quarta-feira, 11 de maio de 2011

Música instrumental pode ser legal

É compreensível que grande parte da população considere música instrumental um "porre". Não é o meu caso.

Por eu ser guitarrista, sempre escutei músicas direcionadas ao instrumento em questão. Entretanto, confesso que grande parte desta audição está atrelada a uma pesquisa técnica.

Veja por exemplo o Frank Gambale, lendário guitarrista com uma técnica espetacular de sweep picking. Todavia, apesar dessa qualidade especifica, sua música claramente não se encaixa no perfil de um ouvinte comum. E honestamente nem acho que deveria. E longe de se tratar de "elitismo musical", é só um fato compreensível.

Observando esse fato, muitos tendem a achar que qualquer música instrumental se trata de "música pra músico", o que é um tremendo erro. Vou tentar através deste post mostrar algumas músicas que, mesmo não tendo vocal, conseguem despertar entusiasmo nos ouvintes.

Obs: Não vou tratar de música erudita, nem de jazz. Neste post falarei de segmentos mais populares.

Edgar Winter Group - Frankenstein
Este clássico do rock conseguiu ficar no primeiro lugar da Billboard Hot 100. A faixa foi também sucesso no Canadá e Reino Unido. Diante disso, algum apelo popular a música deve ter, certo? Quem precisa de voz quando os instrumentos falam por si só. A faixa mais parece o que aconteceria se o Stevie Wonder fizesse um hard rock. Excelente riff e groove. Dave Grohl já afirmou que foi a primeira música que ele quis tocar.

Joe Satriani - Satch Boogie
Imagine um guitarrista virtuoso, conhecido por ter dado aulas para nomes como Steve Vai, Kirk Hammett, Alex Skolnick, Larry Lalonde, dentre outros. Agora imagine ele, com seu segundo álbum por mais de cinco meses dentro dos 200 mais vendidos dos Estados Unidos (o maior mercado de fonográfico), recebendo disco de platina por um álbum instrumental. Como isso? É que Satriani apesar de enfocar sua música na guitarra, consegue compor melodias assobiáveis que alcançam o público de maneira imediata, seja esse ouvinte um professor de guitarra ou um tiozão telespectador de programa semanal esportivo. 
Obs: já fui num show do Satriani e, apesar de ser inteiramente instrumental, o público cantou todas as melodias. Impressionante.

The Shadows - Apache
Nas décadas de 1950 e 1960, o rock instrumental era muito mais popular. Duane Eddy (escute "Peter Gunn"), Link Wray ("Rumble"), The Surfaris ("Wipe Out"), Dick Dale ("Miserlou") e dezenas do The Ventures, dentre outros, alcançaram sucesso com este tipo de música, alguns tocando rock, outros surf music, mas todos instrumental. Todavia, um grupo em especifico foi responsável por despertar o interesse de jovens pela música. Me refiro ao The Shadows, grupo encabeçado pelo guitarrista Hank Marvin, influência declarada de músicos como Brian May, Ritchie Blackmore, Mark Knopfler, David Gilmour, dentre outros. O sucesso da banda foi tão grande que grupos similares começaram a surgir por todo mundo, até mesmo no Brasil, vide o The Jordans. Escute a clássica "Apache" e se encante com a simplicidade que tanto faz falta na música instrumental. 
Obs: Não deixe de escutar as outras músicas citadas.

Rush - YYZ
O Rush dispensa apresentações, mas a imagem deles tocando "YYZ" no Maracanã vale sempre lembrar. Onde já se viu um estádio inteiro pulando e vibrando com uma música instrumental? Se depois disso você continuar achando que música instrumental só pode ser ouvida por músico, vou passar a crer que o mundo está realmente superlotado de músicos.

Roni Size - Brown Paper Bag
É incrível pensar que um dos gêneros mais populares da música contemporânea é em grande parte composto por faixas instrumentais. Me refiro obviamente a música eletrônica. Isso forçou o estilo a explorar diferentes beats, texturas, timbres e melodias. Do krautrock ao dubstep, os exemplos são inúmeros.

King Tubby - Stop Them Jah
Assim como na música eletrônica, o dub explora a tecnologia como ferramente sonora. Filtros, reverbs, ecos e delays são processados em beats vagarosos criando uma música que parece se diluir no tempo-espaço. Altamente viajante e divertida. Como exemplo dessa sonoridade vale lembrar o brilhante King Tubby.

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