domingo, 27 de janeiro de 2019

TEM QUE OUVIR: Benny Goodman - Carnegie Hall Jazz Concert (1950)

Existe uma tendência de analisarmos o jazz somente a partir do pós-guerra, quando subgêneros como cool jazz, bebop e free jazz surgiram como experiências de alta cultura. Todavia, a swing era já na década de 1930 proporcionou ao mundo compositores e instrumentistas geniais. Para se familiarizar com essa sonoridade, a audição do histórico Live At Carnegie Hall do Benny Goodman é ultra recomendada.


Em 1938, o palco do Carnegie Hall já empunhava respeito, sendo uma das maiores espaços de música erudita do mundo. Benny Goodman - um judeu que conheceu a miséria da infância e juventude, além de clarinetista muito acima da média -, conduziu sua música de uma simples experiência de entretenimento dançante - acusada de escapista, embora tão fundamental no período da Grande Depressão -, para cuidadosos arranjos com imersão pela música erudita. Logo, o Carnegie Hall tornou-se o palco perfeito para ele elevar o jazz ao alto escalão da música moderna.

Com uma big band invejável que trazia nomes como Gene Krupa (que dilacera sua bateria por todo o disco), Teddy Wilson (piano), Lionel Hampton (vibrafone), Harry James (trompete) e Jess Stacy (piano), não teve quem não reconhecesse aquela como uma das grandes orquestras do período.

O álbum lançado em 1950 contendo a histórica gravação de 12 anos antes é de um charme cinematográfico. A dinâmica explosiva, dançante e perfeitamente entrosada se faz valer logo de cara em "Don't Be That Way".

A sonoridade da dixeland é invocada na divertida e curtinha "Sensation Rag". Por outro lado, "Avalon" remete ao gypsy jazz. Já "Shine" é de humor quase circense.

Músicas como "One O'Clock Jump" e "Life Goes To Party" evidenciam todo o poder de fogo do grupo através de solos inspirados e da interpretação radiante dos temas. Mas nada que se compare a longa "Honeyysuckle Rose", um show de improviso seguido de aplausos a cada performance.

Mas nem só o time de instrumentistas se destaca, vide que os lendários irmãos George e Ira Gershwin assinam a composição das adoráveis "The Man I Love" e "I Got Rhythm".

No final, Count Basie, Freddie Green e Lester Young sobem ao palco para a versão definitiva de "Sing, Sing, Sing (With A Swing)", introduzida com sua batida inicial emblemática. Um final apoteótico que encerra com honra e exaltação uma noite memorável.

Embora pareça um documento histórico restrito a uma época, o material encontrado neste disco - e, principalmente, na reedição com a integra da apresentação lançado em 1999 - é de valor musical ad aeternum.

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