Com um clima vagaroso, esfumaçado e sexual, "You Don't Know Me" ressalta a rusticidade e a exuberância da gravação. Violão, baixo e bateria respondem o canto bilíngue do Caetano, reagindo em sua dinâmica crescente. Este clima de jam é sentido por todo o disco. Atenção para as citações de "Maria Moita" (Carlos Lyra), "Reza" (Edu Lobo) e "Hora do Adeus" (Luiz Gonzaga), uma homenagem a canção brasileira vindo de um personagem isolado em outro continente.
Em "Nine Out Of Ten" o artista baiano mostra estar inteirado com o reggae anos antes de ícones do rock inglês flertarem com o ritmo jamaicano. O jogo de palavras da letra é um espetáculo à parte.
O experimentalismo do arranjo da longa "Triste Bahia" traz a inquietude necessária para dar vazão ao sentimento do Caetano longe de sua terra natal. É especial o uso de percussão afro-brasileiras (com direito a berimbau e atabaques) e sua progressão/dinâmica delirante.
O balanço de "It's A Long Way" é não menos que apaixonante. É talvez a faixa do disco que melhor funde a brasilidade com o ambiente do rock inglês. Atenção para a excelente performance vocal do Caetano.
A bucólica "Mora Na Filosofia" tem sua dramaticidade poética atenuada pelo instrumental radiante. Vale dizer que a composição é de autoria do Monsueto Menezes.
Ao final, a curtinha e derradeira "Nostalgia", um blues acústico com participação de uma ainda anônima Angela Ro Ro tocando gaita.
De acordo com uma lista de melhores discos brasileiros feita pela Revista Rolling Stone, Transa é o melhor trabalho do Caetano Veloso. Embora nem eu e nem ele considere o mesmo, é indiscutível a profundidade estética e sentimental do álbum.
De acordo com uma lista de melhores discos brasileiros feita pela Revista Rolling Stone, Transa é o melhor trabalho do Caetano Veloso. Embora nem eu e nem ele considere o mesmo, é indiscutível a profundidade estética e sentimental do álbum.
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