Aos olhos do grande público, o White Stripes aparentava ser o grande duo rockeiro da virada do milênio. Todavia, entre os esquisitões ligados em novidades, foi outra dupla que saltou aos ouvidos. Formado por Brian Gibson (baixo) e Brian Chippendale (bateria e voz), o Lightning Bolt lançou em 2003 seu terceiro trabalho, Wonderful Rainbow, um documento do noise rock moderno.
Logo de cara, a explosiva "Assassins" nocauteia o ouvinte através de seu timbre corrosivo de baixo e da interação orgânica entre os dois instrumentistas. Já a divertida "Dracula Mountain" é uma amostra da massa sonora impressionante alcançada na mixagem. Nunca um duo soou tão braçal e voraz. O baixo parece gargarejado, enquanto as melodias guardam um estranho apelo infantil.
O clima de jam esquizofrênico reina na introdução de "2 Towers", que deságua num hipnótico math rock garageiro. É a faixa mais longa do disco e a que melhor traduz o que a banda faz em cima do palco. Dá para imaginar as mãos de ambos sagrando durante a execução.
Em "On Fire", por traz de uma máscara sadomasoquista com microfone de drive-thru acoplado, Chippendale promove grunhidos que acompanham frases absurda de contrabaixo. Isso tudo enquanto dispara viradas entorpecidas de bateria. Ritmicamente, a coisa se agrava em "30,000 Monkies".
A inacreditável "Crown Of Storms" tem tappings que deixariam Eddie Van Halen orgulhoso e breakbeats que fariam os irmão Abbott do Pantera "banguear".
Apesar do inegável esporro, o grande mérito deste disco é tornar o absurdo acessível. Afinal, o que se ouve é tão vibrante que tem grande potencial de conquista. Não por acaso tantas bandas vieram na cola (vide o Hella), mas nenhuma outra conseguiu captar em estúdio a mesma atmosfera.
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