Reconheço que citar mais de 100 discos de um único ano é exagero, ainda mais atualmente, onde tudo parece ser tão descartável (não enquanto obra, mas enquanto hábito de ouvinte). Todavia, não deixaria de postar algo bacana só para me enquadrar num número pré-estabelecido.
Apesar da grande quantidade de álbuns, fiz descrições pessoais e curtinhas (não são críticas, muito menos resenhas, são DESCRIÇÕES), justamente por entender que, embora as pessoas tenham sede de conhecimento, nem todos têm tempo/interesse/prazer de ouvir tantos lançamentos, muito menos de ler a minha irrelevante opinião sobre tais obras.
Mas tá aí, o trabalho sujo está feito. Com direito a uma faixa destaque para cada disco (exceto nos "MELHORES DISCOS DO ANO", ao menos esses escutem inteiro).
Mais que uma crítica, esse post é um apoio para quem quer caçar uma novidade (e um HD externo para eu mesmo catalogar minhas audições/preferências).
Obviamente, muitos prováveis grandes discos ficaram de fora simplesmente por eu não ter tido acesso e/ou tempo de ouvir. No passado isso me causava angústia, hoje deixo rolar, conformado com a impossibilidade de ouvir tudo. De qualquer modo, se tiverem alguma grande indicação para fazer, é só colocar nos comentários.
Separei tudo em ordem alfabética. Nacionais e internacionais, tudo misturado. Acho que assim fica mais fácil procurar algum lançamento específico. Todavia, como tem quem se interesse em saber as predileções nacionais, deixo aqui a menção honrosa aos discos do Amaro Freitas, Bruno Berle, Cäbränegrä, Crizin da Z.O., DJ Anderson do Paraíso ("Paraíso Sombrio"), Emicaeli, Fim da Aurora, Hermeto Pascoal, hoovaranas, Irmão Victor, Maria Beraldo, PLUMA, Qampo, Samba da Volta, Sangue de Bode, TRAGO e Zé Manoel. Destrincho cada um deles mais abaixo. Mas atentem-se ao fato de eu ter colocado 4 álbuns nacionais entre meus prediletos do ano.
Sem mais delongas, vamos para a lista:
Arooj Aftab: Night Reign
Elegância e sofisticação extrema no quarto disco desta artista paquistanesa, que resgata a herança poética do seu país em canções de beleza noturna, que transitam entre a música folk, o minimalismo e o jazz. Tudo é muito bem tocado e arranjado, sendo tais qualidades ressaltadas via uma captação cristalina, que abre espaço para que cada elemento salte aos ouvidos. Os sons acústicos dialogam perfeitamente com a interpretação contida, mas de enorme riqueza melódica da cantora. Moor Mother e Kaki King colaboram no disco. Um dilúvio sônico.
Blood Incantation: Absolute Elsewhere
Eu já havia adorado o álbum de 2019 do grupo, mas aqui eles voltaram ainda mais audaciosos e poderosos. Na ótima capa já está explícita a interação que eles fazem do death metal com o rock progressivo. E ao trazer referências comuns de ambos os gêneros, eles criam uma sonoridade bastante particular. Tem a agressividade de um Krisiun, mas também viagens celestiais diretamente da nave do Tangerine Dream. São dois épicos, cada um dividido em três faixas. A produção realça cada detalhe e esporro vindo das performances. Acredito que poucos vão embarcar na proposta, embora seja facilmente reconhecível a violência e o esmero do disco. É a vitória dos calveludos.
Nunca morri de amores pela banda, de modo que agora posso rasgar seda com certa autoridade. E se o disco anterior já revelou uma evolução, aqui eles atingiram o auge. Deixaram de lado as caricaturas de psicodelia à la Mutantes e se jogaram na tarefa de criar boas canções. E sob o aparato dessas canções, flui de maneira espontânea a psicodelia, inserida no contexto de jam, onde a banda parece tocar reagindo um ao outro. Belo trabalho de guitarras/violões, linhas de baixo bacanas (com aquele timbre opaco que tanto adoramos), texturas viajantes e, até mesmo a voz do Dinho, outrora de tessitura aguda chatinha, agora parece melhor encaixada nessa região. Todo o hype agora parece fazer sentido. Discão.
É muito legal quando a gente não conhece nada sobre o artista, bota pra ouvir e recebe uma paulada na cabeça. Foi o que aconteceu aqui. Esse artista carioca revela uma inquietação que passa pelas composições tão descontraídas quanto contundentes, mas também pelos arranjos e produção, que são parte elementar da criação, explorando texturas e cores sonoras complexas. Violão ritmicamente ensandecido, percussões afro-brasileiras, sopros gritantes, uma base rockeira saturada… tudo em perfeita interação criando um caos urbano, quase como se a vanguarda do Arrigo e Itamar tivesse origem em Belford Roxo. Isso tudo em não mais que 30 minutos. Tremenda estreia.
Charli XCX: BRAT
O que ainda não foi dito sobre esse disco? O POP (com letras garrafais) em um de seus maiores atos. Isso passa pela identidade visual, identificação orgânica com o público e, obviamente, pela música, onde mais uma vez a artista tensiona o gênero com produções tão açucaradas quanto corrosivas (e aqui o A. G. Cook tem muitos méritos). Ela faz parecer palatável e “banal” batidas arrojadas e estranhas (algo que ela vem há anos normalizando em sua fanbase). Liricamente é interessante como ela expõe suas vulnerabilidades, abordando a fama, a (não) maternidade, a indústria, as festas e como ela se sente dissonante perante outras cantoras pop. Muitos ganchos poderosos, carisma e, até mesmo, sensível melancolia. Aqui estão algumas das melhores faixas pra pista (pra dançar e chorar) dos últimos anos.
Curiosamente conheci esse disco via uma resenha negativa que o Anthony Fantano fez. Se ele não gostou, eu adorei! O álbum tem diversos elementos de ópera rock, a começar pela dramaticidade do vocalista, que intercala entre a teatralidade do Peter Gabriel e a intensidade do rapaz do Sprain. É exagerado, mas me transmite verdade e energia. Já as canções em si tem uma aura “progressiva-barroca”, remetendo em alguns momentos ao Black Midi, com direito a quebradeiras pesadas e nuances mais tranquilas, envolvendo até mesmo ótimos arranjos de metais. Embora com diversos elementos do passado, soa como o que há de mais contemporâneo no rock.
Já faz alguns anos que esse produtor tem se destacado no segmento da música eletrônica, tendo quebrado barreiras em seu último trabalho ao lado do Pharoah Sanders e da Orquestra Sinfônica de Londres. Mas aqui, de volta a sonoridade de pista (mas que funciona também do aconchego do lar), é que ele me chama mais atenção. Isso porque ele usa seu arsenal eletrônico dentro de uma mentalidade composicional bastante complexa, jogando CASCATAS de sintetizadores em faixas dançantes. São arpejos luminosos, beats envolventes, baixos saturados… tudo numa amostra inteligente e exitosa de como se fazer techno house. Para mim, seu melhor álbum até o momento.
Conheci o duo com pessoas morrendo de amores por esse disco de estreia. Chegou a mim que eles traziam a atmosfera do indie rock 00’s. Pensei numa emulação de Strokes e não depositei grande expectativa. Fui ouvir e adorei de imediato. As referências tão mais para Bright Eyes, Arcade Fire e, até mesmo, Pavement e Manic Street Preachers. Há um encontro muito exitoso entre sensibilidade e momento ruidoso, que afloram conforme as canções evoluem. O vocalista entrega emoção na performance. As guitarras falam alto. Eles sabem quando ser singelos nos arranjos. E o principal, as composições são altamente marcantes. Uma beleza do “indie 00’s revival” que eu não esperava me deparar.
Geordie Greep: The New Sound
Já posso afirmar que ele é um gêniozinho. Após uma sequência de trabalhos matadores sob liderança do Black Midi, ele deu fim na banda e rapidamente surgiu com esse tremendo disco solo. Não costumo comprar a ideia de artistas gringos trazendo brasilidades e latinidades ao seu som, mas ele incorporou a solaridade e riqueza ritmica dos gêneros com personalidade e conhecimento de causa. O resultado é um disco de rock progressivo/jazz rock contemporâneo, agradável, provocativo, irônico, divertido e complexo. Definitivamente não é pouca coisa. As canções percorrem por caminhos nada óbvios. Ótimos arranjos e performances quentes, ambos envolvendo a voz característica do Geordie (com toques de Scott Walker), mas também metais e guitarras estonteantes. Embaçado.
Já posso afirmar que ele é um gêniozinho. Após uma sequência de trabalhos matadores sob liderança do Black Midi, ele deu fim na banda e rapidamente surgiu com esse tremendo disco solo. Não costumo comprar a ideia de artistas gringos trazendo brasilidades e latinidades ao seu som, mas ele incorporou a solaridade e riqueza ritmica dos gêneros com personalidade e conhecimento de causa. O resultado é um disco de rock progressivo/jazz rock contemporâneo, agradável, provocativo, irônico, divertido e complexo. Definitivamente não é pouca coisa. As canções percorrem por caminhos nada óbvios. Ótimos arranjos e performances quentes, ambos envolvendo a voz característica do Geordie (com toques de Scott Walker), mas também metais e guitarras estonteantes. Embaçado.
Fiquei receoso de colocar esse disco entre os melhores do ano por talvez aparentar “surfar no hype” que o funk está tendo, principalmente nas mídias ditas alternativas/descoladas estrangeiras (vide a Pitchfork). Até porque assumo que consumo o gênero à distância, mais como um curioso do que enquanto público real. Dito isso, não tenho como não mencionar esse trabalho, visto que fiquei genuinamente empolgado com as canções. É uma compilação estrondosa e versátil, que traz produções divertidas, sujas, abrasivas e técnicas (em ritmo, timbres e montagem). Mesmo que alguns possam julgar o “mal gosto lírico” típico do estilo, aqui ele foi aplicado com enorme carisma e personalidade, sem se cooptar a um mercado nacional mainstream que limita a ousadia e inventividade textual. Pesado, ruidoso e eletronicamente brasileiro. Tem que ser um sujeito muito triste pra não perceber o valor.
O guitarrista do Tortoise vem se estabelecendo nesta década como um dos grandes nomes do jazz contemporâneo. Nesse disco solene, ao lado de outros três instrumentistas, ele chegou em quatro faixas longas e imersivas, sem grandes explosões sônicas, mas de exuberantes interações impecavelmente captadas, respeitando as dinâmicas e os timbres orgânicos extraídos dos instrumentos. É a fotografia da capa em forma de som. Separe um tempo, prepare uma bebida, entre em estado de graça.
Como tantos, cheguei a esse disco por conta de um review do Anthony Fantano. Vale dizer isso porque, embora somente agora ela tenha pintado no meu radar, a Joanna Wang já é uma artista “veterana”, tendo mais de 10 discos na carreira. De descendência taiwanesa, sua voz traz uma dramaticidade própria, ora de beleza melódica, mas principalmente de humor irônico. O tom teatral é tão grande que é possível afirmar que esse disco é uma ópera rock, inclusive trazendo alguns sons de hammond e guitarra ultra setentista, embora nada retrô. Uma gama enorme de timbres ajudam na criação de diferentes locações que parecem ambientar a história. Na verdade, não somente timbres, mas o domínio de vários gêneros musicais (vide country, jazz, ska, rock progressivo, psicodélico, punk, pop, indie rock e até mesmo trilha de desenho). Tudo deliciosamente e tecnicamente muito bem executados. O resultado é um dos discos mais divertidos e impecavelmente bem desenvolvidos do ano.
O hip hop vive um momento tão inventivo que eu deveria até me sentir mal por este ter sido o disco de rap que mais ouvi no ano. Mas ok, afinal ele é verdadeiramente estrondoso, trazendo a ecos de Beastie Boys e Run-D.M.C. dentro de um pressão sônica contemporânea. Beats acachapantes (alguns apontando pro miami bass, outros pro big beat), synths luminosos e a euforia de dois jovens capazes de levantar uma festa com suas performances ao microfone. Divertido demais! Até a capa achei legal.
O rapper em constante evolução, tanto no que diz respeito a suas rimas velozes e incisivas, quanto na orientação da produção, aqui chegando a adentrar o rap rock, trazendo peso, baterias saturadas e até mesmo excelentes guitarras (em riffs e solos). Mesmo sua performance tem a abrasividade do rock. Curiosamente, no final o disco percorre por momentos mais sensíveis, inclusive com arranjos orquestrados lindíssimos. Tá certo, tenho uma predileção natural por seu trabalho, mas acho difícil mesmo quem não simpatize com sua música passar indiferente ao disco.
E mais uma vez a Julia Holter surge com sua música expansiva. Estilisticamente, é possível chamar de um dream pop sinfônico progressivo minimalista. Os arranjos são exuberantes, trabalhando o vazio e a riqueza de cada instrumento inserido (de clarinetes à sintetizadores, passando por espetaculares linhas de baixo do Devin Hoff). A produção é cristalina e grandiosa feito um oceano. Nessa imensidão há uma voz linda (com técnica e paixão), elementos jazzisticos e canções muito bem desenvolvidas melodicamente e harmonicamente. Um disco sobre perdas e chegadas. Resumindo: ela é especial.
Já faz alguns anos que ele é um dos grandes guitarristas em atividade, mas aqui ele parece ter chegado no ápice. Não somente sua performance é de tirar o fôlego, mas há toda uma proposta estética que proporciona uma tocabilidade espontânea. Nas faixas acústicas (e são muitas), por conta da impecável captação, é possível ouvir não somente o deslocamento de seus dedos, mas também seu respirar. Já em outros momentos é sua guitarra ácida, de fraseado intenso, técnico, livre e complexo, que salta aos ouvidos, nos fazendo crer que ainda vivemos o auge do instrumento e do jazz. Não é a verdade, o Julian Lage que é fora da curva.
Não vou mentir que, diante da morte repentina desse prolífico e espetacular rapper, esse disco cresceu na minha audição. Obviamente gostei de imediato, principalmente por ele trazer samples de uma tradicional música gospel, que dão um caráter mais “musical” e emotivo à proposta de drumless que ele sempre investiu. Com isso há linhas de baixos espaçadas, hammond orgânicos, guitarras blues chorosas, vozes celestiais e outras colagens inventivas, que trazem texturas sônicas profundas. Já o que saltou aos meus ouvidos posteriormente foi seu lirismo, que ao fazer um paralelo entre o cristianismo e a população afro-americano, chega a conclusões sóbrias, confrontando seu passado e, de certa forma, seu destino. Isso tudo com um lirismo afiado, além de interpretação calma e singela. De algum modo, é um certo oportunismo de minha colocá-lo justo agora entre os álbuns do ano, mas se isso gerar a oportunidade outras pessoas abrirem os olhos pra esse tremendo rapper, que assim seja. RIP.
King Gizzard & The Lizard Wizard: Flight b741
Ninguém aguenta mais ver os discos do KG entre os melhores do ano, mas vire e mexe eles fazem isso com a gente. Esse é dos mais legais da banda. Um rock n’ roll descompromissado, com ecos de Rolling Stones, Grateful Dead (quando faz canções) e Allman Brothers Band. As canções são fortes, ainda mais quando alimentada pela interação de uma banda já azeitada. Adorei os riffs, solos e arranjos. Tudo com melodias vocais cativantes, clima vagaroso (meio campestre) e timbres orgânicos de guitarra. Inclusive, a master tem um “som de vinil” mesmo quando escutado no Spotify. Talvez seja exagero da minha parte, mas que revela a capacidade da banda de criar climas genuínos de rock.
Knocked Loose: You Won’t Go Before You’re Supposed To
Já falo de cara: nem todo mundo vai embarcar na proposta deste disco. Isso porque ele é uma evolução do que o grupo já vinha fazendo, ou seja, um amontoado de performances corrosivamente pesadas. É o que aconteceria se uma manada de rinocerontes montasse uma banda de metalcore. A construção dos riffs, a dureza dos timbres, a clareza da produção, os acentos milimetricamente pensados e a intensidade das performances guiam nosso corpo a um buraco cimentado. Se as guitarras soam ultra graves e monolíticas, por sua vez, o vocalista berra feito um garoto injuriado. E, como eles bem retratam nas letras, no mundo há muito com o quê se injuriar. Brutal com propósito.
Ninguém aguenta mais ver os discos do KG entre os melhores do ano, mas vire e mexe eles fazem isso com a gente. Esse é dos mais legais da banda. Um rock n’ roll descompromissado, com ecos de Rolling Stones, Grateful Dead (quando faz canções) e Allman Brothers Band. As canções são fortes, ainda mais quando alimentada pela interação de uma banda já azeitada. Adorei os riffs, solos e arranjos. Tudo com melodias vocais cativantes, clima vagaroso (meio campestre) e timbres orgânicos de guitarra. Inclusive, a master tem um “som de vinil” mesmo quando escutado no Spotify. Talvez seja exagero da minha parte, mas que revela a capacidade da banda de criar climas genuínos de rock.
Já falo de cara: nem todo mundo vai embarcar na proposta deste disco. Isso porque ele é uma evolução do que o grupo já vinha fazendo, ou seja, um amontoado de performances corrosivamente pesadas. É o que aconteceria se uma manada de rinocerontes montasse uma banda de metalcore. A construção dos riffs, a dureza dos timbres, a clareza da produção, os acentos milimetricamente pensados e a intensidade das performances guiam nosso corpo a um buraco cimentado. Se as guitarras soam ultra graves e monolíticas, por sua vez, o vocalista berra feito um garoto injuriado. E, como eles bem retratam nas letras, no mundo há muito com o quê se injuriar. Brutal com propósito.
Já deve ser o terceiro disco dela que coloco entre os melhores do ano. Méritos dela, claro. Musicalmente, não sei o que mais gosto: sua voz linda e relaxada ou seu violão de nylon cristalino e emotivo. Não exagero ao compará-la a Joni Mitchell, visto que não só sua interpretação é graciosa, mas as composições também, percorrendo por amores, dores e ambos os sentimentos envolto a maternidade. A captação é orgânica, capturando tanto seu som quanto sua alma. Adoro as melodias, harmonias, fraseado ao violão, orquestrações. É maravilhoso!
Mabe Fratti: Sentir Que No Sabes
Essa cantora e violoncelista da Guatemala num disco impossível de enquadrar em algum gênero, mas que transita entre o post-rock, jazz e pop alternativo. Sua voz é soberba e os graves de seu instrumento trazem fraseados e timbres singulares. As composições são boas por natureza, mas inegavelmente elevadas por arranjos complexos e belos. Singular e impressionante.
Essa cantora e violoncelista da Guatemala num disco impossível de enquadrar em algum gênero, mas que transita entre o post-rock, jazz e pop alternativo. Sua voz é soberba e os graves de seu instrumento trazem fraseados e timbres singulares. As composições são boas por natureza, mas inegavelmente elevadas por arranjos complexos e belos. Singular e impressionante.
Magdalena Bay: Imaginal Disk
Confesso que, inicialmente, esse disco bateu em menor grau mim. Mas os constantes elogios a ele me levaram a ouvir com maior cuidado, admirando as nuances que ele propõe dentro da música pop. Se o duo sempre me agradou, aqui ele soou inegavelmente mais lapidado, com um colorido todo especial em seus arranjos e produção. A voz da Mica e todo o lado conceitual nem é o que mais me pega, mas sim o desenvolvimento das canções e do disco em si, formando um caldo que soa como se a Kate Bush fosse produzida pelo Tame Impala. É o synthpop psicodélico/progressivo. Ou simplesmente o pop contemporâneo levado a sério.
Confesso que, inicialmente, esse disco bateu em menor grau mim. Mas os constantes elogios a ele me levaram a ouvir com maior cuidado, admirando as nuances que ele propõe dentro da música pop. Se o duo sempre me agradou, aqui ele soou inegavelmente mais lapidado, com um colorido todo especial em seus arranjos e produção. A voz da Mica e todo o lado conceitual nem é o que mais me pega, mas sim o desenvolvimento das canções e do disco em si, formando um caldo que soa como se a Kate Bush fosse produzida pelo Tame Impala. É o synthpop psicodélico/progressivo. Ou simplesmente o pop contemporâneo levado a sério.
Artista símbolo da renovação do rock psicodélico/desértico do Tuareg, Mdou Moctar volta com seu disco mais inspirado. A visão rítmica e melódica empregada é muito singular, ao mesmo tempo que remonta o que de melhor foi feito no rock setentista, trazendo climas de jam, sons calorosos e energia irresistível. Em termos de guitarra rock, nada melhor saiu esse ano. Seus improvisos ganham contornos de liberdade quase jazzisticos (ou “hendrixianos” se preferir). Vale ainda dizer que ele aborda a questão anti-colonial em seus textos, o que se mostra um tema de enorme relevância e nem tão discutido no rock contemporâneo. Com isso, a acidez sonora é ainda mais justificada. Com trabalhos como esse, não há desculpas para achar que Greta Van Fleet é a salvação do rock.
O rapper chega ao seu ápice criativo trazendo peso, carisma e versatilidade para um disco impressionantemente cativante. Tem momentos de pop-rap, a fúria gangsta, elementos de jazz, beats abstratos e produções poderosas, com destaque para alguns graves chocantemente encorpados, ritmos intrincados e paleta sonora ampla. Seu flow corre solto, assim como dos que participam (destaque para Rico Nasty, Freddie Gibbs e Ab-Soul). Uma viagem cheia de nuances que tende a embarcar todos que gostam de hip hop.
Seria isso um grupo, um coletivo, uma parceria única? Eu não sei. Sequer conhecia os cinco envolvidos neste trabalho. Mas fui ouvir em meio a elogios, propenso a decepção, mas adorei. Ele tem um frescor que não me remeteu a nada dentro do rap brasileiro. Dos samples enigmáticos e bem escolhidos, passando pela versatilidade imprimida no flow de cada integrante e na singularidade narrativa, que toma um rumo se não de ópera rock, possivelmente de uma novela rap, onde a história é sonorizada via produções e vozes com muitos elementos e interpretações abstratas, quase que psicodélicas. Nisso dá pra remeter a alguns trabalhos do Madlib, dada as devidas proporções de maturação de uma identidade. É daqueles discos que a cada audição revela uma particularidade na escrita, nos beats, nas camadas musicais como um todo. Impressionante.
Gosta de punk rock? Então dificilmente você não vai se entusiasmar com esse disco. As referências passam por muitos territórios: The Jam, Discharge, Social Distortion, oi!, celtic punk… O resultado é um disco intenso e de canções marcantes. Simples assim, como tem que ser.
The Hard Quartet: The Hard Quartet
Finalmente um supergrupo que faz jus à expectativa. Formado pelo Stephen Malkmus, Matt Sweeney, Jim White e Emmett Kelly, essa banda lançou um dos melhores discos de rock do ano. Tem muito do rock alternativo noventista (óbvio), mas também um forte elemento de power pop, gênero que prima por fortes canções. Alimentando as excelentes composições, algumas das melhores guitarras do ano, tanto em timbres quanto em performance. Adorei a sonoridade “rasgada”. Tem gordurinhas? Sim, mas os pontos altos são tão fortes que compensam. Indie de tiozinho? É, mas é disso que gostamos mesmo.
The Lemon Twigs: A Dream Is All We Know
Eu sei que é um pastiche descarado (ao menos eles fazem isso com humor), mas curiosamente escutei numa época que tava ouvindo os álbuns dos Beach Boys que ninguém dá bola e pensando “se lançados hoje, seriam dos melhores do ano”. Aí caiu esse trabalho no meu colo e não tive como negar sua excelência e semelhança. Vale dizer que ele foi lançado poucos meses após o também ótimo disco anterior da dupla, o que me leva a crer que eles tão num surto de criatividade, já que há melodias/refrães extremamente ganchudos. Fora que arranjar e gravar canções com tantos detalhes não é fácil. Lindas dobras vocais, baixos mccartnianos, grande colorido timbrístico e vintage (da-lhe rickenbacker de 12 cordas), muito de power pop (e Beatles, claro)... até a capa é bem legal, chegando a remeter ao Sparks. Vale dizer que a produção é em parceria com o Sean Lennon. Perfeito para sábados de manhã, solares ou não.
The Smile: Wall Of Eyes
Confesso que quando fui ouvir o disco, achei sem graça as duas primeiras músicas (que depois se revelaram bem interessantes). Entretanto, o que veio na sequência foi tão forte que de imediato o álbum entrou nessa lista. Adoro a maneira com que eles - e vocês sabem quem são eles, né? - constroem as faixas (com toques de progressivo e chamber pop), como as performances respeitam a dinâmica, o refinamento dos arranjos e como a gravação parece registrar todo o clima presente na sala de captação. É a consolidação do projeto em relevância e estética própria. Lindo.
Confesso que quando fui ouvir o disco, achei sem graça as duas primeiras músicas (que depois se revelaram bem interessantes). Entretanto, o que veio na sequência foi tão forte que de imediato o álbum entrou nessa lista. Adoro a maneira com que eles - e vocês sabem quem são eles, né? - constroem as faixas (com toques de progressivo e chamber pop), como as performances respeitam a dinâmica, o refinamento dos arranjos e como a gravação parece registrar todo o clima presente na sala de captação. É a consolidação do projeto em relevância e estética própria. Lindo.
Thou: Umbilical
Indiscutivelmente um dos discos mais pesados do ano. E esse peso vem de um equilíbrio de distorções quentes, captação orgânica, mix/master robusta e fúria genuína, que transparece na performance de todos, embora a ranhura do vocalista seja a primeira a chocar. Ou não, já que os riffs de cara podem distanciar os mais tementes a Deus, embora seja possível reconhecer um certo faro para progressões palatáveis em meio a saturação. Em muitos momentos soa como se o Melvins perdesse a mão ao adentrar o sludge metal. É absurdo assim!
Donos de longa discografia, esse trabalho é possivelmente o que mais gostei do Xiu Xiu. E digo mais: pra quem ainda não adentrou ao som desse enigmático grupo, esse álbum acaba sendo uma tremenda introdução. Isso porque, por trás de toda a ruidez, há canções bem legais que podem cativar o ouvinte de primeira viagem. Em alguns momentos chega a remeter ao que seria se o Arcade Fire fosse um grupo de noise rock (vide “Common Loon”). Sonoramente é um disco repleto de texturas metálicas, que aproximam o som do grupo de um pop industrial. Adorei as vocalizações do James Stewart. A produção tem muito corpo, mas também sabe quando aliviar a mão. Um disco estranho, mas instigante. Até a capa e o nome (que traz meu sobrenome) são bem legais.
- 21 Savage: american dream (Embora não seja dos mais interessados em trap, gostei do que ouvi aqui. A primeira metade é estrondosa, com ótimas produções e faixas energéticas. Na metade final o disco toma um rumo mais pop/r&b que, embora não faça a minha cabeça, me soou extremamente exitoso na proposta, inclusive trazendo variedade ao trabalho. As participações também ajudam nesse sentido. Bom álbum que não necessariamente revisitarei). redrum (atenção para seu início).
- Adeem The Artist: Anniversary (De sonoridade tão orgânica quanto lapidada, esse artista volta a comprovar que a música country ainda pode proporcionar grandes canções. Tudo muito bem arranjado e interpretado precisamente com as características formais do estilo. A variação de momentos acústicos para outros de alt-country dá dinâmica ao disco. Trabalho excelente de guitarras e violões). Wounded Astronaut
- Adorável Clichê: sonhos que nunca morrem (Naquela mesma praia do dream pop/shoegaze que parece estar nos holofotes do rock alternativo brasileiro via Terraplana, esse grupo de Blumenau também equilibra momentos suaves e graciosos com eteriedades guitarristicas típicas dos gêneros. Nada de novo, mas tudo muito bem feito. Confesso não ser dos maiores adeptos das fragilidades tanto líricas quanto vocais, mas isso é uma questão pessoal que não depõe contra as canções). as coisas mudam pra melhor
- Adrianne Lenker: Bright Future (Tem que ser muito exitoso pra prender minha atenção num disco folk/country, de arranjos enxutos e cantando em inglês. Mas a Adrianne vive um momento inspirado. Gosto como a produção fica entre o lo-fi e a simples crueza orgânica bem captada. Tem cada violão! Não há excessos. Em meio a letras confessionais e interpretações sinceras, o disco se desenvolve cheio de pontos altos composicionais). No Machine
- A. G. Cook: Britpop (3 discos reunidos em 1. O primeiro (que foi o que mais gostei) um hyperpop menos “fácil” e mais abusado na escolha de timbres, soando corrosivo e pulsante. O segundo relembra que o A. G. Cook é um bom compositor de canções, ainda que sua inquietação leve sempre a caminhos não convencionais. O terceiro junta as duas propostas em faixas estranhamente convidativas. Devido a longa duração, ouvi-los como peças individuais pode ser interessante). Prismatic
- Agriculture: Living Is Easy (EPzinho de pouco mais de 15 minutos (2 faixas e 2 vinhetas). É uma paulada de black metal/blackgaze que não se restringe ao gênero, incorporando levemente elementos de hard rock e alternativo. A produção é pesada e nítida. As performances são cheias de energia. É mais que o suficiente. Gostei bastante. Banda pra ficar de olho). Living Is Easy
- Alaíde Costa: E o Tempo Agora Quer Voar (Prestes a completar 90 anos, Alaíde dá continuidade aos seu bonito trabalho recente com uma mais uma pérola. A instrumentação é delicada, abrindo espaço para arranjos tão detalhados quanto enxutos. Na frente, a voz da Alaíde, falha pelo tempo, afinada pelo tempo, singela com o tempo. Belas e emotivas interpretações. Um disco aconchegante e de bom gosto). Ata-me
- Al Di Meola: Twentyfour (Já adianto que esse álbum não apresenta nenhum grande brilhantismo ou diferencial dentro da discografia do Al Di Meola. E isso até me frustrou, visto que, por ser um trabalho lançado após um problema de saúde que quase tirou sua vida, imaginei ele partindo para um novo caminho. Dito isso, o que se escuta é o bom o suficiente pra não dar pra falar mal. Seu violão “flamenco tocado com palheta” é técnico e belo. Em algumas faixas ele ainda combina o som acústico com sua guitarra, nessa hora sempre inserindo um tempero latino. Amante que sou das seis cordas, ouço com gosto e atenção, mas não posso dizer que é convidativo para todos). Ava’s Dance In The Moonlight
- Ale Sater: Tudo Tão Certo (O último disco do Terno Rei foi dos mais escutados aqui em casa, em família, durante a pandemia, de modo que criou em mim uma certa expectativa do que eles viriam a fazer. Na real não ó em mim, já que a banda deu uma bombada. E a expectativa ainda existe, porque o Ale Sater decidiu lançar sua estreia em álbum solo. Sonoramente nem é tão diferente do que ele faz em banda. Talvez mais orgânico, mais enxuto, mais acústico… agora, certamente é muito mais pessoal. E ele é um bom letrista, que despretensiosamente, dentro até de um contexto de pop rock, soa bastante profundo. Tem algo de Jeff Buckley nisso (com uma voz menos poderosa, ainda que bonita e com esmero nos arranjos e concepção). Adorei a produção (tão cristalina quanto “rústica”), os caminhos harmônicos, é um disco bucolicamente agradável). Cidade
- Alice Longyu Gao: Assembling Symbols Into My Own Poetry (E mais uma vez a artista chinesa lança um dos grandes EPs do ano. Um repertório variado que percorre pelo hyperpop, art-pop, pop rock e outras ramificações que buscam tensionar o pop. Produção pulsante, caminhos nada ortodoxos, pitadas jazzísticas em algumas canções e composições carismáticas alimentam essa busca. Bem legal). Bird W/O Nest (feat. Danny Brown)
- Allen Hinds: The Good Fight (“Voltei” a “tocar” guitarra. E na semana de empolgação, peguei esse lançamento pra me inspirar. E inspira mesmo. Tremendo timbre, fraseado, solos… Ele é um guitarrista muito maduro e convicto nas suas escolhas. A banda e captação do todo seguem o mesmo padrão de qualidade. Se sua praia for guitarra bem tocada, numa onda fusion nem tão cabeçudo, vá em frente). Tempest In A Teapot
- Allie X: Girl With No Face (Um discão de synthpop com cara de 2024. Isso porque a produção soa moderna dentro de um contexto de composições que remetem a Soft Cell, Kraftwerk, Madonna e Lady Gaga. É uma bela mistura. Muitas faixas têm uma força pop tão grande que parece que sempre existiram. Bons timbres, batidas pulsantes e performances vocais carismáticas. Não tem erro. Até a capa é interessante). Off With Her Tits
- Amaro Freitas: Y’Y (Mais uma vez o pianista brasileiro mostra todo seu potencial, aqui se jogando em experimentações sônicas que não necessariamente estão presentes no universo do jazz. Há muita exploração do ritmo e até mesmo de ruídos (extraídos do piano preparado). Tudo isso para criação de ambientes que retratam seu contato com comunidades amazônicas. Em seu disco mais difícil, curiosamente veio o maior prestígio internacional). Dança dos Martelos
- Amyl And The Sniffers: Cartoon Darkness (É muito legal ver como a banda tem conseguido grande alcance com seu punk rock garageiro e voraz. O repertório é meio irregular, sendo muito mais interessante quando partem para canções intensas. Guitarras altas, a personalidade da Amyl… tem aquela força que eles aparentam ter em cima do palco. Já as faixas mais contidas, com ecos de Blondie, por mais que tragam dinâmica ao disco, não soam tão exitosas. Mas o saldo é positivo). Pigs
- André Mehmari: Sombra e Luz (Esse brilhante pianista brasileiro joga luz ao trabalho composicional do Marcelo Tupinambá em versões (algumas inéditas) lindíssimas, de virtuosismo inerente ao tocar e não ao exibicionismo. Muito bem captado. Uma beleza de fácil assimilação até para aqueles que não ligados a música erudita (meu caso). Recomendo ouvirem juntos com seus filhos(as)). Segredos de Mãe D’Água
- Anna Prior: Almost Love (EP da integrante do Metronomy. A exuberância noturna retratada na capa se estende pelas canções e produção, uma abordagem glamourosa/libidinosa de um pop eletrônico dançante. Tem muito de house e, até mesmo techno, mas embalando em composições mais convencionais. Eu gosto muito). Fall Back
- Apathy: Connecticut Casual: Chapter 2 (Embora veterano na cena, esse rapper americano chegou até mim somente agora. E eu gostei muito do seu som. Não tem nada de contemporâneo, soando na realidade uma amostra exitosa do rap feito na virada do milênio, onde o flow/lirismo tão contido quanto sagaz é alimentado por ótimas batidas. Samples de soul e jazz preenchem todo o disco, dando um clima pulsante e convidativo. Ótima mixagem. Repertório muito regular. Recomendado principalmente para os fãs mais old school do gênero). Eazy $
- Ariana Grande: eternal sunshine (Se no álbum anterior a Ariana estava desfrutando dos prazeres carnais da vida, aqui ela voltou a se deparar com as frustrações, o que sempre é um chamariz para canções mais pessoais e memoráveis. Somado a isso temos uma produção robusta e cristalina, que transita pelo pop e r&b contemporâneo via instrumentos eletrônicos brilhantemente arranjados. Fora que ela é uma cantora muito acima da média (em interpretação, em ideias melódicas, ao pensar as dobras vocais). Nem tudo é ouro, mas tudo é luxuoso). true story
- Arthur Joly: Robot Reggae 2 (Conheço o Arthur Joly do Instagram. Ele é um mago dos sintetizadores no Brasil. Vi que ele lançou um disco de reggae tocado em sintetizadores e, confesso, que fui ouvir sem grande expectativa, achando que era mais algo na brincadeira, por onda. Talvez até seja, mas o resultado é digno de um dos trabalhos instrumentais mais legais do ano. De reggae é até injusto eu falar porque não acompanho o gênero, mas honestamente não lembro de algo produzido no Brasil nos últimos 5 anos mais legais que isso. É simpático, agradável, dançante e muito bem produzido. Tem um colorido, um frescor… é massa. Vale dizer que são só 6 musiquinhas, não passa de 20 minutos, então não tem o porquê de não dar uma chance. Vou nem botar faixa destaque).
- Baco Exu do Blues: FETICHE (É aquela coisa: ele é jovem, baiano, tá cheio da grana e, ainda por cima, entrou no shape. Deve tá transando que nem maluco! Com isso, é justo que sua música retrate suas vivências. Tem aquele clima (e textos) que exalam sexualidade, algo comum dentro da soul music e que aqui gera momentos interessantes abordando essa temática no rap brasileiro (sem pudor, mas sem ser tão raso). 7 musiquinhas, 20 minutinhos, feito na medida inclusive pra vocês sabem o quê. Boa produção). tanta inveja
- BADBADNOTGOOD: Mid Spiral: Chaos / Order / Growth (O já aclamado grupo em três relativamente longos EP’s que formam uma trilogia. O primeiro soa bem lounge, criando paisagens nem tão instigantes, mas agradáveis. O segundo é mais jazzisticos, flertando com o funk e, até mesmo, com a música brasileira (vide “Juan’s World” e “Sétima Regra”), sempre com muito groove e ótimos improvisos. O derradeiro EP é um desfecho belíssimo que transita entre o jazz e o soul, mais uma vez com ótimas performances, timbres acolhedores e bons arranjos) Playgroup
- Beak>: >>>> (Muito próximo do lançamento do disco da Beth Gibbons, saiu o novo álbum do Beak>, projeto do Geoff Barrow. Confesso que ouvi com mais entusiasmo, o que não necessariamente quer dizer que seja “melhor”. Apenas me interesso mais por essa sonoridade viajante que mistura psicodelia e krautrock. As canções crescem de maneira envolvente, cobertas por timbres primorosos de sintetizadores, boas melodias vocais, linhas de baixos penetrantes e ritmos hipnóticos. É a maior onda). Strawberry Line
- Beth Gibbons: Lives Outgrown (Todos amaram - pintou em diversas listas de melhores do ano -, mas sendo honesto comigo mesmo, não posso dizer que foi o meu caso. Longe de ter achado ruim. Na verdade considero um belíssimo registro de uma compositora madura em seu, finalmente, primeiro disco solo. Todavia, a sobriedade interpretativa (com aquela voz frágil maravilhosa) e dos arranjos (delicadamente exuberantes), somado ao ritmo lento das canções, não dão espaço para grandes catarses, o que frustrou meus ouvidos imaturos. O tema da morte é tratado com a seriedade poética cabível, sem afetação, sem deslumbre, sem emoção exacerbada. Vale dizer que o trabalho traz como parceiro o Lee Harris (baterista do Talk Talk). Para ouvir, reouvir e, quem sabe, aprender a amar com o tempo). Burden Of Life
- Beyoncé: Cowboy Carter (Em seu disco dedicado a country music*, a cantora mais uma vez conquista enorme êxito, dessa vez com destaque para sua abordagem vocal, de arranjos, melodias e interpretações arrasadoras. Foi um acerto reforçar a grandiosidade de timbres orgânicos, não descaracterizando a estética aqui abordada, mas também acentuando o elemento pop do trabalho da Beyoncé. Neste sentido, pessoas mais puristas em sonoridades rockeiras podem se surpreender positivamente com esse disco (“ALLIGATORS TEARS” tem mais de Led Zeppelin que qualquer droga do Greta Van Fleet). Disco com canções memoráveis e agradável evolução (embora aquele miolo com Miley e Malone seja fraquinho). De imperdoável, só a capa, que por mais que faça sentido, em tempo de OTAN e sionismo financiado pelo governo norte-americano, é um vexame total. Vale ainda lembrar que em “SPAGHETTII” ela sampleou o DJ O Mandrake. *Me espanta o fato de uma artista preta causar tanto burburinho por produzir um material de música country (também por um direcionamento dela própria, que por todo o disco tenta “justificar” seus motivos, como se assim precisasse). Poxa, as vezes parece que o pessoal não conhece sequer o trabalho do Ray Charles). II HANDS II HEAVEN
- BIG BRAVE: A Chaos Of Flowers (Com canções (e drones) vagarosos e saturados, o grupo cria um cenário densamente apaziguador. As texturas geradas com as guitarras são impressionantes. Um controle absurdo de distorções volumosas, feedbacks domáveis e frequências baixas. Isso tudo enquanto a vocalista traz o grupo para o campo do acessível através de uma melódica e linda voz. É como se a PJ Harvey lançasse um disco com o Earth. O resultado são ótimas canções criativamente estruturadas). not speaking of the ways
- Bill Ryder-Jones: lechyd Da (Meu contato com a obra do artista não tinha sido dos melhores. Mas fui ouvir esse disco de cabeça aberta e achei que ele evoluiu muito enquanto compositor. Seu trabalho é ultra sensível e parece calcado exclusivamente na beleza. Ele usa artifícios da música folk, chamber pop, rock alternativo e progressivo para chegar aonde espera. Sua voz rouca, de interpretação contida, funciona brilhantemente. Melhor ainda são os arranjos, de tom quase épico). This Can’t Go On
- Billy Morrison: The Morrison Project (Não sabia que o Billy Morrison tinha tanto prestígio, mas ele conseguiu trazer pro seu disco participações do Ozzy, Al Jourgensen, Corey Taylor, Steve Vai, John 5, além dos seus parceiros Steve Stevens e Billy Idol. O resultado é um álbum pesado, com sons “modernos” que trazem um aperfeiçoamento sônico dentro da estética do metal industrial e hard rock. Não são das composições mais criativas, mas as ótimas performances, o destaque as guitarras e os músicos envolvidos fazem do disco um passatempo divertido e vigoroso). Incite The Watch
- Black Pantera: PERPÉTUO (Confesso não ter gostado do álbum anterior do grupo (que muitos adoraram). Todavia, ouvi com alegria esse disco. Acho que eles evoluíram bastante composicionalmente, fugindo de alguns estereótipos do metal e hardcore, soando mais abrangente. Eles incorporam ao som pesado elementos do rock nacional noventista e do rap. As letras melhoraram (ainda abordando temas relacionados a igualdade racial e orgulho preto), tem mais ganchos melódicos (com direito a bons refrões), baixos encorpados e riffs bacanas. Só a produção que acho que poderia soar mais orgânica. A capa é excelente). PROVÉRBIOS
- Blu & Evidence: Los Angeles (O Blu mantém a constância em mais um ótimo disco, que alimenta o cenário narrativo do hip hop de LA. Os beats são consistentes, mas o destaque mesmo são seus versos de flow instigante. Sem deslizes). LA Traffic
- Blu & Exile: Love (The) Ominous World (A prova de que é possível ser consistente, musical e rico, sem precisar soar cabeçudo. Num mundo em que o rap flerta com o vanguardismo, aqui a dupla recorre a ótimos beats, samples primorosos e ao flow delicioso do Blu pra elaborar um trabalho acima de qualquer suspeita para os fãs de rap e, ainda assim, convidativo para qualquer um). Chucks
- Bring Me The Horizon: POST HUMAN: NeX GEn (Eu sempre penso com a cabeça de um adolescente quando vou ouvir os discos do BMTH. E acho isso importante para compreender o direcionamento e o alcance que a banda tomou. Sua fusão de metalcore, new metal, emocore e pop está aqui acentuada para todos os lados, o que gera um disco curiosamente versátil e impactante (ao menos para mim, muitos fãs detestaram).. A produção é tão saturada, sintética e milimetricamente pensada que parece feita somente com VST’s, o que, neste caso, por mim seria até mais interessante. As canções são pesadas, melódicas, ganchudas e consistentes. Num universo em que o rock ou é retrô ou alternativo, eles acharam uma brecha estética e mercadológica poderosa. A melhor banda de pop metal desde o Def Leppard (embora nada semelhantes, que fique claro)). AmEN!
- Brittany Howard: What Now (Em seu segundo disco solo, a artista volta a apresentar (e lapidar) sua visão psicodélica do r&b (inclusive, em sua totalidade, trazendo referências setentistas, noventistas e contemporâneas). Sua voz continua excelente (em timbre e performance) e a produção é ainda mais colorida, detalhista e cristalina. Disco belo, divertido e viajante. Longe do invencionismo besta, mas claramente apontando pro futuro). Prove It To You
- Bruno Berle: No Reino dos Afetos 2 (Com uma voz deliciosa, de sotaque alagoano, o artista passeia por um repertório que funde MPB com r&b dentro de uma estética contemporânea/indie. Tudo arranjado e produzido de maneira adorável. Tem momentos à la Caetano do final da década 70’s, pitadas de Jorge Ben, de Mundo Livre, Boogarins e muita personalidade. Bem legal e variado). Margem do Céu
- Burial: Dreamfear / Boy Sent From Above (O lendário produtor de dubstep trocou de gravadora e em sua nova casa se viu inspirado a produzir como há tempos não fazia. São duas faixas longas, divertidas, pulsantes, com texturas e uma forma que parece recortes de pura inspiração).
- Burrice Precoce: Mastigador de Dentes (Cheguei nesse disco por acaso, sendo que o nome do grupo e do EP me manteve nele. É uma banda de Jundiai. É um crust esquisitão, com liberdade composicional para tomar rumos improváveis. Eu gosto. Bom achado pra que curte hardcore). Rancor
- Cäbränegrä: Karoshi (Grupo brasileiro que promove um atropelo com seu grind/crust/powerviolence imundo, caloroso e de letras indecifráveis (embora cantado em português). Tem uns riffões. Ótima performance e produção. Sem espaço para massagem). Vá e Veja
- Caixão: Entre O Velho Tempo Futuro (Vi esse disco em alguma lista de melhores do ano e fui ouvir esperando uma banda de metal. Surpresa minha me deparar com um grupo fazendo um heavy-rock setentista, que inclusive remete ao tão desvalorizado rock nacional do período. Percebe-se que a produção é barata, o que interfere no poder de fogo do disco. Ao mesmo tempo é interessante essa sonoridade “limpa e falsamente suja”. Gosto dos riffs bluesy, gosto dos elementos psicodélicos, prefiro quando cantam em português. As performances são bastante “contidas” para um grupo com possíveis referências tão rockeiras. Embora com com poréns, dentro da contemporaneidade, eles soam com personalidade). Aniversários dos Mágicos
- Cameron Winter: Heavy Metal (O vocalista do Geese num disco que consegue soar estranhíssimo mesmo com poucos elementos. Parece uma junção de Van Morrison com Daniel Johnston. Um tipo de música folk calcada em composições que são um surto de pensamentos. Isso alinhado a uma vocalização singular. Apesar da esquisitice, tem sua beleza). $0
- Cátia de França: No Rastro de Catarina (Eu, assim como tantos, conheço a Cátia de França somente pelo seu cultuado (e ótimo) disco Vinte Palavras ao Redor do Sol. Fiquei muito feliz de ouvir um trabalho novo dela. Sua voz, aos 77 anos, se reserva o direito de soar adorável em sotaque paraibano e firme ao entoar os ótimos textos. Adorei a força do instrumental, que equilibra elementos de música nordestina, psicodelia (também nordestina, com aquele encontro maravilhoso de violas e guitarras) e reggae. Tudo muito bem arranjado, tocado e mixado. De aquecer o coração e a mente). Fênix
- Céu: Novela (Provavelmente o disco que mais gostei dela desde o longínquo Vagarosa. É também o álbum que melhor se comunica com o “gosto internacional”. Isso porque a “brasilidade” foge das esterioripais do groove, trazendo balanço em meio a lindos arranjos de cordas (sob direção do Adrian Younge), melodias aconchegantes e uma voz mais sóbria da Céu. Adoro a produção, meio espaçada, orgânica e saturada. Ao que consta ele tem muito de uma captação ao vivo, com todos se olhando, o que traz esse caldo. Talvez por isso, como há muito tempo, deu vontade de assistir ao show dela). Raiou
- Charly Garcia: La Lógica del Escorpión (Ele tá velhinho (pra não dizer “só o bagaço”) e não é dos discos mais inspirados, mas entendo o clamor que teve por parte de seus fãs. É o herói do rock argentino não cedendo a nenhum modismo, transparecendo as ranhuras da vida num bom disco de rock n’ roll. De quebra, David Lebón, Pedro Aznar, Fito Paez e, até mesmo, um registro do Spinetta somam-se à obra pra trazer mais luz. É o suficiente). El Club de los 27
- Chat Pile: Cool World (Eu gostei tanto do álbum anterior que não vou mentir que rolou uma frustração aqui. Isso porque eles lapidaram/domaram as composições, soando um “sludge acessível” e, por isso, a mim menos interessante. O peso grave, quase embolado, ainda tá lá. Isso traz o elementos caótico que tão bem combina com a distopia narrativa. Embora inferior ao que haviam feito, é bacana). I Am A Dog Now
- Cheekface: It’s Sorted (Ainda mais criativo e divertido que o álbum anterior, aqui o grupo ganha personalidade em canções humoradas, ritmicamente contagiantes (meio Talking Heads) e sem a seriedade tão pedante do indie rock. Tem um humor/caipirice na interpretação vocal que é muito legal. Pra ouvir sorrindo, intrigado e dançando). The Fringe
- Chelsea Wolfe: She Reaches Out To She Reaches Out She (Disco feito em parceria do produtor Dave Sitek. Há um enfoque maior em produções eletrônicas que abraçam o industrial e darkwave. O resultado é sólido e denso, mas também atmosférico e inebriante. Não é para todos os dias). House Of Self-Undoing
- Chico Bernardes: Outros Fios (Juro que fui ouvir sem saber que ele é irmão do Tim Bernardes, mas bastou o cantar algumas notas para a sonoridade fazer eu me atentar ao seu sobrenome. Quem gosta da carreira solo do líder do Terno vai embarcar nesse disco também. Segue a mesma linha bucólica e bela, tanto na performance, quanto na singeleza dos arranjos e composições. É verdade que por vezes soa “caído” demais, mas por vezes é esse o nosso humor). Até Que Enfim
- Chief Keef: Almighty So 2 (Já experiente, Chief consolida o drill através de uma produção estrondosa. Se eu falar que não tem escorregadas eu tô mentindo, mas ao mesmo tempo há uma evolução no álbum que sempre proporciona um arrebatamento através do flow ganchudo e voraz. A produção é muito boa, gerando graves robustos e uma certa sonoplastia impressionante. Uma dúvida: ele usa o som de escapamento de motocicletas (Harley-Davidson?) na construção de alguns beats? Parece, vide “Grape Trees”). 1,2,3
- Chris Potter, John Patitucci, Brian Blade, Brad Mehldau: Eagle’s Point (Viu a escalação? É um esculacho. Se alguém botar como disco do ano, não me atrevo a questionar. É o jazz em plena forma através de ótimas e maduras performances, seja na construção dos temas, seja no desenvolvimento dos improvisos. Todos muito maduros musicalmente. Impecavelmente captado. Sem erro). Eagle’s Point
- Christopher Owens: I Wanna Run Barefoot Through Your Hair (O maluco do Girls, após anos sem lançar nada, me surge com um punhado de boas canções, que transitam entre o indie rock e o pop rock. Gosto como todas parecem evoluir para água livre, carregadas de guitarras bem tocadas e uma singeleza de “homem triste”. Boa produção). Beautiful Horses
- Cigarras: Fumódromo (As composições não são nada demais. Na verdade são até bobinhas. Todavia, gosto da proposta de quatro garotas fazendo um rock n’ roll fuleiro com atitude punk. Adoro também o destaque dado às guitarras. Tem humor, tem uma breguice, tem sua graça. Saiu num vinil caprichado, o que mostra também uma tentativa bem vinda de se desenvolver no cenário alternativo). Mandrágora
- Cindy Lee: Diamond Jubilee (Cindy Lee é o alter ego drag do canadense Patrick Flegel, que fez burburinho no cenário alternativo via o grupo Women. Mas com esse disco ele(a) foi ainda mais longe, o que gerou expectativas em mim não necessariamente correspondidas. Problema meu, já que o disco é ótimo, trazendo diversos elementos do rock sessentista de forma genuína. Tem a sujeira, a garageira, a psicodelia e a doçura pop de grupos como Velvet Underground. Tudo diante de captação e performances tão cruas quanto deliciosas. Se me dissessem que é um material perdido de uma banda dos anos 60 eu acreditaria. Adorei as guitarras. O repertório é extenso (32 músicas, um problema) e variado (ainda bem). Uma viagem que vale a pena embarcar. Adorei a capa. Vale dizer que o disco não foi lançado em formato físico e nem está presente nas plataformas de streaming (ao menos não até então), mas é fácil encontrar no YouTube). Glitz
- Civerous: Maze Envy (Um tijolo em forma de death metal, que de tão pesado em alguns momentos chega ao clima claustrofóbico do black metal. Vocais imundos e guitarras altas dominam esse que é um dos discos mais pesados do ano. As composições são longas e muitas vezes tomam rumos improváveis (ora até “sinfônico”), com certa ambição que tão bem faz o metal extremo). Maze Envy
- Clairo: Charm (A jovem cantora parece amadurecer tanto em seus dilemas quanto em sonoridade. O segundo aspecto se deve em grande parte a parceria do Leon Michels, que trouxe elementos arrojados de soft rock para o que antes era um bedroom pop. Adorei a cristalinidade dos arranjos e da produção. Seu canto singelo casou perfeitamente nessa abordagem). Terrapin
ABAIXO ESTÁ O BOJO DA LISTA. SÃO OS ÁLBUNS QUE OUVI PARA CHEGAR AOS MEUS PREDILETOS. CLIQUE NO MAIS INFORMAÇÕES CASO SE INTERESSAR.
TAMBÈM SEPAREI UMA BREVE SEÇÃO PARA FILMES DE MÚSICA.
SEPAREI ENTRE "BONS" (6-8), "MEDIANOS" (4-6) E "RUINS" (0-4)
DESTAQUES EM NEGRITO.
DESTAQUES EM NEGRITO.
- 21 Savage: american dream (Embora não seja dos mais interessados em trap, gostei do que ouvi aqui. A primeira metade é estrondosa, com ótimas produções e faixas energéticas. Na metade final o disco toma um rumo mais pop/r&b que, embora não faça a minha cabeça, me soou extremamente exitoso na proposta, inclusive trazendo variedade ao trabalho. As participações também ajudam nesse sentido. Bom álbum que não necessariamente revisitarei). redrum (atenção para seu início).
- Adeem The Artist: Anniversary (De sonoridade tão orgânica quanto lapidada, esse artista volta a comprovar que a música country ainda pode proporcionar grandes canções. Tudo muito bem arranjado e interpretado precisamente com as características formais do estilo. A variação de momentos acústicos para outros de alt-country dá dinâmica ao disco. Trabalho excelente de guitarras e violões). Wounded Astronaut
- Adorável Clichê: sonhos que nunca morrem (Naquela mesma praia do dream pop/shoegaze que parece estar nos holofotes do rock alternativo brasileiro via Terraplana, esse grupo de Blumenau também equilibra momentos suaves e graciosos com eteriedades guitarristicas típicas dos gêneros. Nada de novo, mas tudo muito bem feito. Confesso não ser dos maiores adeptos das fragilidades tanto líricas quanto vocais, mas isso é uma questão pessoal que não depõe contra as canções). as coisas mudam pra melhor
- Adrianne Lenker: Bright Future (Tem que ser muito exitoso pra prender minha atenção num disco folk/country, de arranjos enxutos e cantando em inglês. Mas a Adrianne vive um momento inspirado. Gosto como a produção fica entre o lo-fi e a simples crueza orgânica bem captada. Tem cada violão! Não há excessos. Em meio a letras confessionais e interpretações sinceras, o disco se desenvolve cheio de pontos altos composicionais). No Machine
- A. G. Cook: Britpop (3 discos reunidos em 1. O primeiro (que foi o que mais gostei) um hyperpop menos “fácil” e mais abusado na escolha de timbres, soando corrosivo e pulsante. O segundo relembra que o A. G. Cook é um bom compositor de canções, ainda que sua inquietação leve sempre a caminhos não convencionais. O terceiro junta as duas propostas em faixas estranhamente convidativas. Devido a longa duração, ouvi-los como peças individuais pode ser interessante). Prismatic
- Agriculture: Living Is Easy (EPzinho de pouco mais de 15 minutos (2 faixas e 2 vinhetas). É uma paulada de black metal/blackgaze que não se restringe ao gênero, incorporando levemente elementos de hard rock e alternativo. A produção é pesada e nítida. As performances são cheias de energia. É mais que o suficiente. Gostei bastante. Banda pra ficar de olho). Living Is Easy
- Alaíde Costa: E o Tempo Agora Quer Voar (Prestes a completar 90 anos, Alaíde dá continuidade aos seu bonito trabalho recente com uma mais uma pérola. A instrumentação é delicada, abrindo espaço para arranjos tão detalhados quanto enxutos. Na frente, a voz da Alaíde, falha pelo tempo, afinada pelo tempo, singela com o tempo. Belas e emotivas interpretações. Um disco aconchegante e de bom gosto). Ata-me
- Al Di Meola: Twentyfour (Já adianto que esse álbum não apresenta nenhum grande brilhantismo ou diferencial dentro da discografia do Al Di Meola. E isso até me frustrou, visto que, por ser um trabalho lançado após um problema de saúde que quase tirou sua vida, imaginei ele partindo para um novo caminho. Dito isso, o que se escuta é o bom o suficiente pra não dar pra falar mal. Seu violão “flamenco tocado com palheta” é técnico e belo. Em algumas faixas ele ainda combina o som acústico com sua guitarra, nessa hora sempre inserindo um tempero latino. Amante que sou das seis cordas, ouço com gosto e atenção, mas não posso dizer que é convidativo para todos). Ava’s Dance In The Moonlight
- Ale Sater: Tudo Tão Certo (O último disco do Terno Rei foi dos mais escutados aqui em casa, em família, durante a pandemia, de modo que criou em mim uma certa expectativa do que eles viriam a fazer. Na real não ó em mim, já que a banda deu uma bombada. E a expectativa ainda existe, porque o Ale Sater decidiu lançar sua estreia em álbum solo. Sonoramente nem é tão diferente do que ele faz em banda. Talvez mais orgânico, mais enxuto, mais acústico… agora, certamente é muito mais pessoal. E ele é um bom letrista, que despretensiosamente, dentro até de um contexto de pop rock, soa bastante profundo. Tem algo de Jeff Buckley nisso (com uma voz menos poderosa, ainda que bonita e com esmero nos arranjos e concepção). Adorei a produção (tão cristalina quanto “rústica”), os caminhos harmônicos, é um disco bucolicamente agradável). Cidade
- Alice Longyu Gao: Assembling Symbols Into My Own Poetry (E mais uma vez a artista chinesa lança um dos grandes EPs do ano. Um repertório variado que percorre pelo hyperpop, art-pop, pop rock e outras ramificações que buscam tensionar o pop. Produção pulsante, caminhos nada ortodoxos, pitadas jazzísticas em algumas canções e composições carismáticas alimentam essa busca. Bem legal). Bird W/O Nest (feat. Danny Brown)
- Allen Hinds: The Good Fight (“Voltei” a “tocar” guitarra. E na semana de empolgação, peguei esse lançamento pra me inspirar. E inspira mesmo. Tremendo timbre, fraseado, solos… Ele é um guitarrista muito maduro e convicto nas suas escolhas. A banda e captação do todo seguem o mesmo padrão de qualidade. Se sua praia for guitarra bem tocada, numa onda fusion nem tão cabeçudo, vá em frente). Tempest In A Teapot
- Allie X: Girl With No Face (Um discão de synthpop com cara de 2024. Isso porque a produção soa moderna dentro de um contexto de composições que remetem a Soft Cell, Kraftwerk, Madonna e Lady Gaga. É uma bela mistura. Muitas faixas têm uma força pop tão grande que parece que sempre existiram. Bons timbres, batidas pulsantes e performances vocais carismáticas. Não tem erro. Até a capa é interessante). Off With Her Tits
- Amaro Freitas: Y’Y (Mais uma vez o pianista brasileiro mostra todo seu potencial, aqui se jogando em experimentações sônicas que não necessariamente estão presentes no universo do jazz. Há muita exploração do ritmo e até mesmo de ruídos (extraídos do piano preparado). Tudo isso para criação de ambientes que retratam seu contato com comunidades amazônicas. Em seu disco mais difícil, curiosamente veio o maior prestígio internacional). Dança dos Martelos
- Amyl And The Sniffers: Cartoon Darkness (É muito legal ver como a banda tem conseguido grande alcance com seu punk rock garageiro e voraz. O repertório é meio irregular, sendo muito mais interessante quando partem para canções intensas. Guitarras altas, a personalidade da Amyl… tem aquela força que eles aparentam ter em cima do palco. Já as faixas mais contidas, com ecos de Blondie, por mais que tragam dinâmica ao disco, não soam tão exitosas. Mas o saldo é positivo). Pigs
- André Mehmari: Sombra e Luz (Esse brilhante pianista brasileiro joga luz ao trabalho composicional do Marcelo Tupinambá em versões (algumas inéditas) lindíssimas, de virtuosismo inerente ao tocar e não ao exibicionismo. Muito bem captado. Uma beleza de fácil assimilação até para aqueles que não ligados a música erudita (meu caso). Recomendo ouvirem juntos com seus filhos(as)). Segredos de Mãe D’Água
- Anna Prior: Almost Love (EP da integrante do Metronomy. A exuberância noturna retratada na capa se estende pelas canções e produção, uma abordagem glamourosa/libidinosa de um pop eletrônico dançante. Tem muito de house e, até mesmo techno, mas embalando em composições mais convencionais. Eu gosto muito). Fall Back
- Apathy: Connecticut Casual: Chapter 2 (Embora veterano na cena, esse rapper americano chegou até mim somente agora. E eu gostei muito do seu som. Não tem nada de contemporâneo, soando na realidade uma amostra exitosa do rap feito na virada do milênio, onde o flow/lirismo tão contido quanto sagaz é alimentado por ótimas batidas. Samples de soul e jazz preenchem todo o disco, dando um clima pulsante e convidativo. Ótima mixagem. Repertório muito regular. Recomendado principalmente para os fãs mais old school do gênero). Eazy $
- Ariana Grande: eternal sunshine (Se no álbum anterior a Ariana estava desfrutando dos prazeres carnais da vida, aqui ela voltou a se deparar com as frustrações, o que sempre é um chamariz para canções mais pessoais e memoráveis. Somado a isso temos uma produção robusta e cristalina, que transita pelo pop e r&b contemporâneo via instrumentos eletrônicos brilhantemente arranjados. Fora que ela é uma cantora muito acima da média (em interpretação, em ideias melódicas, ao pensar as dobras vocais). Nem tudo é ouro, mas tudo é luxuoso). true story
- Arthur Joly: Robot Reggae 2 (Conheço o Arthur Joly do Instagram. Ele é um mago dos sintetizadores no Brasil. Vi que ele lançou um disco de reggae tocado em sintetizadores e, confesso, que fui ouvir sem grande expectativa, achando que era mais algo na brincadeira, por onda. Talvez até seja, mas o resultado é digno de um dos trabalhos instrumentais mais legais do ano. De reggae é até injusto eu falar porque não acompanho o gênero, mas honestamente não lembro de algo produzido no Brasil nos últimos 5 anos mais legais que isso. É simpático, agradável, dançante e muito bem produzido. Tem um colorido, um frescor… é massa. Vale dizer que são só 6 musiquinhas, não passa de 20 minutos, então não tem o porquê de não dar uma chance. Vou nem botar faixa destaque).
- Baby Rose & BADBADNOTGOOD: Slow Burn (Com uma voz madura na medida (rouca, grave, forte), essa jovem cantora parece de outro tempo. Ainda mais acompanhada do BBNG, que sabe como extrair timbres tão robustos quanto orgânicos. O resultado é um disco cheio de alma. 6 faixas e pouco mais de 20 minutos que revelam o que de melhor foi produzido na soul music/r&b neste ano). Weekness
- Baco Exu do Blues: FETICHE (É aquela coisa: ele é jovem, baiano, tá cheio da grana e, ainda por cima, entrou no shape. Deve tá transando que nem maluco! Com isso, é justo que sua música retrate suas vivências. Tem aquele clima (e textos) que exalam sexualidade, algo comum dentro da soul music e que aqui gera momentos interessantes abordando essa temática no rap brasileiro (sem pudor, mas sem ser tão raso). 7 musiquinhas, 20 minutinhos, feito na medida inclusive pra vocês sabem o quê. Boa produção). tanta inveja
- BADBADNOTGOOD: Mid Spiral: Chaos / Order / Growth (O já aclamado grupo em três relativamente longos EP’s que formam uma trilogia. O primeiro soa bem lounge, criando paisagens nem tão instigantes, mas agradáveis. O segundo é mais jazzisticos, flertando com o funk e, até mesmo, com a música brasileira (vide “Juan’s World” e “Sétima Regra”), sempre com muito groove e ótimos improvisos. O derradeiro EP é um desfecho belíssimo que transita entre o jazz e o soul, mais uma vez com ótimas performances, timbres acolhedores e bons arranjos) Playgroup
- Beak>: >>>> (Muito próximo do lançamento do disco da Beth Gibbons, saiu o novo álbum do Beak>, projeto do Geoff Barrow. Confesso que ouvi com mais entusiasmo, o que não necessariamente quer dizer que seja “melhor”. Apenas me interesso mais por essa sonoridade viajante que mistura psicodelia e krautrock. As canções crescem de maneira envolvente, cobertas por timbres primorosos de sintetizadores, boas melodias vocais, linhas de baixos penetrantes e ritmos hipnóticos. É a maior onda). Strawberry Line
- Beth Gibbons: Lives Outgrown (Todos amaram - pintou em diversas listas de melhores do ano -, mas sendo honesto comigo mesmo, não posso dizer que foi o meu caso. Longe de ter achado ruim. Na verdade considero um belíssimo registro de uma compositora madura em seu, finalmente, primeiro disco solo. Todavia, a sobriedade interpretativa (com aquela voz frágil maravilhosa) e dos arranjos (delicadamente exuberantes), somado ao ritmo lento das canções, não dão espaço para grandes catarses, o que frustrou meus ouvidos imaturos. O tema da morte é tratado com a seriedade poética cabível, sem afetação, sem deslumbre, sem emoção exacerbada. Vale dizer que o trabalho traz como parceiro o Lee Harris (baterista do Talk Talk). Para ouvir, reouvir e, quem sabe, aprender a amar com o tempo). Burden Of Life
- Beyoncé: Cowboy Carter (Em seu disco dedicado a country music*, a cantora mais uma vez conquista enorme êxito, dessa vez com destaque para sua abordagem vocal, de arranjos, melodias e interpretações arrasadoras. Foi um acerto reforçar a grandiosidade de timbres orgânicos, não descaracterizando a estética aqui abordada, mas também acentuando o elemento pop do trabalho da Beyoncé. Neste sentido, pessoas mais puristas em sonoridades rockeiras podem se surpreender positivamente com esse disco (“ALLIGATORS TEARS” tem mais de Led Zeppelin que qualquer droga do Greta Van Fleet). Disco com canções memoráveis e agradável evolução (embora aquele miolo com Miley e Malone seja fraquinho). De imperdoável, só a capa, que por mais que faça sentido, em tempo de OTAN e sionismo financiado pelo governo norte-americano, é um vexame total. Vale ainda lembrar que em “SPAGHETTII” ela sampleou o DJ O Mandrake. *Me espanta o fato de uma artista preta causar tanto burburinho por produzir um material de música country (também por um direcionamento dela própria, que por todo o disco tenta “justificar” seus motivos, como se assim precisasse). Poxa, as vezes parece que o pessoal não conhece sequer o trabalho do Ray Charles). II HANDS II HEAVEN
- BIG BRAVE: A Chaos Of Flowers (Com canções (e drones) vagarosos e saturados, o grupo cria um cenário densamente apaziguador. As texturas geradas com as guitarras são impressionantes. Um controle absurdo de distorções volumosas, feedbacks domáveis e frequências baixas. Isso tudo enquanto a vocalista traz o grupo para o campo do acessível através de uma melódica e linda voz. É como se a PJ Harvey lançasse um disco com o Earth. O resultado são ótimas canções criativamente estruturadas). not speaking of the ways
- Bill Ryder-Jones: lechyd Da (Meu contato com a obra do artista não tinha sido dos melhores. Mas fui ouvir esse disco de cabeça aberta e achei que ele evoluiu muito enquanto compositor. Seu trabalho é ultra sensível e parece calcado exclusivamente na beleza. Ele usa artifícios da música folk, chamber pop, rock alternativo e progressivo para chegar aonde espera. Sua voz rouca, de interpretação contida, funciona brilhantemente. Melhor ainda são os arranjos, de tom quase épico). This Can’t Go On
- Billy Morrison: The Morrison Project (Não sabia que o Billy Morrison tinha tanto prestígio, mas ele conseguiu trazer pro seu disco participações do Ozzy, Al Jourgensen, Corey Taylor, Steve Vai, John 5, além dos seus parceiros Steve Stevens e Billy Idol. O resultado é um álbum pesado, com sons “modernos” que trazem um aperfeiçoamento sônico dentro da estética do metal industrial e hard rock. Não são das composições mais criativas, mas as ótimas performances, o destaque as guitarras e os músicos envolvidos fazem do disco um passatempo divertido e vigoroso). Incite The Watch
- Billy Strings: Highway Prayers (Violonista de mão cheia, esse jovem músico reuniu um bom repertório que trafega pelo folk, country rock e bluegrass. Passagens virtuosas ao violão que acompanham boas canções de sonoridade orgânica e tradicional. Adoraria ouvir na estrada). Seven Weeks In Country
- Blackberry Smoke: Be Right Here (O já consagrado grupo de southern rock em mais um lançamento. As principais características ainda estão: boas canções (dentro da proposta), execução perfeita (com muito de country e bluegrass), bem timbrado e bem captado. Como diferencial vale dizer que senti um clima mais contido e, ao mesmo tempo, de irmandade. Fato provavelmente despertado a partir da doença (e posteriormente, da morte) do seu baterista. Esse tipo de sentimento agrega muito valor neste estilo). Don’t Mind If I Do
- Black Dresses: Lauhingfish (Ao que consta, esse é o trabalho derradeiro do duo. Desta forma, não posso negar que haja excessos (são 22 faixas), quase como se elas tentassem entregar todo o material estocado antes de fechar o baú. Nisso saiu algumas pérola do industrial-pop, com aquelas produções corrosivas e performances frenéticas que tanto adoramos. Há também faixas mais convencionais e menos inspiradas, que diminuem o andamento do álbum, mas não ao ponto de deixar de me entusiasmar com as faixas estranhamente electro-punk. Mesmo quando “não funciona” é inventivo). CAT CUP
- Blackberry Smoke: Be Right Here (O já consagrado grupo de southern rock em mais um lançamento. As principais características ainda estão: boas canções (dentro da proposta), execução perfeita (com muito de country e bluegrass), bem timbrado e bem captado. Como diferencial vale dizer que senti um clima mais contido e, ao mesmo tempo, de irmandade. Fato provavelmente despertado a partir da doença (e posteriormente, da morte) do seu baterista. Esse tipo de sentimento agrega muito valor neste estilo). Don’t Mind If I Do
- Black Dresses: Lauhingfish (Ao que consta, esse é o trabalho derradeiro do duo. Desta forma, não posso negar que haja excessos (são 22 faixas), quase como se elas tentassem entregar todo o material estocado antes de fechar o baú. Nisso saiu algumas pérola do industrial-pop, com aquelas produções corrosivas e performances frenéticas que tanto adoramos. Há também faixas mais convencionais e menos inspiradas, que diminuem o andamento do álbum, mas não ao ponto de deixar de me entusiasmar com as faixas estranhamente electro-punk. Mesmo quando “não funciona” é inventivo). CAT CUP
- Black Pantera: PERPÉTUO (Confesso não ter gostado do álbum anterior do grupo (que muitos adoraram). Todavia, ouvi com alegria esse disco. Acho que eles evoluíram bastante composicionalmente, fugindo de alguns estereótipos do metal e hardcore, soando mais abrangente. Eles incorporam ao som pesado elementos do rock nacional noventista e do rap. As letras melhoraram (ainda abordando temas relacionados a igualdade racial e orgulho preto), tem mais ganchos melódicos (com direito a bons refrões), baixos encorpados e riffs bacanas. Só a produção que acho que poderia soar mais orgânica. A capa é excelente). PROVÉRBIOS
- Blu & Evidence: Los Angeles (O Blu mantém a constância em mais um ótimo disco, que alimenta o cenário narrativo do hip hop de LA. Os beats são consistentes, mas o destaque mesmo são seus versos de flow instigante. Sem deslizes). LA Traffic
- Blu & Exile: Love (The) Ominous World (A prova de que é possível ser consistente, musical e rico, sem precisar soar cabeçudo. Num mundo em que o rap flerta com o vanguardismo, aqui a dupla recorre a ótimos beats, samples primorosos e ao flow delicioso do Blu pra elaborar um trabalho acima de qualquer suspeita para os fãs de rap e, ainda assim, convidativo para qualquer um). Chucks
- Bring Me The Horizon: POST HUMAN: NeX GEn (Eu sempre penso com a cabeça de um adolescente quando vou ouvir os discos do BMTH. E acho isso importante para compreender o direcionamento e o alcance que a banda tomou. Sua fusão de metalcore, new metal, emocore e pop está aqui acentuada para todos os lados, o que gera um disco curiosamente versátil e impactante (ao menos para mim, muitos fãs detestaram).. A produção é tão saturada, sintética e milimetricamente pensada que parece feita somente com VST’s, o que, neste caso, por mim seria até mais interessante. As canções são pesadas, melódicas, ganchudas e consistentes. Num universo em que o rock ou é retrô ou alternativo, eles acharam uma brecha estética e mercadológica poderosa. A melhor banda de pop metal desde o Def Leppard (embora nada semelhantes, que fique claro)). AmEN!
- Brittany Howard: What Now (Em seu segundo disco solo, a artista volta a apresentar (e lapidar) sua visão psicodélica do r&b (inclusive, em sua totalidade, trazendo referências setentistas, noventistas e contemporâneas). Sua voz continua excelente (em timbre e performance) e a produção é ainda mais colorida, detalhista e cristalina. Disco belo, divertido e viajante. Longe do invencionismo besta, mas claramente apontando pro futuro). Prove It To You
- Bruno Berle: No Reino dos Afetos 2 (Com uma voz deliciosa, de sotaque alagoano, o artista passeia por um repertório que funde MPB com r&b dentro de uma estética contemporânea/indie. Tudo arranjado e produzido de maneira adorável. Tem momentos à la Caetano do final da década 70’s, pitadas de Jorge Ben, de Mundo Livre, Boogarins e muita personalidade. Bem legal e variado). Margem do Céu
- Burial: Dreamfear / Boy Sent From Above (O lendário produtor de dubstep trocou de gravadora e em sua nova casa se viu inspirado a produzir como há tempos não fazia. São duas faixas longas, divertidas, pulsantes, com texturas e uma forma que parece recortes de pura inspiração).
- Burrice Precoce: Mastigador de Dentes (Cheguei nesse disco por acaso, sendo que o nome do grupo e do EP me manteve nele. É uma banda de Jundiai. É um crust esquisitão, com liberdade composicional para tomar rumos improváveis. Eu gosto. Bom achado pra que curte hardcore). Rancor
- Cäbränegrä: Karoshi (Grupo brasileiro que promove um atropelo com seu grind/crust/powerviolence imundo, caloroso e de letras indecifráveis (embora cantado em português). Tem uns riffões. Ótima performance e produção. Sem espaço para massagem). Vá e Veja
- Caixão: Entre O Velho Tempo Futuro (Vi esse disco em alguma lista de melhores do ano e fui ouvir esperando uma banda de metal. Surpresa minha me deparar com um grupo fazendo um heavy-rock setentista, que inclusive remete ao tão desvalorizado rock nacional do período. Percebe-se que a produção é barata, o que interfere no poder de fogo do disco. Ao mesmo tempo é interessante essa sonoridade “limpa e falsamente suja”. Gosto dos riffs bluesy, gosto dos elementos psicodélicos, prefiro quando cantam em português. As performances são bastante “contidas” para um grupo com possíveis referências tão rockeiras. Embora com com poréns, dentro da contemporaneidade, eles soam com personalidade). Aniversários dos Mágicos
- Céu: Novela (Provavelmente o disco que mais gostei dela desde o longínquo Vagarosa. É também o álbum que melhor se comunica com o “gosto internacional”. Isso porque a “brasilidade” foge das esterioripais do groove, trazendo balanço em meio a lindos arranjos de cordas (sob direção do Adrian Younge), melodias aconchegantes e uma voz mais sóbria da Céu. Adoro a produção, meio espaçada, orgânica e saturada. Ao que consta ele tem muito de uma captação ao vivo, com todos se olhando, o que traz esse caldo. Talvez por isso, como há muito tempo, deu vontade de assistir ao show dela). Raiou
- Charly Garcia: La Lógica del Escorpión (Ele tá velhinho (pra não dizer “só o bagaço”) e não é dos discos mais inspirados, mas entendo o clamor que teve por parte de seus fãs. É o herói do rock argentino não cedendo a nenhum modismo, transparecendo as ranhuras da vida num bom disco de rock n’ roll. De quebra, David Lebón, Pedro Aznar, Fito Paez e, até mesmo, um registro do Spinetta somam-se à obra pra trazer mais luz. É o suficiente). El Club de los 27
- Chat Pile: Cool World (Eu gostei tanto do álbum anterior que não vou mentir que rolou uma frustração aqui. Isso porque eles lapidaram/domaram as composições, soando um “sludge acessível” e, por isso, a mim menos interessante. O peso grave, quase embolado, ainda tá lá. Isso traz o elementos caótico que tão bem combina com a distopia narrativa. Embora inferior ao que haviam feito, é bacana). I Am A Dog Now
- Cheekface: It’s Sorted (Ainda mais criativo e divertido que o álbum anterior, aqui o grupo ganha personalidade em canções humoradas, ritmicamente contagiantes (meio Talking Heads) e sem a seriedade tão pedante do indie rock. Tem um humor/caipirice na interpretação vocal que é muito legal. Pra ouvir sorrindo, intrigado e dançando). The Fringe
- Chelsea Wolfe: She Reaches Out To She Reaches Out She (Disco feito em parceria do produtor Dave Sitek. Há um enfoque maior em produções eletrônicas que abraçam o industrial e darkwave. O resultado é sólido e denso, mas também atmosférico e inebriante. Não é para todos os dias). House Of Self-Undoing
- Chico Bernardes: Outros Fios (Juro que fui ouvir sem saber que ele é irmão do Tim Bernardes, mas bastou o cantar algumas notas para a sonoridade fazer eu me atentar ao seu sobrenome. Quem gosta da carreira solo do líder do Terno vai embarcar nesse disco também. Segue a mesma linha bucólica e bela, tanto na performance, quanto na singeleza dos arranjos e composições. É verdade que por vezes soa “caído” demais, mas por vezes é esse o nosso humor). Até Que Enfim
- Chief Keef: Almighty So 2 (Já experiente, Chief consolida o drill através de uma produção estrondosa. Se eu falar que não tem escorregadas eu tô mentindo, mas ao mesmo tempo há uma evolução no álbum que sempre proporciona um arrebatamento através do flow ganchudo e voraz. A produção é muito boa, gerando graves robustos e uma certa sonoplastia impressionante. Uma dúvida: ele usa o som de escapamento de motocicletas (Harley-Davidson?) na construção de alguns beats? Parece, vide “Grape Trees”). 1,2,3
- Chris Potter, John Patitucci, Brian Blade, Brad Mehldau: Eagle’s Point (Viu a escalação? É um esculacho. Se alguém botar como disco do ano, não me atrevo a questionar. É o jazz em plena forma através de ótimas e maduras performances, seja na construção dos temas, seja no desenvolvimento dos improvisos. Todos muito maduros musicalmente. Impecavelmente captado. Sem erro). Eagle’s Point
- Christopher Owens: I Wanna Run Barefoot Through Your Hair (O maluco do Girls, após anos sem lançar nada, me surge com um punhado de boas canções, que transitam entre o indie rock e o pop rock. Gosto como todas parecem evoluir para água livre, carregadas de guitarras bem tocadas e uma singeleza de “homem triste”. Boa produção). Beautiful Horses
- Cigarras: Fumódromo (As composições não são nada demais. Na verdade são até bobinhas. Todavia, gosto da proposta de quatro garotas fazendo um rock n’ roll fuleiro com atitude punk. Adoro também o destaque dado às guitarras. Tem humor, tem uma breguice, tem sua graça. Saiu num vinil caprichado, o que mostra também uma tentativa bem vinda de se desenvolver no cenário alternativo). Mandrágora
- Cindy Lee: Diamond Jubilee (Cindy Lee é o alter ego drag do canadense Patrick Flegel, que fez burburinho no cenário alternativo via o grupo Women. Mas com esse disco ele(a) foi ainda mais longe, o que gerou expectativas em mim não necessariamente correspondidas. Problema meu, já que o disco é ótimo, trazendo diversos elementos do rock sessentista de forma genuína. Tem a sujeira, a garageira, a psicodelia e a doçura pop de grupos como Velvet Underground. Tudo diante de captação e performances tão cruas quanto deliciosas. Se me dissessem que é um material perdido de uma banda dos anos 60 eu acreditaria. Adorei as guitarras. O repertório é extenso (32 músicas, um problema) e variado (ainda bem). Uma viagem que vale a pena embarcar. Adorei a capa. Vale dizer que o disco não foi lançado em formato físico e nem está presente nas plataformas de streaming (ao menos não até então), mas é fácil encontrar no YouTube). Glitz
- Civerous: Maze Envy (Um tijolo em forma de death metal, que de tão pesado em alguns momentos chega ao clima claustrofóbico do black metal. Vocais imundos e guitarras altas dominam esse que é um dos discos mais pesados do ano. As composições são longas e muitas vezes tomam rumos improváveis (ora até “sinfônico”), com certa ambição que tão bem faz o metal extremo). Maze Envy
- Clairo: Charm (A jovem cantora parece amadurecer tanto em seus dilemas quanto em sonoridade. O segundo aspecto se deve em grande parte a parceria do Leon Michels, que trouxe elementos arrojados de soft rock para o que antes era um bedroom pop. Adorei a cristalinidade dos arranjos e da produção. Seu canto singelo casou perfeitamente nessa abordagem). Terrapin
- Clarence Clarity: VANISHING ACT III: ULTIMATE REALITY (Vou partir do pressuposto que pra um disco ser bom, ele não precisa necessariamente cair no gosto (no sentido de despertar motivação para novas audições), mas sim soar exitoso na proposta. É o caso aqui. É um pop moderno que não faz minha cabeça, mas que durante a audição, várias canções (nem todas) iam tomando caminhos ambiciosos de produção/arranjo, colorindo e criando texturas interessantes. De certo modo, daria até pra ver o Prince produzindo algo do tipo se ele decidisse se jogar na contemporaneidade (afirmação ousada da minha parte). Se você gosta de pop além das obviedades, escute e tire suas próprias conclusões. Mas escute atento às nuances). The Greatest Living Musician, Found Dead
- Colin Stetson: The love it took to leave you (O tipico álbum que gosto de ouvir antes de dormir. E olha que ele é bem dark. Mas gosto dos caminhos que ele percorre, funcionando como um filme sonoro, embora nesse caso o roteiro imaginado por mim seja de um homem furando e adentrando uma rocha. É o que esse disco parece! Os timbres distorcidos e, até mesmo, a concepção do Colin Stetson é muito criativa, usando seu sax em momentos quase como um instrumento rítmico, que confunde jazz, música eletrônica, música minimalista e drone. Nem todos vão embarcar, em nem todo momento ele se encaixa, mas suas texturas sônicas são de grande potência). The Six
- Couch Slut: You Could Do It Tonight (Um disco de noise rock tão barulhento (em timbres e performance) que flerta com crust, black metal e sludge. O resultado é vibrante, até mesmo por abordar questões sociais nas letras que deixa o trabalho pesado com motivação). Energy Crystals For Healing
- Crizin da Z.O.: Acelero (Não conhecia esse projeto, mas gostei muito desse disco. Inclusive ele pode atenuar o preconceito que muitos ainda têm com o funk, já que traz as produções inventivas e pesadas do estilo num formato electro/industrial mais palatável (e, nem por isso, soando uma diluição). Canções energéticas e cheias de carisma. Iggor Cavalera e Saskia participam do disco). Festa da Carne
- CRONE & Noein: Scientia Vitae (Não me peça para dizer em qual subgênero da música eletrônica isso se enquadra (embora eu tenha reconhecido elementos de hard techno e psytrance), o que sei é que me envolvi com as 4 longas faixas aqui presentes. Seu ritmo e fluxo hipnótico, perfeito para raves, funciona também em disco. Acelerado, pesado, bem estruturado e conduzido. Era apenas pra me animar na academia, mas adorei como um todo). Apoplexia
- Curumin: Pedra de Selva (O Curumin é desses caras tão ativos que nem parece que ele ficou 7 anos sem um disco de inéditas. Aqui mais uma vez ele situa a música brasileira na contemporaneidade, trazendo referências tradicionais da música popular, explorando ritmos brasileiros como poucos (dá pra dizer que ele é um especialista nesse sentido), um texto que só poderia ter sua raiz aqui, mas também timbres/montagens/produções eletrônicas (em “Passáro sangue” isso é gritante) fazendo uma ponte temporal da canção popular com o mundo. Mas nada adiantaria toda essa análise fria se as canções em si não tivessem sua força, colorido, paixão e riqueza verdadeiramente atraente. Se a primeira metade é bem explosiva em suas qualidades, a segunda parte traz canções mais melódicas, com balanço e, até mesmo, “pop”. Eu gosto deste equilíbrio). Estado de choque
- David Gilmour: Luck And Strange (Eu adoro o Gilmour. Ele é daqueles caras de tanto bom gosto (melódico, timbristico, interpretativo) que bastou ele pegar uma guitarra e eu já me interesso. Aqui mais uma vez isso fica claro. Honestamente nem considero das composições mais inspiradas dele, mas sua voz e guitarra estão lá e eu estou junto, com sorriso no rosto e estado de graça). A Single Spark
- Dead Fish: Labirinto da Memória (Após um disco centrado na ascensão da extrema direita, o já veterano grupo volta com um repertório mais variado, pessoal e, de certa forma, leve. Continuo gostando dos caminhos melódicos e instrumentais que a banda propõe dentro do hardcore nacional. Todavia, confesso que achei que faltou “calor” e “brilho” na mixagem. Mais um bom disco do grupo). 49
- death’s dynamic shroud & galen tipton: You Like Music (Uma parceria que só vem para acentuar a qualidade que ambos têm separadamente: a de fazer música eletrônica estranha e frenética. O mais incrível é que no meio dessa estranheza há uma doçura quase bubblegum. Os ritmos são epilépticos, mas também divertidos. Gosto das texturas, dos timbres e da evolução do disco. Pouco mais de 30 minutos de euforia sintética). Herobrine Shell 2049
- Deize Tigrona: NÃO TEM ROLÊ TRANQUILO (A já veterana cantora de funk continua a tensionar o gênero, aqui em fusões que chegam a imaginar o “funk psicodélico”. E isso não é mera impressão por ler nomes como o do Boogarins nas participações, mas pelo desenvolvimento quase atmosférico de algumas batidas, inclusive explorando muito reverbs e delays. Já em outros momentos a fonte é a música eletrônica de pista. Não vou mentir e dizer que adorei tudo, mas até sua curta duração permite os deslizes. No geral o saldo é positivo). VILÃO
- Denzel Curry: King Of The Mischievous South Vol. 2 (Transitando na linha tênue do southern hip hop e do trap, o rapper criou aquele disco estrondoso e ganchudo perfeito para ouvir em volume elevado no carro. Se as composições não são das que mais fizeram a cabeça, a velocidade que o repertório se impõe e os diversos feats. trazem um clima frenético indispensável no gênero). HOT ONE
- Desalmado: Inquisition (EPzinho com quatro cacetadas desta ótima banda brasileira, aqui soando menos death e mais thrash. Muito bem tocado e produzido. Sem muito o que dizer, é apenas aquela velha injeção de adrenalina). Inquisition
- Desirée Marantes: Breve Compilado de Músicas Para _______ (Compositora/arranjadora/produtora/multi-instrumentista que, embora venha trabalhando com nomes do cenário alternativo contemporâneo, ainda não conhecia. Esse EP é bem bonito. É uma breve (como diz no nome) amostra de composições que trafegam pela música ambient, buscando timbres eletrônicos e orquestrais (provavelmente programados) para criar um clima apaziguador sem cair no tédio). Evaporar V1
- DIIV: Frog In Boiling Water (Neste disco, parece que o grupo abriu mão de toda contemporaneidade indie e se jogou de cabeça do shoegaze/dream pop noventista (com um tiquinho de Stone Roses). Por mim podem continuar nesse embalo. Climas vagarosos e ótimas guitarras a serviço de boas canções, muitas delas guiadas por inseguranças e depressão. A trajetória do DIIV não foi fácil, sendo esse disco de resultado ultra exitoso). Somber The Drums
- Dillom: Por Cesárea (Um dos principais nomes da música argentina atual. Ele é um jovem que funde rock e rap com naturalidade e sem remeter a antigas experiências dessa combinação. Seu som é contemporâneo, encorpado, envolvente, ousado e acessível. Vale dizer que ele traz interessante grau de perturbação nas letras. Bem legal). Coyote
- DJ Anderson do Paraíso: Queridão (O funk de Belo Horizonte continua a explorar a ausência de elementos em beats cheios de buracos e personalidade. Todavia, agora tá tudo ainda mais cerebral e lapidado dentro da sua estética. Eu gosto bastante. Cada MC imprime sua abordagem maliciosa, ora agressivo, ora humorado, ora ambos. Funciona muito bem. Vale dizer que deu uma breve hypada por conta de uma crítica positiva na Pitchfork). JOGA LEITE
- DJ Anderson do Paraíso: Paraíso Sombrio (DJ Anderson do Paraíso não perdeu tempo e lançou mais um disquinho. 20 minutos de um funk ousado ao trazer elementos “góticos” e barrocos. Isso passa pelo nome do trabalho, pela capa e pelos beats, altamente densos, vazios e sinistros, inclusive trazendo arranjos de cordas. Mesmo liricamente há um direcionamento “poético”. Mas não se engane, é putaria divertida e carismática de sempre. Embaçado). Madrugada Fria
- Doechii: Alligator Bites Never Heal (Um dos lançamentos de rap que mais fez burburinho neste ano. Fácil entender o porquê: a moça tem uma tremenda voz e imprime personalidade nas suas rimas; as batidas trazem a atmosfera do boom bap para a contemporaneidade; sabe o que de melhor extrair do trap; a capa é sensacional; a produção é encorpada e envolvente; canções curtas e cativantes… muitos acertos para se ignorar). CATFISH
- Dona Onete: Bagaceira (Tem que ser muito ranzinza para ouvir esse disco e não ficar com um sorriso no rosto. O instrumental caloroso, o ritmo dançante, a voz cheia de personalidade, o lado humorado das composições, o respeito a tradição da música popular… são muitas as qualidades que validam canções não menos que entusiasmantes). Avesso do Avesso
- Dora Morelenbaum: PIQUE (Ela é uma Bala Desejo, nepobaby e tem aquele ar “esquerda festiva”. Até aí nada que depõe contra ela. E nem que importe tanto (só um pouco). O lance é que em tempos que a IA pode desenvolver como seria um novo disco da Gal Costa, é curioso uma artista emular essa estética. No caso dela ao menos soa bem, com arranjos classudos (com cordas e metais), timbres orgânicos/vintages e uma voz agradável, ora reverberosa, ora no pé do ouvido. Nada original, mas que parece atender bem uma geração que faz reverência a essa estética. Esse faro pra MPB setentista aparece até ao começar o disco com a frase “tanto tempo longe de você”, pra na canção seguinte falar em “réu confesso” no refrão. Apesar dessa cara chão de taco, não posso dizer que não gosto e nem que seja bem sucedido na proposta. Se lançado em vinil, vai ser perfeito pra ouvir nas vitrolas maletinha, tomando café…. Entenda como quiser. Eu critico, mas se me chamar eu vou). Essa Confusão
- Duda Beat: Tara e Tal (Confesso ter baixa motivação para ouvir a Duda Beat. Nada pessoal em si, é mais pelo pop brasileiro “abrasileirado” que, honestamente, não me pega. Dito isso, ouvi para não cometer injustiças e fiquei feliz ao perceber algumas produções estranhas, que transitam entre o synthpop, funk, techno brega, hyperpop, drum and bass e, ao mesmo tempo, nada disso exatamente. Não bastasse isso, ela tem uma voz própria (em timbre, em sotaque, em interpretação) que torna compreensível a adoração que muitos sentem por ela. Claro, tem derrapadas no repertório, mas o saldo é positivo. Um disco quente, ora sexy, ora dançante, a todo momento pop e caprichado na produção). doidinha
- Duquesa: Taurus, Vol. 2 (Confesso que inicialmente fiquei decepcionado. Isso porque achava que era um “rappão” nervoso. Todavia, embora tenha muitos elementos do rap (e até mesmo possa ser enquadrado no gênero), acho que o disco funciona melhor se pensado como um pop contemporâneo, que engloba rap, trap e funk. Não me entenda mal, mas acho que dá até pra comparar estilisticamente com a Luisa Sonza, embora aqui o repertório, o texto, o flow, a voz e as produções sejam drasticamente mais interessantes. Infelizmente, o fato dela ser preta talvez não traga a ela o mesmo alcance da Sonza. A indústria é essa merda). Pose
- Einstürzende Neubauten: Rampen (apm: alien pop music) (Banda histórica, conhecida por suas experimentações. Por não acompanhar a discografia deles, confesso que achei o resultado aqui alcançado até que polido. Tem as texturas e timbres ferozes, mas dentro de um contexto de canção bem resolvido. É bacana, mas também longo, sendo importante estar predisposto ao disco). Pestalozzi
- Colin Stetson: The love it took to leave you (O tipico álbum que gosto de ouvir antes de dormir. E olha que ele é bem dark. Mas gosto dos caminhos que ele percorre, funcionando como um filme sonoro, embora nesse caso o roteiro imaginado por mim seja de um homem furando e adentrando uma rocha. É o que esse disco parece! Os timbres distorcidos e, até mesmo, a concepção do Colin Stetson é muito criativa, usando seu sax em momentos quase como um instrumento rítmico, que confunde jazz, música eletrônica, música minimalista e drone. Nem todos vão embarcar, em nem todo momento ele se encaixa, mas suas texturas sônicas são de grande potência). The Six
- Couch Slut: You Could Do It Tonight (Um disco de noise rock tão barulhento (em timbres e performance) que flerta com crust, black metal e sludge. O resultado é vibrante, até mesmo por abordar questões sociais nas letras que deixa o trabalho pesado com motivação). Energy Crystals For Healing
- Crizin da Z.O.: Acelero (Não conhecia esse projeto, mas gostei muito desse disco. Inclusive ele pode atenuar o preconceito que muitos ainda têm com o funk, já que traz as produções inventivas e pesadas do estilo num formato electro/industrial mais palatável (e, nem por isso, soando uma diluição). Canções energéticas e cheias de carisma. Iggor Cavalera e Saskia participam do disco). Festa da Carne
- CRONE & Noein: Scientia Vitae (Não me peça para dizer em qual subgênero da música eletrônica isso se enquadra (embora eu tenha reconhecido elementos de hard techno e psytrance), o que sei é que me envolvi com as 4 longas faixas aqui presentes. Seu ritmo e fluxo hipnótico, perfeito para raves, funciona também em disco. Acelerado, pesado, bem estruturado e conduzido. Era apenas pra me animar na academia, mas adorei como um todo). Apoplexia
- Curumin: Pedra de Selva (O Curumin é desses caras tão ativos que nem parece que ele ficou 7 anos sem um disco de inéditas. Aqui mais uma vez ele situa a música brasileira na contemporaneidade, trazendo referências tradicionais da música popular, explorando ritmos brasileiros como poucos (dá pra dizer que ele é um especialista nesse sentido), um texto que só poderia ter sua raiz aqui, mas também timbres/montagens/produções eletrônicas (em “Passáro sangue” isso é gritante) fazendo uma ponte temporal da canção popular com o mundo. Mas nada adiantaria toda essa análise fria se as canções em si não tivessem sua força, colorido, paixão e riqueza verdadeiramente atraente. Se a primeira metade é bem explosiva em suas qualidades, a segunda parte traz canções mais melódicas, com balanço e, até mesmo, “pop”. Eu gosto deste equilíbrio). Estado de choque
- David Gilmour: Luck And Strange (Eu adoro o Gilmour. Ele é daqueles caras de tanto bom gosto (melódico, timbristico, interpretativo) que bastou ele pegar uma guitarra e eu já me interesso. Aqui mais uma vez isso fica claro. Honestamente nem considero das composições mais inspiradas dele, mas sua voz e guitarra estão lá e eu estou junto, com sorriso no rosto e estado de graça). A Single Spark
- death’s dynamic shroud & galen tipton: You Like Music (Uma parceria que só vem para acentuar a qualidade que ambos têm separadamente: a de fazer música eletrônica estranha e frenética. O mais incrível é que no meio dessa estranheza há uma doçura quase bubblegum. Os ritmos são epilépticos, mas também divertidos. Gosto das texturas, dos timbres e da evolução do disco. Pouco mais de 30 minutos de euforia sintética). Herobrine Shell 2049
- Deize Tigrona: NÃO TEM ROLÊ TRANQUILO (A já veterana cantora de funk continua a tensionar o gênero, aqui em fusões que chegam a imaginar o “funk psicodélico”. E isso não é mera impressão por ler nomes como o do Boogarins nas participações, mas pelo desenvolvimento quase atmosférico de algumas batidas, inclusive explorando muito reverbs e delays. Já em outros momentos a fonte é a música eletrônica de pista. Não vou mentir e dizer que adorei tudo, mas até sua curta duração permite os deslizes. No geral o saldo é positivo). VILÃO
- Denzel Curry: King Of The Mischievous South Vol. 2 (Transitando na linha tênue do southern hip hop e do trap, o rapper criou aquele disco estrondoso e ganchudo perfeito para ouvir em volume elevado no carro. Se as composições não são das que mais fizeram a cabeça, a velocidade que o repertório se impõe e os diversos feats. trazem um clima frenético indispensável no gênero). HOT ONE
- Desalmado: Inquisition (EPzinho com quatro cacetadas desta ótima banda brasileira, aqui soando menos death e mais thrash. Muito bem tocado e produzido. Sem muito o que dizer, é apenas aquela velha injeção de adrenalina). Inquisition
- Desirée Marantes: Breve Compilado de Músicas Para _______ (Compositora/arranjadora/produtora/multi-instrumentista que, embora venha trabalhando com nomes do cenário alternativo contemporâneo, ainda não conhecia. Esse EP é bem bonito. É uma breve (como diz no nome) amostra de composições que trafegam pela música ambient, buscando timbres eletrônicos e orquestrais (provavelmente programados) para criar um clima apaziguador sem cair no tédio). Evaporar V1
- DIIV: Frog In Boiling Water (Neste disco, parece que o grupo abriu mão de toda contemporaneidade indie e se jogou de cabeça do shoegaze/dream pop noventista (com um tiquinho de Stone Roses). Por mim podem continuar nesse embalo. Climas vagarosos e ótimas guitarras a serviço de boas canções, muitas delas guiadas por inseguranças e depressão. A trajetória do DIIV não foi fácil, sendo esse disco de resultado ultra exitoso). Somber The Drums
- Dillom: Por Cesárea (Um dos principais nomes da música argentina atual. Ele é um jovem que funde rock e rap com naturalidade e sem remeter a antigas experiências dessa combinação. Seu som é contemporâneo, encorpado, envolvente, ousado e acessível. Vale dizer que ele traz interessante grau de perturbação nas letras. Bem legal). Coyote
- DJ Anderson do Paraíso: Queridão (O funk de Belo Horizonte continua a explorar a ausência de elementos em beats cheios de buracos e personalidade. Todavia, agora tá tudo ainda mais cerebral e lapidado dentro da sua estética. Eu gosto bastante. Cada MC imprime sua abordagem maliciosa, ora agressivo, ora humorado, ora ambos. Funciona muito bem. Vale dizer que deu uma breve hypada por conta de uma crítica positiva na Pitchfork). JOGA LEITE
- DJ Anderson do Paraíso: Paraíso Sombrio (DJ Anderson do Paraíso não perdeu tempo e lançou mais um disquinho. 20 minutos de um funk ousado ao trazer elementos “góticos” e barrocos. Isso passa pelo nome do trabalho, pela capa e pelos beats, altamente densos, vazios e sinistros, inclusive trazendo arranjos de cordas. Mesmo liricamente há um direcionamento “poético”. Mas não se engane, é putaria divertida e carismática de sempre. Embaçado). Madrugada Fria
- Doechii: Alligator Bites Never Heal (Um dos lançamentos de rap que mais fez burburinho neste ano. Fácil entender o porquê: a moça tem uma tremenda voz e imprime personalidade nas suas rimas; as batidas trazem a atmosfera do boom bap para a contemporaneidade; sabe o que de melhor extrair do trap; a capa é sensacional; a produção é encorpada e envolvente; canções curtas e cativantes… muitos acertos para se ignorar). CATFISH
- Dona Onete: Bagaceira (Tem que ser muito ranzinza para ouvir esse disco e não ficar com um sorriso no rosto. O instrumental caloroso, o ritmo dançante, a voz cheia de personalidade, o lado humorado das composições, o respeito a tradição da música popular… são muitas as qualidades que validam canções não menos que entusiasmantes). Avesso do Avesso
- Dora Morelenbaum: PIQUE (Ela é uma Bala Desejo, nepobaby e tem aquele ar “esquerda festiva”. Até aí nada que depõe contra ela. E nem que importe tanto (só um pouco). O lance é que em tempos que a IA pode desenvolver como seria um novo disco da Gal Costa, é curioso uma artista emular essa estética. No caso dela ao menos soa bem, com arranjos classudos (com cordas e metais), timbres orgânicos/vintages e uma voz agradável, ora reverberosa, ora no pé do ouvido. Nada original, mas que parece atender bem uma geração que faz reverência a essa estética. Esse faro pra MPB setentista aparece até ao começar o disco com a frase “tanto tempo longe de você”, pra na canção seguinte falar em “réu confesso” no refrão. Apesar dessa cara chão de taco, não posso dizer que não gosto e nem que seja bem sucedido na proposta. Se lançado em vinil, vai ser perfeito pra ouvir nas vitrolas maletinha, tomando café…. Entenda como quiser. Eu critico, mas se me chamar eu vou). Essa Confusão
- Duda Beat: Tara e Tal (Confesso ter baixa motivação para ouvir a Duda Beat. Nada pessoal em si, é mais pelo pop brasileiro “abrasileirado” que, honestamente, não me pega. Dito isso, ouvi para não cometer injustiças e fiquei feliz ao perceber algumas produções estranhas, que transitam entre o synthpop, funk, techno brega, hyperpop, drum and bass e, ao mesmo tempo, nada disso exatamente. Não bastasse isso, ela tem uma voz própria (em timbre, em sotaque, em interpretação) que torna compreensível a adoração que muitos sentem por ela. Claro, tem derrapadas no repertório, mas o saldo é positivo. Um disco quente, ora sexy, ora dançante, a todo momento pop e caprichado na produção). doidinha
- Duquesa: Taurus, Vol. 2 (Confesso que inicialmente fiquei decepcionado. Isso porque achava que era um “rappão” nervoso. Todavia, embora tenha muitos elementos do rap (e até mesmo possa ser enquadrado no gênero), acho que o disco funciona melhor se pensado como um pop contemporâneo, que engloba rap, trap e funk. Não me entenda mal, mas acho que dá até pra comparar estilisticamente com a Luisa Sonza, embora aqui o repertório, o texto, o flow, a voz e as produções sejam drasticamente mais interessantes. Infelizmente, o fato dela ser preta talvez não traga a ela o mesmo alcance da Sonza. A indústria é essa merda). Pose
- E L U C I D: REVELATOR (Após brilhar em discos no duo Armand Hammer, o rapper chega num consistente material solo, não só por conta das produções abstratas, mas também por suas rimas aventureiras. Gosto dessa energia distorcida dentro do rap, que de alguma forma traz uma força rockeira. Tem beats, baixos e sintetizadores intensamente espetaculares. Tecnicamente muito bem produzido). THE WORLD IS DOG
- Emicaeli: Border (A já veterana banda brasileira se mantém no topo na arte de produzir rock torto e pesado. Adoro como a gente nunca sabe previamente onde cada canção vai desembocar. Muito bem tocado e produzido. Instigante e virulento). Novid
- English Teacher: This Could Be Texas (Vivemos uma época tão favorável para o rock progressivo (com Black Midi, Black Country New Road) que até o indie rock anda flertando com estilo. Um exemplo é esse disco, que chega a se fundir até mesmo com o post-rock e o math-rock, vide algumas construções rítmicas repetitivas que deixariam Robert Fripp e o pessoal do Slint orgulhosos. Isso tudo dentro de canções que soam palatáveis ao universo do rock alternativo contemporâneo. Fora que a moça guarda ótimas interpretações ao longo de todo o disco. Vale lembrar que eles levaram o Mercury Prize). Not Everbody Gets To Go To Space
- Erika de Casier: Still (Embora o repertório não seja impecável, eu adoro esse clima tão elegante quanto lascivo dentro da música pop. As produções eletrônicas elevam as canções. A maneira com que os arranjos se desenvolvem, a riqueza dos timbres… acho muito caprichado). Lucky
- Exclusive Os Cabides: Coisas Estranhas (Achei um disco mais “simpático” do que propriamente “bom”. É um pessoal novinho, indie, que traz ecos (e guitarrinhas) de Strokes, mas dentro de um contexto meio psicodélico até. Talvez esse sentimento venha por conta das vozes, que em alguns momentos lembram aquele timbre/interpretação meio anestesiada do Jupiter Maçã. Mesmo as letras remetem aos momentos meio nonsense. É divertidinho). Luminária de Lava
- Fabiano do Nascimento / Sam Gendel: The Room (A música brasileira se impõe neste disco em parceria do violonista paulista com o saxofonista americano. A interação é fluida, tranquila e repleta de virtuosismo, o que cria um cenário apaziguador como o raiar do pôr do sol. É interessante perceber o aspecto rústico do violão (o raspar da unha, os ritmos do samba) somado ao som delicado do sax (que remete até mesmo a uma flauta). Captação cristalina. De muitíssimo bom gosto e incrivelmente bem tocado. Obs: a capa me lembrou o Third do Soft Machine). Capricho
- Fabiano Nascimento / Daniel Santiago: Olhos D’água (Dois dos maiores nomes das seis cordas brasileiras contemporâneas reunidos num disco lindo, atmosférico, onde não os instrumentos, mas os instrumentistas dialogam numa sintonia uníssona. Neste sentido, é quase como um monólogo de duas vozes. A maneira com que eles pensaram os arranjos, cada um numa tessitura, explorando a reverberação e com harmonias arpejadas dá uma amplidão sônica para as composições. É possível sentir ecos da tradição da música mineira, embora não soe um pastiche de uma linguagem já consagrada e estabelecida). Floresta dos Sonhos
- Fange: Perdition (Meio sludge, meio industrial, completamente denso e imersivo em sua sonoridade suja. Não só as timbragens colaboram pra isso, mas também as performances. É um épico dos sons extremos). Césarienne Au Noir
- Fat Dog: WOOF. (A nova cena britânica de punk rock parece ganhar novos ares via esse grupo que trata o gênero de maneira nada ortodoxa, explorando de forma energética arranjos quase sinfônicos e timbres eletrônicos de dance music. Uma fusão de linguagens pouco provável, mas que funciona não só por conta das composições, mas principalmente pelo vigor das performances). Running
- Emicaeli: Border (A já veterana banda brasileira se mantém no topo na arte de produzir rock torto e pesado. Adoro como a gente nunca sabe previamente onde cada canção vai desembocar. Muito bem tocado e produzido. Instigante e virulento). Novid
- English Teacher: This Could Be Texas (Vivemos uma época tão favorável para o rock progressivo (com Black Midi, Black Country New Road) que até o indie rock anda flertando com estilo. Um exemplo é esse disco, que chega a se fundir até mesmo com o post-rock e o math-rock, vide algumas construções rítmicas repetitivas que deixariam Robert Fripp e o pessoal do Slint orgulhosos. Isso tudo dentro de canções que soam palatáveis ao universo do rock alternativo contemporâneo. Fora que a moça guarda ótimas interpretações ao longo de todo o disco. Vale lembrar que eles levaram o Mercury Prize). Not Everbody Gets To Go To Space
- Erika de Casier: Still (Embora o repertório não seja impecável, eu adoro esse clima tão elegante quanto lascivo dentro da música pop. As produções eletrônicas elevam as canções. A maneira com que os arranjos se desenvolvem, a riqueza dos timbres… acho muito caprichado). Lucky
- Exclusive Os Cabides: Coisas Estranhas (Achei um disco mais “simpático” do que propriamente “bom”. É um pessoal novinho, indie, que traz ecos (e guitarrinhas) de Strokes, mas dentro de um contexto meio psicodélico até. Talvez esse sentimento venha por conta das vozes, que em alguns momentos lembram aquele timbre/interpretação meio anestesiada do Jupiter Maçã. Mesmo as letras remetem aos momentos meio nonsense. É divertidinho). Luminária de Lava
- Fabiano do Nascimento / Sam Gendel: The Room (A música brasileira se impõe neste disco em parceria do violonista paulista com o saxofonista americano. A interação é fluida, tranquila e repleta de virtuosismo, o que cria um cenário apaziguador como o raiar do pôr do sol. É interessante perceber o aspecto rústico do violão (o raspar da unha, os ritmos do samba) somado ao som delicado do sax (que remete até mesmo a uma flauta). Captação cristalina. De muitíssimo bom gosto e incrivelmente bem tocado. Obs: a capa me lembrou o Third do Soft Machine). Capricho
- Fabiano Nascimento / Daniel Santiago: Olhos D’água (Dois dos maiores nomes das seis cordas brasileiras contemporâneas reunidos num disco lindo, atmosférico, onde não os instrumentos, mas os instrumentistas dialogam numa sintonia uníssona. Neste sentido, é quase como um monólogo de duas vozes. A maneira com que eles pensaram os arranjos, cada um numa tessitura, explorando a reverberação e com harmonias arpejadas dá uma amplidão sônica para as composições. É possível sentir ecos da tradição da música mineira, embora não soe um pastiche de uma linguagem já consagrada e estabelecida). Floresta dos Sonhos
- Fange: Perdition (Meio sludge, meio industrial, completamente denso e imersivo em sua sonoridade suja. Não só as timbragens colaboram pra isso, mas também as performances. É um épico dos sons extremos). Césarienne Au Noir
- Fat Dog: WOOF. (A nova cena britânica de punk rock parece ganhar novos ares via esse grupo que trata o gênero de maneira nada ortodoxa, explorando de forma energética arranjos quase sinfônicos e timbres eletrônicos de dance music. Uma fusão de linguagens pouco provável, mas que funciona não só por conta das composições, mas principalmente pelo vigor das performances). Running
- Father John Misty: Mahashmashana (Não lembro de outro artista contemporâneo de “rock” que trate com tanto esmero seus arranjos, com direito a exuberantes orquestrações. É uma viagem confortante embarcar em cada elemento que surge no decorrer das longas canções, criando paisagens solitárias belíssimas. Sua voz e composições, que relembram o auge do soft rock (à la Elton John) e chamber pop, ganham meu coração. Seu melhor trabalho desde o excelente Pure Comedy (2017)). Mahashmashana
- Faye Webster: Underdressed At The Symphony (A jovem artista continua se desenvolvendo enquanto compositora e intérprete, o que gerou um disco de indie pop bonito e arrojado, que parece abraçar o singelo em momentos de desespero. O repertório é versátil, assim como a direção de cada arranjo/produção, embora sem perder a unidade. Mais uma simples e bela capa). Underdressed At The Symphony
- Fim da Aurora: Empty (Banda cabulosa que mais uma vez mostra a força do metal extremo brasileiro. Tudo muito pesado e veloz, ficando entre o death e o black metal. O gutural do vocalista é poderoso, os riffs são cativantes e o baterista nos leva a querer dar bicas no alto. Até a capa é ótima. Avassalador). Nonexistent
- Fontaines D.C.: Romance (Parece que conforme as capas vão ficando piores, melhor vai ficando o som do grupo. O repertório está mais variado dentro do contexto do rock alternativo. Tem algo de “U2 nos melhores momentos, mas sem as guitarras do The Edge”. Fora que o vocalista vem se estabelecendo como umas das boas vozes dessa geração. Bons arranjos, boas guitarras… tudo funcionando bem). Starburster
- Forgotten Boys: Click Clack (A banda volta sabe-se lá depois de quantos anos (uns 15) com um disco de… rock. Rock jeans, jaqueta de couro sabe, cabelo ensebado. Bem tiozão, algo que eles não eram e agora de fato são. As canções tem energia e se comunicam com quem curte tanto Rolling Stones quanto Arctic Monkeys ou mesmo tá empolgado com a volta do Oasis. Nenhum respingo de brasilidades, com eles não. Tem deslizes composicionais, com faixas menos atrativas, mas também uns timbres de guitarra crunch e fuzz bem legais, então passo um pano. Pra ouvir tomando cerveja, conhaque, fumando cigarro. Tem cheirinho de começo de noite que vai terminar em ressaca). Zig Zag Sleep
- Frail Body: Artificial Bouquet (Uma mistura abrasiva que engloba post-hardcore, screamo, death metal e blackgaze. Se as composições não são tão memoráveis, por sua vez, a performance é chocantemente vibrante e agressiva. Por melhor que seja a produção, é curioso como cada elemento soa isolado. Meu lado jovem fica feliz). Horizon Line
- Fresno: Eu Nunca Fui Embora (Bem bolado esse lance de lançarem o disco em duas partes, mantendo assim o frescor do lançamento por duas vezes. Achei o nome do disco sugestivo, visto que ao contrário de muitos contemporâneos de cena, eles permaneceram atuantes. E até por isso, eles evoluíram com o tempo, se adequando temporalmente muito além do emo, inserindo elementos do rock alternativo e, principalmente, do pop rock. Se por um lado as composições trazem ganchos memoráveis que fazem jus ao gênero, a produção volumosa e saturada tensiona os limites do estilo. Nada que bandas internacionais já não tenham feito, mas que dentro do pop rock nacional ainda é um tabu sônico. Vale ainda mencionar as boas performances do Lucas, que trazem paixão, força e convicção em boas melodias e textos confessionais. As participações de Pabllo Vittar, Dead Fish, Filipe Catto, NX Zero e Chitãozinho & Xororó dão ainda mais versatilidade e texturas interpretativas ao disco). Era Pra Sempre
- Future Islands: People Who Aren’t There Anymore (Quando esse grupo surgiu, fui um dos que ficou impressionando com sua abordagem synthpop dentro do indie rock contemporâneo. Isso somado a dramaticidade interpretativa e lírica do vocalista. Mas aos poucos eles foram fugindo do meu radar. Ouvindo agora o trabalho atual, percebo que nada mudou. A proposta é a mesma, a qualidade também, só que agora sem o fator surpresa. Ou não, porque ainda surpreende o fato de trazerem tantos elementos semelhantes a de grupos como Coldplay, só que aqui de maneira exitosa, soando grandioso, melodioso, memorável, adulto e nada rasteiro. Ótima produção). Corner Of My Eye
- Future / Metro Boomin: WE DON’T TRUST YOU (Uma parceria que deu liga. As produções do Metro Boomin em um de seus momentos mais cativantes, pulsantes, grandiosos e cinematográficos. Future e os feat. completam os beats com flows mais criativos se comparado a outros álbuns de trap. É bem bacana). Ain’t No Love
- Gary Clark Jr.: JPEG RAW (Ao contrário de tantos outros bons guitarrista de blues da “nova” geração, o Gary Clark se destaca por propor sonoridades que fogem do pastiche. Aqui ele passeia com autoridade por um repertório que se comunica com o r&b contemporâneo. Isso sem deixar de entregar guitarras distorcidas e volumosas sempre que uma canção peça. Timbres robustos, tremenda mixagem e participações do Stevie Wonder e George Clinton servem de bônus. Talvez seu melhor trabalho). Hyperwave
- GEL: Persona (Revelação do hardcore/metalcore. Eufórico e lapidado nas mesmas proporções, esse EP revela canções encorpadas e ganchudas, alimentadas por uma voz feminina poderosa e produção consistente). Mirage
- Ginger Root: SHINBANGUMI (Nosso jovem guardião do citypop irradiando na mesma proporção carisma e talento. Suas produções tem colorido timbristico, trazendo cores do passado para pinturas que só poderiam ter sido feitas hoje. Ótimos arranjos e execução. Gosto como ele ressalta o groove, aproximando as canções do synth-funk. Pode botar pra socializar com os amigos). No Problems
- glass beach: plastic death (Não me pergunte em qual gênero se enquadra isso, mas gostei da proposta, que com liberdade traz elementos de emo, rock alternativo, metal e rock progressivo. Nunca soando preso a fórmulas, paradigmas ou tempo. A produção é tão cristalina que soa artificial, o que aqui parece mais uma proposta intencional do que um excesso de polimento. O resultado de tudo isso é um disco interessante, mesmo com seus altos e baixos). cul-de-sac
- Glote: MELANCOLIA-ULTRA (Difícil resumir a sonoridade deste grupo carioca. Talvez seja um art punk/indie, em alguns momentos nem tão punk, seja por buscar a clareza viajante do progressivo, seja ao partir para esporros ruidosos de free jazz. Gosto de como a guitarra se manifesta com convicção, mesmo nos momentos de timbres de crueza limpa. O fato das canções serem curtas ajuda no desenvolvimento do álbum. Uma estreia nada convencional). SHINKEITSU
- Godspeed You! Black Emperor: “NO TITLE AS OF 13 FEBRUARY 2024 28,340 DEAD” (Com tanto tempo de carreira, surpreende como o grupo ainda continua vigoroso e criativo na arte de construir paisagens sônicas que trafegam por climas tranquilos, límpidos e sinfônicos, mas também por esporros rockeiros progressivamente crescentes. Precisa de predisposição e atenção pra sua contemplação. Vale ainda se atentar ao forte nome do disco, relacionado ao genocídio em Gaza). PALE SPECTATOR TAKES PHOTOGRAPHS
- Grandaddy: Blu Wav (A veterana banda ainda tem potência de me surpreender, vide a beleza aqui alcançada. A dramaticidade lírica combina perfeitamente com as interpretações aconchegantes. Curioso pensar que algumas melodias soam bastante “inglesas”, embora os arranjos (meio alt-country, com direito a pedal steel), trazem um clima bastante americano. Chama atenção também o som do que parece mellotron em meio aos arranjos. Disco lindo, com certa densidade apaixonante). Cabin In My Mind
- Grande Mahogany: As Grande As (Cheguei neste disco por conta de uma resenha positiva feita pelo Anthony Fantano. Chamou atenção como o artista usa referências do passado de maneira tão pastiche que é irretocável. Tem faixas que dão a sensação de “isso num é um sample de Sly & The Family Stone”. Dito isso, se sua praia for funk, psicodelia e/ou rock setentista, vá sem medo. Boas canções, muito groove, timbres ácidos e guitarras muito bem executadas. E embora tudo esteja cheio de referências do passado (pode por afrobeat também nesse combo) soa condizente com tendências psicodélicas contemporâneas. Fora que a batida pulsante de algumas faixas também remete ao hip hop (vide “SUPER ROCKER”). Discão). The Rhythm
- Green Day: Saviors (É excelente? Longe disso. Mas achei surpreendente, visto que fazia tempo que a banda não me agradava em disco (coisa de 20 ANOS). Adorei os timbres (e a performance) de guitarra, a cozinha da banda tá azeitada, há canções energéticas (mais pro power pop que pop punk)… Em resumo: funciona. Claro, não é nada muito criativo e o ranço de “bastião do rock e do mundo” ainda está lá, mas dá pra se divertir com o disco). Strange Days Are Here To Stay
- Guerrinha: Exposição Popular (Não conhecia eese compositor e produtor carioca, mas gostei deste trabalho, onde ele se permite passear por territórios do jazz e fusion com os recursos que tem disponível. O resultado é menos cerebral e mais ligado à criação de climas e cenários, sempre esfumaçados, sempre noturnos. Tem um toque de dub em algumas produções. Gosto da proposta de utilizar timbres bem digitais, dando personalidade dentro de um gênero comumente tão orgânico). Tempo Engordado
- Gui Amabis: Contrapangeia (Trabalhando ótimos arranjos de cordas, que geram orquestrações com aspectos de chamber pop dentro da MPB, o artista cria cenários agradavelmente gélidos. Sua voz grave e contida também contribui para isso. Ao longo do disco esse formato vai soando mais convencional, mas não chega a perder a força. Composições muito boas). Certeira Avenida
- Gustavo Galo: folhas (Confesso que inicialmente tive um problema com o disco, que são suas letras, que a mim não levaram a lugar nenhum. Mas botei na minha cabeça - e com certo fundamento - que é um disco conceitual sobre a flora e fui em frente. Agora, o que saltou aos meus ouvidos é sua qualidade enquanto cantor, que embora não possa dizer que tenha grande personalidade, ele atinge momentos de grande beleza. Adorei os arranjos, meio esqueléticos, trabalhando o vazio e texturas eletrônicas, trazendo algo de urbano no meio de tantas flores. É a MPB contemporânea. Disco curtinho). Conversa com Lucina
- Hakushi Hasegawa: Mahōgakkō (Daquelas típicas experimentações nada convencionais dentro do formato canção. Tem até um elemento pop, só que ele é arrebentado e reconstruído via ritmos frenéticos, colorido timbristico esquizofrênico e arranjos complexos. Mesmo nos momentos apaziguadores, de belas orquestrações, a coisa despiroca melodicamente. Tem algo de hyperpop, jazz, música japonesa, glitch. É uma onda). The Blossom And The Thunder
- Helado Negro: Phasor (Não tinha visto grande graça no prestigiado álbum lançado pelo artista em 2019, mas aqui achei tudo muito bem desenvolvido. As canções são herméticas, trazendo referências de krautrock, indietronica, folktronica, música oriental e sei lá mais o quê. Tudo de forma incrivelmente complexa, despretensiosa e bela. Singular. Saiu pela 4AD). Wish Could Be Here
- Hermanos Gutiérrez: Sonido Cósmico (Um disco que emula tão bem as trilhas sonoras de western que é normal relacioná-lo ao cinema. É imagético por si só. Dito isso, não soa como uma experiência pastiche, mas sim como uma referência legítima que gera belas melodias e timbres de guitarra calorosos. Muito bem executado). Low Sun
- Hermeto Pascoal: Pra Você, Ilza (O Hermeto não é capaz de lançar um disco ruim. Ao menos ainda não foi desta vez. E ele não faria isso justo agora, já que esse trabalho traz composições dedicadas a sua recém falecida companheira. Tem a loucura típica do velho bruxo, mas também a inteligência que não deixa a obra desandar. É fluidamente ousado e bonito (e até mesmo dançante quando ele traz elementos do forró). Muito bem captado. Sua banda sempre acima de qualquer suspeita). Pra Você, Ilza - Hiatus Kaiyote: Love Heart Cheat Code (Um claro exemplo de que mais é mais. A cantora arrebenta e chega a pecar por excesso. Os arranjos são coloridos e grandiosos. As composições tem enorme arrojo. Isso tudo numa fusão de r&b e jazz contemporâneo que não subestima o ouvinte, mas também o aproxima de forma atraente). Make Friends
- High On Fire: Cometh The Storm (Como só poderia ser, mais uma grande paulada dos mestres do sludge, aqui soando ainda mais metal. Tem algo de Mastodon, algo de thrash, algo de Black Sabbath… o normal, só que elevado na potência. Tudo com timbragens densas e quentes, riffs convulsivos e baterias trogloditas. Que vontade de ver a banda ao vivo). Trismegitus
- His Lordship: His Lordship (Esse duo lançou um dos álbuns de rock mais sujos, orgânicos e alto astral do ano. As guitarras falam alto em canções que trafegam entre o garage rock, proto-punk, glam rock e pub rock. Ou seja, é rock sem invencionismo, mas com muita energia na performance e produção. Eu adoro). I’m So Bored Of Beign Bored
- hoovaranas: Três (Trio instrumental poderoso que adquiriu enorme consistência neste disco, tanto em composição quanto em performance. Eles soam técnicos sem parecem pedantes. Tem momentos ritmicamente bem intrincados.As músicas evoluem de forma bem amarrada, não parecendo ter muito espaço para improviso, mas trazendo timbres quentes e entrosamento natural). Êxtase
- Humildes do Soundcloud: Humildes do Soundcloud, Vol. 2 (LADO B) (Rasguei seda para o LADO A dessa compilação - tá ali entre as melhores do ano - de modo que com tranquilidade afirmo que esse LADO B é bem menos inspirado. Parte para um lado mais “eletro” e comum do funk. Isso em termos comparativos, afinal, ainda tem seus momentos entusiasmantes). BUCETADA
- Hurray For The Riff Raff: The Past Is Still Alive (A artista revive suas memórias se jogando num som americana/country que muito bem combina com seu estilo. Sua voz é bela, mas melhor ainda são os arranjos e captação do instrumental, bastante orgânico e dinâmico. Há composições memoráveis, que soam como se a Taylor Swift desenvolvesse um trabalho com o Wilco. Eu adoro ambos, então tô dentro). Colossus Of Roads
- Ibibio Sound Machine: Pull The Rope (Talvez o disco mais “convencional” do grupo (a produção do Ross Orton talvez explique isso). A fórmula é a mesma: um encontro de afrobeat com funk sintetizado. Sempre com timbres espetaculares e ótimas interpretações vocais. O resultado é altamente dançante. Menos inventivo, mas igualmente convidativo. Eu adoraria tocar numa discotecagem). Let My Yes Be Yes
- Icaro: Vou Complicar, Vou Resolver (Vou jogar o artista num saco que talvez ele nem gostei, mas que para mim faz sentido: manja aquele pop rock com elementos de mpb do Vitor Kley e Jão? Pois então, aqui esse gênero se mostra com maior qualidade, coragem e talento. As composições são boas, os arranjos são cuidadosos, a interpretação é contida e há boas guitarras. Tudo isso joga a favor das canções, que soam até mesmo radiofônicas. Vale conhecer, é um EPzinho de 4 faixas). Tava Tudo Bem
- Iglooghost: Tidal Memory Exo (Em seu disco mais acessível - e nem por isso fácil -, o produtor traz elementos do hip hop para a construção de músicas vibrantemente frenéticas, densas e climáticas. Não posso dizer que amei as performances vocais, mas elas funcionam. Os ritmos intrincados e timbres corrosivos (com muito do glitch) ainda estão lá, mas de forma mais organizada/convencional, o quê, dado a loucura do passado, é uma evolução. Vale ainda destacar a capa, das mais legais do ano, da década, da música eletrônica em qualquer tempo). Alloy Flea
- Infant Island: Obsidian Wreath (Um disco de “black metal dramático”, o que remete ao screamo, mas que de tão violento e pesadíssimo prefiro deixar na área do metal mesmo. Gostei da execução (guitarrista e baterista excelentes), da produção e do rumo composicional das faixas. É uma cacetada). Clawing, Still
- Intercourse: Egyptian Democracy (EP furioso de metalcore. Concisamente violento. É como explodir em fúria e descontar no canal auditivo. Dito isso, os riffs são bem trabalhados e a mixagem separadinha é elementar para o resultado final). Clown College Dropout
- Institution: O Grande Vazio EP (Metalcore torto (e de certa forma melodioso) vai de encontro ao post-metal. Isso cantando em português. Jair Naves chega a participar. Menos de 10 minutos de pura fúria e capacidade musical). Lapso
- Irmão Victor: Micro-Usina (Daquela escola psicodélica/alternativa maluca do Júpiter Maçã, esse álbum apresenta a estética bem desenvolvida em arranjos complexos e composições divertidamente estranhas. Há uma gama enorme de timbres e dinâmicas que oferecem colorido ao disco. Incrivelmente bem tocado. Deveria ter recebido maior atenção). Chiliques
- Jack White: No Name (Um disco de sonoridade descompromissada se comparado ao que ele vinha fazendo. É mais cru, remetendo inclusive ao White Stripes. Inicialmente foi dito que era apenas para ser um brinde de sua loja de discos com pequena tiragem. Não sei o quão isso foi apenas uma jogada de marketing. De fato é que sua guitarra soa mais orgânica e, nem por isso (talvez por isso), extremamente poderosa. Tem ótimos riffs e solos (como sempre). Curiosamente, em muitos momentos me lembrou os momentos mais blues do Black Sabbath e os momentos mais pesados do Led Zeppelin. Nada mal). Tonight (Was A Long Time Ago)
- Jlin: Akoma (A DJ/produtora em mais uma amostra impressionante de criatividade ao trabalhar ritmos complexos e timbres contorcidos/sintéticos em estruturas fora de padrão, ainda assim soando convidativa em sua estranheza. Tem colaboração de ninguém menos que Björk e Philip Glass. Complexo e instigante). Summon
- João Bosco: Boca Cheia de Frutas (Devido o nome, fui levado a acreditar que era um álbum solar. Não foi como o senti (o que não é nem de longe um problema). As canções tomam rumos densos melodicamente e harmonicamente, trazendo de algum modo ecos eruditos, que por eu ser iletrado no assunto, não sei bem apontar de onde vêm. Como sempre, há também muito da bossa nova nas levadas. Instrumentalmente os arranjos são enxutos, embora precisos e inteligentes, além de impecavelmente executados por sua banda formidável. Tudo isso joga holofote nas composições e performances do João ao violão. Sua voz soou para mim envelhecida pela primeira vez (em timbre e interpretação trêmula), o que traz charme e uma certa aura bucólica. Inclusive, adorei como em alguns momentos ele usou vozes sobrepostas, criando contrapontos vocais espetaculares. Disco emotivo de um dos grandes artistas da música popular brasileira). Buraco
- Job For A Cowboy: Moon Healer (Lembro quando o Job For A Cowboy surgiu. No auge da minha adolescência, à procura de sons extremos, achava divertida a podridão proposta por eles. Mas o tempo passou e não os acompanhei. Não é que agora eles lançaram um disco elogiadíssimo. Isso após ficar uma década sem material inédito. Fui ouvir e fiquei impressionado. É outra banda. Seu som virou death metal ultra técnico, bastante atento às evoluções do metal moderno. Muito bem tocado, com timbragens poderosas e canções que se desenvolvem de maneira inteligente. Grata surpresa). Beyond The Chemical Doorway
- Jogo Duro: Jogo Duro (Em colaboração com o saxofonista turco Ilhan Ersahin, esse grupo brasileiro - que contém na formação músicos como o Guizado, Chicão e Tony Gordin -, trabalha de forma não linear composições repletas de climas, dinâmicas, texturas e improvisos. É o jazz em seu aspecto mais confortável, o que não quer dizer que não seja aventureiro). Pega Leve
- Jota Ghetto & Jamés Ventura: Asfáltico (EP conciso e preciso na arte de lembrar o rap nacional da década de 1990, embora com uma produção caprichada contemporânea. O flow dos rappers é carismático e inteligente. Não tem erro. KL Jay participa). Gangue do Metrô
- Jota.pê: Se o Meu Peito Fosse o Mundo (Não conhecia o trabalho do rapaz e de imediato fiquei admirado pela sua linda voz e ótimas levadas ao violão, algo que o aproxima do Gilberto Gil. Todavia, conforme o disco evolui, o repertório vai perdendo a força, o aproximando primeiramente do Djavan, depois do Lenine, depois do Seu Jorge e, no fim, dos Gilsons (que participam do disco). Uma queda vertiginosa. Como há bons arranjos, ótima produção, é bem tocado e ele é muito talentoso, mesmo os deslizes passam com a garantia do êxito sonoro. Dentro deste segmento de “música gostosinha”, “brasilidades”, pra ouvir indo pra praia com a namorada… ele se sai bem demais). Tá Aê
- Juçara Marçal: DEB RMX (O espetacular Delta Estácio Blues, álbum anterior da Juçara, é revisitado aqui sob direção de diferentes produtores, trazendo uma linguagem eletrônica, abstrata e barulhenta para as canções. Alguns nomes que colaboram com o projeto são Bartira, Mbé, Moor Mother, Os Fita, Saskia, DJ RaMeMes, VHOOR, dentre outros. Mesmo quando o resultado não me agrada em cheio, há sempre uma provocação, uma textura diferenciada, uma abordagem instigante. É o suficiente). Criei Um Pé De Ipê
- Judas Priest: Invincible Shield (É impressionante que nesta altura do campeonato o Judas continue a produzir discos tão vigorosos (vide esse e o anterior). E por mais que seja lamentável a saída dos guitarristas originais, é difícil não atribuir as principais qualidades do álbum aos excelentes Richie Faulkner e Andy Sneap (que também assina a produção). Tem cada solo (virtuoso e melódico). Algumas faixas parecem saídas do Painkiller. O Rob Halford é uma força da natureza. Heavy metal direto da fonte). The Serpent And The King
- Junio Barreto: O Sol e o Sal do Suor (Mais de uma década após seu último trabalho, o cantor-compositor deixa aflorar toda sua essência pernambucana de forma genuína e rica em talento. A poética e as interpretações são calorosas e cheias de alma. Tudo belamente arranjado, trazendo a tradição sonora nordestina em sintonia com a contemporaneidade. “Coração Preto” chega inclusive a remeter ritmicamente ao Piseiro. Destaco ainda “Ata-Me”, que já havia aparecido aqui nos reviews através da Alaide Costa, mas que via seu compositor de voz bem menos técnica e polida, se comprova uma das grandes canções do ano. Não costumo ter uma visão tão afetiva assim, mas sinto que esse é daqueles álbuns que abraçam). Feixes
- Jup do Bairro: in.corpo.ração (Lembro de ouvir o disco dela e odiar. Me parecia um hype besta. Mas esse EP eu gostei! Soa como um electro gótico maluco, onde sua voz grave, poética urbana/social/pessoal e produção estão melhor resolvidas. O resultado é estranhamente instigante). sinfonia do corpo (in.corpo.ração)
- Kali Uchis: ORQUÍDEAS (Através de sua excelente, dramática e libidinosa voz, a Kali Uchis continua a se destacar no que diz respeito a latinidades dentro da música pop. Dançante (ora em pista, ora aos braços do amado(a)), ela se joga no reggaeton (com pitadas de r&b e house) sem perder o carisma e a capacidade de criar boas canções. Ótima produção. Bola dentro). Dame Beso // Muévete
- Kali Malone: All Life Long (Já vai ciente que é um disco longo e minimalista. Com isso em mente e aberto a proposta, achei um trabalho fantástico. As composições parecem ter o mesmo conceito/“fórmula”: explorar diferentes intervalos melódicos, gerando tensões e harmônicos diferentes, que mudam drasticamente a sensação com alterações pontuais e conflitantes. Esse raciocínio é trabalhado com diferentes timbres e tessituras (vindas de órgãos, sopros e, até mesmo, coro de vozes). É viajante. Ouvi compenetrado. Um dos grandes álbuns de música erudita contemporânea do ano. Sem destaque).
- Kamasi Washington: Fearless Movement (O grande nome do jazz contemporâneo agrega diferentes linguagens à sua sonoridade através de Thundercat, Terrace Martin, George Clinton, André 3000 e tantos outros parças. O resultado são canções menos herméticas, embora impecavelmente executadas. Entretanto, essa é apenas uma das faces do trabalho, visto que há também seus já conhecidos caminhos jazzisticos espirituais de improvisos radiantes. Tremenda mixagem, colocando o jazz no presente de maneira natural. Tem que desceu a lenha, mas eu gostei. Menos profundo, mas ainda inspirador). Road To Self (KO)
- Kamau: Documentário (Mais uma vez comprovando ser um dos mais talentosos rappers do cenário nacional, Kamau passeia 13 faixas em 16 minutos. Tudo tão curto que não há espaço para refrães ou ganchos, é “apenas” o fluxo de consciência do rapper através de bons textos e flows. Beats tão abstratos quanto crus e diretos ao ponto. Sem destaque, o lance é ouvir tudo numa paulada. Capa bacana).
- Kardüm: A Dor Que Fica (Curte hardcore melódico (e até mesmo emo)? Então esse EP de estreia do Kardüm (com remanescente do Auria) tem tudo para te fisgar. Muito bem interpretado, gravado (sonzão de baixo) e escrito, transparecendo convicções/dilemas pessoais nas composições. Rodrigo Lima, Badauí e Deb Babilônia participam do trabalho). Já Faz Tanto Tempo
- Kendrick Lamar: GNX (Após a sequência de nocautes que ele enfileirou no Drake, o rapper voltou a priorizar sua arte num disco com menos enfoque nas bases/beats/produção e mais no flow. De algum modo, as faixas ao lado da SZA parecem uma emulação do pop-rap que o canadense sempre sonhou em fazer e nunca conseguiu. Embora liricamente tenha aquele caldeirão complexo de referências e suas performances continuem a mostrar o rapper contundente que ele é, sonoramente não é dos seus trabalhos que mais saltam aos meus ouvidos. Mas os bons ganchos e os ritmos pulsantes estão lá). reincarnated
- Kerry King: From Hell I Rise (Se colocando enquanto guardião do Slayer, Kerry King faz de sua estreia uma continuação da antiga banda. É um thrash metal poderoso e que, para mim, soa mais inspirado que os últimos discos do Slayer. O vocal de Death Angel caiu muito bem. Paul Bostaph sempre brilhou dentro do gênero. Vale ainda dizer que senti os solos de guitarras um pouco mais “melódicos”, meio que remetendo ao Judas Priest e Accept. Ótimo trabalho que tem tudo pra ganhar ainda mais força ao vivo). Crucifixation
- Khruangbin: A LA SALA (Por mais que eu não veja grande personalidade ou inspiração nas faixas aqui expostas, eu gosto da linha que eles adotaram, adequando a música ao plano de fundo (ao menos é assim que senti esse disco). Tem algo de lounge e hip hop instrumental (lo-fi), mas também de psicodelia, funk e latinidade. O resultado é agradável e convidativo. Ótimas linhas de baixo e maior ênfase nas guitarras (melódicas e contidas, mas elementares nos arranjos) dão valor artístico necessário. A palavra pode não ser boa, mas a real é que achei um disco “funcional”). Three From Two
- Marco Pereira / Rogério Caetano: Folia das Cinco (Dois excepcionais violonistas brasileiros num trabalho que mantém viva a tradição do instrumento no Brasil. 6 e 7 cordas num diálogo que irradia memórias e coração. É técnico, mas não mecânico. Captação cristalina). Irene
- Maria Beraldo: Colinho (A primeira vez que ouvi falar da Maria Beraldo ela acompanhava o Arrigo Barnabé, o que diz muito sobre sua capacidade musical. Esse disco é a confirmação disso. Estilisticamente ela percorre pelo funk, pós punk e vanguarda paulistana, nunca em suas caricaturas, mas sempre tentando tensionar nossa compreensão sobre esses gêneros e movimentos. O disco tem um peso sonoro, instrumentação e arranjos complexos, um cunho sexual afirmativo nas letras, excelente mixagem, interpretação contundente… Zelia Duncan, Negro Leo e Ana Frango Elétrico participam do disco. Eu gostei muito e acho que ele apresenta uma forma inventiva que marca os caminhos que a canção popular brasileira tende a trilhar). Truco
- Mark Knopfler: One Deep River (Não são muitos artistas que passaram dos 70 anos e que eu prefiro ouvir seu trabalho atual do que seu passado com bandas de sucesso. Mark Knopfler talvez seja caso único. Adoro a solução que ele encontrou pra sua vez, agora envelhecida e ainda mais falada. Por sua vez, sua guitarra continua afiada, trazendo timbres soberbos (com o velho som das válvulas) e o fraseado típico de um instrumentista muito acima da média. Isso tudo, claro, em canções bem desenvolvidas. Disco lindo, tanto para as manhãs de sábado quanto para as noites de domingo). Tunnel 13
- Maruja: Connla’s Well (Mais uma promessa dessa nova onda de bandas que soam tão progressivas quanto raivosas (escola Black Midi). Aqui há um forte elemento jazzistico (inclusive ao trazer sax na instrumentação), criando cenários densos e flutuantes que casam perfeitamente com o tom narrativo/teatral que o cantor imprime. Bem legal). One Hand Behind The Devil
- Mattenie / Digmanybeats: A Rede (Com cheiro do rap noventista, esse disco recorre aos velhos problemas de quem não tá com a vida ganha para semear novas canções, que soariam datadas não fossem atemporais em suas temáticas e nos beats ultra consistentes de boom bap. Ao que parece, é o primeiro disco do rapper arquitetado em São Paulo, na cidade grande. Essa paisagem é retratada no disco não como mera fotografia, mas com a verdade de quem agora habita esse espaço. Álbum duro, mas de fácil apreço). Zoom Williamson
- Mattenie / Goribeatzz: Prensa (A vida difícil do rapper brasileiro dialoga com a vida de meros ouvintes nesse disco pé no chão, distante do glamour que parece cercar o gênero na última década. E ele compartilha as dificuldades e anseios corriqueiros com outros MCs, dando mais versatilidade e pessoalidade para as rimas. Gobibeatzz acompanha tudo isso com suas batidas criativas (ou a ausência, eis o drumless), mas sem invencionismo sem propósito). Moedor
- MC5: Heavy Lifting (Primeiro álbum do grupo em, pasmem, 53 anos. Na real, um álbum solo do Wayne Kramer, né. Não é um demérito, até porque ele chamou para colaborar o Bob Ezrin (produtor), Abe Laboriel Jr., Don Was, Tom Morello, Slash, Vernon Reid e, o mais importante, o Dennis Thompson, assim como o Kramer, também falecido esse ano. Ou seja, é o melhor dentro do possível, fazendo diferença no resultado, já que é um disco de rock n’ roll certeiro, inclusive muito melhor “acabado” que a maravilhosa fuleragem propo-punk que eles fizeram no passado. Divertido. Uma tremenda saída de jogo). Boys Who Play With Matches
- nabru: Desenredo (Essa jovem rapper se apresenta num álbum em que coloca em destaque sua escrita. A voz é frágil e os beats/produções não saltam aos ouvidos. Entretanto, a canetada é tão complexa quanto fluida, remetendo a um passado do estilo onde havia o enfoque na criação textual e, não necessariamente, em conceitos abstratos. Bacana). Letramento
- Ná Ozzetti & Luiz Tatit: De Lua (Uma dupla histórica da canção brasileira reunida num disco agradável, que revisita o passado e traz novidades, não mudando neste meio tempo a sintonia de ambos. Letra, violão e canto numa amostra de criatividade e leveza da canção paulistana. Ótimo ouvir com minha filhinha. Jóia simples). Et Cetera
- Odiär: Mortos Não Acabarão (5 faixas, 4 minutos (é sério!). Punk rock imundíssimo, escola Olho Seco de timbragem, onde é difícil até decifrar qual instrumento grita mais (baixo saturado, bateria organicamente esmurrada, voz arranhada). Chiadeira maravilhosa). A La Mierda Nazi
- OMA: Bread ‘n’ Butter (Na verdade, legal mesmo deve ser ver esse projeto ao vivo. É que eles são um grupo instrumental que recria com seus instrumentos beats de rap. E a seleção deles foi não menos que fantástica (Nas, Dr. Dre, MF DOOM, A Tribe, Wu-Tang…). Disco divertido para discotecar, para ouvir na academia, para ouvir fumando e imaginando a performance deles em estúdio. Muito bem tocado e produzido). N.Y. State Of Mind
- Opeth: The Last Will And Testament (Por mais relevante que possa ser, vou me abster de comentar o aspecto conceitual do álbum, visto que honestamente não me debrucei sobre isso. Preferi curtir seu peso progressivo ultra lapidado (em termos de produção, um dos melhores do Opeth). De tão prog, em alguns momentos traz uma “pomposidade” que entendo não agradar alguns. Não é meu caso. Embalado por vocais agressivos, ótimas guitarras, orquestrações do Dave Stewart e inúmeras passagens intrincadas, chego a ser guiado pra década de 1970 (ainda que aqui seja tudo muito mais pesado, claro). Vale dizer que o Ian Anderson participa do disco). 1
- PLUMA: Não Leve a Mal (Estreia desse grupo que nada conhecia. Fui ouvindo e involuntariamente mapeando algumas influências (verdadeiras ou não): Patu Fu, Céu, Stereolab, Rita Lee… tudo formando uma amálgama de música pop brasileira contemporânea sem limites de criação, invocando o rock alternativo, a psicodelia e experimentações (mais na produção e arranjos que nas composições em si). É divertido, bem feito, jovem… Eu gosto). Corrida!
- Point Of No Return: The Language Of Refusal (A Linguagem da Recusa) (Lendária banda brasileira de straight edge em seu primeiro disco em quase duas décadas. Recuperaram riffs engavetados, confeccionaram novas letras e trouxeram ecos do início deste milênio, remetendo a quando éramos (banda e público) jovens. Nada muito criativo, mas encorpado, duro e convicto da sua existência). Informal Arcaico
- Rachel Chinouriri: What A Devastating Turn Of Events (Nova força do indie rock britânico. É um estilo bem juvenil, que em alguns momentos abraça o pop, em outros traz uma dramaticidade lírica e interpretativa que tão bem comunica com a nova geração. Nesse sentido, tem algo de Olivia Rodrigo, mas mais consistente e “inglês”. Arranjos redondinhos, gravação com ricos detalhes, alguns bons ganchos, uma performance ora carismática ora classuda… dentro da proposta tá tudo certo). What A Devastating Turn Of Events
- Zeca Baleiro & Chico César: Ao Arrepio da Lei (Confesso que, não fosse pela parceria, isoladamente não ouviria o lançamento de nenhum dos artistas. Nada contra, mas nada tão em prol. Mas fiquei feliz ao checar esse disco. As composições são boas, há uma sonoridade orgânica cristalina e, o mais importante, me trouxe uma memória de um tempo em que a MPB gerava canções “simples”, sem grandes reflexões em torno de problemáticas que nenhum artista é capaz de resolver. É “apenas” a canção pela canção. Deste modo, me lembrou até Sérgio Sampaio, Raul Seixas, Belchior, Zé Ramalho, dentre outros. Nada mal). Respira
- Zé Manoel: CORAL (Esse tremendo cantor, compositor e pianista pernambucano em mais um trabalho refinado, onde o desenvolvimento melódico e harmônico é tão sofisticado quanto irresistível. Os arranjos são cuidadosos e cheios de cores, há um trabalho rítmico especial, colaboração fundamental do Bruno Morais na produção e participação de nomes como da Luedji Luna. O repertório é variado: começa com uma faixa grooveada com elementos de r&b, tem a atmosférica canção que nomeia o disco, uma homenagem mais que devida ao Johnny Alf, a radiante “Menina Preta de Cocar”, a base afro-brasileira exposta em diversos momentos… É uma aula de como pautar a canção brasileira com questões pertinentes, mas sem jogar a música pra segundo plano). Deságuo Para Emergir
- Zepelim e o Sopro do Cão: CARANGUEJO DE AÇUDE (Cheguei pelo nome do grupo, que achei ótimo. Ouvindo fiquei surpreso como eles conseguiram trazer características do rock nacional noventista e ainda assim soar bem. Tem algo de Raimundos e de Nação Zumbi. É aquela mistureba de rock, ska, rap e temperos nordestinos. Um combo perigoso, já muito explorado e que não envelheceu tão bem, mas que aqui funciona. Fora que parece genuíno). PRAIA DE CAMPINA
- Ὁπλίτης: Παραμαινομένη (Honestamente, nem adianta me perguntar sobre, porque fui parar nesse disco por acaso. Mas adorei! É um death metal técnico, extremo, muito agressivo e impecavelmente produzido. A execução é excelente, inclusive nos improváveis e dissonantes solos jazzisticos, incluindo o uso de sax. Talvez eles sejam chineses, talvez sejam uma banda de zeuhl, nenhuma informação ficou muito clara. De certo mesmo é que sensacional e um dos grandes discos de metal do ano). Μῆνιν ἄειδε, θεὰ παραμαινομένη ἐμοῦ...
- Ace Frehley: 10,000 Volts (Conhecendo o sujeito, aposto que teve pouco envolvimento dele nas composições. Até porque soa como um Alter Bridge cantado por um velho (não quero ser etarista, mas há um falta de sintonia da sua voz (que nunca foi grande coisa) com a proposta instrumental hard-contemporânea). Dito isso, tem uns riffs bacanas, solos bem legais e tudo que o esperava do disco do Ace em pleno 2024. Divertido dar uma checada e nunca mais ouvir).
- Angra: Acoustic - Live At Ópera do Arame (Ouvi muito a banda na adolescência e, de certo modo, assim como tantos fãs, sempre tive o desejo de ver a banda em formato acústico, atenuando o excesso de virtuosismo, segurando a mão na velocidade, explorando quem sabe mais as referências de música brasileira em detrimento do power metal (metal espadinha), acentuando os arranjos e harmonias que de algum modo eles sempre valorizaram. Entretanto, tudo isso cai terra abaixo diante de canções que não se sustentaram neste formato. Ouvir “Nova Era” ou “Carry On” com freio de mão puxado não fez o menor sentido. Os solos de guitarra outrora faiscantes aqui soam sem propósito. Embora o Bruno Valverde seja um ótimo baterista, não achei que ele se encontrou muito bem nos arranjos. E, o principal problema: o Fabio Lione, que nem acho que canta mal ou qualquer coisa do tipo, mas é que a estética vocal desse gênero me soa chata. Muito agudo, muito vibrato… me é cansativo. Qualidades: muito bem gravado (vídeo e som), me pega numa memória afetiva (pô, adorei relembrar “Holy Land”, “No Pain For The Dead”) e, principalmente a participação da Vanessa Moreno (achei “Here In The Now” muito boa). Inclusive, o Angra deveria ter tido uma vocalista mulher).
- Arthur Melo: Mirantes Emocionais (Gosto do elemento psicodélico. Não gosto do elemento classe média branca. Repertório irregular, performance por vezes cansada, bons timbres. Basicamente é isso. Perdão o reducionismo).
- Bebé: SALVE-SE (Falar que é ruim seria injusto e inverdade, já que tem boas produções ao longo do disco e a voz da moça é bem bonita. Todavia, não acho o repertório grande coisa. Não me atraia também essa proposta que fica entre o pop, funk, r&b e brasilidade, no fim não sendo nada disso. Todavia, recomendaria para os entusiastas do trabalho da Fernanda Abreu).
- Big Big Train: The Likes Of Us (Grupo adorado por aqueles mais aguerridos em rock progressivo. Eu honestamente não tinha dado grande atenção até então, mas li elogios a esse disco e fui ouvir. É muito feito, diria que até demais. Tem toda a cafonice e grandiloquência do gênero, parecendo estar na árvore genealógica do Genesis e Marillion. Há boas melodias, virtuosismo e caminhos composicionais pomposos e não convencionais que chego até a ver com certo humor (por mais sério que seja). Dito isso, achei legal, embora no fim já estivesse entediado. Dê uma chance se for essa sua praia).
- Billie Eilish: HIT ME HARD AND SOFT (Sendo bem honesto, para além de toda beleza presente em algumas canções, achei a fluidez do álbum arrastada. Há destaques interpretativos, de produção e arranjos. Acho que ela evoluiu enquanto cantora, no sentido de estar soando mais versátil. Gostei também dela ter apostado em alguns beats que transitam entre o house e synthpop. Todavia, no geral ficou a impressão que o disco não decola).
- Bladee: Cold Visions (Por mais que eu consiga admirar e me interessar por algumas produções aqui presentes (principalmente nas saturações e no uso de elementos do glitch) e reconheça que ele cria toda uma estética/conceito em seu trabalho, o resultado final me parece massivo. O grande problema está em sua voz, de flow e timbre insípido. Se ao menos fosse um EP, mas são 30 músicas em mais de 1 hora. Muitos elogiaram, mas não me vejo pegando pra reouvir).
- Bratislava: Bratislava (Banda já rodada dentro do cenário do rock alternativo nacional. Esse disco é um pop rock vigoroso, mas também um tanto genérico. Difícil fazer pop rock hoje e apresentar grande diferencial. Ao mesmo tempo, acho que quem gosta do estilo só quer algumas boas canções pra ouvir no carro, com a mente distante. Neste sentido o disco funciona bem. Curte BRock oitentista, noventista ou mesmo Terno Rei, dá uma conferida descompromissada).
- Childish Gambino: Atavista (Passado 4 anos, finalmente o Donald Glover dá o acabamento final para seu trabalho anterior (3.15.20, uma espécie de demo que, em tempos de pandemia, fez muito sentido). Aqui, com arranjos e produção lapidada, ganha-se qualidade sonora e perde-se encanto. Ficou parecendo um disco pop comum, que incorpora psicodelia, r&b e algumas estranhezas. A real é que é tão legal quanto esquecível).
- Childish Gambino: Bando Stone And The New World (Donald Glover se despede do alter ego Childish Gambino num disco que aponta pra várias facetas do pop contemporâneo, não se jogando em nenhuma delas, sendo de versatilidade vazia. Um “ok” pouco inspirado).
- CPM 22: Enfrente (Primeiro trabalho do grupo em 7 anos. Não seria injusto dizer que o álbum é fraco, no sentido que não tem canções que transbordam inspiração. Dito isso, nunca achei a banda grande coisa, de modo que aqui pareceu uma continuação linear e genuína ao que eles tem feito. De algum modo eu valorizo essa coerência. Pra quem gosta deles é prato cheio. Destaco o som de baixo e a energia das canções, que tendem a soar melhor ao vivo).
- cumgirl8: The 8th cumming (Dado um pequeno hype, o nome do grupo e disco, além do fato de ter saído pela 4AD, fiquei esperando algo explosivo e recebi um punhado de canções euforicamente juvenis, mas sem grande inspiração. É um electropunk duro e sem charme, mas que no decorrer revela alguns achados (vide “uti”). Ok, mas esquecível).
- Cupertino: Mais Uma História de Amor (Gostei do disco d’Os Garotin e simpatizei com a figura do Cupertino, muito por ele tá sempre empunhando uma guitarra, inclusive na capa deste EP. Todavia, achei as canções e, principalmente, os arranjos e a produção polidas demais. É um pop bem feito, mas também muito inofensivo. Mas é um rapaz pra ficar de olho. Vale dizer que o Caetano Veloso participa de uma faixa).
- DJ K: O Fim! (Tudo bem que a proposta do cara é fazer um funk barulhento e corrosivo, só que neste disco, ao contrário do anterior, me soou bagunçado. Os elementos saturados e em frequências extremas (pra cima e pra baixo) mais criam uma massaroca confusa do que texturas interessantes. Fora isso, as canções estão mais previsíveis e menos inspiradas. São os já conhecidos clichês do funk, só que sem bons ganchos. Nem por isso é ruim, tá mais pra tecnicamente equivocado e, até mesmo, apressado, visto que o trabalho anterior causou certo burburinho).
- Dua Lipa: Radical Optimism (Vindo na sequência de um dos melhores discos de música pop da década, esse álbum soa como uma queda vertiginosa. Claro, ainda tem boas faixas, mas elas se perdem no meio de tantas outras nada inspiradas. Lembro dela dizer que teria referência de britpop. Eu não captei. Tem mais de Tame Impala mesmo (e é de quando eles erram). Disco pop insípido (em produção, em interpretação, em ganchos)).
- Fabiana Palladino: Fabiana Palladino (Honestamente nem embarquei de imediato no disco, mas logo entendi a proposta, que traz muito do pop da virada do milênio somado ao downtempo. O resultado são canções interpretadas com classe, arranjos bem estruturados e uma produção elegante. É noturno e sexy. Só acho que o repertório é irregular, gerando momentos desinteressantes. Jai Paul participa do disco. Ah, ela é filha do Pino, daí o sobrenome).
- Febem / CESRV: ABAIXO DO RADAR (Muita gente adorou, mas confesso que não foi meu caso. É um disco de poréns, visto que, embora o CESRV tenha lançado bons beats e o Febem seja talentoso, achei o repertório irregular. O fato de serem poucas e curtas faixas, atenua os pontos baixos, mas o sabor final frustra. Honestamente não posso dizer que acho o flow do Febem vibrante. O fato do álbum abordar tantas vulnerabilidades combina com seu clima conflitante que ele causou em mim como ouvinte).
- Filipe Ret: NUME (Por já ir ouvir prevendo não gostar - sua carreira já é extensa, já dá pra saber o que esperar -, até que não achei esse disco tão ruim. Isso porque ele soube como lapidar o trap brasileiro, trazendo melodias que caem bem nos ouvidos, graves equilibrados e detalhes de produção/arranjo que discretamente enriquecem os beats. Paralelo a isso, ele descartou o que há de mais problemático no gênero (e também o que de mais autêntico). Deste modo soa como um trap conservador, de bom gosto, não ofensivo, feito pros playson e pras gostosas da zona sul carioca. Errado ele não tá. Memorável sua obra também não é).
- Gastr del Sol: We Have Dozens Of Titles (Disco póstumo do duo. O primeiro lançamento em mais de duas décadas. Nada mais que uma compilação de sobras, sendo algumas imersivas e outras entediantes. Melhor pegar um disco de quando eles tavam na ativa mesmo).
- Irmãs de Pau: Gambiarra Chic, Pt.1 (O início é estrondoso, tanto na intensidade sonora quanto na verborragia sexual envolto no mundo LGBTQIA+. Todavia, confesso que a safadeza e humor perdem a força do decorrer das faixas. Fora que não posso dizer que sou entusiasta desses timbres mais associados a música eletrônica dentro do contexto do funk (é o funk rave isso?). Mas vale dar uma checada).
- John Glacier: Like A Ribbon (Neste EP a artista inglesa traz o hip para o trip hop. O resultado é mais convincente nas produções (vide o ótimo beat de “Tripsteady”) que em seu flow anestesiado. Não me empolgou não).
- Justice: Hyperdrama (Sendo bem objetivo: tem ótimas faixas. Como sempre, o destaque fica no direcionamento das produções, que transitam entre o balanço típico do french house (com aquele synth bass maravilhosos, vide “Generator”) e outras passagens bem “espaciais” (vide “Muscle Memory”). Todavia, a evolução do disco é meio massiva e previsível. Mesmo nos acertos não há grande novidade. Fora que as faixas cantadas soam para mim como derrapadas no repertório. Irregular).
- KAYTRANADA: TIMELESS (O aclamado produtor volta com mais um disco que peca pela irregularidade do repertório. É um trabalho de pop que oscila muito, mesmo quando acerta nas produções. A variedade de artistas que colaboram até ajuda seu fluxo, mas no geral são poucas as faixas memoráveis e capazes de levantar uma pista).
- LUCY: 100% Prod I.V. (Não conhecia o trabalho do Cooper B. Handy, mas achei esse álbum interessante enquanto carta de apresentação. Isso porque ele parece percorrer de forma nada linear ou padronizada por gêneros como emo e trap. No fim é bedroom pop, aqui mais estranho e, por assim dizer, convidativo. As faixas são curtinhas e a produção (ora vazia, ora de timbres bizarros) é elemento de composição. Dito isso, não posso dizer que é o som que faz mais minha cabeça. Acho que nem poderia ser, deve ser coisa de jovem. Vejamos onde ele vai parar com isso).
- Marcin: Dragon In Harmony (Esse jovem violonista polonês vem ganhando grande atenção por sua técnica afiada no violão (de aço e nylon), onde ele aparece atualizar a linha evolutiva de nomes como Michael Hedges e Andy Mckee. No quesito virtuosismo ele espanta mesmo, mas as faixas (muitas delas versões batidas) não acompanham a excelência, se perdendo em algo que parece um “pop eletrônico com tempero de flamenco”. Mesmo seu instrumento tem a tendência a soar mecânico, tamanho a cristalinidade da sua técnica e, possivelmente, do trabalho de pós produção. Assistir vídeos dele no YouTube ou um show deve ser bacana, mas em disco, mesmo com toda a qualidade técnica, não me inspira não).
- Faye Webster: Underdressed At The Symphony (A jovem artista continua se desenvolvendo enquanto compositora e intérprete, o que gerou um disco de indie pop bonito e arrojado, que parece abraçar o singelo em momentos de desespero. O repertório é versátil, assim como a direção de cada arranjo/produção, embora sem perder a unidade. Mais uma simples e bela capa). Underdressed At The Symphony
- Fim da Aurora: Empty (Banda cabulosa que mais uma vez mostra a força do metal extremo brasileiro. Tudo muito pesado e veloz, ficando entre o death e o black metal. O gutural do vocalista é poderoso, os riffs são cativantes e o baterista nos leva a querer dar bicas no alto. Até a capa é ótima. Avassalador). Nonexistent
- Fontaines D.C.: Romance (Parece que conforme as capas vão ficando piores, melhor vai ficando o som do grupo. O repertório está mais variado dentro do contexto do rock alternativo. Tem algo de “U2 nos melhores momentos, mas sem as guitarras do The Edge”. Fora que o vocalista vem se estabelecendo como umas das boas vozes dessa geração. Bons arranjos, boas guitarras… tudo funcionando bem). Starburster
- Forgotten Boys: Click Clack (A banda volta sabe-se lá depois de quantos anos (uns 15) com um disco de… rock. Rock jeans, jaqueta de couro sabe, cabelo ensebado. Bem tiozão, algo que eles não eram e agora de fato são. As canções tem energia e se comunicam com quem curte tanto Rolling Stones quanto Arctic Monkeys ou mesmo tá empolgado com a volta do Oasis. Nenhum respingo de brasilidades, com eles não. Tem deslizes composicionais, com faixas menos atrativas, mas também uns timbres de guitarra crunch e fuzz bem legais, então passo um pano. Pra ouvir tomando cerveja, conhaque, fumando cigarro. Tem cheirinho de começo de noite que vai terminar em ressaca). Zig Zag Sleep
- Frail Body: Artificial Bouquet (Uma mistura abrasiva que engloba post-hardcore, screamo, death metal e blackgaze. Se as composições não são tão memoráveis, por sua vez, a performance é chocantemente vibrante e agressiva. Por melhor que seja a produção, é curioso como cada elemento soa isolado. Meu lado jovem fica feliz). Horizon Line
- Fresno: Eu Nunca Fui Embora (Bem bolado esse lance de lançarem o disco em duas partes, mantendo assim o frescor do lançamento por duas vezes. Achei o nome do disco sugestivo, visto que ao contrário de muitos contemporâneos de cena, eles permaneceram atuantes. E até por isso, eles evoluíram com o tempo, se adequando temporalmente muito além do emo, inserindo elementos do rock alternativo e, principalmente, do pop rock. Se por um lado as composições trazem ganchos memoráveis que fazem jus ao gênero, a produção volumosa e saturada tensiona os limites do estilo. Nada que bandas internacionais já não tenham feito, mas que dentro do pop rock nacional ainda é um tabu sônico. Vale ainda mencionar as boas performances do Lucas, que trazem paixão, força e convicção em boas melodias e textos confessionais. As participações de Pabllo Vittar, Dead Fish, Filipe Catto, NX Zero e Chitãozinho & Xororó dão ainda mais versatilidade e texturas interpretativas ao disco). Era Pra Sempre
- Future Islands: People Who Aren’t There Anymore (Quando esse grupo surgiu, fui um dos que ficou impressionando com sua abordagem synthpop dentro do indie rock contemporâneo. Isso somado a dramaticidade interpretativa e lírica do vocalista. Mas aos poucos eles foram fugindo do meu radar. Ouvindo agora o trabalho atual, percebo que nada mudou. A proposta é a mesma, a qualidade também, só que agora sem o fator surpresa. Ou não, porque ainda surpreende o fato de trazerem tantos elementos semelhantes a de grupos como Coldplay, só que aqui de maneira exitosa, soando grandioso, melodioso, memorável, adulto e nada rasteiro. Ótima produção). Corner Of My Eye
- Future / Metro Boomin: WE DON’T TRUST YOU (Uma parceria que deu liga. As produções do Metro Boomin em um de seus momentos mais cativantes, pulsantes, grandiosos e cinematográficos. Future e os feat. completam os beats com flows mais criativos se comparado a outros álbuns de trap. É bem bacana). Ain’t No Love
- Gary Clark Jr.: JPEG RAW (Ao contrário de tantos outros bons guitarrista de blues da “nova” geração, o Gary Clark se destaca por propor sonoridades que fogem do pastiche. Aqui ele passeia com autoridade por um repertório que se comunica com o r&b contemporâneo. Isso sem deixar de entregar guitarras distorcidas e volumosas sempre que uma canção peça. Timbres robustos, tremenda mixagem e participações do Stevie Wonder e George Clinton servem de bônus. Talvez seu melhor trabalho). Hyperwave
- GEL: Persona (Revelação do hardcore/metalcore. Eufórico e lapidado nas mesmas proporções, esse EP revela canções encorpadas e ganchudas, alimentadas por uma voz feminina poderosa e produção consistente). Mirage
- Ginger Root: SHINBANGUMI (Nosso jovem guardião do citypop irradiando na mesma proporção carisma e talento. Suas produções tem colorido timbristico, trazendo cores do passado para pinturas que só poderiam ter sido feitas hoje. Ótimos arranjos e execução. Gosto como ele ressalta o groove, aproximando as canções do synth-funk. Pode botar pra socializar com os amigos). No Problems
- glass beach: plastic death (Não me pergunte em qual gênero se enquadra isso, mas gostei da proposta, que com liberdade traz elementos de emo, rock alternativo, metal e rock progressivo. Nunca soando preso a fórmulas, paradigmas ou tempo. A produção é tão cristalina que soa artificial, o que aqui parece mais uma proposta intencional do que um excesso de polimento. O resultado de tudo isso é um disco interessante, mesmo com seus altos e baixos). cul-de-sac
- Glote: MELANCOLIA-ULTRA (Difícil resumir a sonoridade deste grupo carioca. Talvez seja um art punk/indie, em alguns momentos nem tão punk, seja por buscar a clareza viajante do progressivo, seja ao partir para esporros ruidosos de free jazz. Gosto de como a guitarra se manifesta com convicção, mesmo nos momentos de timbres de crueza limpa. O fato das canções serem curtas ajuda no desenvolvimento do álbum. Uma estreia nada convencional). SHINKEITSU
- Godspeed You! Black Emperor: “NO TITLE AS OF 13 FEBRUARY 2024 28,340 DEAD” (Com tanto tempo de carreira, surpreende como o grupo ainda continua vigoroso e criativo na arte de construir paisagens sônicas que trafegam por climas tranquilos, límpidos e sinfônicos, mas também por esporros rockeiros progressivamente crescentes. Precisa de predisposição e atenção pra sua contemplação. Vale ainda se atentar ao forte nome do disco, relacionado ao genocídio em Gaza). PALE SPECTATOR TAKES PHOTOGRAPHS
- Grace Bowers & The Hodge Podge: Wine On Venus (Revelação da guitarra blues, esse menina (e dá pra chamar de menina mesmo) estraçalha sua SG em canções classudas e de astral soul irresistível. Ela manda tão bem que chego a desconfiar que o Derek Trucks toca em algumas faixas (se for ele, bacana; se for ela, impressionante). Poderia ser meramente pastiche não fosse tão bacana). Tell Me Why U Do That
- Gracinha: Corpo Celeste (Uma maneira contemporânea de enxergar a psicodelia nordestina. Com isso surgem elementos da mpb atual e, até mesmo, de um synthpop “atmosférico”. A ideia é muito boa, ainda mais diante de canções vagarosas. Inicialmente confesso que senti que faltava vitalidade na interpretação, mas depois entendi como uma proposta sonora. Ótimos arranjos. A metade final é mais forte que a inicial). Cuéntame
- Gracinha: Corpo Celeste (Uma maneira contemporânea de enxergar a psicodelia nordestina. Com isso surgem elementos da mpb atual e, até mesmo, de um synthpop “atmosférico”. A ideia é muito boa, ainda mais diante de canções vagarosas. Inicialmente confesso que senti que faltava vitalidade na interpretação, mas depois entendi como uma proposta sonora. Ótimos arranjos. A metade final é mais forte que a inicial). Cuéntame
- Grandaddy: Blu Wav (A veterana banda ainda tem potência de me surpreender, vide a beleza aqui alcançada. A dramaticidade lírica combina perfeitamente com as interpretações aconchegantes. Curioso pensar que algumas melodias soam bastante “inglesas”, embora os arranjos (meio alt-country, com direito a pedal steel), trazem um clima bastante americano. Chama atenção também o som do que parece mellotron em meio aos arranjos. Disco lindo, com certa densidade apaixonante). Cabin In My Mind
- Grande Mahogany: As Grande As (Cheguei neste disco por conta de uma resenha positiva feita pelo Anthony Fantano. Chamou atenção como o artista usa referências do passado de maneira tão pastiche que é irretocável. Tem faixas que dão a sensação de “isso num é um sample de Sly & The Family Stone”. Dito isso, se sua praia for funk, psicodelia e/ou rock setentista, vá sem medo. Boas canções, muito groove, timbres ácidos e guitarras muito bem executadas. E embora tudo esteja cheio de referências do passado (pode por afrobeat também nesse combo) soa condizente com tendências psicodélicas contemporâneas. Fora que a batida pulsante de algumas faixas também remete ao hip hop (vide “SUPER ROCKER”). Discão). The Rhythm
- Green Day: Saviors (É excelente? Longe disso. Mas achei surpreendente, visto que fazia tempo que a banda não me agradava em disco (coisa de 20 ANOS). Adorei os timbres (e a performance) de guitarra, a cozinha da banda tá azeitada, há canções energéticas (mais pro power pop que pop punk)… Em resumo: funciona. Claro, não é nada muito criativo e o ranço de “bastião do rock e do mundo” ainda está lá, mas dá pra se divertir com o disco). Strange Days Are Here To Stay
- Guerrinha: Exposição Popular (Não conhecia eese compositor e produtor carioca, mas gostei deste trabalho, onde ele se permite passear por territórios do jazz e fusion com os recursos que tem disponível. O resultado é menos cerebral e mais ligado à criação de climas e cenários, sempre esfumaçados, sempre noturnos. Tem um toque de dub em algumas produções. Gosto da proposta de utilizar timbres bem digitais, dando personalidade dentro de um gênero comumente tão orgânico). Tempo Engordado
- Gui Amabis: Contrapangeia (Trabalhando ótimos arranjos de cordas, que geram orquestrações com aspectos de chamber pop dentro da MPB, o artista cria cenários agradavelmente gélidos. Sua voz grave e contida também contribui para isso. Ao longo do disco esse formato vai soando mais convencional, mas não chega a perder a força. Composições muito boas). Certeira Avenida
- Gustavo Galo: folhas (Confesso que inicialmente tive um problema com o disco, que são suas letras, que a mim não levaram a lugar nenhum. Mas botei na minha cabeça - e com certo fundamento - que é um disco conceitual sobre a flora e fui em frente. Agora, o que saltou aos meus ouvidos é sua qualidade enquanto cantor, que embora não possa dizer que tenha grande personalidade, ele atinge momentos de grande beleza. Adorei os arranjos, meio esqueléticos, trabalhando o vazio e texturas eletrônicas, trazendo algo de urbano no meio de tantas flores. É a MPB contemporânea. Disco curtinho). Conversa com Lucina
- Hakushi Hasegawa: Mahōgakkō (Daquelas típicas experimentações nada convencionais dentro do formato canção. Tem até um elemento pop, só que ele é arrebentado e reconstruído via ritmos frenéticos, colorido timbristico esquizofrênico e arranjos complexos. Mesmo nos momentos apaziguadores, de belas orquestrações, a coisa despiroca melodicamente. Tem algo de hyperpop, jazz, música japonesa, glitch. É uma onda). The Blossom And The Thunder
- Hermanos Gutiérrez: Sonido Cósmico (Um disco que emula tão bem as trilhas sonoras de western que é normal relacioná-lo ao cinema. É imagético por si só. Dito isso, não soa como uma experiência pastiche, mas sim como uma referência legítima que gera belas melodias e timbres de guitarra calorosos. Muito bem executado). Low Sun
- Hermeto Pascoal: Pra Você, Ilza (O Hermeto não é capaz de lançar um disco ruim. Ao menos ainda não foi desta vez. E ele não faria isso justo agora, já que esse trabalho traz composições dedicadas a sua recém falecida companheira. Tem a loucura típica do velho bruxo, mas também a inteligência que não deixa a obra desandar. É fluidamente ousado e bonito (e até mesmo dançante quando ele traz elementos do forró). Muito bem captado. Sua banda sempre acima de qualquer suspeita). Pra Você, Ilza - Hiatus Kaiyote: Love Heart Cheat Code (Um claro exemplo de que mais é mais. A cantora arrebenta e chega a pecar por excesso. Os arranjos são coloridos e grandiosos. As composições tem enorme arrojo. Isso tudo numa fusão de r&b e jazz contemporâneo que não subestima o ouvinte, mas também o aproxima de forma atraente). Make Friends
- High On Fire: Cometh The Storm (Como só poderia ser, mais uma grande paulada dos mestres do sludge, aqui soando ainda mais metal. Tem algo de Mastodon, algo de thrash, algo de Black Sabbath… o normal, só que elevado na potência. Tudo com timbragens densas e quentes, riffs convulsivos e baterias trogloditas. Que vontade de ver a banda ao vivo). Trismegitus
- His Lordship: His Lordship (Esse duo lançou um dos álbuns de rock mais sujos, orgânicos e alto astral do ano. As guitarras falam alto em canções que trafegam entre o garage rock, proto-punk, glam rock e pub rock. Ou seja, é rock sem invencionismo, mas com muita energia na performance e produção. Eu adoro). I’m So Bored Of Beign Bored
- hoovaranas: Três (Trio instrumental poderoso que adquiriu enorme consistência neste disco, tanto em composição quanto em performance. Eles soam técnicos sem parecem pedantes. Tem momentos ritmicamente bem intrincados.As músicas evoluem de forma bem amarrada, não parecendo ter muito espaço para improviso, mas trazendo timbres quentes e entrosamento natural). Êxtase
- Humildes do Soundcloud: Humildes do Soundcloud, Vol. 2 (LADO B) (Rasguei seda para o LADO A dessa compilação - tá ali entre as melhores do ano - de modo que com tranquilidade afirmo que esse LADO B é bem menos inspirado. Parte para um lado mais “eletro” e comum do funk. Isso em termos comparativos, afinal, ainda tem seus momentos entusiasmantes). BUCETADA
- Hurray For The Riff Raff: The Past Is Still Alive (A artista revive suas memórias se jogando num som americana/country que muito bem combina com seu estilo. Sua voz é bela, mas melhor ainda são os arranjos e captação do instrumental, bastante orgânico e dinâmico. Há composições memoráveis, que soam como se a Taylor Swift desenvolvesse um trabalho com o Wilco. Eu adoro ambos, então tô dentro). Colossus Of Roads
- Ibibio Sound Machine: Pull The Rope (Talvez o disco mais “convencional” do grupo (a produção do Ross Orton talvez explique isso). A fórmula é a mesma: um encontro de afrobeat com funk sintetizado. Sempre com timbres espetaculares e ótimas interpretações vocais. O resultado é altamente dançante. Menos inventivo, mas igualmente convidativo. Eu adoraria tocar numa discotecagem). Let My Yes Be Yes
- Icaro: Vou Complicar, Vou Resolver (Vou jogar o artista num saco que talvez ele nem gostei, mas que para mim faz sentido: manja aquele pop rock com elementos de mpb do Vitor Kley e Jão? Pois então, aqui esse gênero se mostra com maior qualidade, coragem e talento. As composições são boas, os arranjos são cuidadosos, a interpretação é contida e há boas guitarras. Tudo isso joga a favor das canções, que soam até mesmo radiofônicas. Vale conhecer, é um EPzinho de 4 faixas). Tava Tudo Bem
- Idles: TANGK (Confesso que é o primeiro disco do Idles que eu escuto e não morro de amores. Todavia, entendo os novos caminhos que eles adotaram ao investir em diferentes cores através das produções, que por sinal contam com a colaboração do Kenny Beats e Nigel Godrich. Há momentos mais climáticos, baladas e, até mesmo, certa sofisticação. Ainda assim, são os momentos mais vorazes estão entre os meus prediletos). Hall & Oates
- Iglooghost: Tidal Memory Exo (Em seu disco mais acessível - e nem por isso fácil -, o produtor traz elementos do hip hop para a construção de músicas vibrantemente frenéticas, densas e climáticas. Não posso dizer que amei as performances vocais, mas elas funcionam. Os ritmos intrincados e timbres corrosivos (com muito do glitch) ainda estão lá, mas de forma mais organizada/convencional, o quê, dado a loucura do passado, é uma evolução. Vale ainda destacar a capa, das mais legais do ano, da década, da música eletrônica em qualquer tempo). Alloy Flea
- Infant Island: Obsidian Wreath (Um disco de “black metal dramático”, o que remete ao screamo, mas que de tão violento e pesadíssimo prefiro deixar na área do metal mesmo. Gostei da execução (guitarrista e baterista excelentes), da produção e do rumo composicional das faixas. É uma cacetada). Clawing, Still
- Intercourse: Egyptian Democracy (EP furioso de metalcore. Concisamente violento. É como explodir em fúria e descontar no canal auditivo. Dito isso, os riffs são bem trabalhados e a mixagem separadinha é elementar para o resultado final). Clown College Dropout
- Institution: O Grande Vazio EP (Metalcore torto (e de certa forma melodioso) vai de encontro ao post-metal. Isso cantando em português. Jair Naves chega a participar. Menos de 10 minutos de pura fúria e capacidade musical). Lapso
- Irmão Victor: Micro-Usina (Daquela escola psicodélica/alternativa maluca do Júpiter Maçã, esse álbum apresenta a estética bem desenvolvida em arranjos complexos e composições divertidamente estranhas. Há uma gama enorme de timbres e dinâmicas que oferecem colorido ao disco. Incrivelmente bem tocado. Deveria ter recebido maior atenção). Chiliques
- Jack White: No Name (Um disco de sonoridade descompromissada se comparado ao que ele vinha fazendo. É mais cru, remetendo inclusive ao White Stripes. Inicialmente foi dito que era apenas para ser um brinde de sua loja de discos com pequena tiragem. Não sei o quão isso foi apenas uma jogada de marketing. De fato é que sua guitarra soa mais orgânica e, nem por isso (talvez por isso), extremamente poderosa. Tem ótimos riffs e solos (como sempre). Curiosamente, em muitos momentos me lembrou os momentos mais blues do Black Sabbath e os momentos mais pesados do Led Zeppelin. Nada mal). Tonight (Was A Long Time Ago)
- Jamie xx: In Waves (Mais um trabalho solo do Jamie xx, que se por um lado apresenta certa previsibilidade, por outro continua a mantê-lo no alto posto da música dançante, chegando a faixas de house luminosas perfeitas para pista. Bem produzido e pensado, com direito a timbres e batidas radiantes. Repertório um tanto quanto irregular, mas ok). Body On The Floor
- Jean Dawson: Glimmer Of God (Acho o Jean Dawson inegavelmente talentoso, sendo que aqui ele mostra suas qualidades técnicas em trazer uma sonoridade à la Prince pro pop contemporâneo. Há ótimas guitarras, synths radiantes e uma construção composicional nada óbvia. Isso dentro de uma produção pulsante, colorida e envolvente. Quando ele derrapa, acerta no Weeknd, que não é de todo mal, mas revela certa inconsistência. Ainda assim, saldo positivo). Black Sugar
- Jessica Pratt: Here In The Pitch (Esse álbum recebeu enormes elogios assim que lançado. Não posso dizer que embarquei com tanto entusiasmo. Até porque há um certo passeio pela sonoridade da bossa nova dentro de uma estética que tende a agradar mais gringos que a nós. Mas calma, o disco não é só isso. O repertório traz também elementos da música pop francesa sessentista, ecos de Nico, boas interpretações vocais e uma sonoridade vintage reverberosa lo-fi elegantíssima. É bem bonito). Empires Never Know
- Jessica Pratt: Here In The Pitch (Esse álbum recebeu enormes elogios assim que lançado. Não posso dizer que embarquei com tanto entusiasmo. Até porque há um certo passeio pela sonoridade da bossa nova dentro de uma estética que tende a agradar mais gringos que a nós. Mas calma, o disco não é só isso. O repertório traz também elementos da música pop francesa sessentista, ecos de Nico, boas interpretações vocais e uma sonoridade vintage reverberosa lo-fi elegantíssima. É bem bonito). Empires Never Know
- Jlin: Akoma (A DJ/produtora em mais uma amostra impressionante de criatividade ao trabalhar ritmos complexos e timbres contorcidos/sintéticos em estruturas fora de padrão, ainda assim soando convidativa em sua estranheza. Tem colaboração de ninguém menos que Björk e Philip Glass. Complexo e instigante). Summon
- João Bosco: Boca Cheia de Frutas (Devido o nome, fui levado a acreditar que era um álbum solar. Não foi como o senti (o que não é nem de longe um problema). As canções tomam rumos densos melodicamente e harmonicamente, trazendo de algum modo ecos eruditos, que por eu ser iletrado no assunto, não sei bem apontar de onde vêm. Como sempre, há também muito da bossa nova nas levadas. Instrumentalmente os arranjos são enxutos, embora precisos e inteligentes, além de impecavelmente executados por sua banda formidável. Tudo isso joga holofote nas composições e performances do João ao violão. Sua voz soou para mim envelhecida pela primeira vez (em timbre e interpretação trêmula), o que traz charme e uma certa aura bucólica. Inclusive, adorei como em alguns momentos ele usou vozes sobrepostas, criando contrapontos vocais espetaculares. Disco emotivo de um dos grandes artistas da música popular brasileira). Buraco
- Job For A Cowboy: Moon Healer (Lembro quando o Job For A Cowboy surgiu. No auge da minha adolescência, à procura de sons extremos, achava divertida a podridão proposta por eles. Mas o tempo passou e não os acompanhei. Não é que agora eles lançaram um disco elogiadíssimo. Isso após ficar uma década sem material inédito. Fui ouvir e fiquei impressionado. É outra banda. Seu som virou death metal ultra técnico, bastante atento às evoluções do metal moderno. Muito bem tocado, com timbragens poderosas e canções que se desenvolvem de maneira inteligente. Grata surpresa). Beyond The Chemical Doorway
- Jogo Duro: Jogo Duro (Em colaboração com o saxofonista turco Ilhan Ersahin, esse grupo brasileiro - que contém na formação músicos como o Guizado, Chicão e Tony Gordin -, trabalha de forma não linear composições repletas de climas, dinâmicas, texturas e improvisos. É o jazz em seu aspecto mais confortável, o que não quer dizer que não seja aventureiro). Pega Leve
- Jota Ghetto & Jamés Ventura: Asfáltico (EP conciso e preciso na arte de lembrar o rap nacional da década de 1990, embora com uma produção caprichada contemporânea. O flow dos rappers é carismático e inteligente. Não tem erro. KL Jay participa). Gangue do Metrô
- Jota.pê: Se o Meu Peito Fosse o Mundo (Não conhecia o trabalho do rapaz e de imediato fiquei admirado pela sua linda voz e ótimas levadas ao violão, algo que o aproxima do Gilberto Gil. Todavia, conforme o disco evolui, o repertório vai perdendo a força, o aproximando primeiramente do Djavan, depois do Lenine, depois do Seu Jorge e, no fim, dos Gilsons (que participam do disco). Uma queda vertiginosa. Como há bons arranjos, ótima produção, é bem tocado e ele é muito talentoso, mesmo os deslizes passam com a garantia do êxito sonoro. Dentro deste segmento de “música gostosinha”, “brasilidades”, pra ouvir indo pra praia com a namorada… ele se sai bem demais). Tá Aê
- Juçara Marçal: DEB RMX (O espetacular Delta Estácio Blues, álbum anterior da Juçara, é revisitado aqui sob direção de diferentes produtores, trazendo uma linguagem eletrônica, abstrata e barulhenta para as canções. Alguns nomes que colaboram com o projeto são Bartira, Mbé, Moor Mother, Os Fita, Saskia, DJ RaMeMes, VHOOR, dentre outros. Mesmo quando o resultado não me agrada em cheio, há sempre uma provocação, uma textura diferenciada, uma abordagem instigante. É o suficiente). Criei Um Pé De Ipê
- Judas Priest: Invincible Shield (É impressionante que nesta altura do campeonato o Judas continue a produzir discos tão vigorosos (vide esse e o anterior). E por mais que seja lamentável a saída dos guitarristas originais, é difícil não atribuir as principais qualidades do álbum aos excelentes Richie Faulkner e Andy Sneap (que também assina a produção). Tem cada solo (virtuoso e melódico). Algumas faixas parecem saídas do Painkiller. O Rob Halford é uma força da natureza. Heavy metal direto da fonte). The Serpent And The King
- Junio Barreto: O Sol e o Sal do Suor (Mais de uma década após seu último trabalho, o cantor-compositor deixa aflorar toda sua essência pernambucana de forma genuína e rica em talento. A poética e as interpretações são calorosas e cheias de alma. Tudo belamente arranjado, trazendo a tradição sonora nordestina em sintonia com a contemporaneidade. “Coração Preto” chega inclusive a remeter ritmicamente ao Piseiro. Destaco ainda “Ata-Me”, que já havia aparecido aqui nos reviews através da Alaide Costa, mas que via seu compositor de voz bem menos técnica e polida, se comprova uma das grandes canções do ano. Não costumo ter uma visão tão afetiva assim, mas sinto que esse é daqueles álbuns que abraçam). Feixes
- Jup do Bairro: in.corpo.ração (Lembro de ouvir o disco dela e odiar. Me parecia um hype besta. Mas esse EP eu gostei! Soa como um electro gótico maluco, onde sua voz grave, poética urbana/social/pessoal e produção estão melhor resolvidas. O resultado é estranhamente instigante). sinfonia do corpo (in.corpo.ração)
- Kali Malone: All Life Long (Já vai ciente que é um disco longo e minimalista. Com isso em mente e aberto a proposta, achei um trabalho fantástico. As composições parecem ter o mesmo conceito/“fórmula”: explorar diferentes intervalos melódicos, gerando tensões e harmônicos diferentes, que mudam drasticamente a sensação com alterações pontuais e conflitantes. Esse raciocínio é trabalhado com diferentes timbres e tessituras (vindas de órgãos, sopros e, até mesmo, coro de vozes). É viajante. Ouvi compenetrado. Um dos grandes álbuns de música erudita contemporânea do ano. Sem destaque).
- Kamasi Washington: Fearless Movement (O grande nome do jazz contemporâneo agrega diferentes linguagens à sua sonoridade através de Thundercat, Terrace Martin, George Clinton, André 3000 e tantos outros parças. O resultado são canções menos herméticas, embora impecavelmente executadas. Entretanto, essa é apenas uma das faces do trabalho, visto que há também seus já conhecidos caminhos jazzisticos espirituais de improvisos radiantes. Tremenda mixagem, colocando o jazz no presente de maneira natural. Tem que desceu a lenha, mas eu gostei. Menos profundo, mas ainda inspirador). Road To Self (KO)
- Kamau: Documentário (Mais uma vez comprovando ser um dos mais talentosos rappers do cenário nacional, Kamau passeia 13 faixas em 16 minutos. Tudo tão curto que não há espaço para refrães ou ganchos, é “apenas” o fluxo de consciência do rapper através de bons textos e flows. Beats tão abstratos quanto crus e diretos ao ponto. Sem destaque, o lance é ouvir tudo numa paulada. Capa bacana).
- Kardüm: A Dor Que Fica (Curte hardcore melódico (e até mesmo emo)? Então esse EP de estreia do Kardüm (com remanescente do Auria) tem tudo para te fisgar. Muito bem interpretado, gravado (sonzão de baixo) e escrito, transparecendo convicções/dilemas pessoais nas composições. Rodrigo Lima, Badauí e Deb Babilônia participam do trabalho). Já Faz Tanto Tempo
- Kendrick Lamar: GNX (Após a sequência de nocautes que ele enfileirou no Drake, o rapper voltou a priorizar sua arte num disco com menos enfoque nas bases/beats/produção e mais no flow. De algum modo, as faixas ao lado da SZA parecem uma emulação do pop-rap que o canadense sempre sonhou em fazer e nunca conseguiu. Embora liricamente tenha aquele caldeirão complexo de referências e suas performances continuem a mostrar o rapper contundente que ele é, sonoramente não é dos seus trabalhos que mais saltam aos meus ouvidos. Mas os bons ganchos e os ritmos pulsantes estão lá). reincarnated
- Kerry King: From Hell I Rise (Se colocando enquanto guardião do Slayer, Kerry King faz de sua estreia uma continuação da antiga banda. É um thrash metal poderoso e que, para mim, soa mais inspirado que os últimos discos do Slayer. O vocal de Death Angel caiu muito bem. Paul Bostaph sempre brilhou dentro do gênero. Vale ainda dizer que senti os solos de guitarras um pouco mais “melódicos”, meio que remetendo ao Judas Priest e Accept. Ótimo trabalho que tem tudo pra ganhar ainda mais força ao vivo). Crucifixation
- Khruangbin: A LA SALA (Por mais que eu não veja grande personalidade ou inspiração nas faixas aqui expostas, eu gosto da linha que eles adotaram, adequando a música ao plano de fundo (ao menos é assim que senti esse disco). Tem algo de lounge e hip hop instrumental (lo-fi), mas também de psicodelia, funk e latinidade. O resultado é agradável e convidativo. Ótimas linhas de baixo e maior ênfase nas guitarras (melódicas e contidas, mas elementares nos arranjos) dão valor artístico necessário. A palavra pode não ser boa, mas a real é que achei um disco “funcional”). Three From Two
- Kiko Loureiro: Theory Of Mind (Dos seus discos orientados pela guitarra shred, esse talvez seja o melhor. E olha que nem é o som que faz a minha cabeça. Mas ele soube embarcar em timbragens modernas e se apropriar do djent. A já velha cozinha formada pelo Bruno e Felipe desempenha um entrosamento fantástico. Nem me apeguei à temática, visto que acho que ela serve mais para inspirá-lo enquanto compositor do que comunicar algo ao ouvinte. Recomendado pra quem curte essa praia de guitarra shred). Talking Dreams
- Kim Deal: Nobody Loves You More (A eterna rainha do rock alternativo em seu primeiro disco solo. Além dos trejeitos rockeiros do gênero, aqui ela investiu em arranjos orquestrais exuberantes, lembrando o pop do passado, principalmente das cantoras francesas. Sua voz, de dicção, tempo e timbre próprio, parece de outro tempo. A metade final é espetacular. Surpreendente não só pela excelência, mas pela inquietude que demonstrou ao propor novos caminhos ao seu trabalho. Ao contrário do que ela afirmou, todos a amam e adoraram o disco). Summerland
- Kim Gordon: The Collective (Longe de mim duvidar da capacidade da Kim Gordon, mas convenhamos que não é qualquer artista que aos 70 faz um mergulho tão intenso no que há de mais pesado na música contemporânea. Se no passado ela explorou o barulho dentro de uma estética que estava em voga (punk rock, rock alternativo), agora ela chega no eletrônico/industrial e, até mesmo, no trap, para arrebentar nossos ouvidos. O ótimo Justin Raisen tem papel fundamental no êxito sonoro do disco. Paralelo a isso, ela se debruça em sua visão das tecnologias e interações sociais. Impactante). It’s Dark Inside
- KNEECAP: Fine Art (Não conhecia esse trio irlandês de hip hop, mas fiquei entusiasmado com esse disco. Eles demonstram personalidade é uma certa energia/atitude rockeira, tanto em algumas produções mais saturadas, quanto no flow incisivo. Isso tudo sem soar fora da curva demais. É um tipo de proposta bastante contemporânea, exalando frescor). I’m Flush
- KNEECAP: Fine Art (Não conhecia esse trio irlandês de hip hop, mas fiquei entusiasmado com esse disco. Eles demonstram personalidade é uma certa energia/atitude rockeira, tanto em algumas produções mais saturadas, quanto no flow incisivo. Isso tudo sem soar fora da curva demais. É um tipo de proposta bastante contemporânea, exalando frescor). I’m Flush
- KOKOKO!: BUTU (Grupo singular do Congo em seu segundo trabalho. Mais uma vez numa hipnótica, estranha, psicodelia e dançante mistura de sons, que através dos ritmos envolventes, cantos eufóricos e cores timbristicas (muitas eletrônicas) cria um caldeirão sônico de difícil comparação). Motema Mabe
- Krallice: Inorganic Rites (Um disco de “black metal estranho”. Tem agressividade, momentos intrincados à la technical death metal, arranjos de raciocínio quase orquestral, sintetizadores típicos de synthpop, uma produção de direcionamento não muito claro, vocalizações horrendamente atrativas, guitarras nonsense, tremendas linhas de baixo, uma depressão tipicamente gótica…. são muitos elementos desconexos que geram um álbum mais interessante que propriamente exitoso. Se você tem dúvidas de como o heavy metal pode soar pouco ortodoxo, vale a pena decifrar o experimentalismo deste disco). Here Forever
- Laetitia Sadier: Rooting For Love (A eterna vocalista do Stereolab num álbum de enorme riqueza composicional, beirando prog-indie. As faixas tomam caminhos melódicos e timbristicos bastante ousados. Grande variedade de paletas sonoras nos arranjos e até um certo “balanço” em algumas faixas. Um disco caprichado, chique). Penser L’inacceptable
- Lasso: Parte (Punk-hardcore brasileiro autêntico. Não tem cerimônia, só cacetada. Tudo muito alto e intenso. Ao vivo deve ser o cão. Capa malucona). Pavor Eterno
- Krallice: Inorganic Rites (Um disco de “black metal estranho”. Tem agressividade, momentos intrincados à la technical death metal, arranjos de raciocínio quase orquestral, sintetizadores típicos de synthpop, uma produção de direcionamento não muito claro, vocalizações horrendamente atrativas, guitarras nonsense, tremendas linhas de baixo, uma depressão tipicamente gótica…. são muitos elementos desconexos que geram um álbum mais interessante que propriamente exitoso. Se você tem dúvidas de como o heavy metal pode soar pouco ortodoxo, vale a pena decifrar o experimentalismo deste disco). Here Forever
- Laetitia Sadier: Rooting For Love (A eterna vocalista do Stereolab num álbum de enorme riqueza composicional, beirando prog-indie. As faixas tomam caminhos melódicos e timbristicos bastante ousados. Grande variedade de paletas sonoras nos arranjos e até um certo “balanço” em algumas faixas. Um disco caprichado, chique). Penser L’inacceptable
- Lasso: Parte (Punk-hardcore brasileiro autêntico. Não tem cerimônia, só cacetada. Tudo muito alto e intenso. Ao vivo deve ser o cão. Capa malucona). Pavor Eterno
- Lencinho: Só As Melhores (Não sei o quão é pra ver esse projeto com seriedade. Até porque, se for pra levar a sério, vou pegar birra desses brancos alternativos querendo explorar o pagode (seja isso genuíno ou não por parte deles). Agora, escutando com leveza - que é o que a obra em si parece trazer -, é divertido. Vale dizer que o Vitor Brauer tá envolvido, ou seja, as composições apresentam sua criatividade peculiar. As desafinações vocais (que revelam certo desprendimento dentro de uma estética que foi tão polida pela indústria), o uso de timbres ruidosos (quase shoegaze) e a energia do rock dão tempero próprio para o trabalho. Resumindo: tem carisma). O Gosto do Amor
- Lenny Kravitz: Blue Electric Light (Não costumo dar bola para os lançamentos recentes do Lenny Kravitz, mas ao vê-lo na capa da Guitar Player, me empolguei e fui conferir. O disco é bacana. Se fosse de um artista novato estaríamos rasgando seda. Tem trejeitos tanto do rock setentista quanto do pop contemporâneo. Isso feito de maneira nada apelativa (para ambos os lados). Sons orgânicos se misturam a timbres sintetizados. Há groove funky e guitarras rockeiras (dele e do subestimado Craig Ross). Álbum divertido e consistente. Não é só no físico que ele mantém-se em forma. Grata surpresa). Bundle Of Joy
- Liam Gallagher & John Squire: Liam Gallagher & John Squire (Imagine o Oasis com ótimas guitarras (relaxem, é mera provocação). Pra ser honesto, nem sabia que o John Squire era tão bom guitarrista (inclusive com um vocabulário à la Eric Clapton). Claro, a forma das canções e progressões harmônicas trazem a sensação de “já ouvi isso antes”, mas sabendo quem são os envolvidos, isso era esperado e até mesmo secundário, visto que as canções são boas e isso que importa. Feliz pela parceria não ter sido uma decepção). Raise Your Hands
- Liniker: CAJU (Acho o repertório irregular. Não engulo esses pagodes à la Ludmilla, mas sem o mesmo carisma. Dito isso, vejo com bons olhos o poder de comunicação que a Liniker tem com seu público, independente do que apresente no disco, que vai desde dos pagodes, passando por um pop dançante e genérico feito ao lado do Tropkillaz, mas também invocação a tradição da soul music brasileira e até mesmo um dub com guitarra blues e percussões de axé. Talvez isso aconteça porque o lirismo, as histórias, as vivências e a personalidade dela encante mais que a própria manifestação musical. Adorei a voz dela, aqui mais bonita que no passado. Arranjos, gravação e performances dos instrumentistas tecnicamente impecáveis. Capa fodona). ME AJUDE A SALVAR OS DOMINGOS
- Linkin Park: From Zero (Nunca fui grande entusiasta da banda, de modo que uma repaginação - embora tristemente forçada - poderia vir a me agradar. E foi o que aconteceu. Nada que me fará reouvir esse disco novas vezes com grande entusiasmo, mas fiquei surpreso como eles conseguiram trazer uma nova voz para o grupo, agregando um frescor que tende a agradar mais a mim que os fãs. É um disco de pop rock encorpado, neste sentido, soando muito melhor que um Thirdy Seconds To Mars da vida. Tem suas derrapadas, mas tem também algumas das melhores músicas da banda em décadas. Ouça por sua conta em risco). Casualty
- Little Simz: Drop 7 (Se assim como eu, você for grande entusiasta do disco que ela lançou em 2021, é melhor ouvir esse com os ânimos mais “contidos”, visto que a abordagem é outra. Neste EP ela parte para produções eletrônicas, algumas que remetem a sons do “terceiro mundo” (o rapaz do Volume Morto explicaria bem essas referências, eu como leigo percebo de forma vaga). Não por acaso “Ferver” tem rimas em português e ecos do funk. A ideia é ótima e a execução exitosa). SOS
- Lenny Kravitz: Blue Electric Light (Não costumo dar bola para os lançamentos recentes do Lenny Kravitz, mas ao vê-lo na capa da Guitar Player, me empolguei e fui conferir. O disco é bacana. Se fosse de um artista novato estaríamos rasgando seda. Tem trejeitos tanto do rock setentista quanto do pop contemporâneo. Isso feito de maneira nada apelativa (para ambos os lados). Sons orgânicos se misturam a timbres sintetizados. Há groove funky e guitarras rockeiras (dele e do subestimado Craig Ross). Álbum divertido e consistente. Não é só no físico que ele mantém-se em forma. Grata surpresa). Bundle Of Joy
- Liam Gallagher & John Squire: Liam Gallagher & John Squire (Imagine o Oasis com ótimas guitarras (relaxem, é mera provocação). Pra ser honesto, nem sabia que o John Squire era tão bom guitarrista (inclusive com um vocabulário à la Eric Clapton). Claro, a forma das canções e progressões harmônicas trazem a sensação de “já ouvi isso antes”, mas sabendo quem são os envolvidos, isso era esperado e até mesmo secundário, visto que as canções são boas e isso que importa. Feliz pela parceria não ter sido uma decepção). Raise Your Hands
- Liniker: CAJU (Acho o repertório irregular. Não engulo esses pagodes à la Ludmilla, mas sem o mesmo carisma. Dito isso, vejo com bons olhos o poder de comunicação que a Liniker tem com seu público, independente do que apresente no disco, que vai desde dos pagodes, passando por um pop dançante e genérico feito ao lado do Tropkillaz, mas também invocação a tradição da soul music brasileira e até mesmo um dub com guitarra blues e percussões de axé. Talvez isso aconteça porque o lirismo, as histórias, as vivências e a personalidade dela encante mais que a própria manifestação musical. Adorei a voz dela, aqui mais bonita que no passado. Arranjos, gravação e performances dos instrumentistas tecnicamente impecáveis. Capa fodona). ME AJUDE A SALVAR OS DOMINGOS
- Linkin Park: From Zero (Nunca fui grande entusiasta da banda, de modo que uma repaginação - embora tristemente forçada - poderia vir a me agradar. E foi o que aconteceu. Nada que me fará reouvir esse disco novas vezes com grande entusiasmo, mas fiquei surpreso como eles conseguiram trazer uma nova voz para o grupo, agregando um frescor que tende a agradar mais a mim que os fãs. É um disco de pop rock encorpado, neste sentido, soando muito melhor que um Thirdy Seconds To Mars da vida. Tem suas derrapadas, mas tem também algumas das melhores músicas da banda em décadas. Ouça por sua conta em risco). Casualty
- Little Simz: Drop 7 (Se assim como eu, você for grande entusiasta do disco que ela lançou em 2021, é melhor ouvir esse com os ânimos mais “contidos”, visto que a abordagem é outra. Neste EP ela parte para produções eletrônicas, algumas que remetem a sons do “terceiro mundo” (o rapaz do Volume Morto explicaria bem essas referências, eu como leigo percebo de forma vaga). Não por acaso “Ferver” tem rimas em português e ecos do funk. A ideia é ótima e a execução exitosa). SOS
- LL COOL J: THE FORCE (Primeiro disco do lendário rapper em sei lá quantos anos. E pra ser honesto, consagrado como ele é, nem esperava grande coisa. Fui ouvir com curiosidade, mas sem depositar expectativa. Talvez por isso minha surpresa com a consistência do repertório. Ao somar seu flow com o do Snoop, Busta Rhymes, Nas e Eminem, o atrativo sônico se eleva. A produção/beats soam estranhos (no bom e mal sentido) ao tentar fugir do convencional, mas sem cair nas armadilhas de tendências comerciais. Um disco mais que digno). Huey In The Chair
- Logic: Ultra 95 (Nunca gostei do som do Logic. Mas o Fantano falou tão bem desse disco que fui dar uma chance. Não é que o rapper finalmente acertou a mão. As produções são ótimas, intercalando beats de boom bap com elementos de jazz em timbres cristalinos e encorpados. Seu flow está afiado, rimando de forma inquietante. Honestamente, nem me prendi em seu contexto narrativo conceitual, apenas admirei a fluidez musical. Dito isso, as vinhetas emperram um pouco a experiência, mas nada que a sequência de excelentes canções não trate de resolver). Favela
- Los Campesinos!: All Hell (Lembro de há muitos anos assistir um show do grupo e ficar entusiasmado com o indie-pop carismático e bem tocado deles. Estranhamente isso não se refletia nos discos que ouvia. Somente agora eles parecem chegar nesse êxito sônico, trazendo boas canções que trafegam pelo ambiente pop punk/emo sem cair em clichês e soando vigoroso. Muito recomendado para quem curte essa estética). The Order Of The Seasons
- Louis Cole with Metropole Orkest & Jules Buckley: nothing (Se tem uma coisa que esse trabalho não é “nada”. Um álbum ambicioso de música “pop” que une momentos grooveados à arranjos orquestrado ora jazzísticos, ora à la musicais, trilhas de desenho animado ou mesmo arrojo erudito. Isso traz exuberância e robustez impressionante no pop contemporâneo. Vi inclusive alguns trechos em vídeo e a grandiosidade da produção fica latente). Life
- Lucas Arruda: Ominira (Curte aor, citypop, Lincoln Olivetti e Ed Motta? O brilhantismo pode não ser o mesmo, mas a referência é. E que referência! Entre instrumental sofisticado e canções melódicas com certo apelo pop, salta aos ouvidos o arrojo e cuidado com arranjos, performances e captação. Sua voz não é das mais destacáveis, mas funciona. Bem bacana. Capa cafona). The Mountain
- LUDMILLA: Numanice #3 (Ao Vivo) (Um dos shows de maior sucesso do país. Tudo bem, o repertório é irregular (precisa de “Cedo ou Tarde”?) e tem momentos tacanhos. Dito isso, também tem momentos de puro luxo, capaz de extrair sorriso no rosto ao nos darmos conta que é o que há de mais popular sendo produzido no país. Muito bem tocado, captado, com alguns arranjos soberbos e a Ludmilla transbordando carisma, trafegando com propriedade pelo pagode romântico. Se num sábado de manhã, com uma cerveja e acompanhado de uma cheirosa(o), esse disco não te fizer feliz, pode se enterrar na areia). A Preta Venceu
- Luiza Brina: Prece (A MPB em plena forma, via uma cantora de linda voz e grande capacidade interpretativa. As melodias são sofisticadas e os arranjos, ora orquestrados, fogem do pueril da música brasileira contemporânea cheia de brasilidades caricatas. Em alguns momentos, até o ritmo (em instrumentação) é posto de lado em favor das cordas. Vale ainda se atentar para o aspecto vulnerável das composições, que são trabalhadas como um elemento de cura. Um disco de refinamento e entrega). Oração 2
- Lupe Fiasco: Samurai (E o rapper segue sem derrapar em mais um disco arrojado, que traz seu flow tão inquieto quanto agradável em cima de ótimas produções do Soundtrakk. É orgânico, é jazzistico, tem respiro, é conceitual, não é presunçoso, não dos 30 minutos. O rap contemporâneo tem ainda muito o que aprender com o Lupe Fiasco). No. 1 Headband
- LustSickPuppy: CAROUSEL FROM HELL (Confesso que não sabia que ainda existia digital hardcore. Dito isso, aqui está uma amostra do gênero na contemporaneidade, abusando de timbres enormes, distorcidos e saturados. Tudo com uma intensidade epiléptica. Incrivelmente, ainda assim há alguns bons ganchos. Tudo isso em 9 faixas e menos de 20 minutos. Cuidado caso você tenha problema cardíaco). LOTHARIO
- Logic: Ultra 95 (Nunca gostei do som do Logic. Mas o Fantano falou tão bem desse disco que fui dar uma chance. Não é que o rapper finalmente acertou a mão. As produções são ótimas, intercalando beats de boom bap com elementos de jazz em timbres cristalinos e encorpados. Seu flow está afiado, rimando de forma inquietante. Honestamente, nem me prendi em seu contexto narrativo conceitual, apenas admirei a fluidez musical. Dito isso, as vinhetas emperram um pouco a experiência, mas nada que a sequência de excelentes canções não trate de resolver). Favela
- Los Campesinos!: All Hell (Lembro de há muitos anos assistir um show do grupo e ficar entusiasmado com o indie-pop carismático e bem tocado deles. Estranhamente isso não se refletia nos discos que ouvia. Somente agora eles parecem chegar nesse êxito sônico, trazendo boas canções que trafegam pelo ambiente pop punk/emo sem cair em clichês e soando vigoroso. Muito recomendado para quem curte essa estética). The Order Of The Seasons
- Louis Cole with Metropole Orkest & Jules Buckley: nothing (Se tem uma coisa que esse trabalho não é “nada”. Um álbum ambicioso de música “pop” que une momentos grooveados à arranjos orquestrado ora jazzísticos, ora à la musicais, trilhas de desenho animado ou mesmo arrojo erudito. Isso traz exuberância e robustez impressionante no pop contemporâneo. Vi inclusive alguns trechos em vídeo e a grandiosidade da produção fica latente). Life
- Lucas Arruda: Ominira (Curte aor, citypop, Lincoln Olivetti e Ed Motta? O brilhantismo pode não ser o mesmo, mas a referência é. E que referência! Entre instrumental sofisticado e canções melódicas com certo apelo pop, salta aos ouvidos o arrojo e cuidado com arranjos, performances e captação. Sua voz não é das mais destacáveis, mas funciona. Bem bacana. Capa cafona). The Mountain
- LUDMILLA: Numanice #3 (Ao Vivo) (Um dos shows de maior sucesso do país. Tudo bem, o repertório é irregular (precisa de “Cedo ou Tarde”?) e tem momentos tacanhos. Dito isso, também tem momentos de puro luxo, capaz de extrair sorriso no rosto ao nos darmos conta que é o que há de mais popular sendo produzido no país. Muito bem tocado, captado, com alguns arranjos soberbos e a Ludmilla transbordando carisma, trafegando com propriedade pelo pagode romântico. Se num sábado de manhã, com uma cerveja e acompanhado de uma cheirosa(o), esse disco não te fizer feliz, pode se enterrar na areia). A Preta Venceu
- Luiza Brina: Prece (A MPB em plena forma, via uma cantora de linda voz e grande capacidade interpretativa. As melodias são sofisticadas e os arranjos, ora orquestrados, fogem do pueril da música brasileira contemporânea cheia de brasilidades caricatas. Em alguns momentos, até o ritmo (em instrumentação) é posto de lado em favor das cordas. Vale ainda se atentar para o aspecto vulnerável das composições, que são trabalhadas como um elemento de cura. Um disco de refinamento e entrega). Oração 2
- Lupe Fiasco: Samurai (E o rapper segue sem derrapar em mais um disco arrojado, que traz seu flow tão inquieto quanto agradável em cima de ótimas produções do Soundtrakk. É orgânico, é jazzistico, tem respiro, é conceitual, não é presunçoso, não dos 30 minutos. O rap contemporâneo tem ainda muito o que aprender com o Lupe Fiasco). No. 1 Headband
- LustSickPuppy: CAROUSEL FROM HELL (Confesso que não sabia que ainda existia digital hardcore. Dito isso, aqui está uma amostra do gênero na contemporaneidade, abusando de timbres enormes, distorcidos e saturados. Tudo com uma intensidade epiléptica. Incrivelmente, ainda assim há alguns bons ganchos. Tudo isso em 9 faixas e menos de 20 minutos. Cuidado caso você tenha problema cardíaco). LOTHARIO
- Mach-Hommy: #RICHAXXHAITIAN (O rapper de descendência haitiana escancara todo o inferno do colonialismo num disco duro, sem grande invencionismo, mas de muita verdade. Importante ele trazer o conflito em Gaza dentro desta temática. Quelle Chris e Kaytranada são alguns que trabalham na produção, algumas duras e, até mesmo, lo-fi, o que muito bem ambienta as canções). POLITIckle
- Malditos Jovens do Reggae: A Nova Onda do Lixo (Aquele hardcore meio abobado, totalmente imundo, crust, divertido e lazarento. 11 músicas, 19 minutos. Baixão e guitarra na cara, voz catarrenta também. Não é todo mundo que vai embarcar). Skate Doping
- Mannequin Pussy: I Got Heaven (Uma gangorra divertida que intercala momentos de indie rock redondinho e outros de pura energia punk rock (que gosto mais). A ferocidade das performances chegam a surpreender. Com isso são gerados timbres abrasivos que elevam as canções. Entusiasmante). Ok? Ok! Ok? Ok!
- Malditos Jovens do Reggae: A Nova Onda do Lixo (Aquele hardcore meio abobado, totalmente imundo, crust, divertido e lazarento. 11 músicas, 19 minutos. Baixão e guitarra na cara, voz catarrenta também. Não é todo mundo que vai embarcar). Skate Doping
- Mannequin Pussy: I Got Heaven (Uma gangorra divertida que intercala momentos de indie rock redondinho e outros de pura energia punk rock (que gosto mais). A ferocidade das performances chegam a surpreender. Com isso são gerados timbres abrasivos que elevam as canções. Entusiasmante). Ok? Ok! Ok? Ok!
- Marco Pereira / Rogério Caetano: Folia das Cinco (Dois excepcionais violonistas brasileiros num trabalho que mantém viva a tradição do instrumento no Brasil. 6 e 7 cordas num diálogo que irradia memórias e coração. É técnico, mas não mecânico. Captação cristalina). Irene
- Maria Beraldo: Colinho (A primeira vez que ouvi falar da Maria Beraldo ela acompanhava o Arrigo Barnabé, o que diz muito sobre sua capacidade musical. Esse disco é a confirmação disso. Estilisticamente ela percorre pelo funk, pós punk e vanguarda paulistana, nunca em suas caricaturas, mas sempre tentando tensionar nossa compreensão sobre esses gêneros e movimentos. O disco tem um peso sonoro, instrumentação e arranjos complexos, um cunho sexual afirmativo nas letras, excelente mixagem, interpretação contundente… Zelia Duncan, Negro Leo e Ana Frango Elétrico participam do disco. Eu gostei muito e acho que ele apresenta uma forma inventiva que marca os caminhos que a canção popular brasileira tende a trilhar). Truco
- Mark Knopfler: One Deep River (Não são muitos artistas que passaram dos 70 anos e que eu prefiro ouvir seu trabalho atual do que seu passado com bandas de sucesso. Mark Knopfler talvez seja caso único. Adoro a solução que ele encontrou pra sua vez, agora envelhecida e ainda mais falada. Por sua vez, sua guitarra continua afiada, trazendo timbres soberbos (com o velho som das válvulas) e o fraseado típico de um instrumentista muito acima da média. Isso tudo, claro, em canções bem desenvolvidas. Disco lindo, tanto para as manhãs de sábado quanto para as noites de domingo). Tunnel 13
- Maruja: Connla’s Well (Mais uma promessa dessa nova onda de bandas que soam tão progressivas quanto raivosas (escola Black Midi). Aqui há um forte elemento jazzistico (inclusive ao trazer sax na instrumentação), criando cenários densos e flutuantes que casam perfeitamente com o tom narrativo/teatral que o cantor imprime. Bem legal). One Hand Behind The Devil
- Mattenie / Digmanybeats: A Rede (Com cheiro do rap noventista, esse disco recorre aos velhos problemas de quem não tá com a vida ganha para semear novas canções, que soariam datadas não fossem atemporais em suas temáticas e nos beats ultra consistentes de boom bap. Ao que parece, é o primeiro disco do rapper arquitetado em São Paulo, na cidade grande. Essa paisagem é retratada no disco não como mera fotografia, mas com a verdade de quem agora habita esse espaço. Álbum duro, mas de fácil apreço). Zoom Williamson
- Mattenie / Goribeatzz: Prensa (A vida difícil do rapper brasileiro dialoga com a vida de meros ouvintes nesse disco pé no chão, distante do glamour que parece cercar o gênero na última década. E ele compartilha as dificuldades e anseios corriqueiros com outros MCs, dando mais versatilidade e pessoalidade para as rimas. Gobibeatzz acompanha tudo isso com suas batidas criativas (ou a ausência, eis o drumless), mas sem invencionismo sem propósito). Moedor
- MC5: Heavy Lifting (Primeiro álbum do grupo em, pasmem, 53 anos. Na real, um álbum solo do Wayne Kramer, né. Não é um demérito, até porque ele chamou para colaborar o Bob Ezrin (produtor), Abe Laboriel Jr., Don Was, Tom Morello, Slash, Vernon Reid e, o mais importante, o Dennis Thompson, assim como o Kramer, também falecido esse ano. Ou seja, é o melhor dentro do possível, fazendo diferença no resultado, já que é um disco de rock n’ roll certeiro, inclusive muito melhor “acabado” que a maravilhosa fuleragem propo-punk que eles fizeram no passado. Divertido. Uma tremenda saída de jogo). Boys Who Play With Matches
- MC Hariel: Funk Superação (Ao Vivo) (Sacramentando seu ótimo momento, o MC reúne um repertório acima da média dentro do trap/funk, trazendo dores e anseios, banalidades e questões políticas, tudo de forma coloquial e acessível, retratando sua verdade de forma espontânea. Aprecio sua voz, flow e rimas. Ouça sem preconceitos e verá que ele, de certo modo, está na linha evolutiva do que fazia o Chorão (goste ou não de um ou de outro). As batidas contagiantes/dançantes/pulsantes ganham aqui orquestrações e sons acústicos que deixam a sonoridade convidativamente mais orgânica. Nas participações, uma vastidão de nomes: Gilberto Gil, Iza, Péricles, Ice Blue, dentre tantos outros, formando uma panorama do pop brasileiro, jovem, periférico, excelente dentro da proposta). Novos Ricos
- Megan The Stallion: MEGAN (Tem uma galera (principalmente no Brasil) que não leva ela a sério. Talvez por suas letras serem tão centradas em sua buceta (eu chamaria isso de “quitação de dívida histórica”). Todavia, quando começa a rimar, seu flow e convicção revelam uma das melhores rappers do momento. Isso acompanhando de beats que, se não são dos mais ousados, sempre são eufóricos e contagiantes. É ganchado e, em algumas faixas, traz menções à cultura japonesa (curioso dentro do rap contemporâneo). Acho bacana. Pra ouvir na academia é uma onda). Find Out
- Meio/Cão: Perversor (Trio carioca de punk rock que parece atento às evoluções do gênero, soando abrasivo e livre em estrutura. Há ainda margem para evolução, mas esse EP de 4 músicas é um bom cartão de visitas). Perversor
- Melt-Banana: 3+5 (Veteranos na cena noise/hardcore, a banda repagina seu som após uma década sem um trabalho de inéditas. A produção me pareceu mais “controlada” e digital, mas nada que deixe soar vibrante. Parece um “electro glitch punk” de tiozinhos malucos (e é isso mesmo). A voz da moça tá encantadoramente bizarra. Peculiarmente intenso). Scar
- Melvins: Tarantula Heart (Não vi ninguém dando bola pra esse disco, mas em mim a banda ainda gera tremendo interesse. E adorei o rumo aventureiro que eles tomaram aqui. Na longa faixa inicial, eles soam quase como se o Grateful Dead fosse uma banda de sludge (exagero da minha parte, mas tem fundamento). Adoro a produção, que extrai timbres enormes vindos da força braçal das performances. Vale dizer que aqui a banda faz uso de duas baterias (sendo os grandes Dale Crover e Roy Mayorga), o que, se não me engano, não acontecia há bons anos. Fora que poucos guitarristas são tão vorazes quanto o Buzz Osborne. Tem cada riff! Criativamente ríspido). Allergic To Food
- Merda: Suruba Atômica (Aquele mongolice (isso é um elogio) típica do Merda. Aqui o repertório é variado, trazendo ecos de funk (!), reggae (!!) e samba (!!!) em faixas curtinhas, que dão ritmo ao disco. Mas não se engane, ainda é um trabalho de punk/hardcore tão fuleiro quanto perspicaz. Adoro a produção toscana, meio estourada). Sibéria
- Meridian Brothers: Mi Latinoámerica Sufre (Uma lição de como trazer aquela alegria e clima solar latino ser soar pastiche. Na verdade, mais que isso, soando inovador. É a cumbia colombiana desconstruída em batidas desengonçadas. Adoro as guitarras, meio bola na trave, meio angulares. Capa muito legal). Será que estoy cambiando
- MGMT: Loss Of Life (Das bandas que surgiram na safra indie 00’s, poucas envelheceram tão bem - e com isso, souberam também envelhecer seu público -, quanto o MGMT. Aqui eles botam mais uma peça numa discografia impecável trazendo referências até mesmo do rock progressivo (progressive pop no mínimo). Um trabalho muito bonito, começando pelas composições, passando pelos arranjos e performances. Chega a beirar o emotivo). Nothin Changes
- Michael Schenker Group: My Years With UFO (Mais um daqueles projetos caça-níquel. Dito isso, eu boto minhas moedinhas. O lendário guitarrista chamou um punhado de gente legal (Roger Glover, Carmine Appice, Slash, Biff Byford, John Norum, Kai Hansen, dentre outros) para fazer releituras de clássicos de sua antiga banda. Claro que nessas abre-se brecha para o Axl arruinar uma faixa. É o preço. Mas o guitarrista tá lá, mostrando todo o seu lirismo ao solar. Nenhuma versão melhor que a original, mas ainda assim divertido de ser escutado tomando uma lata). Rock Bottom
- Megan The Stallion: MEGAN (Tem uma galera (principalmente no Brasil) que não leva ela a sério. Talvez por suas letras serem tão centradas em sua buceta (eu chamaria isso de “quitação de dívida histórica”). Todavia, quando começa a rimar, seu flow e convicção revelam uma das melhores rappers do momento. Isso acompanhando de beats que, se não são dos mais ousados, sempre são eufóricos e contagiantes. É ganchado e, em algumas faixas, traz menções à cultura japonesa (curioso dentro do rap contemporâneo). Acho bacana. Pra ouvir na academia é uma onda). Find Out
- Meio/Cão: Perversor (Trio carioca de punk rock que parece atento às evoluções do gênero, soando abrasivo e livre em estrutura. Há ainda margem para evolução, mas esse EP de 4 músicas é um bom cartão de visitas). Perversor
- Melt-Banana: 3+5 (Veteranos na cena noise/hardcore, a banda repagina seu som após uma década sem um trabalho de inéditas. A produção me pareceu mais “controlada” e digital, mas nada que deixe soar vibrante. Parece um “electro glitch punk” de tiozinhos malucos (e é isso mesmo). A voz da moça tá encantadoramente bizarra. Peculiarmente intenso). Scar
- Melvins: Tarantula Heart (Não vi ninguém dando bola pra esse disco, mas em mim a banda ainda gera tremendo interesse. E adorei o rumo aventureiro que eles tomaram aqui. Na longa faixa inicial, eles soam quase como se o Grateful Dead fosse uma banda de sludge (exagero da minha parte, mas tem fundamento). Adoro a produção, que extrai timbres enormes vindos da força braçal das performances. Vale dizer que aqui a banda faz uso de duas baterias (sendo os grandes Dale Crover e Roy Mayorga), o que, se não me engano, não acontecia há bons anos. Fora que poucos guitarristas são tão vorazes quanto o Buzz Osborne. Tem cada riff! Criativamente ríspido). Allergic To Food
- Merda: Suruba Atômica (Aquele mongolice (isso é um elogio) típica do Merda. Aqui o repertório é variado, trazendo ecos de funk (!), reggae (!!) e samba (!!!) em faixas curtinhas, que dão ritmo ao disco. Mas não se engane, ainda é um trabalho de punk/hardcore tão fuleiro quanto perspicaz. Adoro a produção toscana, meio estourada). Sibéria
- Meridian Brothers: Mi Latinoámerica Sufre (Uma lição de como trazer aquela alegria e clima solar latino ser soar pastiche. Na verdade, mais que isso, soando inovador. É a cumbia colombiana desconstruída em batidas desengonçadas. Adoro as guitarras, meio bola na trave, meio angulares. Capa muito legal). Será que estoy cambiando
- MGMT: Loss Of Life (Das bandas que surgiram na safra indie 00’s, poucas envelheceram tão bem - e com isso, souberam também envelhecer seu público -, quanto o MGMT. Aqui eles botam mais uma peça numa discografia impecável trazendo referências até mesmo do rock progressivo (progressive pop no mínimo). Um trabalho muito bonito, começando pelas composições, passando pelos arranjos e performances. Chega a beirar o emotivo). Nothin Changes
- Michael Schenker Group: My Years With UFO (Mais um daqueles projetos caça-níquel. Dito isso, eu boto minhas moedinhas. O lendário guitarrista chamou um punhado de gente legal (Roger Glover, Carmine Appice, Slash, Biff Byford, John Norum, Kai Hansen, dentre outros) para fazer releituras de clássicos de sua antiga banda. Claro que nessas abre-se brecha para o Axl arruinar uma faixa. É o preço. Mas o guitarrista tá lá, mostrando todo o seu lirismo ao solar. Nenhuma versão melhor que a original, mas ainda assim divertido de ser escutado tomando uma lata). Rock Bottom
- MICHELLE: Songs About You Specifically (Não se engane pelo nome: é um grupo. E neste álbum ele executaram um pop sem invencionismo, apenas calcado em boas canções guiadas por uma voz aconchegante e arranjos elegantes (de inspiração aor). Adorei os baixos (sintetizados e orgânicos). Tem algo do pop noventista e da virada do milênio, mas com uma produção condizente com o presente. Nem me atentei às letras). Blissing
- Milton Nascimento & Esperanza Spalding: Milton + esperanza (Primeiramente vou dizer o óbvio: o Milton é um monstro. Sua voz não é 10% do que já foi, mas ele é um artista aposentado, que transparece, apesar das limitações, ter colocado o coração nesse projeto. Já a Esperanza é de talento acima de qualquer suspeita. Baixista inteligente e cantora que irradia talento e carisma. Dito isso, é compreensível qualquer elogio ao disco. Entretanto, não vou omitir que nenhuma canção aqui regravada se encontra em sua melhor versão. Também reforço que, apesar de soar classudo, correto e elegante, os arranjos levam a uma noção de bom gosto sem ousadia. Nesse sentido, me lembro até dos méritos da Mulher do Fim do Mundo, que dentro de condições parecidas da Elza, a levou para uma nova estética. Com isso fica claro que estamos diante de um disco bonito e emotivo, muito mais por todo o enredo que pelo resultado em si, ainda que com pontos de destaque. Vale dizer que Guinga, Lianne La Havas e Paul Simon participam do disco. Capa linda).…Wings For The Throught Bird
- MJ Lenderman: Manning Firework (Muitos amaram, outros nem tanto. Confesso que sequer me atentei as letras, me deixando levar pela sonoridade alt-country que tanto gosto, embora aqui um tanto quanto pastiche. Tem uma referência clara de Neil Young, dada as devidas proporções. Gostei dos caminhos guitarristicos, nem tanto da voz anestesiada do rapaz. Entre altos e baixos, acho um disco de saldo positivo). Rudolph
- Moor Mother: The Great Bailout (Confesso que tenho dificuldade com o trabalho da Moor Mother. Poetisa de língua inglesa, dona de trabalho experimental (tem noise, tem jazz)… é embaçado. Mas ela é muito exitosa no que faz, explorando sentimentos não só via texto, mas também com sua voz profunda e texturas/ambientações densas e abstratas. Aqui ela aborda questões envolvendo o colonialismo britânico, o que muito me interessa. A colaboração de nomes como Lonnie Holey e Alya Al Sultani só agrega complexidade à obra. Mixagem excelente. Separa um tempo, crie disposição e ouça com atenção). ALL THE MONEY
- Moses Sumney: Sophcore EP (Tá vendo ele todo tesudo na capa? Pois então, o som parte nessa mesma linha. Um r&b contemporâneo fincado no pop, de arranjos e produção irresistíveis, boa performance vocal e clima perfeito de levar para cama numa boa companhia. Simples assim). I’m Better (I’m Bad)
- Milton Nascimento & Esperanza Spalding: Milton + esperanza (Primeiramente vou dizer o óbvio: o Milton é um monstro. Sua voz não é 10% do que já foi, mas ele é um artista aposentado, que transparece, apesar das limitações, ter colocado o coração nesse projeto. Já a Esperanza é de talento acima de qualquer suspeita. Baixista inteligente e cantora que irradia talento e carisma. Dito isso, é compreensível qualquer elogio ao disco. Entretanto, não vou omitir que nenhuma canção aqui regravada se encontra em sua melhor versão. Também reforço que, apesar de soar classudo, correto e elegante, os arranjos levam a uma noção de bom gosto sem ousadia. Nesse sentido, me lembro até dos méritos da Mulher do Fim do Mundo, que dentro de condições parecidas da Elza, a levou para uma nova estética. Com isso fica claro que estamos diante de um disco bonito e emotivo, muito mais por todo o enredo que pelo resultado em si, ainda que com pontos de destaque. Vale dizer que Guinga, Lianne La Havas e Paul Simon participam do disco. Capa linda).…Wings For The Throught Bird
- MJ Lenderman: Manning Firework (Muitos amaram, outros nem tanto. Confesso que sequer me atentei as letras, me deixando levar pela sonoridade alt-country que tanto gosto, embora aqui um tanto quanto pastiche. Tem uma referência clara de Neil Young, dada as devidas proporções. Gostei dos caminhos guitarristicos, nem tanto da voz anestesiada do rapaz. Entre altos e baixos, acho um disco de saldo positivo). Rudolph
- Moor Mother: The Great Bailout (Confesso que tenho dificuldade com o trabalho da Moor Mother. Poetisa de língua inglesa, dona de trabalho experimental (tem noise, tem jazz)… é embaçado. Mas ela é muito exitosa no que faz, explorando sentimentos não só via texto, mas também com sua voz profunda e texturas/ambientações densas e abstratas. Aqui ela aborda questões envolvendo o colonialismo britânico, o que muito me interessa. A colaboração de nomes como Lonnie Holey e Alya Al Sultani só agrega complexidade à obra. Mixagem excelente. Separa um tempo, crie disposição e ouça com atenção). ALL THE MONEY
- Moses Sumney: Sophcore EP (Tá vendo ele todo tesudo na capa? Pois então, o som parte nessa mesma linha. Um r&b contemporâneo fincado no pop, de arranjos e produção irresistíveis, boa performance vocal e clima perfeito de levar para cama numa boa companhia. Simples assim). I’m Better (I’m Bad)
- Nails: Every Bridge Burning (Mais um atropelo. A intensidade é tanta que acaba sendo até monotemático. Mas não tem solução, é justamente o fato deles não massagearem que faz dele uma violência sônica irresistível. Timbres abrasivos e performance transpirante). I Can’t Turn It Off
- Nanda Moura Blues: Reverência às Referências (Tenho lido o nome dessa guitarrista no lineup de diversos festivais. Peguei pra conferir esse EP e adorei. Muito por ele investir naquela sonoridade acústica do blues muitas vezes negligenciada por conta da força que o blues rock teve (tem) nos últimos 50 anos. Ela canta e toca muito bem. Simples e genuíno. O fato de uma mulher preta estar na linha de frente do blues contemporâneo brasileiro também me deixa feliz. Obs: não confundir com o idiota do Nando Moura). I’m Going Upstairs (com participação o Otávio Rocha)
- Nanda Moura Blues: Reverência às Referências (Tenho lido o nome dessa guitarrista no lineup de diversos festivais. Peguei pra conferir esse EP e adorei. Muito por ele investir naquela sonoridade acústica do blues muitas vezes negligenciada por conta da força que o blues rock teve (tem) nos últimos 50 anos. Ela canta e toca muito bem. Simples e genuíno. O fato de uma mulher preta estar na linha de frente do blues contemporâneo brasileiro também me deixa feliz. Obs: não confundir com o idiota do Nando Moura). I’m Going Upstairs (com participação o Otávio Rocha)
- Negro Leo: RELA (Uma das experiências musicais com mais camadas lançadas neste ano. Resumidamente, diria que ele fez uma versão brasileira do hyperpop, pegando diferentes abordagens mundiais nacionais - o funk, r&b, ritmos afro-brasileiros, canção brasileira - tensionando não somente a forma das composições, mas também as produções e arranjos, através de cores e sobreposições intrincadas. Há sonoridades eletrônicas instigante e manipulações sonoras não convencionais. Além disso, é provocativo também nas letras, trazendo questões sexuais sem pudor (vide “Me Esculacha”). Estranhamente divertido e singular). Go To Please
- New Model Army: Unbroken (16º trabalho de estúdio da banda. Ia passar batido por mim não fosse os shows da banda no Brasil. Fui ouvir e adorei. Continuam soando encorpados e consistentes, ainda que trazendo violões e melodias altamente palatáveis. Boas composições, que se desenvolvem sem pressa, trazendo elementos de rock n’roll, folk, punk, gótico e, de certo modo, até mesmo de rock progressivo. Isso diante de ótima performance e produção. Quem dera toda banda envelhecesse assim. O nome do álbum traduz sua robustez). Reload
- Nia Archives: Silence Is Loud (Poderia ser um simples disco pop, mas a moça investiu em produções de drum and bass/jungle classudas e nada pastiches, soando na verdade bastante contemporâneas. Sua voz em alguns momentos parece não casar com os ritmos vibrantes e velozes aqui presentes. Digo isso não de maneira pejorativa, mas pra exemplificar a abertura do leque alcançado. Um dos melhores discos de pista do ano. Excelente estreia). F.A.M.I.L.Y.
- New Model Army: Unbroken (16º trabalho de estúdio da banda. Ia passar batido por mim não fosse os shows da banda no Brasil. Fui ouvir e adorei. Continuam soando encorpados e consistentes, ainda que trazendo violões e melodias altamente palatáveis. Boas composições, que se desenvolvem sem pressa, trazendo elementos de rock n’roll, folk, punk, gótico e, de certo modo, até mesmo de rock progressivo. Isso diante de ótima performance e produção. Quem dera toda banda envelhecesse assim. O nome do álbum traduz sua robustez). Reload
- Nia Archives: Silence Is Loud (Poderia ser um simples disco pop, mas a moça investiu em produções de drum and bass/jungle classudas e nada pastiches, soando na verdade bastante contemporâneas. Sua voz em alguns momentos parece não casar com os ritmos vibrantes e velozes aqui presentes. Digo isso não de maneira pejorativa, mas pra exemplificar a abertura do leque alcançado. Um dos melhores discos de pista do ano. Excelente estreia). F.A.M.I.L.Y.
- Nick Cave & The Bad Seeds: Wild God (Se o Nick Cave sempre teve vocação para reverendo, aqui ele se aproxima do sagrado via orquestrações e sintetizadores atmosféricos, criando arranjos que remetem a música gospel e textos que buscam atingir as dores em outro plano. Mesmo sua voz parece reverberar internamente. E se você não embarcar por completo na proposta lírica, sonoramente ele te levará pra um campo imersivo e delirante. Isso se disposição você tiver, claro. Apesar de belo, não é um álbum recomendável para adentrar o seu trabalho). Long Dark Night
- Nilüfer Yanya: My Method Actor (A artista da continuidade aos seus bons discos, ainda com pontos baixos, mas exitoso em sua totalidade. Tem algumas timbragens mais orgânicas, remetendo as cantoras-compositoras confessionais do rock alternativo noventista (embora soando contemporânea). Interpretações elegantes e arranjos tão criativos quanto bem desenvolvidos). Method Actor
- NxWorries: Why Lawd? (Aquele projeto do Anderson .Paak com o Knxwledge ganha corpo num disco emotivo, que trata inclusive do processo de separação. É o r&b contemporâneo que dilacera. Nomes como H.E.R., Snoop Dogg e Thundercat somam força para dar ainda mais charme para as canções. Gosto de como as guitarras trazem organicidade para os arranjos e produção. Inclusive, ainda que discretamente, é um dos melhores álbuns do ano em termos de guitarra (e não encontrei a ficha técnica para saber quem as gravou). Boas performances vocais). FromHere
- NxWorries: Why Lawd? (Aquele projeto do Anderson .Paak com o Knxwledge ganha corpo num disco emotivo, que trata inclusive do processo de separação. É o r&b contemporâneo que dilacera. Nomes como H.E.R., Snoop Dogg e Thundercat somam força para dar ainda mais charme para as canções. Gosto de como as guitarras trazem organicidade para os arranjos e produção. Inclusive, ainda que discretamente, é um dos melhores álbuns do ano em termos de guitarra (e não encontrei a ficha técnica para saber quem as gravou). Boas performances vocais). FromHere
- OMA: Bread ‘n’ Butter (Na verdade, legal mesmo deve ser ver esse projeto ao vivo. É que eles são um grupo instrumental que recria com seus instrumentos beats de rap. E a seleção deles foi não menos que fantástica (Nas, Dr. Dre, MF DOOM, A Tribe, Wu-Tang…). Disco divertido para discotecar, para ouvir na academia, para ouvir fumando e imaginando a performance deles em estúdio. Muito bem tocado e produzido). N.Y. State Of Mind
- Oranssi Pazuzu: Muuntautuja (Força do black metal contemporâneo, esse grupo finlandês soa vanguardista ao trazer texturas de noise rock para seu som. Gosto como eles trabalham os teclados sem dar aquele ar sinfônico/operistico chatão de muitos grupos do estilo. A timbragem orgânica da bateria também é um diferencial. Há uma beleza em meio a densidade sônica. Um álbum tão radiante quanto cinza). Muuntautuja
- Oruã: Passe (Banda carioca que vem expandindo as fronteiras, inclusive internacionalmente, com seu som psicodélico, alternativo, lo-fi. É o típico som de quem cresceu tanto em contato com o grunge e shoegaze, quanto com aquela cena de Madchester. Ou seja, tem guitarras saturadas e volumosas, mas também um clima dançante lisérgico. Lá pro meio do álbum isso desemboca em faixas instrumentais bastante abstratas e delirantes (vale destacar “Análise de Conjuntura”), o que não é um demérito, mas no geral o disco tem canções convidativas, inclusive por conta da voz aguda/confortável o Lê Almeida). Real Grandeza
- Orville Peck: Stampede (Não ouso ao afirmar que ele é meu artista predileto do country atual, visto que por quem participa do disco, ele vem angariando entusiastas (Willie Nelson, Elton John, Beck, dentre tantos outros). Ele tem uma tremenda voz, carisma, sempre se cerca de arranjos tradicionais do estilo que tanto adoro, apresentar um frescor com suas temáticas LGBTQI+... e mesmo que esse disco traga participações que diluem suas qualidades, elas ainda estão lá. São várias as boas canções. Quem curte as guitarras do estilo também não pode deixar de conferir). Cowboys Are Frequently Secretly Fond Of Each Other
- Osees: SORCS 80 (Munidos de sintetizadores saturadissimos a banda se faz guardiã no rock garageiro. Canções vigorosas, podronas, com timbres estragados de bateria que tanto adoramos. É claro que o clima viajante - meio psicodélico, meio krautrock -, continua predominante na raiz das composições e da produção. Mais uma vez eles fizeram um dos melhores discos de rock do ano). Look At The Sky
- Os Garotin: OS GAROTIN DE SÃO GONÇALO (Projeto bacana que envolve o Anchietx, Cupertino e Leo Guima. Embora o repertório seja irregular (tem umas letras meio bestas) e algumas vocalizações não façam minha cabeça, o clima geral criado no disco é muito legal, trazendo todo o groove dos bailes black para um linguagem moderna. O resultado é caloroso, divertido, sensual e dançante. Inclusive tem altas guitarras/violões grooveados. Destaque também para os arranjos de metais e os grooves de bateria, com aquele timbre ora orgânico, ora sintético, ora orgânico mas tão “estragado” que parece sintético. Acho demais, típico do r&b contemporâneo. Um bom disco pop que não me surpreende o alcance). violão amarelo
- Pabllo Vittar: Batidão Tropical Vol. 2 (De carisma irradiante e repertório solar, esse disco só não tira um sorriso do rosto de quem é muito rabugento. É uma aposta no seguro. O forró eletrônico, o brega, a região norte, o nordeste… o pop brasileiro se manifesta com propriedade em canções essencialmente divertidas (mesmo quando envolve enredos amorosos não necessariamente bem sucedidos), bem interpretadas, produzidas e com cheirinho de programa dominical dos anos 90). Pra Te Esquecer
- Papangu: Lampião Rei (Eu adoro o Holoceno (2021), álbum anterior do Papangu, de modo que esperei uma continuação igualmente pesada, beirando o stoner/sludge. Mas esse disco mostra uma evolução da banda, que ganhou novos membros, fez uso de maior instrumentação (camadas de teclados, flauta, triângulo) e colocou a figura do Lampião como central na temática do disco, o que hoje, dada as distorções narrativas, não deixa de ser também uma forma de marcar posição. As influências jazzisticas e regionais - lembrando que eles são da Paraíba - estão ainda mais acentuadas e intrínsecas à “progressividade” da banda. Dito isso, dá pra dizer que esse é o verdadeiro rock progressivo brasileiro. E ainda pesado. Com isso se prepare para blast beats no triângulo (vide o final de “Maracutaia”), muitos riffões de guitarra e até mesmo vozes guturais, que mais que meramente vindos do metal, tem uma função teatral dentro do contexto do disco. Embora o disco soe bem contemporâneo em suas fusões, acho que o grupo tem tudo para agradar fãs do rock setentista brasileiro, na praia do Terço, Casa das Máquinas e Ave Sangria. E vocês sabiam que “Mulher Rendeira” tem a autoria do Lampião? Eles fizeram uma citação a canção no disco e pelo que vi rola essa lenda). Rito de Coroação
- Papisa: Amor Delírio (O que senti anos atrás ouvindo a Mahmundi, revivi neste disco. É que ele traz muito da elegância do pop oitentista, só que numa abordagem e produção contemporânea muito bem resolvida (e com isso, com toques de Céu). As canções poderiam ser radiofônicas se ela tivesse dinheiro pra jabá. Ótimas melodias, timbres e mixagem). Dores no Varal (mas também “Vento”, faixa instrumental e, até por isso, pouco representativa, mas que me pegou legal. Muito bonita).
- Parannoul: Sky Hundred (Gostei mais que do álbum anterior. As canções me soam mais inspiradas/melódicas e sua interpretação vocal deu uma azeitada. Agora, o legal mesmo é o direcionamento instrumental, que faz do shoegaze (ou mesmo o noise) um gênero contemporâneo ao trazer teclados, baterias, guitarras e baixos altamente saturados. Produção inebriante, reverberosa e distorcida, mas sem perder o chão das composições. Bem legal). A Lot Can Happen
- Pat Metheny: MoonDial (A lenda da guitarra jazz, inquieto que é, se apegou num conceito simples para desenvolver um trabalho inspirador: pegou uma guitarra barítono e botou cordas de nylon. O resultado é um disco de harmonias e melodias que parecem aproximar o instrumento do coração do músico. Tudo muito singelo e saboroso. Adorei a captação e a performance (óbvio). Ele é um herói). MoonDial
- Paulete Lindacelva: EP Guabiraba Chicago (A tradição da house music (representada por Chicago) ganha uma cara brasileira (Guabiraba, bairro em Recife) neste “EP longo” (são 30 minutos). As produções são pulsantes, atraentes, divertidas, com boa evolução. Entre os parceiros estão o L_cio e a BADSISTA. Bote numa festa, sirva umas bebidas, se der errado mude amigos). Guabiraba Itaquera
- Pense: Tudo Que Temos de Lembrar (Novo disco da banda após reformulação na formação (que não vou ficar aqui apontando). A essência de produzir um hardcore tão melódico quanto vigoroso se mantém. A energia vem da performance, mas também da produção super tight, que ambiguamente, apesar da energia, traz também uma uniformidade que ao longo do disco empapuça. Mas não chega a ser um defeito, tá mais pra uma escolha estética que dentro do estilo é compreensível. Tem rifões e baterias atropelantes. As letras também trazem a ambiguidade da transição de uma vida juvenil para responsabilidades adultas. Até as intercalações de um canto melódico para outro berrado traduzem essa confusão comportamental. Aqui, vale dizer, é uma interpretação minha. Álbum bacana muito recomendado pra quem curte Dead Fish). De Onde Viemos
- Plini: Mirage (Um dos poucos nomes da “nova guitarra shred” que curto acompanhar os lançamentos. Neste EP de pouco mais de 20 minutos (logo, na medida certa) ele se joga ainda mais na praia do djent. Até o Tosin Abasi dá as caras. É bastante pesado e torto, mas também que sabe trabalhar a evolução das composições. Para quem gosta desta praia é prato cheio). Still Life
- Oruã: Passe (Banda carioca que vem expandindo as fronteiras, inclusive internacionalmente, com seu som psicodélico, alternativo, lo-fi. É o típico som de quem cresceu tanto em contato com o grunge e shoegaze, quanto com aquela cena de Madchester. Ou seja, tem guitarras saturadas e volumosas, mas também um clima dançante lisérgico. Lá pro meio do álbum isso desemboca em faixas instrumentais bastante abstratas e delirantes (vale destacar “Análise de Conjuntura”), o que não é um demérito, mas no geral o disco tem canções convidativas, inclusive por conta da voz aguda/confortável o Lê Almeida). Real Grandeza
- Orville Peck: Stampede (Não ouso ao afirmar que ele é meu artista predileto do country atual, visto que por quem participa do disco, ele vem angariando entusiastas (Willie Nelson, Elton John, Beck, dentre tantos outros). Ele tem uma tremenda voz, carisma, sempre se cerca de arranjos tradicionais do estilo que tanto adoro, apresentar um frescor com suas temáticas LGBTQI+... e mesmo que esse disco traga participações que diluem suas qualidades, elas ainda estão lá. São várias as boas canções. Quem curte as guitarras do estilo também não pode deixar de conferir). Cowboys Are Frequently Secretly Fond Of Each Other
- Osees: SORCS 80 (Munidos de sintetizadores saturadissimos a banda se faz guardiã no rock garageiro. Canções vigorosas, podronas, com timbres estragados de bateria que tanto adoramos. É claro que o clima viajante - meio psicodélico, meio krautrock -, continua predominante na raiz das composições e da produção. Mais uma vez eles fizeram um dos melhores discos de rock do ano). Look At The Sky
- Os Garotin: OS GAROTIN DE SÃO GONÇALO (Projeto bacana que envolve o Anchietx, Cupertino e Leo Guima. Embora o repertório seja irregular (tem umas letras meio bestas) e algumas vocalizações não façam minha cabeça, o clima geral criado no disco é muito legal, trazendo todo o groove dos bailes black para um linguagem moderna. O resultado é caloroso, divertido, sensual e dançante. Inclusive tem altas guitarras/violões grooveados. Destaque também para os arranjos de metais e os grooves de bateria, com aquele timbre ora orgânico, ora sintético, ora orgânico mas tão “estragado” que parece sintético. Acho demais, típico do r&b contemporâneo. Um bom disco pop que não me surpreende o alcance). violão amarelo
- Pabllo Vittar: Batidão Tropical Vol. 2 (De carisma irradiante e repertório solar, esse disco só não tira um sorriso do rosto de quem é muito rabugento. É uma aposta no seguro. O forró eletrônico, o brega, a região norte, o nordeste… o pop brasileiro se manifesta com propriedade em canções essencialmente divertidas (mesmo quando envolve enredos amorosos não necessariamente bem sucedidos), bem interpretadas, produzidas e com cheirinho de programa dominical dos anos 90). Pra Te Esquecer
- Papangu: Lampião Rei (Eu adoro o Holoceno (2021), álbum anterior do Papangu, de modo que esperei uma continuação igualmente pesada, beirando o stoner/sludge. Mas esse disco mostra uma evolução da banda, que ganhou novos membros, fez uso de maior instrumentação (camadas de teclados, flauta, triângulo) e colocou a figura do Lampião como central na temática do disco, o que hoje, dada as distorções narrativas, não deixa de ser também uma forma de marcar posição. As influências jazzisticas e regionais - lembrando que eles são da Paraíba - estão ainda mais acentuadas e intrínsecas à “progressividade” da banda. Dito isso, dá pra dizer que esse é o verdadeiro rock progressivo brasileiro. E ainda pesado. Com isso se prepare para blast beats no triângulo (vide o final de “Maracutaia”), muitos riffões de guitarra e até mesmo vozes guturais, que mais que meramente vindos do metal, tem uma função teatral dentro do contexto do disco. Embora o disco soe bem contemporâneo em suas fusões, acho que o grupo tem tudo para agradar fãs do rock setentista brasileiro, na praia do Terço, Casa das Máquinas e Ave Sangria. E vocês sabiam que “Mulher Rendeira” tem a autoria do Lampião? Eles fizeram uma citação a canção no disco e pelo que vi rola essa lenda). Rito de Coroação
- Papisa: Amor Delírio (O que senti anos atrás ouvindo a Mahmundi, revivi neste disco. É que ele traz muito da elegância do pop oitentista, só que numa abordagem e produção contemporânea muito bem resolvida (e com isso, com toques de Céu). As canções poderiam ser radiofônicas se ela tivesse dinheiro pra jabá. Ótimas melodias, timbres e mixagem). Dores no Varal (mas também “Vento”, faixa instrumental e, até por isso, pouco representativa, mas que me pegou legal. Muito bonita).
- Parannoul: Sky Hundred (Gostei mais que do álbum anterior. As canções me soam mais inspiradas/melódicas e sua interpretação vocal deu uma azeitada. Agora, o legal mesmo é o direcionamento instrumental, que faz do shoegaze (ou mesmo o noise) um gênero contemporâneo ao trazer teclados, baterias, guitarras e baixos altamente saturados. Produção inebriante, reverberosa e distorcida, mas sem perder o chão das composições. Bem legal). A Lot Can Happen
- Pat Metheny: MoonDial (A lenda da guitarra jazz, inquieto que é, se apegou num conceito simples para desenvolver um trabalho inspirador: pegou uma guitarra barítono e botou cordas de nylon. O resultado é um disco de harmonias e melodias que parecem aproximar o instrumento do coração do músico. Tudo muito singelo e saboroso. Adorei a captação e a performance (óbvio). Ele é um herói). MoonDial
- Paulete Lindacelva: EP Guabiraba Chicago (A tradição da house music (representada por Chicago) ganha uma cara brasileira (Guabiraba, bairro em Recife) neste “EP longo” (são 30 minutos). As produções são pulsantes, atraentes, divertidas, com boa evolução. Entre os parceiros estão o L_cio e a BADSISTA. Bote numa festa, sirva umas bebidas, se der errado mude amigos). Guabiraba Itaquera
- Pense: Tudo Que Temos de Lembrar (Novo disco da banda após reformulação na formação (que não vou ficar aqui apontando). A essência de produzir um hardcore tão melódico quanto vigoroso se mantém. A energia vem da performance, mas também da produção super tight, que ambiguamente, apesar da energia, traz também uma uniformidade que ao longo do disco empapuça. Mas não chega a ser um defeito, tá mais pra uma escolha estética que dentro do estilo é compreensível. Tem rifões e baterias atropelantes. As letras também trazem a ambiguidade da transição de uma vida juvenil para responsabilidades adultas. Até as intercalações de um canto melódico para outro berrado traduzem essa confusão comportamental. Aqui, vale dizer, é uma interpretação minha. Álbum bacana muito recomendado pra quem curte Dead Fish). De Onde Viemos
- Plini: Mirage (Um dos poucos nomes da “nova guitarra shred” que curto acompanhar os lançamentos. Neste EP de pouco mais de 20 minutos (logo, na medida certa) ele se joga ainda mais na praia do djent. Até o Tosin Abasi dá as caras. É bastante pesado e torto, mas também que sabe trabalhar a evolução das composições. Para quem gosta desta praia é prato cheio). Still Life
- PLUMA: Não Leve a Mal (Estreia desse grupo que nada conhecia. Fui ouvindo e involuntariamente mapeando algumas influências (verdadeiras ou não): Patu Fu, Céu, Stereolab, Rita Lee… tudo formando uma amálgama de música pop brasileira contemporânea sem limites de criação, invocando o rock alternativo, a psicodelia e experimentações (mais na produção e arranjos que nas composições em si). É divertido, bem feito, jovem… Eu gosto). Corrida!
- Point Of No Return: The Language Of Refusal (A Linguagem da Recusa) (Lendária banda brasileira de straight edge em seu primeiro disco em quase duas décadas. Recuperaram riffs engavetados, confeccionaram novas letras e trouxeram ecos do início deste milênio, remetendo a quando éramos (banda e público) jovens. Nada muito criativo, mas encorpado, duro e convicto da sua existência). Informal Arcaico
- Poppy: Negative Spaces (A Poppy soa cada vez mais exitosa em seu conceito sonoro. Esse disco traz uma combinação de melodias pop e um peso avassalador com uma facilidade impressionante. A produção modernosa aqui funciona bem, soando tão polida quanto robusta. Gosto dos riffs, das performances vocais, de como ele parece rejuvenescer um estilo impregnado de velhos chatos. Claro, o repertório tem escorregadas, mas a proposta como um todo eu acho bacana. O Evanescence dessa geração é bem mais legal). the center’s falling out
- Prostitute: Attempted Martyr (A estreia deste grupo revela de cara uma mistura poderosa de pós-punk (à la Killing Joke) com noise rock (meio Jesus Lizard) com tempero de música árabe. Timbres e performance faiscante que rasgam o ouvido (no melhor sentido). Dos grandes álbuns de rock do ano). Judge
- PUSHER174: Monstros (Soube desse disco por uma recomendação da filha do André Barcinski (que ele postou em seu canal no YouTube). Ao que consta o sujeito por trás da obra não tem sua identidade conhecida. Confesso que também não fiz pesquisa. O que me importa é sua música, um punk rock meio cru, meio eletrônico à la Sleaford Mods (e com toques de Zumbi do Mato, sei lá). Parece aquelas produção caseiras, feitas no quarto, sem grande compromisso com acabamento, mas muita vontade de dizer algo. É o suficiente. 9 faixas, 14 minutos. Nenhuma música passa de 2 minutos). Nos Deixe Em Paz
- Qampo: Ao Espírito da Hora Passada (Estreia deste ótimo grupo que, com naturalidade, traz toda a herança psicodélica de Recife dentro de uma experiência contemporânea. As canções são muito boas, tendo fortes melodias e refrões. Os acentos rítmicos nordestinos, as guitarras viajantes e arranjos mais complexos dialogam em prol das composições. Bonito e potente). Marés
- Quadeca: SCRAPYARD (Embora o disco anterior do jovem artista tenha me surpreendido mais, aqui ele mantém certa elegância e eficiência ao propor com criatividade e personalidade uma fusão de pop, r&b contemporâneo e rap. Por vezes é meloso demais? Sim, mas sempre caprichado na produção, com direito a excelentes texturas timbrísticas. Tem que escutar dando a devida atenção, visto que estão nos detalhes as qualidades que fazem o disco saltar de um mero pop banal para uma obra de valor próprio). EASIER
- Raça: 27 (Eu costumo ter pra mim que o pop rock nacional é um gênero morto. E de certo modo é, já que ele prima por uma certa projeção comercial, que não rola mais. Mas musicalmente, tem saído bons discos, sendo esse do Raça um ótimo exemplo. São canções curtinhas (14 faixas em 31 min), de melodias, timbres e interpretações aconchegantes, embora muitas vezes tristonhas em suas temáticas. Normal também, não dá pra ser muito feliz hoje em dia. E embora elas tenham uma certa simplicidade composicional, elas são cuidadosas nos arranjos. Um exemplo é “Se Ama”, que chega a ser meiga, tipo comercial de margarina, o que é uma afirmação minha pejorativa, mas ao escutá-la ela tem um groove, uma construção bacana. Basicamente é isso. Quem gosta de Terno Rei acho que vai curtir muito esse disco). Conserta
- PUSHER174: Monstros (Soube desse disco por uma recomendação da filha do André Barcinski (que ele postou em seu canal no YouTube). Ao que consta o sujeito por trás da obra não tem sua identidade conhecida. Confesso que também não fiz pesquisa. O que me importa é sua música, um punk rock meio cru, meio eletrônico à la Sleaford Mods (e com toques de Zumbi do Mato, sei lá). Parece aquelas produção caseiras, feitas no quarto, sem grande compromisso com acabamento, mas muita vontade de dizer algo. É o suficiente. 9 faixas, 14 minutos. Nenhuma música passa de 2 minutos). Nos Deixe Em Paz
- Qampo: Ao Espírito da Hora Passada (Estreia deste ótimo grupo que, com naturalidade, traz toda a herança psicodélica de Recife dentro de uma experiência contemporânea. As canções são muito boas, tendo fortes melodias e refrões. Os acentos rítmicos nordestinos, as guitarras viajantes e arranjos mais complexos dialogam em prol das composições. Bonito e potente). Marés
- Quadeca: SCRAPYARD (Embora o disco anterior do jovem artista tenha me surpreendido mais, aqui ele mantém certa elegância e eficiência ao propor com criatividade e personalidade uma fusão de pop, r&b contemporâneo e rap. Por vezes é meloso demais? Sim, mas sempre caprichado na produção, com direito a excelentes texturas timbrísticas. Tem que escutar dando a devida atenção, visto que estão nos detalhes as qualidades que fazem o disco saltar de um mero pop banal para uma obra de valor próprio). EASIER
- Raça: 27 (Eu costumo ter pra mim que o pop rock nacional é um gênero morto. E de certo modo é, já que ele prima por uma certa projeção comercial, que não rola mais. Mas musicalmente, tem saído bons discos, sendo esse do Raça um ótimo exemplo. São canções curtinhas (14 faixas em 31 min), de melodias, timbres e interpretações aconchegantes, embora muitas vezes tristonhas em suas temáticas. Normal também, não dá pra ser muito feliz hoje em dia. E embora elas tenham uma certa simplicidade composicional, elas são cuidadosas nos arranjos. Um exemplo é “Se Ama”, que chega a ser meiga, tipo comercial de margarina, o que é uma afirmação minha pejorativa, mas ao escutá-la ela tem um groove, uma construção bacana. Basicamente é isso. Quem gosta de Terno Rei acho que vai curtir muito esse disco). Conserta
- Rapsody: Please Don’t Cry (Embora a rapper peque pela longa duração do disco, o repertório em si não apresenta grandes equívocos. Há inclusive um balanço entre faixas mais incisivas (inclusive na performance) e políticas, com outras com bons ganchos melódicos e elementos de r&b contemporâneo. Entre as rappers femininas, ela se mostra das mais competentes). 3:AM
- Roberta de Razão: Mais Forte Que Trovão (Disco sonoramente descompromissado, bom de ouvir tomando um Campari. Fuleragem que, embora tenha referências do brega (linha Adelino Nascimento), de alguma forma me remete a uma Marília Mendonça punk. Divertido, das letra (conteúdo sapatão fala alto) ao astral das canções). Amor do Capeta
- Rodi Mendes: Casas da Vida (Jovem guitarrista brasileiro que, analisando friamente, ainda parece em desenvolvimento da sua linguagem, tanto no que diz respeito a compor quanto a improvisar. Dito isso, é um sopro de alegria ver o instrumento levado a sério, explorando a linguagem do jazz cercado de bons músicos. Captação bastante orgânica. Um instrumentista pra ficar de olho). Última Chance
- Rosie Frater-Taylor: Featherweight (Como não conhecia e fui seduzido pela capa, confesso que fiquei receoso de ser mais uma guitarrista pastiche de blues. Longe disso. A moça tem uma abordagem bastante própria, onde ela parece diluir as experimentações da St. Vincent em canções com um cheirinho de pop à la Taylor Swift. Não é bem isso, mas passa por ai. Tem algo de r&b e rock alternativo noventista também. Destaque para sua performance na guitarra, repleta de timbres e fraseado incomuns (quase jazzy). Grata surpresa). Give & Take
- Sabrina Carpenter: Short N’ Sweet (Pensem assim: estamos diante de um engodo, de uma armação da indústria, que por extremamente poderosa, fez dela um fenômeno pop estrondoso. Isso posto, fui ouvir o disco com certa raiva, embora com respingos de curiosidade. Resultado: achei bacana. Claro, é um pop teen com suas repetições formais. A voz da moça também não salta aos ouvidos. Mas as baladas são boas, com um tempero orgânico/country que remete a Taylor Swift nos melhores momentos. Bons ganchos, arranjos e produção (dentro do contexto pop contemporâneo). Vale lembrar que tem as mãos do Jack Antonoff. Se for curioso, dê uma chance, nem que seja pra falar mal). Coincidence
- Roberta de Razão: Mais Forte Que Trovão (Disco sonoramente descompromissado, bom de ouvir tomando um Campari. Fuleragem que, embora tenha referências do brega (linha Adelino Nascimento), de alguma forma me remete a uma Marília Mendonça punk. Divertido, das letra (conteúdo sapatão fala alto) ao astral das canções). Amor do Capeta
- Rodi Mendes: Casas da Vida (Jovem guitarrista brasileiro que, analisando friamente, ainda parece em desenvolvimento da sua linguagem, tanto no que diz respeito a compor quanto a improvisar. Dito isso, é um sopro de alegria ver o instrumento levado a sério, explorando a linguagem do jazz cercado de bons músicos. Captação bastante orgânica. Um instrumentista pra ficar de olho). Última Chance
- Rosie Frater-Taylor: Featherweight (Como não conhecia e fui seduzido pela capa, confesso que fiquei receoso de ser mais uma guitarrista pastiche de blues. Longe disso. A moça tem uma abordagem bastante própria, onde ela parece diluir as experimentações da St. Vincent em canções com um cheirinho de pop à la Taylor Swift. Não é bem isso, mas passa por ai. Tem algo de r&b e rock alternativo noventista também. Destaque para sua performance na guitarra, repleta de timbres e fraseado incomuns (quase jazzy). Grata surpresa). Give & Take
- Sabrina Carpenter: Short N’ Sweet (Pensem assim: estamos diante de um engodo, de uma armação da indústria, que por extremamente poderosa, fez dela um fenômeno pop estrondoso. Isso posto, fui ouvir o disco com certa raiva, embora com respingos de curiosidade. Resultado: achei bacana. Claro, é um pop teen com suas repetições formais. A voz da moça também não salta aos ouvidos. Mas as baladas são boas, com um tempero orgânico/country que remete a Taylor Swift nos melhores momentos. Bons ganchos, arranjos e produção (dentro do contexto pop contemporâneo). Vale lembrar que tem as mãos do Jack Antonoff. Se for curioso, dê uma chance, nem que seja pra falar mal). Coincidence
- Samba da Volta: Esse é o Samba da Volta (Vi um rapaz falando sobre esse disco no TikTok e fui conferir. Ao que consta é de um núcleo que mantém uma roda de samba no Rio de Janeiro. Assim como a capa, as músicas transmitem genuinidade dentro do gênero, sendo as composições inspiradas e muito bem executadas, inclusive por diferentes intérpretes, o que dá uma variedade calorosa ao disco, quase como de uma roda espontânea. Gosto com as faixas transitam entre o samba setentista, o Jorge Aragão da década de oitenta e o pagode novelista. Tudo muito bem arranjado, tocado e captado. Grata surpresa). Essa Chama
- Sangue de Bode: Eu Sou a Derrota (Posso afirmar sem receio que esse é dos melhores grupos do metal brasileiro dos últimos anos. Isso fica nítido a cada lançamento. Aqui temos mais uma paulada, que percorre pelo grind, thrash, death e hardcore. Tudo com riffs endiabrados e performances matadoras do baterista. Isso enquanto o vocalista de peito cheio berra letras tão depressivas quanto carismáticas (vantagem de cantar em português, sabendo compor bem, claro). Produção pesadamente orgânica. Foda). Os Corpos Apodrecem Na Máquina
- Scarcity: The Promise Of Rain (Disco tenebroso (no bom sentido). Um black metal bruto e paranoico, muito por conta da performance nojenta do vocalista, mas também por linhas de guitarras incisivas, de pouca variação melódica, mas que diante da repetição gera estranheza. Em alguns momentos soa como se o Meshuggah fosse uma banda de black metal (não na complexidade rítmica). Poucas faixas, mas longas em desenvolvimento, dando um sentido quase progressivo. Recomendado somente para entusiastas de metal extremo). In The Basin Of Alkaline Grief
- SeeYouSpaceCowboy…: Coup de Grâce (Esse disco que intercalou diferentes sentimentos em mim. Inicialmente achei criativo, para depois considerar que ele cai num lugar comum dentro do metal moderno (inclua aqui elementos de metalcore, math metal e screamo). Paralelo a isso, há baladas, pitadas de indie rock e uma vontade desengonçada de soar diferente. Dito isso, ele é exitoso em tudo que se propõe. É pesado, voraz, energético… jovem. Se eu tivesse 15 anos ia amar). Lubricant Like Kerosene
- Sergio Krakowski Trio & Jards Macalé: Mascarada: Zé Ketti por (Embora o Jards Macalé venha lançando bons discos, curiosamente esse é que mais me remeteu ao seu cultuado e espetacular disco de estreia. Muito pelo clima espontâneo presente nos arranjos e gravação, que em muitos momentos tomam caminhos improváveis de experimentações jazzísticas. O canto do Jards está em seu limite peculiar, onde a interpretação vale mais que a afinação e dicção. No caso dele, em sambas do Zé Ketti, funciona muito bem, embora ache compreensível que muitos não embarquem). Acender as Velas
- Shabaka: Perceive Its Beauty, Acknowledge Its Grace (O jovem, prolífero e aclamado jazzista num disco altamente imersivo. Não li sobre o álbum, mas acho que dá até para tratá-lo como um álbum de spiritual jazz. Seu som é profundo, ora parecendo trazer ecos da cultura indigena e oriental, ora com aspectos da new age. Isso se revela nas escolhas timbrísticas (há muitas flautas “étnicas”) e nas melodias. Ouvindo o álbum lembrei do fraco trabalho recente do Andre 3000. Acho que é algo nessa linha que ele queria ter feito. Vale dizer que foi gravado no Van Gelder Studio e lançado pela Impulse!. Linda capa). Insecurities
- Shellac: To All Trains (Passado tantos anos, impressiona como o Steve Albini ainda dominava como ninguém a arte de captar uma banda de rock. Aqui o trio soa orgânico, cortante e intenso. Claro, isso só acontece porque as canções são muito boas e as performances são de genuína interação. No fim, fica a alegria pelo disco e a tristeza por ser o álbum derradeiro da banda). Chick New Wave
- Slash: Orgy Of The Damned (Não acompanho a carreira solo do Slash e fiquei ressabiado ao saber que ele ia gravar um disco de blues (ok, tá mais pra blues rock), gênero(s) que, convenhamos, foi desgastado por inúmeras fraudes clichesentas. Dito isso, li quem participava do álbum (Chris Robinson, Gary Clark Jr., Billy Gibbons, Chris Stapleton, Brian Johnston, dentre outros), abri uma cerveja e dei uma chance. Foi uma experiência legal. Primeiro porque o repertório, por mais carne de vaca que seja, é ótimo. Segundo porque o Slash tá tocando bem, inclusive fugindo das estereotipadas de solos pentatônicos bluseiros, preferindo imprimir sua personalidade com bom gosto e maturidade. Terceiro que a captação é excelente. Com isso, apesar de me negar a ir em barzinho ver banda chechelenta tocar clássicos do rock, me dou o direito de ouvir esse disco em casa tomando algumas latas). Living For The City
- Sleater-Kinney: Little Rope (Se por um lado as performances vocais não apresentam o vigor de outrora, as composições aqui são um destaque como há tempos não era. Fora que há um destaque dado às guitarras, o que gerou bons riffs, levadas e timbres. Tem aquela sujeira acessível que tanto gostamos. Bem bacana). Small Finds
- SLIFT: ILION (Esse feroz trio francês dá novos ares a psicodelia, stoner e, até mesmo, ao jazz rock (ou ao menos jam band) através de longas canções que tomam rumos ácidos, pesados e repleto de interações especiais entre os músicos. O baixista é um destaque, tanto pela tocabilidade quanto pelo timbre enorme. Apesar que o baterista também arrebenta. Tudo é explosivo). Nimh
- sonhos tomam conta: corpos de água (Não conhecia o trabalho da moça, mas vi com entusiasmo sua proposta, nem sempre exitosa, mas que traz certa brasilidade para o dream pop e shoegaze. Com isso, se prepare para violões de nylon virando nuvens de distorções. É volumoso e etéreo, assim como o gênero pede. Se sua interpretação vocal não entusiasma, ao menos as guitarras sim, assim como toda sua temática inebriante em meio a água. Dá pra se sentir ilhado. Embora irregular, por apostar com perspicácia num gênero ainda tão pequeno no Brasil, vejo com bons olhos). trilhas de água
- SeeYouSpaceCowboy…: Coup de Grâce (Esse disco que intercalou diferentes sentimentos em mim. Inicialmente achei criativo, para depois considerar que ele cai num lugar comum dentro do metal moderno (inclua aqui elementos de metalcore, math metal e screamo). Paralelo a isso, há baladas, pitadas de indie rock e uma vontade desengonçada de soar diferente. Dito isso, ele é exitoso em tudo que se propõe. É pesado, voraz, energético… jovem. Se eu tivesse 15 anos ia amar). Lubricant Like Kerosene
- Sergio Krakowski Trio & Jards Macalé: Mascarada: Zé Ketti por (Embora o Jards Macalé venha lançando bons discos, curiosamente esse é que mais me remeteu ao seu cultuado e espetacular disco de estreia. Muito pelo clima espontâneo presente nos arranjos e gravação, que em muitos momentos tomam caminhos improváveis de experimentações jazzísticas. O canto do Jards está em seu limite peculiar, onde a interpretação vale mais que a afinação e dicção. No caso dele, em sambas do Zé Ketti, funciona muito bem, embora ache compreensível que muitos não embarquem). Acender as Velas
- Shabaka: Perceive Its Beauty, Acknowledge Its Grace (O jovem, prolífero e aclamado jazzista num disco altamente imersivo. Não li sobre o álbum, mas acho que dá até para tratá-lo como um álbum de spiritual jazz. Seu som é profundo, ora parecendo trazer ecos da cultura indigena e oriental, ora com aspectos da new age. Isso se revela nas escolhas timbrísticas (há muitas flautas “étnicas”) e nas melodias. Ouvindo o álbum lembrei do fraco trabalho recente do Andre 3000. Acho que é algo nessa linha que ele queria ter feito. Vale dizer que foi gravado no Van Gelder Studio e lançado pela Impulse!. Linda capa). Insecurities
- Shellac: To All Trains (Passado tantos anos, impressiona como o Steve Albini ainda dominava como ninguém a arte de captar uma banda de rock. Aqui o trio soa orgânico, cortante e intenso. Claro, isso só acontece porque as canções são muito boas e as performances são de genuína interação. No fim, fica a alegria pelo disco e a tristeza por ser o álbum derradeiro da banda). Chick New Wave
- Slash: Orgy Of The Damned (Não acompanho a carreira solo do Slash e fiquei ressabiado ao saber que ele ia gravar um disco de blues (ok, tá mais pra blues rock), gênero(s) que, convenhamos, foi desgastado por inúmeras fraudes clichesentas. Dito isso, li quem participava do álbum (Chris Robinson, Gary Clark Jr., Billy Gibbons, Chris Stapleton, Brian Johnston, dentre outros), abri uma cerveja e dei uma chance. Foi uma experiência legal. Primeiro porque o repertório, por mais carne de vaca que seja, é ótimo. Segundo porque o Slash tá tocando bem, inclusive fugindo das estereotipadas de solos pentatônicos bluseiros, preferindo imprimir sua personalidade com bom gosto e maturidade. Terceiro que a captação é excelente. Com isso, apesar de me negar a ir em barzinho ver banda chechelenta tocar clássicos do rock, me dou o direito de ouvir esse disco em casa tomando algumas latas). Living For The City
- Sleater-Kinney: Little Rope (Se por um lado as performances vocais não apresentam o vigor de outrora, as composições aqui são um destaque como há tempos não era. Fora que há um destaque dado às guitarras, o que gerou bons riffs, levadas e timbres. Tem aquela sujeira acessível que tanto gostamos. Bem bacana). Small Finds
- SLIFT: ILION (Esse feroz trio francês dá novos ares a psicodelia, stoner e, até mesmo, ao jazz rock (ou ao menos jam band) através de longas canções que tomam rumos ácidos, pesados e repleto de interações especiais entre os músicos. O baixista é um destaque, tanto pela tocabilidade quanto pelo timbre enorme. Apesar que o baterista também arrebenta. Tudo é explosivo). Nimh
- sonhos tomam conta: corpos de água (Não conhecia o trabalho da moça, mas vi com entusiasmo sua proposta, nem sempre exitosa, mas que traz certa brasilidade para o dream pop e shoegaze. Com isso, se prepare para violões de nylon virando nuvens de distorções. É volumoso e etéreo, assim como o gênero pede. Se sua interpretação vocal não entusiasma, ao menos as guitarras sim, assim como toda sua temática inebriante em meio a água. Dá pra se sentir ilhado. Embora irregular, por apostar com perspicácia num gênero ainda tão pequeno no Brasil, vejo com bons olhos). trilhas de água
- Spectral Wound: Songs Of Blood And Mire (O black metal sem invencionismo, mas trazendo um equilíbrio complexo de peso, melodias e atitude rock n’ roll. Neste sentido remeteu até a uma tradição do Venom. Se por um lado não tem muita dinâmica, por outro há uma agressividade imersiva). Aristocratic Suicidal Black Metal
- SPRINTS: Letter To Self (Estreia do grupo e primeiro lançamento que ouvi no ano (recomendação do Gastão Moreira). É aquele indie/classic rock tão sujo quanto acessível, guiado em atitude e leveza melódica por uma boa cantora. Nada demais, mas funciona dentro da proposta). Up And Comer
- St. Vincent: All Born Screaming (Agora auto-produzida, St. Vincent volta a explorar sons mais saturados (ora de guitarra, ora de synth, ora de baixo) em canções art-alt-rock. Gostei da produção, dos arranjos e de sua performance vocal. Mais por ousadia que por acomodação, o repertório tem uma queda em sua metade final. Nada muito grave, mas sensível. Dito isso, é daqueles discos legais para ouvir novamente de tempos em tempos, visto que há muitos detalhes sonoros a serem descobertos). Violent Times
- SPRINTS: Letter To Self (Estreia do grupo e primeiro lançamento que ouvi no ano (recomendação do Gastão Moreira). É aquele indie/classic rock tão sujo quanto acessível, guiado em atitude e leveza melódica por uma boa cantora. Nada demais, mas funciona dentro da proposta). Up And Comer
- St. Vincent: All Born Screaming (Agora auto-produzida, St. Vincent volta a explorar sons mais saturados (ora de guitarra, ora de synth, ora de baixo) em canções art-alt-rock. Gostei da produção, dos arranjos e de sua performance vocal. Mais por ousadia que por acomodação, o repertório tem uma queda em sua metade final. Nada muito grave, mas sensível. Dito isso, é daqueles discos legais para ouvir novamente de tempos em tempos, visto que há muitos detalhes sonoros a serem descobertos). Violent Times
- Sugar Kane: Antes que o amor vá embora (Alheio às transformações do mercado (que põe seus parceiros de cena em baixa ou alta no estalar dos dedos) e mudanças na formação, a banda liderada pelo Capilé continua a lançar boas canções que trafegam pelo hardcore melódico e post-grunge (linha Foo Fighters). É o rock nacional em ótima forma, soando encorpado, intenso e acessível. Nada tão inspirado, mas bacana. Legal ver a Jup do Bairro participando numa faixa). Óleo na Pista
- Sugar Pit: Shhh… Don’t Jinx It (Rock divertido, que parece ir na esteira do LCD Soundsystem (e por estar atrás na posição, não é tão criativo). Mas tem canções genuinamente entusiasmante. Simples assim). Making A Living
- Sumac: The Healer (A banda mais uma vez leva às últimas consequências seu som, incorporando drone ao sludge e formando um disco denso, climático, viajandão e corrosivo. São “apenas” 4 longuíssimas faixas. Algumas das guitarras mais pesadas e baterias mais enormes do ano estão aqui. Não é um disco fácil, mas se sua parada for metal extremo, tem que dar atenção). New Rites
- Surra: Falha Crítica (O trio continua como um dos mais poderosos do cenário nacional. Seu crossover é moderno, trazendo atitude hardcore em canções com aquelas palhetas thrash metal que tanto adoramos. Vale sempre se atentar ao teor combativo das letras. Ótima captação. Até a capa é bacana). Estado Terminal
- Swervedriver: 99th Dream (Primeiro disco em sei lá quantos anos. Fato é que soa como se estivéssemos descobrindo algum disco clássico do rock alternativo noventista. É um encontro perfeito do britpop com shoegaze. As canções são boas (ao menos em sua maioria, já que tem gordurinhas) e a captação/arranjos soa com brilho e densidade. Para os entusiastas do gênero/período, não tem erro). Wrong Treats
- Sumac: The Healer (A banda mais uma vez leva às últimas consequências seu som, incorporando drone ao sludge e formando um disco denso, climático, viajandão e corrosivo. São “apenas” 4 longuíssimas faixas. Algumas das guitarras mais pesadas e baterias mais enormes do ano estão aqui. Não é um disco fácil, mas se sua parada for metal extremo, tem que dar atenção). New Rites
- Surra: Falha Crítica (O trio continua como um dos mais poderosos do cenário nacional. Seu crossover é moderno, trazendo atitude hardcore em canções com aquelas palhetas thrash metal que tanto adoramos. Vale sempre se atentar ao teor combativo das letras. Ótima captação. Até a capa é bacana). Estado Terminal
- Swervedriver: 99th Dream (Primeiro disco em sei lá quantos anos. Fato é que soa como se estivéssemos descobrindo algum disco clássico do rock alternativo noventista. É um encontro perfeito do britpop com shoegaze. As canções são boas (ao menos em sua maioria, já que tem gordurinhas) e a captação/arranjos soa com brilho e densidade. Para os entusiastas do gênero/período, não tem erro). Wrong Treats
- Tapir!: The Pilgrim, Their God and The King Of My Decrepit Moutain (Ouvi elogios sobre esse debut da banda e fui ouvir. Me encantei com o “folk progressivo” do grupo britânico, que em nada lembra o folk progressivo do passado. Isso porque também tem elementos do indie e folktronica. Na real é melhor ignorar os gêneros e deixar se levar pelo lindo desenvolvimento das composições (e do disco como um todo). Arranjos, captação e ambientes muito bem construídos. Adorei também as interpretações apaziguadoras, mesmo quando diante de caminhos nem tão ortodoxos. Grata surpresa). Swallow
- Tássia Reis: Topo da Minha Cabeça (Embora a Tássia Reis seja um nome conhecido e atuante há alguns anos na música brasileira, me dei conta que eu não tinha uma memória do seu som, de modo que vi esse disco com uma novidade. E a primeira coisa que chamou minha atenção foi sua voz, linda, cristalina e com um vibrato característico que, de certo modo, me lembrou a Tulipa Ruiz. As canções aqui apresentam um balanço/groove consistente, que dão as composições ora uma vibração do samba, ora do soul/funk brasileiro setentista. Há uma interação de bateria e baixo bem caprichada em algumas faixas. Violões tipicamente brasileiros e camas de teclados refinam ainda mais essa instrumentação. Vale dizer que muitas canções, embora incisivas nos seus temas, inclusive quando abordam religiosidade ou a luta das mulheres, soam bem radiofônicas (dessas rádios mais específicas de música brasileira) ou mesmo possíveis de estarem em trilhas de novelas, o que revela um certo alcance pop das composições. Agora, se foram pra rádio ou TV eu não. Azar desses meios se não. Vale ainda mencionar que no final rola uma guinada para experimentações ao lado do Kiko Dinucci e um rap chamado “Rude”, que no meu imaginário era na realidade o som da Tássia, embora aqui possa se enquadrar mais na típica MPB. Nesse sentido, na ponte dos gêneros, veio a calhar e prestigiar a participação do Criolo em “Só Um Tempo”. Bom disco).
- TAXIDERMIA: Vera Cruz Island (Projeto envolvendo Jadsa e João Milet Meirelles. O resultado são canções muito bem interpretadas e pensadas, sendo orientadas por arranjos/produções consistentes, ricas em texturas e estranhamente convidativas. É uma maneira futurista de olhar para a canção brasileira, trabalhando sonoridades eletrônicas como ambientações solares. Ótima mixagem). SANGUE ESCURO
- Teto Preto: FALA (6 anos após sua ótima estreia, esse projeto lança mais um disco poderoso, que dê certo modo traz a energia do hyperpop para um contexto brasileiro. O álbum saiu pelo selo da Mamba Negra e tem muita essa cara de noite paulistana, soando caótico, poluído, libidinoso e dançante. As questões envolvendo gênero são abordadas de forma criativa, reflexiva e provocativa. E quando a composição não é das mais cativantes, a produção corrosiva ajuda nesse sentido. São produções eletrônicas encorpadas que transitam entre o pop, house, industrial, trip hop. Tem altos synths e batidas. Jup do Bairro, Saskia e Thiago França são alguns que colaboram com o álbum). Queda Pro Alto
- The Aristocrats: Duck (O trio de virtuosos em mais um disco em que eles esbanjam… virtuosismo. É verdade que a maior parte das composições levam à lugar nenhum, assim como é verdade que aqui o que importa mesmo é ver eles tocando muito bem seus respectivos instrumentos. E não só eles fazem isso como revelam uma ótima interação. Vale dizer que, por mais metódico que seja o rock instrumental, eles não soam com tanta seriedade. Dá pra sentir curtição na execução. Os três são cabulosos, mas neste disco gostaria de destacar o baixista Bryan Beller. Adorei seus timbres e a maneira com que ele segura a onda). Sgt. Rockhopper
- The Black Crowes: Happiness Bastards (Primeiro disco do grupo em 15 anos. Fui ouvir desconfiado que seria porcaria. Ah, nessa altura do campeonato, com os irmãos em paz um com o outro e um bando de músicos contratados, achei que não teria magia. Mas não é que é bacana! Claro, é aquele dad rock pastiche que já conhecemos, mas nisso eles são campeões. Bem tocado, ótimos timbres e canções legais. É o suficiente. Vale dizer que ouvi após ter assistido a apresentação do Greta Van Fleet no Lollapalooza, o que inevitavelmente desce o nível e joga a favor do Black Crowes). Cross Your Fingers
- The Cure: Songs Of A Lost World (Primeiro disco do grupo em 16 anos, o primeiro com o Reeves Gabrels. Os temas fúnebres parecem fazer ainda mais sentido, visto que eles estão diante da finitude. Por sua vez, a capacidade de criar atmosferas gélidas, construídas na base da repetição e calmaria, continua intacta. Claro que rolou um hype. Claro também que não o disco não é isso tudo, ainda assim, ambiguamente, é de tirar um sorriso ouvir a voz melancólica do Robert Smith e o baixo saturado do Simon Gallup em novas composições do grupo. Separe um momento para prestigiar a banda). Warsong
- The Dare: What’s Wrong With New York? (Rolou um bafafa em cima desse disco quando saiu. Logo entendi o porquê: ele é muito entusiasmante. Ele investe naquele clima festivo indie regado a gente descolada pronta pra dançar, se beijar e cheirar cocaína. Não vou lutar contra. Se me chamarem até participo. Isso tudo dentro daquela fórmula electro-punk à la LCD Soundsystem que tanto adoramos. Se em composição não é pra tanto, ao menos o sentimento impresso nos timbres e execução caminham para seu êxito). Perfume
- The End Machine: The Quantum Phase (Gosta de hard rock oitentista? Então esse disco tem tudo pra te agradar. É mais um daqueles projetos do Frontiers, aqui com o George Lynch (que continua sendo um tremendo guitarrista e dono de um timbre quente bem bacana) e mais um pessoal que passou pelo Dokken. As canções são boas (dentro da proposta) e a produção atualizada faz com que a vertente soe mais poderosa e atraente. Claro, tem suas bobagens (principalmente vindas do vocalista), mas ok, o disco funciona. Abra uma cerveja e se permita uma cafonagem rockeira). Silent Winter
- The Jesus Lizard: Rack (Primeiro disco do grupo em sei lá quantos anos. Impressionante como eles ainda soam abrasivos. Tem pegada, canções vitaminadas, boas performances e produção orgânica (o som da cozinha é um esculacho). Um disco que alimenta a vontade de vê-lo ao vivo). Alexis Feels Sick
- The Last Dinner Party: Prelude To Ecstasy (Rolou um hype nesse grupo, que para minha alegria gerou um tremendo debut. As referências delas percorrem bom Blondie, Siouxsie, Sparks e David Bowie. Dito isso, poderia soar datado, mas a energia, a cristalinidade da gravação e o astral atende o indie e pop contemporâneo. Há bons arranjos (numa praia chamber pop), que tornam as composições ainda mais cativantes. Isso sem mencionar a dramaticidade interpretativa. Tomara que ao vivo também funcione. Bem legal). Caesar On A Tv Screen
- Tássia Reis: Topo da Minha Cabeça (Embora a Tássia Reis seja um nome conhecido e atuante há alguns anos na música brasileira, me dei conta que eu não tinha uma memória do seu som, de modo que vi esse disco com uma novidade. E a primeira coisa que chamou minha atenção foi sua voz, linda, cristalina e com um vibrato característico que, de certo modo, me lembrou a Tulipa Ruiz. As canções aqui apresentam um balanço/groove consistente, que dão as composições ora uma vibração do samba, ora do soul/funk brasileiro setentista. Há uma interação de bateria e baixo bem caprichada em algumas faixas. Violões tipicamente brasileiros e camas de teclados refinam ainda mais essa instrumentação. Vale dizer que muitas canções, embora incisivas nos seus temas, inclusive quando abordam religiosidade ou a luta das mulheres, soam bem radiofônicas (dessas rádios mais específicas de música brasileira) ou mesmo possíveis de estarem em trilhas de novelas, o que revela um certo alcance pop das composições. Agora, se foram pra rádio ou TV eu não. Azar desses meios se não. Vale ainda mencionar que no final rola uma guinada para experimentações ao lado do Kiko Dinucci e um rap chamado “Rude”, que no meu imaginário era na realidade o som da Tássia, embora aqui possa se enquadrar mais na típica MPB. Nesse sentido, na ponte dos gêneros, veio a calhar e prestigiar a participação do Criolo em “Só Um Tempo”. Bom disco).
- TAXIDERMIA: Vera Cruz Island (Projeto envolvendo Jadsa e João Milet Meirelles. O resultado são canções muito bem interpretadas e pensadas, sendo orientadas por arranjos/produções consistentes, ricas em texturas e estranhamente convidativas. É uma maneira futurista de olhar para a canção brasileira, trabalhando sonoridades eletrônicas como ambientações solares. Ótima mixagem). SANGUE ESCURO
- Teto Preto: FALA (6 anos após sua ótima estreia, esse projeto lança mais um disco poderoso, que dê certo modo traz a energia do hyperpop para um contexto brasileiro. O álbum saiu pelo selo da Mamba Negra e tem muita essa cara de noite paulistana, soando caótico, poluído, libidinoso e dançante. As questões envolvendo gênero são abordadas de forma criativa, reflexiva e provocativa. E quando a composição não é das mais cativantes, a produção corrosiva ajuda nesse sentido. São produções eletrônicas encorpadas que transitam entre o pop, house, industrial, trip hop. Tem altos synths e batidas. Jup do Bairro, Saskia e Thiago França são alguns que colaboram com o álbum). Queda Pro Alto
- The Aristocrats: Duck (O trio de virtuosos em mais um disco em que eles esbanjam… virtuosismo. É verdade que a maior parte das composições levam à lugar nenhum, assim como é verdade que aqui o que importa mesmo é ver eles tocando muito bem seus respectivos instrumentos. E não só eles fazem isso como revelam uma ótima interação. Vale dizer que, por mais metódico que seja o rock instrumental, eles não soam com tanta seriedade. Dá pra sentir curtição na execução. Os três são cabulosos, mas neste disco gostaria de destacar o baixista Bryan Beller. Adorei seus timbres e a maneira com que ele segura a onda). Sgt. Rockhopper
- The Black Crowes: Happiness Bastards (Primeiro disco do grupo em 15 anos. Fui ouvir desconfiado que seria porcaria. Ah, nessa altura do campeonato, com os irmãos em paz um com o outro e um bando de músicos contratados, achei que não teria magia. Mas não é que é bacana! Claro, é aquele dad rock pastiche que já conhecemos, mas nisso eles são campeões. Bem tocado, ótimos timbres e canções legais. É o suficiente. Vale dizer que ouvi após ter assistido a apresentação do Greta Van Fleet no Lollapalooza, o que inevitavelmente desce o nível e joga a favor do Black Crowes). Cross Your Fingers
- The Cure: Songs Of A Lost World (Primeiro disco do grupo em 16 anos, o primeiro com o Reeves Gabrels. Os temas fúnebres parecem fazer ainda mais sentido, visto que eles estão diante da finitude. Por sua vez, a capacidade de criar atmosferas gélidas, construídas na base da repetição e calmaria, continua intacta. Claro que rolou um hype. Claro também que não o disco não é isso tudo, ainda assim, ambiguamente, é de tirar um sorriso ouvir a voz melancólica do Robert Smith e o baixo saturado do Simon Gallup em novas composições do grupo. Separe um momento para prestigiar a banda). Warsong
- The Dare: What’s Wrong With New York? (Rolou um bafafa em cima desse disco quando saiu. Logo entendi o porquê: ele é muito entusiasmante. Ele investe naquele clima festivo indie regado a gente descolada pronta pra dançar, se beijar e cheirar cocaína. Não vou lutar contra. Se me chamarem até participo. Isso tudo dentro daquela fórmula electro-punk à la LCD Soundsystem que tanto adoramos. Se em composição não é pra tanto, ao menos o sentimento impresso nos timbres e execução caminham para seu êxito). Perfume
- The End Machine: The Quantum Phase (Gosta de hard rock oitentista? Então esse disco tem tudo pra te agradar. É mais um daqueles projetos do Frontiers, aqui com o George Lynch (que continua sendo um tremendo guitarrista e dono de um timbre quente bem bacana) e mais um pessoal que passou pelo Dokken. As canções são boas (dentro da proposta) e a produção atualizada faz com que a vertente soe mais poderosa e atraente. Claro, tem suas bobagens (principalmente vindas do vocalista), mas ok, o disco funciona. Abra uma cerveja e se permita uma cafonagem rockeira). Silent Winter
- The Jesus Lizard: Rack (Primeiro disco do grupo em sei lá quantos anos. Impressionante como eles ainda soam abrasivos. Tem pegada, canções vitaminadas, boas performances e produção orgânica (o som da cozinha é um esculacho). Um disco que alimenta a vontade de vê-lo ao vivo). Alexis Feels Sick
- The Last Dinner Party: Prelude To Ecstasy (Rolou um hype nesse grupo, que para minha alegria gerou um tremendo debut. As referências delas percorrem bom Blondie, Siouxsie, Sparks e David Bowie. Dito isso, poderia soar datado, mas a energia, a cristalinidade da gravação e o astral atende o indie e pop contemporâneo. Há bons arranjos (numa praia chamber pop), que tornam as composições ainda mais cativantes. Isso sem mencionar a dramaticidade interpretativa. Tomara que ao vivo também funcione. Bem legal). Caesar On A Tv Screen
- The Smashing Pumpkins: Aghori Mhori Mei (Desde a volta do James Iha, esse é disparado o melhor disco (e já é o quarto). Não é excelente, só é mais certeiro. Tem ótimas guitarras (em riffs, solos e timbres), boa performance e captação de bateria, além de uma duração que limou momentos ambiciosos nada inspirados. É uma certa volta às origens. Tá certo, não há nada muito memorável ou emocionante, mas é entusiasmante ouvir uma banda do coração acertando novamente). Sicarus
- The Smile: Cutouts (Perto dos álbuns anteriores (inclusive um deste mesmo ano, que está entre meus prediletos de 2024), esse álbum apresenta uma certa repetição da fórmula. Ainda assim, seja em momentos mais delirantes, dentro de um contexto quase de música ambient, ou então explorando a riqueza rítmica do afrobeat (é trabalho que o Tom Skinner mais se impõe), esse álbum mantém com seus criadores o posto de grandes mentes pensantes da música atual. Bem bom). Colour Fly
- The Troops Of Doom: A Mass To The Grotesque (Em seu segundo disco, o grupo do Jairo Guedes vem se estabilizando com uma força do thrash metal nacional contemporâneo. Se não há grande criatividade, ao menos há intensidade. As canções são guiadas por ótimos riffs e levadas de bateria descontroladas). The Grotesque
- Tiganá Santana: Caçada Noturna (Com uma voz lindíssima, violão esperto e nenhum floreio pretensioso, o artista faz da ancestralidade afro-brasileira material composicional. O resultado são 7 belas canções distribuídas em menos de 30 minutos. Arranjos enxutos, captação cristalina, baixos profundos e poética afiada. É o suficiente). Das Matas
- The Smile: Cutouts (Perto dos álbuns anteriores (inclusive um deste mesmo ano, que está entre meus prediletos de 2024), esse álbum apresenta uma certa repetição da fórmula. Ainda assim, seja em momentos mais delirantes, dentro de um contexto quase de música ambient, ou então explorando a riqueza rítmica do afrobeat (é trabalho que o Tom Skinner mais se impõe), esse álbum mantém com seus criadores o posto de grandes mentes pensantes da música atual. Bem bom). Colour Fly
- The Troops Of Doom: A Mass To The Grotesque (Em seu segundo disco, o grupo do Jairo Guedes vem se estabilizando com uma força do thrash metal nacional contemporâneo. Se não há grande criatividade, ao menos há intensidade. As canções são guiadas por ótimos riffs e levadas de bateria descontroladas). The Grotesque
- Tiganá Santana: Caçada Noturna (Com uma voz lindíssima, violão esperto e nenhum floreio pretensioso, o artista faz da ancestralidade afro-brasileira material composicional. O resultado são 7 belas canções distribuídas em menos de 30 minutos. Arranjos enxutos, captação cristalina, baixos profundos e poética afiada. É o suficiente). Das Matas
- Touché Amoré: Spiral In A Straight Line (Transitando entre o post-hardcore e o emo, a banda lançou um dos discos de rock mais poderosos do ano. Isso passa de imediato pela performance abrasiva do vocalista, instrumental consistente, produção sem invencionismo e composições que sabem alinhar euforia e melancolia sem banalizar nenhuma das sensações. Achei interessante o uso de violão de aço em algumas bases, feito não para atenuar o peso, mas pra dar ênfase nas levadas harmônicas. Vale dizer que há participação do Lou Barlow e da Julien Baker). Altitude
- TRAGO: TRAGO (Projeto que envolve Tulipa Ruiz, Rica Amabis, Alexandre Orion e Gustavo Ruiz. Tem todo um conceito visual na criação do projeto e no desenvolvimento das produção que a mim pouco importa agora. O lance é que um disco bem bom, com muitos rastros da música popular brasileira, a voz estupenda da Tulipa (em timbre, em alcance, em personalidade), aquele som opaco de contrabaixo que eu amo, estruturas nada convencionais que são herança da vanguarda paulistana (“Fumante Padrão” poderia ser do Itamar Assumpção) e inúmeras texturas timbrísticas… É um álbum curtinho, 8 músicas, 26 minutos, vale conferir). Sisudo, Parrudo e Elegante
- Tuyo: Paisagem (Embora algumas composições me soem rasteiras e eu não seja entusiasta da proposta estética (um pop/r&b abrasileirado), achei que houve evolução suficiente para eu não ficar descendo a lenha. Tem bons arranjos e ótimas produções. Soa bucolicamente colorido. Mesmo algumas interpretações são bem bonitas. Desceu bem). Escuro Total
- Tuyo: Quem Eu Quero Saber (Ouvi esse disco com mais entusiasmo que o Paisagem. Isso porque me interessei por eles apostarem numa linguagem de música infantil. Ouvir com a Maria foi uma obviedade, mas devo dizer que ela não demonstrou nem resistência nem entusiasmo. O perfil acolhedor das performances e timbres talvez colabore pra essa indiferença. Ao mesmo tempo, vale dizer que as canções e arranjos driblam algumas caricaturas de “música infantil”. Há uma roupagem eletrônica que situa a criança com um ser contemporâneo ao mundo “pensante”, “atuante”, sei lá que nome dar a isso. Tem suas fofuras, tem graça, tem seus momentos reflexivos… atende o propósito. Escutem com seus filhos/sobrinhos/amigos). Dógui
- Tyler, The Creator: CHROMAKOPIA (Mais uma vez o rapper se mostra amplo, versátil e criativo no processo de composição, trazendo beats que fogem da ortodoxia do hip hop. Há um colorido timbristico, ritmos criativos, arranjos bem desenvolvidos, peso consistente e, até mesmo, arrojo harmônico. Isso enquanto não deixa a peteca cair através de voz e flow envolvente. Ele é muito carismático. Ainda que complexo em diversos quesitos, sua música ainda consegue grande alcance. Embora muitos artistas tenham colaborado com o disco, gostaria de ressaltar a participação do Pedro Martins em quase metade do disco). Hey Jane
- Ty Segall: Three Bells (Ty Segall demonstra toda a potencialidade do seu trabalho numa combinação de garage rock, psicodélico e progressivo. Tem até uma pitada de Beatles. Poderia soar tradicional se ele não fosse tão desprendido aos próprios conceitos e gêneros que investe. Adorei as guitarras e performances vocais, que trazem um clima chapado para as canções. Eu adorei e, se você gosta de rock, aposto que vai adorar também). My Best Friend
- TRAGO: TRAGO (Projeto que envolve Tulipa Ruiz, Rica Amabis, Alexandre Orion e Gustavo Ruiz. Tem todo um conceito visual na criação do projeto e no desenvolvimento das produção que a mim pouco importa agora. O lance é que um disco bem bom, com muitos rastros da música popular brasileira, a voz estupenda da Tulipa (em timbre, em alcance, em personalidade), aquele som opaco de contrabaixo que eu amo, estruturas nada convencionais que são herança da vanguarda paulistana (“Fumante Padrão” poderia ser do Itamar Assumpção) e inúmeras texturas timbrísticas… É um álbum curtinho, 8 músicas, 26 minutos, vale conferir). Sisudo, Parrudo e Elegante
- Tuyo: Paisagem (Embora algumas composições me soem rasteiras e eu não seja entusiasta da proposta estética (um pop/r&b abrasileirado), achei que houve evolução suficiente para eu não ficar descendo a lenha. Tem bons arranjos e ótimas produções. Soa bucolicamente colorido. Mesmo algumas interpretações são bem bonitas. Desceu bem). Escuro Total
- Tuyo: Quem Eu Quero Saber (Ouvi esse disco com mais entusiasmo que o Paisagem. Isso porque me interessei por eles apostarem numa linguagem de música infantil. Ouvir com a Maria foi uma obviedade, mas devo dizer que ela não demonstrou nem resistência nem entusiasmo. O perfil acolhedor das performances e timbres talvez colabore pra essa indiferença. Ao mesmo tempo, vale dizer que as canções e arranjos driblam algumas caricaturas de “música infantil”. Há uma roupagem eletrônica que situa a criança com um ser contemporâneo ao mundo “pensante”, “atuante”, sei lá que nome dar a isso. Tem suas fofuras, tem graça, tem seus momentos reflexivos… atende o propósito. Escutem com seus filhos/sobrinhos/amigos). Dógui
- Tyler, The Creator: CHROMAKOPIA (Mais uma vez o rapper se mostra amplo, versátil e criativo no processo de composição, trazendo beats que fogem da ortodoxia do hip hop. Há um colorido timbristico, ritmos criativos, arranjos bem desenvolvidos, peso consistente e, até mesmo, arrojo harmônico. Isso enquanto não deixa a peteca cair através de voz e flow envolvente. Ele é muito carismático. Ainda que complexo em diversos quesitos, sua música ainda consegue grande alcance. Embora muitos artistas tenham colaborado com o disco, gostaria de ressaltar a participação do Pedro Martins em quase metade do disco). Hey Jane
- Ty Segall: Three Bells (Ty Segall demonstra toda a potencialidade do seu trabalho numa combinação de garage rock, psicodélico e progressivo. Tem até uma pitada de Beatles. Poderia soar tradicional se ele não fosse tão desprendido aos próprios conceitos e gêneros que investe. Adorei as guitarras e performances vocais, que trazem um clima chapado para as canções. Eu adorei e, se você gosta de rock, aposto que vai adorar também). My Best Friend
- Ugly (UK): Twice Around The Sun (Mais um novo grupo do rock alternativo com tendências progressivas. No caso deles, a abordagem também inclui elementos de folk rock e harmonias vocais complexas, que ficam entre os Beatles, Queen e Gentle Giant (ao menos no que diz respeito a “busca”). Isso tudo sem ser sisudo ou retrô. Os arranjos são muito bons e as canções têm uma certa leveza carismática interpretativa. Bem bacana). Shepherd’s Carol
- Ulcerate: Cutting The Throat Of God (Caceta, que nome de disco hein! Deathão da porra. Hiper técnico, cristalino em sua produção e, de certo modo, palatável, já que as composições tem uma progressividade que guiam o ouvinte pelas melodias e nuances de cada faixa. O empecilho é a longa duração de cada uma delas, mas vale encarar. Performance arrasadora). Cutting The Throat Of God
- Ulcerate: Cutting The Throat Of God (Caceta, que nome de disco hein! Deathão da porra. Hiper técnico, cristalino em sua produção e, de certo modo, palatável, já que as composições tem uma progressividade que guiam o ouvinte pelas melodias e nuances de cada faixa. O empecilho é a longa duração de cada uma delas, mas vale encarar. Performance arrasadora). Cutting The Throat Of God
- Uniform: American Standard (4 faixas (uma delas uma monstruosidade de 21 minutos) que derrubam a ouvinte através da força interpretativa colossal. O vocalista berra suas dores enquanto o instrumental ambienta o cenário, não simplesmente criando riffs, mas climas ardilosos de um de noise-prog-sludge-industrial metal. Apocalíptico, desesperador e intoxicante). Clemency
- Vampire Weekend: Only God Was Above Us (O Vampire Weekend volta a cair no gosto de todos através de um disco mais “sessentista” e menos “world music”. Claro, tudo com aquele apelo indie típico do grupo, mas aqui as canções trazem arranjos muito exitosos de chamber pop, que através das instrumentações e timbragens criam um colorido sonoro adorável. Claro, nada disso seria suficiente se as canções não fossem boas (e são), inclusive ao abordar a podridão dos EUA. Em alguns momentos até remete ao Flaming Lips. Não fosse a metade final (para mim, menos inspirada), estaria entre os melhores do ano. Ainda assim é especial). Ice Cream Piano
- Vários: funk.BR - São Paulo (NTS) (Mais uma compilação feita pro mercado gringo e que exemplifica bem a evolução das produções do funk, aqui ultra pesadas, feitas para tocarem não mais somente em carros e paredões, mas em clubes bem sonorizados, vide os graves e agudos tão volumosos quanto domáveis. Beats e texturas estrondosas que, de uma vez por todas, comprovam que o funk está no centro da música eletrônica mundial (sem exageros)). Montarem Phonk Brasileiro
- Vazio: Necrocosmos (A grande banda brasileira de black metal da atualidade transparece certa cristalinidade através de seu som soturno. Cada acorde, virada de bateria e linha de baixo é detectável, o que demonstra qualidade de arranjo, produção e performance. Adoro o fato deles cantarem em português e fazerem de suas letras obras poéticas tenebrosas). Cerimônia dos Espíritos Primordiais
- Vintage Culture: Promised Land (Confesso que tinha preconceito com esse DJ brasileiro. Mas ele é gigante, eu não conhecia suas músicas, então decidi que era justo ouvir seu disco com seriedade. Não é que gostei! Claro, é aquela massaroca de house, EDM e pop (de loja de departamento) que não me vejo colocando pra ouvir por pura espontânea vontade, mas acho que ele foi muito exitoso nas produções e composições. As faixas são ganchudas, tem corpo, boas ideias, timbres bacanas… ele sabe o que tá fazendo, sendo que num mundo cheio de fraudes, isso não é pouca coisa). Chemicals
- Vampire Weekend: Only God Was Above Us (O Vampire Weekend volta a cair no gosto de todos através de um disco mais “sessentista” e menos “world music”. Claro, tudo com aquele apelo indie típico do grupo, mas aqui as canções trazem arranjos muito exitosos de chamber pop, que através das instrumentações e timbragens criam um colorido sonoro adorável. Claro, nada disso seria suficiente se as canções não fossem boas (e são), inclusive ao abordar a podridão dos EUA. Em alguns momentos até remete ao Flaming Lips. Não fosse a metade final (para mim, menos inspirada), estaria entre os melhores do ano. Ainda assim é especial). Ice Cream Piano
- Vários: funk.BR - São Paulo (NTS) (Mais uma compilação feita pro mercado gringo e que exemplifica bem a evolução das produções do funk, aqui ultra pesadas, feitas para tocarem não mais somente em carros e paredões, mas em clubes bem sonorizados, vide os graves e agudos tão volumosos quanto domáveis. Beats e texturas estrondosas que, de uma vez por todas, comprovam que o funk está no centro da música eletrônica mundial (sem exageros)). Montarem Phonk Brasileiro
- Vazio: Necrocosmos (A grande banda brasileira de black metal da atualidade transparece certa cristalinidade através de seu som soturno. Cada acorde, virada de bateria e linha de baixo é detectável, o que demonstra qualidade de arranjo, produção e performance. Adoro o fato deles cantarem em português e fazerem de suas letras obras poéticas tenebrosas). Cerimônia dos Espíritos Primordiais
- Vintage Culture: Promised Land (Confesso que tinha preconceito com esse DJ brasileiro. Mas ele é gigante, eu não conhecia suas músicas, então decidi que era justo ouvir seu disco com seriedade. Não é que gostei! Claro, é aquela massaroca de house, EDM e pop (de loja de departamento) que não me vejo colocando pra ouvir por pura espontânea vontade, mas acho que ele foi muito exitoso nas produções e composições. As faixas são ganchudas, tem corpo, boas ideias, timbres bacanas… ele sabe o que tá fazendo, sendo que num mundo cheio de fraudes, isso não é pouca coisa). Chemicals
- Yard Act: Where’s My Utopia (Em seu segundo disco, o grupo aparece aberto a novas cores, o que gerou um disco versátil e dançante, embora sem perder a abrasividade, tanto dos textos quanto das guitarras. Tem ecos de Talking Heads e LCD Soundsystem. Tudo muito bem desempenhado e com alguns grandes ganchos. É o suficiente). Fizzy Fish
- X: Smoke & Fiction (Até onde consta, é o disco derradeiro desta banda que segue subestimada. Veja só esse disco, uma aula de rock, com canções energéticas, excelentes guitarras (Billy Zoom é uma lenda) e aquela ponte tão bem vinda do rock n’ roll básico com o punk rock. Encerram com muita dignidade. Azar de quem nunca deu bola). Smoke & Fiction
- Whom Gods Destroy: Insanium (Mais um daqueles novos supergrupos de metal progressivo. Na formação estão Dino Jelusick, Derek Sherinian, Bumblefoot e Bruno Valverde. É um grande time. Entusiasta da guitarra que sou, adorei os solos, sendo inclusive alguns dos mais criativos nesse campo shred em muito tempo (vide “In The Name Of War”). A maior problemática está nas vozes, embora o Jesulick soe menos “cantor de penhasco” que outros deste segmento. Apesar da quantidade infinita de notas, às vezes parece que falta profundidade composicional. Dito isso, todos os problemas já eram por mim esperados, sendo as qualidades (virtuosismo, intensidade, peso, performance) o que ficou ressaltado. Se esse estilo for sua praia, vai fundo porque não deve ter nada melhor sendo produzido atualmente). Hypernova 158
- Wilco: Hot Sun Cool Shroud (EPzinho do Wilco, daqueles de salvar o dia. Intercalam a abordagem folk rock bastante crua com outras experimentações, desta vez com maior enfoque nas guitarras maravilhosamente estranhas do Nels Cline (algo que veio se perdendo aos poucos). Nada tão memorável, mas que muito me entusiasma. Produção assinada pela Cate Le Bon). Hot Sun
- WILLOW: empathogen (Após diversos tiros, a garota acerta o alvo numa fusão improvável de Paramore com Esperanza Spalding. Ou seja, é pop, é rock, é quebrado, mas também se aventura por algumas complexidades, inclusive fazendo uso da sua bela voz em melodias não convencionais. Muito bem arranjado, tocado e produzido. Jon Batiste e St. Vincent participam). b i g f e e l i n g s
- Zach Bryan: The Great American Bar Scene (É de se louvar o fato dele ter chegado ao mainstream da música country norte-americana com boas canções, interpretações não espalhafatosas e, principalmente, sonoridade orgânica (e de certo modo rockeira) e arranjos enxutos que colocam a canção em primeiro lugar. Ótima produção. Vale dizer que John Mayer e Bruce Springsteen participam do disco). American Nights
- X: Smoke & Fiction (Até onde consta, é o disco derradeiro desta banda que segue subestimada. Veja só esse disco, uma aula de rock, com canções energéticas, excelentes guitarras (Billy Zoom é uma lenda) e aquela ponte tão bem vinda do rock n’ roll básico com o punk rock. Encerram com muita dignidade. Azar de quem nunca deu bola). Smoke & Fiction
- Whom Gods Destroy: Insanium (Mais um daqueles novos supergrupos de metal progressivo. Na formação estão Dino Jelusick, Derek Sherinian, Bumblefoot e Bruno Valverde. É um grande time. Entusiasta da guitarra que sou, adorei os solos, sendo inclusive alguns dos mais criativos nesse campo shred em muito tempo (vide “In The Name Of War”). A maior problemática está nas vozes, embora o Jesulick soe menos “cantor de penhasco” que outros deste segmento. Apesar da quantidade infinita de notas, às vezes parece que falta profundidade composicional. Dito isso, todos os problemas já eram por mim esperados, sendo as qualidades (virtuosismo, intensidade, peso, performance) o que ficou ressaltado. Se esse estilo for sua praia, vai fundo porque não deve ter nada melhor sendo produzido atualmente). Hypernova 158
- Wilco: Hot Sun Cool Shroud (EPzinho do Wilco, daqueles de salvar o dia. Intercalam a abordagem folk rock bastante crua com outras experimentações, desta vez com maior enfoque nas guitarras maravilhosamente estranhas do Nels Cline (algo que veio se perdendo aos poucos). Nada tão memorável, mas que muito me entusiasma. Produção assinada pela Cate Le Bon). Hot Sun
- WILLOW: empathogen (Após diversos tiros, a garota acerta o alvo numa fusão improvável de Paramore com Esperanza Spalding. Ou seja, é pop, é rock, é quebrado, mas também se aventura por algumas complexidades, inclusive fazendo uso da sua bela voz em melodias não convencionais. Muito bem arranjado, tocado e produzido. Jon Batiste e St. Vincent participam). b i g f e e l i n g s
- Zach Bryan: The Great American Bar Scene (É de se louvar o fato dele ter chegado ao mainstream da música country norte-americana com boas canções, interpretações não espalhafatosas e, principalmente, sonoridade orgânica (e de certo modo rockeira) e arranjos enxutos que colocam a canção em primeiro lugar. Ótima produção. Vale dizer que John Mayer e Bruce Springsteen participam do disco). American Nights
- Zeca Baleiro & Chico César: Ao Arrepio da Lei (Confesso que, não fosse pela parceria, isoladamente não ouviria o lançamento de nenhum dos artistas. Nada contra, mas nada tão em prol. Mas fiquei feliz ao checar esse disco. As composições são boas, há uma sonoridade orgânica cristalina e, o mais importante, me trouxe uma memória de um tempo em que a MPB gerava canções “simples”, sem grandes reflexões em torno de problemáticas que nenhum artista é capaz de resolver. É “apenas” a canção pela canção. Deste modo, me lembrou até Sérgio Sampaio, Raul Seixas, Belchior, Zé Ramalho, dentre outros. Nada mal). Respira
- Zé Manoel: CORAL (Esse tremendo cantor, compositor e pianista pernambucano em mais um trabalho refinado, onde o desenvolvimento melódico e harmônico é tão sofisticado quanto irresistível. Os arranjos são cuidadosos e cheios de cores, há um trabalho rítmico especial, colaboração fundamental do Bruno Morais na produção e participação de nomes como da Luedji Luna. O repertório é variado: começa com uma faixa grooveada com elementos de r&b, tem a atmosférica canção que nomeia o disco, uma homenagem mais que devida ao Johnny Alf, a radiante “Menina Preta de Cocar”, a base afro-brasileira exposta em diversos momentos… É uma aula de como pautar a canção brasileira com questões pertinentes, mas sem jogar a música pra segundo plano). Deságuo Para Emergir
- Zepelim e o Sopro do Cão: CARANGUEJO DE AÇUDE (Cheguei pelo nome do grupo, que achei ótimo. Ouvindo fiquei surpreso como eles conseguiram trazer características do rock nacional noventista e ainda assim soar bem. Tem algo de Raimundos e de Nação Zumbi. É aquela mistureba de rock, ska, rap e temperos nordestinos. Um combo perigoso, já muito explorado e que não envelheceu tão bem, mas que aqui funciona. Fora que parece genuíno). PRAIA DE CAMPINA
- Zopelar: Ritmo Freak (A música brasileira dançante, com adesão do house, numa amostra que não parou no tempo, embora buscando em alguns de seus timbres uma memória dos bailes do passado. São produções encorpadas e carismáticas, que se desenvolvem jogando luz na pista. Divertido e muito bem construído). Moonlight
- Zumbi do Mato: Bosasova Bova (Primeiro disco em mais de 15 anos. O Zumbi do Mato só pode ser avaliado a partir de seus próprios critérios, já que é um som tão torto e desconfigurado que não tem parâmetro. As letras continuam tão sagazes quanto nonsense. Eu adoro o som fulero de teclado e as baterias (muito provavelmente programadas) meio duras e capengas. Mesmo a voz falha (em timbre, em dicção, em afinação, não em performance e personalidade) do Lancaster O cérebro escorre pelos ouvidos. Entendo quem ouvir odiar, mas se você quer fugir do convencional, tá aí uma banda pra por no radar). A Bilola de Brennand
- Zumbi do Mato: Bosasova Bova (Primeiro disco em mais de 15 anos. O Zumbi do Mato só pode ser avaliado a partir de seus próprios critérios, já que é um som tão torto e desconfigurado que não tem parâmetro. As letras continuam tão sagazes quanto nonsense. Eu adoro o som fulero de teclado e as baterias (muito provavelmente programadas) meio duras e capengas. Mesmo a voz falha (em timbre, em dicção, em afinação, não em performance e personalidade) do Lancaster O cérebro escorre pelos ouvidos. Entendo quem ouvir odiar, mas se você quer fugir do convencional, tá aí uma banda pra por no radar). A Bilola de Brennand
- Ὁπλίτης: Παραμαινομένη (Honestamente, nem adianta me perguntar sobre, porque fui parar nesse disco por acaso. Mas adorei! É um death metal técnico, extremo, muito agressivo e impecavelmente produzido. A execução é excelente, inclusive nos improváveis e dissonantes solos jazzisticos, incluindo o uso de sax. Talvez eles sejam chineses, talvez sejam uma banda de zeuhl, nenhuma informação ficou muito clara. De certo mesmo é que sensacional e um dos grandes discos de metal do ano). Μῆνιν ἄειδε, θεὰ παραμαινομένη ἐμοῦ...
"MEDIANOS" (4-6)
- Angra: Acoustic - Live At Ópera do Arame (Ouvi muito a banda na adolescência e, de certo modo, assim como tantos fãs, sempre tive o desejo de ver a banda em formato acústico, atenuando o excesso de virtuosismo, segurando a mão na velocidade, explorando quem sabe mais as referências de música brasileira em detrimento do power metal (metal espadinha), acentuando os arranjos e harmonias que de algum modo eles sempre valorizaram. Entretanto, tudo isso cai terra abaixo diante de canções que não se sustentaram neste formato. Ouvir “Nova Era” ou “Carry On” com freio de mão puxado não fez o menor sentido. Os solos de guitarra outrora faiscantes aqui soam sem propósito. Embora o Bruno Valverde seja um ótimo baterista, não achei que ele se encontrou muito bem nos arranjos. E, o principal problema: o Fabio Lione, que nem acho que canta mal ou qualquer coisa do tipo, mas é que a estética vocal desse gênero me soa chata. Muito agudo, muito vibrato… me é cansativo. Qualidades: muito bem gravado (vídeo e som), me pega numa memória afetiva (pô, adorei relembrar “Holy Land”, “No Pain For The Dead”) e, principalmente a participação da Vanessa Moreno (achei “Here In The Now” muito boa). Inclusive, o Angra deveria ter tido uma vocalista mulher).
- Anitta: Funk Generation (A volta da Anitta ao funk traz algumas das melhores produções em seu repertório em anos. São momentos pulsantes e dançantes que se comunicam tanto com o passado do gênero quanto com as novidades. O problema é que isso é diluído em fórmulas do pop contemporâneo, latinidades genéricas e uma mistura de espanhol com inglês que não me desce. A sensação é que poderia ter dado muito certo, mas no final o gosto é frustrante).
- Anitta: Ensaios da Anitta (Anitta tentando emplacar algum hit de verão. Chamou a Ivete Sangalo, a Simone Mendes, Mc Livinho, sampleou DeFalla numa canção que não faria feio com a Fernanda Abreu em 1997 (“Capa de Revista”), trouxe latinidades, trouxe o funk… resumindo: fez o que pode atirando pra diversos lados. Inclusive a boa produção, que metodicamente cria ganchos tão fortes quanto esquecíveis, e a mixagem estrondosa, tendem a elevar as canções naturalmente pobres).
- Arthur Melo: Mirantes Emocionais (Gosto do elemento psicodélico. Não gosto do elemento classe média branca. Repertório irregular, performance por vezes cansada, bons timbres. Basicamente é isso. Perdão o reducionismo).
- Bebé: SALVE-SE (Falar que é ruim seria injusto e inverdade, já que tem boas produções ao longo do disco e a voz da moça é bem bonita. Todavia, não acho o repertório grande coisa. Não me atraia também essa proposta que fica entre o pop, funk, r&b e brasilidade, no fim não sendo nada disso. Todavia, recomendaria para os entusiastas do trabalho da Fernanda Abreu).
- Big Big Train: The Likes Of Us (Grupo adorado por aqueles mais aguerridos em rock progressivo. Eu honestamente não tinha dado grande atenção até então, mas li elogios a esse disco e fui ouvir. É muito feito, diria que até demais. Tem toda a cafonice e grandiloquência do gênero, parecendo estar na árvore genealógica do Genesis e Marillion. Há boas melodias, virtuosismo e caminhos composicionais pomposos e não convencionais que chego até a ver com certo humor (por mais sério que seja). Dito isso, achei legal, embora no fim já estivesse entediado. Dê uma chance se for essa sua praia).
- Billie Eilish: HIT ME HARD AND SOFT (Sendo bem honesto, para além de toda beleza presente em algumas canções, achei a fluidez do álbum arrastada. Há destaques interpretativos, de produção e arranjos. Acho que ela evoluiu enquanto cantora, no sentido de estar soando mais versátil. Gostei também dela ter apostado em alguns beats que transitam entre o house e synthpop. Todavia, no geral ficou a impressão que o disco não decola).
- Bladee: Cold Visions (Por mais que eu consiga admirar e me interessar por algumas produções aqui presentes (principalmente nas saturações e no uso de elementos do glitch) e reconheça que ele cria toda uma estética/conceito em seu trabalho, o resultado final me parece massivo. O grande problema está em sua voz, de flow e timbre insípido. Se ao menos fosse um EP, mas são 30 músicas em mais de 1 hora. Muitos elogiaram, mas não me vejo pegando pra reouvir).
- Bratislava: Bratislava (Banda já rodada dentro do cenário do rock alternativo nacional. Esse disco é um pop rock vigoroso, mas também um tanto genérico. Difícil fazer pop rock hoje e apresentar grande diferencial. Ao mesmo tempo, acho que quem gosta do estilo só quer algumas boas canções pra ouvir no carro, com a mente distante. Neste sentido o disco funciona bem. Curte BRock oitentista, noventista ou mesmo Terno Rei, dá uma conferida descompromissada).
- Childish Gambino: Atavista (Passado 4 anos, finalmente o Donald Glover dá o acabamento final para seu trabalho anterior (3.15.20, uma espécie de demo que, em tempos de pandemia, fez muito sentido). Aqui, com arranjos e produção lapidada, ganha-se qualidade sonora e perde-se encanto. Ficou parecendo um disco pop comum, que incorpora psicodelia, r&b e algumas estranhezas. A real é que é tão legal quanto esquecível).
- Childish Gambino: Bando Stone And The New World (Donald Glover se despede do alter ego Childish Gambino num disco que aponta pra várias facetas do pop contemporâneo, não se jogando em nenhuma delas, sendo de versatilidade vazia. Um “ok” pouco inspirado).
- CPM 22: Enfrente (Primeiro trabalho do grupo em 7 anos. Não seria injusto dizer que o álbum é fraco, no sentido que não tem canções que transbordam inspiração. Dito isso, nunca achei a banda grande coisa, de modo que aqui pareceu uma continuação linear e genuína ao que eles tem feito. De algum modo eu valorizo essa coerência. Pra quem gosta deles é prato cheio. Destaco o som de baixo e a energia das canções, que tendem a soar melhor ao vivo).
- Cupertino: Mais Uma História de Amor (Gostei do disco d’Os Garotin e simpatizei com a figura do Cupertino, muito por ele tá sempre empunhando uma guitarra, inclusive na capa deste EP. Todavia, achei as canções e, principalmente, os arranjos e a produção polidas demais. É um pop bem feito, mas também muito inofensivo. Mas é um rapaz pra ficar de olho. Vale dizer que o Caetano Veloso participa de uma faixa).
- demônia: atitude punk vol.1 (Longe de ser uma maravilha, mas é um punk rock nacional de atitude. Um trio feminino que, com crueza e atitude, expõe o que as aflige, por ora colocando isso até mesmo a frente da música em si. Alguns momentos funcionam mais que outros. É o risco).
- DJ K: O Fim! (Tudo bem que a proposta do cara é fazer um funk barulhento e corrosivo, só que neste disco, ao contrário do anterior, me soou bagunçado. Os elementos saturados e em frequências extremas (pra cima e pra baixo) mais criam uma massaroca confusa do que texturas interessantes. Fora isso, as canções estão mais previsíveis e menos inspiradas. São os já conhecidos clichês do funk, só que sem bons ganchos. Nem por isso é ruim, tá mais pra tecnicamente equivocado e, até mesmo, apressado, visto que o trabalho anterior causou certo burburinho).
- Dua Lipa: Radical Optimism (Vindo na sequência de um dos melhores discos de música pop da década, esse álbum soa como uma queda vertiginosa. Claro, ainda tem boas faixas, mas elas se perdem no meio de tantas outras nada inspiradas. Lembro dela dizer que teria referência de britpop. Eu não captei. Tem mais de Tame Impala mesmo (e é de quando eles erram). Disco pop insípido (em produção, em interpretação, em ganchos)).
- Fabiana Palladino: Fabiana Palladino (Honestamente nem embarquei de imediato no disco, mas logo entendi a proposta, que traz muito do pop da virada do milênio somado ao downtempo. O resultado são canções interpretadas com classe, arranjos bem estruturados e uma produção elegante. É noturno e sexy. Só acho que o repertório é irregular, gerando momentos desinteressantes. Jai Paul participa do disco. Ah, ela é filha do Pino, daí o sobrenome).
- Febem / CESRV: ABAIXO DO RADAR (Muita gente adorou, mas confesso que não foi meu caso. É um disco de poréns, visto que, embora o CESRV tenha lançado bons beats e o Febem seja talentoso, achei o repertório irregular. O fato de serem poucas e curtas faixas, atenua os pontos baixos, mas o sabor final frustra. Honestamente não posso dizer que acho o flow do Febem vibrante. O fato do álbum abordar tantas vulnerabilidades combina com seu clima conflitante que ele causou em mim como ouvinte).
- Filipe Ret: NUME (Por já ir ouvir prevendo não gostar - sua carreira já é extensa, já dá pra saber o que esperar -, até que não achei esse disco tão ruim. Isso porque ele soube como lapidar o trap brasileiro, trazendo melodias que caem bem nos ouvidos, graves equilibrados e detalhes de produção/arranjo que discretamente enriquecem os beats. Paralelo a isso, ele descartou o que há de mais problemático no gênero (e também o que de mais autêntico). Deste modo soa como um trap conservador, de bom gosto, não ofensivo, feito pros playson e pras gostosas da zona sul carioca. Errado ele não tá. Memorável sua obra também não é).
- Gastr del Sol: We Have Dozens Of Titles (Disco póstumo do duo. O primeiro lançamento em mais de duas décadas. Nada mais que uma compilação de sobras, sendo algumas imersivas e outras entediantes. Melhor pegar um disco de quando eles tavam na ativa mesmo).
- Irmãs de Pau: Gambiarra Chic, Pt.1 (O início é estrondoso, tanto na intensidade sonora quanto na verborragia sexual envolto no mundo LGBTQIA+. Todavia, confesso que a safadeza e humor perdem a força do decorrer das faixas. Fora que não posso dizer que sou entusiasta desses timbres mais associados a música eletrônica dentro do contexto do funk (é o funk rave isso?). Mas vale dar uma checada).
- John Glacier: Like A Ribbon (Neste EP a artista inglesa traz o hip para o trip hop. O resultado é mais convincente nas produções (vide o ótimo beat de “Tripsteady”) que em seu flow anestesiado. Não me empolgou não).
- Justice: Hyperdrama (Sendo bem objetivo: tem ótimas faixas. Como sempre, o destaque fica no direcionamento das produções, que transitam entre o balanço típico do french house (com aquele synth bass maravilhosos, vide “Generator”) e outras passagens bem “espaciais” (vide “Muscle Memory”). Todavia, a evolução do disco é meio massiva e previsível. Mesmo nos acertos não há grande novidade. Fora que as faixas cantadas soam para mim como derrapadas no repertório. Irregular).
- KAYTRANADA: TIMELESS (O aclamado produtor volta com mais um disco que peca pela irregularidade do repertório. É um trabalho de pop que oscila muito, mesmo quando acerta nas produções. A variedade de artistas que colaboram até ajuda seu fluxo, mas no geral são poucas as faixas memoráveis e capazes de levantar uma pista).
- LUCY: 100% Prod I.V. (Não conhecia o trabalho do Cooper B. Handy, mas achei esse álbum interessante enquanto carta de apresentação. Isso porque ele parece percorrer de forma nada linear ou padronizada por gêneros como emo e trap. No fim é bedroom pop, aqui mais estranho e, por assim dizer, convidativo. As faixas são curtinhas e a produção (ora vazia, ora de timbres bizarros) é elemento de composição. Dito isso, não posso dizer que é o som que faz mais minha cabeça. Acho que nem poderia ser, deve ser coisa de jovem. Vejamos onde ele vai parar com isso).
- Melly: Amaríssima (Há um certo esforço em fazer vingar essa jovem e talentosa cantora, já que ela parece atender algumas demandas do mercado: preta, baiana, brasilidades. Mas não posso dizer que seu som salta aos meus ouvidos, embora tecnicamente seja impecável, fazendo uma interação de ritmos baianos com uma produção moderna e colorida de r&b contemporâneo. Os arranjos e sua performance vocal ajudam na proposta. O “problema” acaba sendo as composições, que não tencionam nenhum argumento, circulando a temática de “sol, calor, areia, pele, sal”. Enquanto “pop abrasileirado” funciona muito bem, embora de conteúdo esquecível).
- Mick Mars: The Other Side Of Mars (Com sonoridades pesadas que ficam entre o industrial e o artificial, o ex-guitarrista do Mötley Crüe balança em sua estreia solo. Ainda assim, tem bons momentos, alguns impossíveis de imaginar sua antiga banda produzindo hoje em dia. Recomendado só para seus fãs).
- Mk.gee: Two Star & The Dream Police (Eu admiro como este jovem artista se desprende de qualquer fórmula, fazendo com que seu bedroom pop/r&b soe repleto de texturas. Pende até para o abstrato. Gosto como ele traz umas guitarras “estragadas”. Só que isso não é acompanhado de uma regularidade composicional. Em certos momentos, ele parece mirar no Prince, mas acerta o Justin Bieber. Não riem, acontece. Mas é um artista pra ficar de olho. Molecada tem adorado).
- Porter Robinson: SMILE! :D (Enquanto forma de tensionar a música pop, simpatizo muito com a música do Porter Robinson. Aqui ele embrulha bons ganchos com sintetizadores luminosos que parecem extrapolar as texturas e cores da produção. Feito esse elogio, confesso que as canções não me pegam em cheio, de modo que a qualidade técnica pareça uma reciclagem de uma material banal).
- Remi Wolf: Big Ideas (Embora com boas ideias e uma estética que não apresenta problemas claros (é um pop contemporâneo com acabamento mais “tradicional” e “orgânico”), o disco não traz novidades ou algo memorável. Fora que acho que ela pesa a mão em algumas interpretações. Ok, mas não bateu aqui).
- Selton: GRINGO Vol.1 (Não conhecia o grupo, mas vi que fizeram um show em São Paulo que muita gente adorou. Pesquisei brevemente e vi que é uma banda com conexões entre Brasil, Itália e Espanha. Ouvi e achei um pop rock “latino” muito bem feito, com arranjos e produções cuidadosas. O fato de ter o Ney Matogrosso participando do disco mostra o prestígio/contatos. Dito isso, achei “branco” demais, certinho demais. Isso tanto em composição quanto em performance. Por mais bem feito que seja, não é o som que me interessa. Dá pra tocar em loja de departamento, mas também no SESC).
- Sematary: Bloody Angel (Se antes achava o som dele estranho demais (o encontro do trap com o black metal), aqui confesso que fiquei indeciso sobre essa “adequação” estética. Claro, ainda é muito bizarro, barulhento e intoxicante, mas isso vem mais da produção do que da raiz das composições. Agora, um problema irrefutável é ser longo demais. E nem dá pra dizer que é irregular, porque é tudo a mesma desgraça (no bom sentido). Mas é difícil ouvir os 50 minutos dessa bagunça. Parando na metade funciona).
- Sofia Freire: Ponta da Língua (Embora tenha canções muito boas que trazem uma abordagem quase synthpop para a MPB (vide “Arrebento” e “Resta Saber”), há também algumas escorregadas composicionais que partem para clichês que dominam o novo pop brasileiro (algo à la Marina Sena). A produção é ótima, inclusive inserindo coloridos que tendem a disfarçar os deslizes).
- Spektra: Hypnotized (Embora o som da banda não faça a minha cabeça, acho importante analisar o trabalho dentro de suas intenções. Dito isso, é um hard rock/melodic rock/aor muito bem feito. Tem peso, boas performances (mais uma vez, dentro da proposta) e ecos de Bon Jovi e Malmsteen (fase aor) que tendem a agradar os fãs do gênero. Se for ruim é mais pela intenção do que pela execução).
- Taylor Swift: The Tortured Poets Department (A aparentemente incansável Taylor Swift revela esgotamento num disco pouco inspirado. Nada que soe tão mal, na realidade soa como sobras do que ela tem feito nos últimos anos. Alguns momentos mais climáticos funcionam. Gosto da interação com o synthpop mais “etéreo”. Acho graça nela imitar (não sei o quão voluntariamente) a Lana Del Rey. É verdade, as letras deslizam entre as dores de sempre, os términos de sempre, a perseguição de sempre e frases mal colocadas. Acontece. No fim vai sobrar pro Jack Antonoff e, aqui entre nós, tudo bem. Se na visão dos fãs estamos diante do novo Blonde On Blonde, na dos detratores é um Mein Kampf. A realidade é menos “vibrante”, sendo apenas irregular e monótono. Dito isso, nem me arrisquei na versão estendida (THE ANTHOLOGY). Quem sabe no futuro).
- The Black Keys: Ohio Players (Não é ruim, mas também não é bom. Tem algumas faixas que se destacam e bons momentos guitarristicos, mas no geral parece eles tentando emular uma sonoridade de quando eram popularmente relevantes. Vale dizer que o Beck colabora em várias faixas. Pouco inspirado).
- The Immediate Family: Skin In The Game (Não conhecia o projeto e, devido os nomes envolvidos (Danny Kortchmar, Leland Skalar, Russ Kunkel, dentre outros), posso afirmar que esperava mais. Talvez ingenuidade minha, já que composição nunca foi o forte dos envolvidos (e ao longo dos 55 minutos isso aqui fica claro) e a performance não chega a ser um problema (embora excessivamente “correta”). Mas falta brilho e, até mesmo, uma produção que privilegie as nuances deles enquanto ótimos instrumentistas que são. Uma pena).
- Tierra Whack: WORLD WIDE WHACK (Embora de repertório irregular e alguns momentos de pouca inspiração nos beats, adorei o sentimento que a Tierra Whack passa nas canções. Ela tem uma incrível capacidade de arrumar algumas linhas melódicas memoráveis em meio ao flow. Vale checar com atenção).
- Tristeza Não Tem Fim: Felicidade Sim (Projeto com Vitor Brauer, Lay e Crile. É triste mesmo. Dependendo do clima, até desce bem. Principalmente se sua onda for shoegaze e suas camadas de guitarras. A voz doce da moça é bonita. Dito isso, é meio arrastado e desinteressante harmonicamente e melodicamente. Nessa praia tem outras coisas que me interessam mais).
- VHOOR: Resenha (Uma ótima coleção de beats de funk que empolgaria se trabalhadas por algum MC. Do jeito que veio ao mundo, instrumental, sinto que faltam contrastes e texturas).
- Vince Staples: Dark Times (Embora eu tenha adorado algumas faixas (vide “Children’s Song” e “Nothing Matters”), achei que o disco faz juz ao nome e soa meio caído. Talvez seja a proposta mesmo, mas gostava mais quando o rapper trazia produções mais experimentais. Contido, convencional e sóbrio ao ponto de causar momentos de tédio).
- Yeat: 2093 (Como tantos outros discos de trap, peca pela longa duração (22 faixas, mais de 1h10). Dito isso, dentro do gênero, ele soa ambicioso, trazendo produções tão viajantes quanto encorpadas. Seu tema distópico também colabora para essa percepção. Recomendado para entusiastas do estilo).
- Anônimos Anônimos: Xô Cria (Banda aparentemente bem relacionada, já que traz o Clemente e o Capilé como participações deste EP. A gravação também é bacana, com o baixo pintando na cara. Mas nada disso supera as composições fracas, donas de uma aura pretensiosamente rebelde. Punk rock vazio de qualquer conteúdo).
- Bullet Bane: ART.FICIAL (Certamente eles se deslumbraram com o som do Bring Me The Horizon. “Digitalizaram” o som e o resultado ficou… artificial. Era pra soar pesado e moderno, mas ficou forçado e besta. Obviamente as fracas composições não ajudam. Da proposta estética, passando pela produção e performance, nada deu certo).
- Cynthia Luz / André Nine: Ciclo Vicioso (É música de jovem né, que transita entre o pop, funk, rap e trap, não transparecendo grande personalidade em nada. Uma proposta estética que nada chama minha atenção, embora reconheça que é bem produzido. Ela até é uma boa intérprete, pena que o conteúdo seja tão desinteressante).
- Deep Purple: = 1 (O Deep Purple é uma banda do coração, sendo que faz alguns anos (década?) que a cada lançamento deles penso “ok, não é uma maravilha, mas se for o último acaba com dignidade”. Não posso dizer o mesmo desse. Canções nada inspiradas, a bateria do Ian Paice soando “frouxa”, a voz do Ian Gillan em frangalhos (e isso já faz tempo), produção sem personalidade… Nem mesmo o bom guitarrista que entrou conseguiu trazer alguma vitalidade, sendo os riffs e solos esquecíveis. Não é ruim no sentido de ser de mal gosto, mas de ouvir e ficar triste).
- Diogo Defante: Tifane (O fato do Defante ser um dos humoristas de maior alcance dentro da internet faz com que seu trabalho musical tenha recursos para ser “bem” produzido (correto e previsível, mas ok). Agora, o problema real são as composições, que miram no Rogério Skylab, mas acerta nos Raimundos da fase “Reggae do Maneiro”. É abobado demais. Seu canto revela uma ironia daquele que sabe que o que produz é idiota. Canastrão ao extremo).
- Kanye West / Ty Dolla $ing: VULTURES 1 (Sendo o Ye o ser problemático que é (em todos os sentidos), não é de se estranhar que o trabalho traduza sua personalidade. Tem bons momentos (a incorporação do que há de mais corrosivo no funk brasileiro em “PAPERWORK” é bem legal). Por outro lado tem “VULTURES”, que é toda errada. Entre bons ganchos, produções estranhas e letras ruins, o que fica é mais um disco representativo de sua vida e sonoramente ultra irregular).
- Kanye West / Ty Dolla $ing: VULTURES 2 (Esse eu até tava achando bacana e pensei em elogiar só de zuera, já que mais ninguém ouviu esse disco. Mas a realidade é que não dá pra encarar os 50 minutos. O que se salva se afoga no lamaçal de beats equivocados, ausência de ganchos e textos xaropentos).
- Lourena: Um Pouco de Mim (Mais um disco direcionado ao público jovem, aquele bem playboy, que só quer ir pra praia arrumar uma transa. Não posso condenar, acho até que tá certo, mas não me representa (problema meu, claro). Fora que esse lance meio rap acústico, meio r&b genérico, meio funk covarde, é chato demais. Também não gostei do timbre e da interpretação da moça).
- Matuê: 333 (O rapaz é um sucesso, a juventude adora, mas eu não consigo embarcar. Acho as composições não somente fracas, mas chatas. Não é ganchudo, não é divertido (pra mim, claro). Reconheço um aperfeiçoamento na produção, mas nada que seja capaz de resultar em boas canções. Não é pra mim).
- Pearl Jam: Dark Matter (Tem alguns elementos que realmente me interessam neste disco, principalmente no que diz respeito às guitarras, donas de ótimos timbres, boas performances (inclusive nos solos), riffs bacanas e um certo groove que só uma “velha escola” de guitarristas parece ter. O Jeff Ament também arrebenta (como sempre). Isso ao menos nas canções mais energéticas, até porque, o repertório é bem irregular. Somado a isso, tem a voz do Eddie Vedder, que se sempre foi questionável, agora tá beirando o indefensável. Mais surpreendente ainda é o som da bateria. Magrinha mesmo carregada de compreensão. Ao contrário das guitarras, soa ultra artificial. Nem parece que foi tocada pelo mesmo cara que gravou o Superunknown. Poderia colocar esse problema na conta do Andrew Watt, mas a falta de critério prefiro distribuir a todos. Sendo justo, não é exatamente ruim, mas é fraco e esquecível, assim como os últimos, sei lá, 8 discos da banda, então dá na mesma).
- Twenty One Pilots: Clancy (Famosa farofagem. Meio pop rock, meio “rap”, completamente genérico e insosso. A produção é artificial, mas mais artificial ainda são as interpretações. Incrivelmente eles fazem enorme sucesso).
- Yago Oproprio: OPROPRIO (Talvez dizer que “é ruim” é pegar pesado, mas a verdade é que não gostei de nada nesse disco. Os beats (pelo que entendi assinados pelo Patricio Sid), mesmo quando exitosos, soam em sua totalidade monótonos. Há um certo elemento de “rap acústico”, onde tudo soa meio aconchegante, meio raquítico, ainda que tecnicamente bem feito. O “problema” é conceitual mesmo. As letras não me chamaram atenção, até por estarem imersas num flow chatíssimo, que invoca Criolo, ragga e um climinha vagaroso meio emaconhado que acho chatão. E olha que até reconheço que há refrões fortes, mas é aquela coisa, nem tudo que é memorável merece ser lembrado. Não é pra mim, mas muita gente ama, então sei lá, ouve aí).
A Música de John Williams
Documentário espetacular, se não necessariamente cinematograficamente, sem dúvida por conta da história desse que é um dos maiores compositores do século XX. É muito legal relembrar sua obra. Tem muito valor ver ele abordando suas composições e a importância que os diretores dão ao seu trabalho. Uma bonita homenagem em vida.
A Noite Que Mudou o Pop
O nome do documentário é pretensioso e a música gerada naquele dia é de qualidade questionável, mas nada disso tira a força do filme e a magia da canção. Muito legal ver os bastidores por trás da obra. A seriedade do Michael Jackson impressiona. A maneira com que o Quincy Jones (gênio) e o Stevie Wonder (gênio) ajudam o Bob Dylan (gênio) na gravação é uma aula de produção e sensibilidade. A dedicação do Huey Lewis pra não fazer feio é comovente, hilária e constrangedora. E esse são apenas alguns dos momentos. Nunca imaginei que poderia chorar com “We Are The World”, mas aconteceu. Que momento viveu a música popular americana, não?
Aumenta Que É Rock N’ Roll
Filme que aborda o surgimento da rádio Maldita, fundamental para o consolidação do rock brasileiro, principalmente no Rio de Janeiro. O filme tem momentos esclarecedores, outros bobinhos, além muitas brechas e momentos desnecessários. Aquela trama amorosa nada agregou ao enredo. Mas é divertido. Assista por sua conta em risco.
Kubrusly - Mistério Sempre Há de Pintar Por Aí
Maurício Kubrusly é daqueles casos raros de jornalistas da Rede Globo que eu tenho apreço. Neste documentário emotivo é abordado seu presente ao lado da esposa e da demência, doença que redimensionou sua vida. O filme relembra seu passado enquanto brilhante jornalista musical. Bonito ver que sua paixão pela música não só se mantém, como é fundamental para lhe proporcionar qualidade de vida. Importante o devido espaço dado aos artistas da Vanguarda Paulistana que ele tanto ajudou a fomentar. A participação do Gilberto Gil também é tocante.
Phil Collins: Drummer First
Documentário muito bacana produzido pelo excelente canal Drumeo. Sempre bom ressaltar a importância do Phil Collins enquanto baterista. Agora, é muito triste ver como ele tá fisicamente debilitado. O tempo é impiedoso.
Sullivan & Massadas: Retratos e Canções
Série da Globoplay, com direção do André Barcinski, que procura redimensionar o trabalho do Michael Sullivan e Paulo Massadas, compositores de enorme sucesso, mas hoje nem tão lembrados. O propósito é legítimo, mas o formato série não ajuda, tornando o enredo repetitivo. Não preciso ouvir 30 vezes o quão geniais eles eram em traduzir o sentimento popular através de suas canções, mas adoraria ver uma explicação técnica e objetiva pra essa qualidade. Gostaria de ouvir eles falando sobre como se sentem em não terem sido tão bem sucedidos enquanto intérpretes, mesmo ambos tendo tido uma carreira inicial enquanto músicos/artistas de palco. Valeria também abordar a questão de direitos autorais, saber se eles consideram que ganharam algo que corresponde ao sucesso que tiveram (e fazer uma pesquisa neste sentido). E também não precisava daquele último episódio com releituras pífias de artistas de valor questionável (que confesso que pulei boa parte). E pra que aquele momentos com o filho do Michael Sullivan? Documentário necessário, mas um tanto quanto chapa branca.
The Beach Boys (Disney)
Típico documentário direto ao ponto, que abrange uma carreira longa e complexa de forma suficientemente rápida e exitosa, capaz geral num leigo o interesse por conhecer melhor a discografia do grupo. Fora que (spoiler) aquele encontro dos integrantes vivos ao final é muito bonito.
Thank You, Goodnight: A História de Bon Jovi
Nunca dei grande bola pra banda e acho que o formato série tende a prejudicar documentários (ficam longos, redundantes). Dito isso, adorei esse documentário. Mudou inclusive a maneira com que eu vejo a banda e, principalmente, o Jon Bon Jovi. Achei honesto e comovente a forma com que ele lida com seus problemas vocais. Claro, muitas vezes a música não acompanha sua ética e determinação, mas em nenhum momento ele diz ser também muito talentoso. Bem bacana.
- Mick Mars: The Other Side Of Mars (Com sonoridades pesadas que ficam entre o industrial e o artificial, o ex-guitarrista do Mötley Crüe balança em sua estreia solo. Ainda assim, tem bons momentos, alguns impossíveis de imaginar sua antiga banda produzindo hoje em dia. Recomendado só para seus fãs).
- Mk.gee: Two Star & The Dream Police (Eu admiro como este jovem artista se desprende de qualquer fórmula, fazendo com que seu bedroom pop/r&b soe repleto de texturas. Pende até para o abstrato. Gosto como ele traz umas guitarras “estragadas”. Só que isso não é acompanhado de uma regularidade composicional. Em certos momentos, ele parece mirar no Prince, mas acerta o Justin Bieber. Não riem, acontece. Mas é um artista pra ficar de olho. Molecada tem adorado).
- Porter Robinson: SMILE! :D (Enquanto forma de tensionar a música pop, simpatizo muito com a música do Porter Robinson. Aqui ele embrulha bons ganchos com sintetizadores luminosos que parecem extrapolar as texturas e cores da produção. Feito esse elogio, confesso que as canções não me pegam em cheio, de modo que a qualidade técnica pareça uma reciclagem de uma material banal).
- Remi Wolf: Big Ideas (Embora com boas ideias e uma estética que não apresenta problemas claros (é um pop contemporâneo com acabamento mais “tradicional” e “orgânico”), o disco não traz novidades ou algo memorável. Fora que acho que ela pesa a mão em algumas interpretações. Ok, mas não bateu aqui).
- Selton: GRINGO Vol.1 (Não conhecia o grupo, mas vi que fizeram um show em São Paulo que muita gente adorou. Pesquisei brevemente e vi que é uma banda com conexões entre Brasil, Itália e Espanha. Ouvi e achei um pop rock “latino” muito bem feito, com arranjos e produções cuidadosas. O fato de ter o Ney Matogrosso participando do disco mostra o prestígio/contatos. Dito isso, achei “branco” demais, certinho demais. Isso tanto em composição quanto em performance. Por mais bem feito que seja, não é o som que me interessa. Dá pra tocar em loja de departamento, mas também no SESC).
- Sematary: Bloody Angel (Se antes achava o som dele estranho demais (o encontro do trap com o black metal), aqui confesso que fiquei indeciso sobre essa “adequação” estética. Claro, ainda é muito bizarro, barulhento e intoxicante, mas isso vem mais da produção do que da raiz das composições. Agora, um problema irrefutável é ser longo demais. E nem dá pra dizer que é irregular, porque é tudo a mesma desgraça (no bom sentido). Mas é difícil ouvir os 50 minutos dessa bagunça. Parando na metade funciona).
- Sofia Freire: Ponta da Língua (Embora tenha canções muito boas que trazem uma abordagem quase synthpop para a MPB (vide “Arrebento” e “Resta Saber”), há também algumas escorregadas composicionais que partem para clichês que dominam o novo pop brasileiro (algo à la Marina Sena). A produção é ótima, inclusive inserindo coloridos que tendem a disfarçar os deslizes).
- Spektra: Hypnotized (Embora o som da banda não faça a minha cabeça, acho importante analisar o trabalho dentro de suas intenções. Dito isso, é um hard rock/melodic rock/aor muito bem feito. Tem peso, boas performances (mais uma vez, dentro da proposta) e ecos de Bon Jovi e Malmsteen (fase aor) que tendem a agradar os fãs do gênero. Se for ruim é mais pela intenção do que pela execução).
- Taylor Swift: The Tortured Poets Department (A aparentemente incansável Taylor Swift revela esgotamento num disco pouco inspirado. Nada que soe tão mal, na realidade soa como sobras do que ela tem feito nos últimos anos. Alguns momentos mais climáticos funcionam. Gosto da interação com o synthpop mais “etéreo”. Acho graça nela imitar (não sei o quão voluntariamente) a Lana Del Rey. É verdade, as letras deslizam entre as dores de sempre, os términos de sempre, a perseguição de sempre e frases mal colocadas. Acontece. No fim vai sobrar pro Jack Antonoff e, aqui entre nós, tudo bem. Se na visão dos fãs estamos diante do novo Blonde On Blonde, na dos detratores é um Mein Kampf. A realidade é menos “vibrante”, sendo apenas irregular e monótono. Dito isso, nem me arrisquei na versão estendida (THE ANTHOLOGY). Quem sabe no futuro).
- The Black Keys: Ohio Players (Não é ruim, mas também não é bom. Tem algumas faixas que se destacam e bons momentos guitarristicos, mas no geral parece eles tentando emular uma sonoridade de quando eram popularmente relevantes. Vale dizer que o Beck colabora em várias faixas. Pouco inspirado).
- The Immediate Family: Skin In The Game (Não conhecia o projeto e, devido os nomes envolvidos (Danny Kortchmar, Leland Skalar, Russ Kunkel, dentre outros), posso afirmar que esperava mais. Talvez ingenuidade minha, já que composição nunca foi o forte dos envolvidos (e ao longo dos 55 minutos isso aqui fica claro) e a performance não chega a ser um problema (embora excessivamente “correta”). Mas falta brilho e, até mesmo, uma produção que privilegie as nuances deles enquanto ótimos instrumentistas que são. Uma pena).
- Tierra Whack: WORLD WIDE WHACK (Embora de repertório irregular e alguns momentos de pouca inspiração nos beats, adorei o sentimento que a Tierra Whack passa nas canções. Ela tem uma incrível capacidade de arrumar algumas linhas melódicas memoráveis em meio ao flow. Vale checar com atenção).
- Tristeza Não Tem Fim: Felicidade Sim (Projeto com Vitor Brauer, Lay e Crile. É triste mesmo. Dependendo do clima, até desce bem. Principalmente se sua onda for shoegaze e suas camadas de guitarras. A voz doce da moça é bonita. Dito isso, é meio arrastado e desinteressante harmonicamente e melodicamente. Nessa praia tem outras coisas que me interessam mais).
- VHOOR: Resenha (Uma ótima coleção de beats de funk que empolgaria se trabalhadas por algum MC. Do jeito que veio ao mundo, instrumental, sinto que faltam contrastes e texturas).
- Vince Staples: Dark Times (Embora eu tenha adorado algumas faixas (vide “Children’s Song” e “Nothing Matters”), achei que o disco faz juz ao nome e soa meio caído. Talvez seja a proposta mesmo, mas gostava mais quando o rapper trazia produções mais experimentais. Contido, convencional e sóbrio ao ponto de causar momentos de tédio).
- Yeat: 2093 (Como tantos outros discos de trap, peca pela longa duração (22 faixas, mais de 1h10). Dito isso, dentro do gênero, ele soa ambicioso, trazendo produções tão viajantes quanto encorpadas. Seu tema distópico também colabora para essa percepção. Recomendado para entusiastas do estilo).
"RUINS" (0-4)
- Bullet Bane: ART.FICIAL (Certamente eles se deslumbraram com o som do Bring Me The Horizon. “Digitalizaram” o som e o resultado ficou… artificial. Era pra soar pesado e moderno, mas ficou forçado e besta. Obviamente as fracas composições não ajudam. Da proposta estética, passando pela produção e performance, nada deu certo).
- Cynthia Luz / André Nine: Ciclo Vicioso (É música de jovem né, que transita entre o pop, funk, rap e trap, não transparecendo grande personalidade em nada. Uma proposta estética que nada chama minha atenção, embora reconheça que é bem produzido. Ela até é uma boa intérprete, pena que o conteúdo seja tão desinteressante).
- Deep Purple: = 1 (O Deep Purple é uma banda do coração, sendo que faz alguns anos (década?) que a cada lançamento deles penso “ok, não é uma maravilha, mas se for o último acaba com dignidade”. Não posso dizer o mesmo desse. Canções nada inspiradas, a bateria do Ian Paice soando “frouxa”, a voz do Ian Gillan em frangalhos (e isso já faz tempo), produção sem personalidade… Nem mesmo o bom guitarrista que entrou conseguiu trazer alguma vitalidade, sendo os riffs e solos esquecíveis. Não é ruim no sentido de ser de mal gosto, mas de ouvir e ficar triste).
- Diogo Defante: Tifane (O fato do Defante ser um dos humoristas de maior alcance dentro da internet faz com que seu trabalho musical tenha recursos para ser “bem” produzido (correto e previsível, mas ok). Agora, o problema real são as composições, que miram no Rogério Skylab, mas acerta nos Raimundos da fase “Reggae do Maneiro”. É abobado demais. Seu canto revela uma ironia daquele que sabe que o que produz é idiota. Canastrão ao extremo).
- Kanye West / Ty Dolla $ing: VULTURES 1 (Sendo o Ye o ser problemático que é (em todos os sentidos), não é de se estranhar que o trabalho traduza sua personalidade. Tem bons momentos (a incorporação do que há de mais corrosivo no funk brasileiro em “PAPERWORK” é bem legal). Por outro lado tem “VULTURES”, que é toda errada. Entre bons ganchos, produções estranhas e letras ruins, o que fica é mais um disco representativo de sua vida e sonoramente ultra irregular).
- Kanye West / Ty Dolla $ing: VULTURES 2 (Esse eu até tava achando bacana e pensei em elogiar só de zuera, já que mais ninguém ouviu esse disco. Mas a realidade é que não dá pra encarar os 50 minutos. O que se salva se afoga no lamaçal de beats equivocados, ausência de ganchos e textos xaropentos).
- Lourena: Um Pouco de Mim (Mais um disco direcionado ao público jovem, aquele bem playboy, que só quer ir pra praia arrumar uma transa. Não posso condenar, acho até que tá certo, mas não me representa (problema meu, claro). Fora que esse lance meio rap acústico, meio r&b genérico, meio funk covarde, é chato demais. Também não gostei do timbre e da interpretação da moça).
- Matuê: 333 (O rapaz é um sucesso, a juventude adora, mas eu não consigo embarcar. Acho as composições não somente fracas, mas chatas. Não é ganchudo, não é divertido (pra mim, claro). Reconheço um aperfeiçoamento na produção, mas nada que seja capaz de resultar em boas canções. Não é pra mim).
- Pearl Jam: Dark Matter (Tem alguns elementos que realmente me interessam neste disco, principalmente no que diz respeito às guitarras, donas de ótimos timbres, boas performances (inclusive nos solos), riffs bacanas e um certo groove que só uma “velha escola” de guitarristas parece ter. O Jeff Ament também arrebenta (como sempre). Isso ao menos nas canções mais energéticas, até porque, o repertório é bem irregular. Somado a isso, tem a voz do Eddie Vedder, que se sempre foi questionável, agora tá beirando o indefensável. Mais surpreendente ainda é o som da bateria. Magrinha mesmo carregada de compreensão. Ao contrário das guitarras, soa ultra artificial. Nem parece que foi tocada pelo mesmo cara que gravou o Superunknown. Poderia colocar esse problema na conta do Andrew Watt, mas a falta de critério prefiro distribuir a todos. Sendo justo, não é exatamente ruim, mas é fraco e esquecível, assim como os últimos, sei lá, 8 discos da banda, então dá na mesma).
- Twenty One Pilots: Clancy (Famosa farofagem. Meio pop rock, meio “rap”, completamente genérico e insosso. A produção é artificial, mas mais artificial ainda são as interpretações. Incrivelmente eles fazem enorme sucesso).
- Yago Oproprio: OPROPRIO (Talvez dizer que “é ruim” é pegar pesado, mas a verdade é que não gostei de nada nesse disco. Os beats (pelo que entendi assinados pelo Patricio Sid), mesmo quando exitosos, soam em sua totalidade monótonos. Há um certo elemento de “rap acústico”, onde tudo soa meio aconchegante, meio raquítico, ainda que tecnicamente bem feito. O “problema” é conceitual mesmo. As letras não me chamaram atenção, até por estarem imersas num flow chatíssimo, que invoca Criolo, ragga e um climinha vagaroso meio emaconhado que acho chatão. E olha que até reconheço que há refrões fortes, mas é aquela coisa, nem tudo que é memorável merece ser lembrado. Não é pra mim, mas muita gente ama, então sei lá, ouve aí).
FILMES
Documentário espetacular, se não necessariamente cinematograficamente, sem dúvida por conta da história desse que é um dos maiores compositores do século XX. É muito legal relembrar sua obra. Tem muito valor ver ele abordando suas composições e a importância que os diretores dão ao seu trabalho. Uma bonita homenagem em vida.
A Noite Que Mudou o Pop
O nome do documentário é pretensioso e a música gerada naquele dia é de qualidade questionável, mas nada disso tira a força do filme e a magia da canção. Muito legal ver os bastidores por trás da obra. A seriedade do Michael Jackson impressiona. A maneira com que o Quincy Jones (gênio) e o Stevie Wonder (gênio) ajudam o Bob Dylan (gênio) na gravação é uma aula de produção e sensibilidade. A dedicação do Huey Lewis pra não fazer feio é comovente, hilária e constrangedora. E esse são apenas alguns dos momentos. Nunca imaginei que poderia chorar com “We Are The World”, mas aconteceu. Que momento viveu a música popular americana, não?
Aumenta Que É Rock N’ Roll
Filme que aborda o surgimento da rádio Maldita, fundamental para o consolidação do rock brasileiro, principalmente no Rio de Janeiro. O filme tem momentos esclarecedores, outros bobinhos, além muitas brechas e momentos desnecessários. Aquela trama amorosa nada agregou ao enredo. Mas é divertido. Assista por sua conta em risco.
Kubrusly - Mistério Sempre Há de Pintar Por Aí
Maurício Kubrusly é daqueles casos raros de jornalistas da Rede Globo que eu tenho apreço. Neste documentário emotivo é abordado seu presente ao lado da esposa e da demência, doença que redimensionou sua vida. O filme relembra seu passado enquanto brilhante jornalista musical. Bonito ver que sua paixão pela música não só se mantém, como é fundamental para lhe proporcionar qualidade de vida. Importante o devido espaço dado aos artistas da Vanguarda Paulistana que ele tanto ajudou a fomentar. A participação do Gilberto Gil também é tocante.
Phil Collins: Drummer First
Documentário muito bacana produzido pelo excelente canal Drumeo. Sempre bom ressaltar a importância do Phil Collins enquanto baterista. Agora, é muito triste ver como ele tá fisicamente debilitado. O tempo é impiedoso.
Sullivan & Massadas: Retratos e Canções
Série da Globoplay, com direção do André Barcinski, que procura redimensionar o trabalho do Michael Sullivan e Paulo Massadas, compositores de enorme sucesso, mas hoje nem tão lembrados. O propósito é legítimo, mas o formato série não ajuda, tornando o enredo repetitivo. Não preciso ouvir 30 vezes o quão geniais eles eram em traduzir o sentimento popular através de suas canções, mas adoraria ver uma explicação técnica e objetiva pra essa qualidade. Gostaria de ouvir eles falando sobre como se sentem em não terem sido tão bem sucedidos enquanto intérpretes, mesmo ambos tendo tido uma carreira inicial enquanto músicos/artistas de palco. Valeria também abordar a questão de direitos autorais, saber se eles consideram que ganharam algo que corresponde ao sucesso que tiveram (e fazer uma pesquisa neste sentido). E também não precisava daquele último episódio com releituras pífias de artistas de valor questionável (que confesso que pulei boa parte). E pra que aquele momentos com o filho do Michael Sullivan? Documentário necessário, mas um tanto quanto chapa branca.
The Beach Boys (Disney)
Típico documentário direto ao ponto, que abrange uma carreira longa e complexa de forma suficientemente rápida e exitosa, capaz geral num leigo o interesse por conhecer melhor a discografia do grupo. Fora que (spoiler) aquele encontro dos integrantes vivos ao final é muito bonito.
Thank You, Goodnight: A História de Bon Jovi
Nunca dei grande bola pra banda e acho que o formato série tende a prejudicar documentários (ficam longos, redundantes). Dito isso, adorei esse documentário. Mudou inclusive a maneira com que eu vejo a banda e, principalmente, o Jon Bon Jovi. Achei honesto e comovente a forma com que ele lida com seus problemas vocais. Claro, muitas vezes a música não acompanha sua ética e determinação, mas em nenhum momento ele diz ser também muito talentoso. Bem bacana.
Sempre pegando as ótimas dicas e resenhas lá para os destaques do blog! Grande site, parabéns!
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