reverberosa de "Walking In The Rain" surge preenchendo todo o ambiente. Eis o famigerado Wall Of Sound do Phil Spector, que tinha não só nesta técnica de produção o seu triunfo, vide sua qualidade enquanto compositor e arranjador em faixas como "Baby, I Love You". Inclusive, vale atentar-se ao uso da palavra “baby”, que à partir daqui virou uma constante não somente para elas, mas em toda música popular.

Enquanto o som de palmas ecoa, "Do I Love You?" conquista com sua melodia vocal apaixonante que influenciou dos Ramones as Destiny’s Child, passando pelo ELO e TLC.

Se a ternura de "So Young" é amorosamente dançante, a acelerada "I Wonder" prevê muitos dos arranjos sinfônicos que embalaram hits futuros dos Beach Boys. Ainda mais rocker é a versão para "What'd I Say" (Ray Charles).

Todavia, é indiscutível que a grande canção aqui presente é "Be My Baby", dona de melodia certeira, refrão contagiante, arranjo poderoso, interpretação contundente (inclusive nas aberturas de vozes) e batida ainda hoje revisitada, seja pelo Jesus And Mary Chain ("Just Like Honey") ou pela Amy Winehouse ("Back To Black"), que diga-se de passagem, copiou até mesmo o visual das Ronettes, o que comprova a relevância atemporal do trio vocal feminino.