quinta-feira, 14 de março de 2024

ACHADOS DA SEMANA: Gavin Bryars, Toto, Ras Kass, Shylock e Cannibal Ox

Gavin Bryars
The Sinking Of The Titanic. Li sobre essa peça - composta e gravada na década de 1970, mas revisitada na década de 1990 - e fui conferir. É uma obra bastante abstrata, independente da versão. Ela trabalha com fontes sonoras que remontam artisticamente o naufrágio do Titanic. Ambas versões são lindas e arrojadas. Há muita inteligência ao explorar a longa duração das notas e a reverberação dos harmônicos, criando um clima melancólico e tenso. Em alguns momentos parece que dá pra ouvir o navio rachando, se contorcendo. Isso é feito de maneira delicada e nada apelativa. Fora que a melodia é bem marcante. Ainda preciso ouvir mais, mas já deixo registrado caso alguém tenha interesse pelo assunto ou mesmo por música erudita contemporânea. Dá pra chorar.

Toto
Banda clássica, tecnicamente excelente e divertidamente difamada. Mas pra ser honesto, tirando os hits e um DVD que tenho aqui em casa, nunca tinha parado pra ouvir um disco inteiro. E já vi várias pessoas citando seus prediletos. O último foi o Régis Tadeu, que elogiou o Hydra (1979), que é mais progressivo e menos datado. É bom mesmo. Outros que estavam na minha lista era o Tambu (1995), já com o Simon Phillips (bateria) e uma sonoridade cristalina (em execução e timbragem) que se contrapunha aos últimos suspiros da sujeira/organicidade grunge; e o Mindfields (1999), onde eles parecem nada interessados em tendências, investindo num AOR hard-prog com vocais quase setentistas do Steve Lukather . Vale escutar todos com atenção. É cafona, mas tão bem executado que é difícil não admirar.

Ras Kass
Soul On Ice (1996). Não sei como cheguei nesse álbum, mas ele tava salvo aqui, então fui ouvir. Talvez um dos grandes trabalhos de hip hop do período. O flow do cara é bem rebuscado. Fora que ele tem uma acidez política em seus textos que é muito bem vinda. A produção também não faz feio. Disco redondinho.

Shylock
Gialorgues (1977). Prog sinfônico francês. Eu sei, é coisa de cabeludo-careca, mas é muito bom. Atenção para o baterista, que em alguns momentos chega a pecar pelo excesso. Agora, gostaria de saber se quem gosta de post-rock se identifica com esse tipo de som. Acho que tem haver.

Cannibal Ox
The Cold Vein (2001). Disco cultuado por quem curte hip hop alternativo, mas que confesso ainda não tinha dado a devida atenção. Por mais que o duo formado pelo Vordul Mega e Vast Aire tenha qualidades próprias, o que mais chamou minha atenção foi a produção do El-P, que embora tenha a “estética do rap”, parece buscar referência em outros lugares (música eletrônica, rock, pop), soando bem abstrata, profunda e rica.

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