Surgidos em Nova York logo após o 11/09, o grupo trazia em sua formação o Tunde Adebimpe e Kyp Malone (ambos intercalando vozes e programações) e Dave Sitek (teclados, guitarras e programações). Uma formação pouco usual tanto na instrumentação, quanto na presença de dois homens negros na linha de frente.
Logo no inicio de "The Wrong Way" já somos sacudidos com saxofones berrantes (tocados pelo Martín Perna), um baixo saturadíssimo e batida rock n' roll dançante (ao menos se não tivesse imersa em timbres gordurosos). Um art-punk aventureiro com ecos de Pere Ubu.
"Staring At The Sun" - já presente no EP que eles haviam lançado anteriormente -, é o cartão de visitas para o grupo. Um composição memorável por natureza, mas arranjada de forma nada ortodoxa, abrindo mão de uma batida consistente, focando na força do baixo, guitarras (tocadas pelo Nick Zinner) e da sobreposição das vozes, cada uma em sua tessitura, sendo a do Malone docemente aguda.
O equilíbrio que eles fazem de timbres abrasivos em arranjos espaçados/crescentes/dinâmicos é criativo e instigante, chegando em ponto de perfeição na bela "Dreams". Aqui mais uma vez há um ótimo contraponto das vozes.
Poucos timbres de baixo soam mais corrosivos que o de "King Eternal". Sua bateria organicamente programada e os acordes angustiantes numa guitarra distante formam a cama para ótima melodia e interpretações vocais. Parece algo que o Radiohead na época do Kid A faria caso não tivessem orçamento.
E quando parece que o disco já chegou no auge da abstração estética, "Ambulance" oferece um canto à capela sui generis. É rítmico, paranoico, harmonioso, estranho e melódico.
As guitarras vibrantes de "Poppy" até tentam esconder, mais a batida mecânica parece fazer uma ponte com o krautrock. Redundantemente ainda tenho que reforçar o arranjo vocal maravilhoso, principalmente no meio e final da canção. Espetacular!
Instrumentalmente soando um encontro do Suicide com o PiL e John Cale (o elemento "drone"), "Don't Love You" brilha em beleza e performance. Mesmo com as referências apontadas, ela revela enorme frescor.
O experimentalismo guitarristico em "Bomb Yourself" pessoalmente muito me agrada. Sujeira nas seis cordas em cima de uma batida hipnotizante é tudo que eu preciso.
"Wear You Out" fecha o disco em mais um casamento perfeito entre as vozes do Tunde Adebimpe e Kyp Malone. Há algo de dub na construção da canção. Incialmente enxuta em elementos, ela evolui para caminhos majestosos.
Aventureiro como poucos discos de rock do período, o TV On The Radio se consolidou no cenário alternativo, virando daqueles grupos queridinhos dos que estavam com ouvidos atentos.
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