sexta-feira, 29 de julho de 2011

TEM QUE OUVIR: The Strokes - Is This It (2001)

Quem me conhece sabe que estou longe de ser fã das ditas bandas "indies" do novo milênio. Todavia, alguns álbuns precisam ser escutados não somente como uma obra de arte, mas principalmente como trilha sonora de uma geração. É desta forma que vejo Is This It (2001).


Poucos discos lançados pós 2000 foram tão influentes quanto o trabalho de estreia dos Strokes, ainda que muito dos influenciados não sejam grande coisa. O grande mérito disso não está relacionado a grandes inovações. O atrativo dele é justamente a famosa repetição de tudo que já foi visto no rock: instrumental básico, execução espontânea, gravação orgânica, letras diretas e visual desleixado. Ingredientes comuns, mas que na época passavam longe do mainstream dominado por Britney Spears e Creed.

A produção do disco evidencia sonoridades vintages, lo-fi e garageiras. Um dos grandes exemplos no quesito timbres está no solo rockeiro da frenética "The Modern Age". Vale dizer que a master soa bem menos comprimida quando comparada ao que havia sendo feito na época. O disco respira, tem dinâmica.

É nítida que a grande qualidade musical do Strokes está na dupla de guitarristas formada por Albert Hammond Jr. e Nick Valensi. Isso é comprovado no arranjo de "Soma", onde a bateria e o baixo servem exclusivamente de cama para as guitarras entrelaçadas formem a harmonia. Em "Is This It" tal característica chega a remeter ao Television. Aqui vale destacar a ótima linha de baixo construída pelo esquisitão Nikolai Fraiture.

"Barely Legal" é o puro exemplo pós-punk revival, resultando numa canção melódica e agitada. Já "Someday" é um pop rock ultra simpático, onde a interpretação de crooner do Julian Casablancas é elevada timbristicamente por uma saturação quente.

"Alone, Together" contém uma interessante linha de baixo, enquanto o arranjo de guitarras e a interpretação vocal voltam a remeter ao Television. Chega a impressionar o quão magro é o timbre de bateria.

"Last Nite" é o grande clássico da banda (e talvez de toda a década). Lembro da faixa destoando na programação da MTV, que ainda insistia no Limp Bizkit. Sem grande novidade, a canção fica entre o garage rock e o The Cars. Melodia e performance memorável. 

A sonoridade pop, ainda que com uma sujeira extra, volta a aparecer em "Hard To Explain", que contém o típico vocal falado/entorpecido de Casablancas, remetendo em breves momentos ao estilo do Lou Reed.

"New York City Copes" é das melhores faixas produzida pelos Strokes. Ela começa com uma microfonia à la Gang Of Four e contém um solo bastante melódico. O riff é dos mais legais do disco, assim como a interpretação de "crooner bêbado" do Casablancas. A faixa foi excluída do álbum após os atentado de 11/09. Mas essa não foi a única polêmica do disco, tendo em vista que sua capa foi censurada no sempre moralista EUA, acusado de ser "sexual demais".

Resumidamente, o álbum não é a maravilha que muitos pregam - e ainda assim é disparado o melhor do Strokes -, mas teve sua contribuição na história recente do rock e será sempre lembrado com bons olhos.

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