Alaíde Costa
Finalmente tenho percebido alguns artistas da canção brasileira conquistando seu devido prestígio. Alaíde Costa é uma. Todavia, esse culto às vezes fica mais a persona que a obra em si. Deste modo, reouvi e achei que caberia recomendar o álbum Coração (1976). O fino dos instrumentistas da música mineira estão aqui (Toninho, Novelli, Robertinho, Nelson Angelo). Entre os compositores estão Milton Nascimento, Sueli Costa, Johnny Alf, João Donato e Ivan Lins. Ainda assim, o brilho é realmente o timbre e interpretação da Alaíde Costa. O cuidado com cada palavra impressiona.
Johnny Alf
Nós (1974). Puro arrojo e elegância. Um disco onde o mestre interpreta canções cedidas por discípulos (Gil, Milton, Ivan Lins, Egberto, Gonzaguinha, dentre outros). Acho inevitável não comparar com a obra "americanizada" do Tom Jobim, que nunca perdeu a qualidade e brasilidade, mas que também, por motivos óbvios, não tem a negritude do Johnny Alf. Uma aula de arranjo e orquestração na canção popular.
Anthrax
Spreading The Disease (1985). Thrash metal que nada, para mim esse álbum é um clássico do heavy/speed metal oitentista. Talvez as melhores performances do Joey Belladonna estejam aqui. O instrumental também está afiado. É um discão.
Leci Brandão
Embora tenha simpatia pela Leci Brandão, confesso que nunca tinha ouvido um disco seu. Peguei o trabalho que leva seu nome lançado em 1985. O repertório equilibra um samba classudo com canções de um "pop abrasileirado" (pitadas de forró, de reggae, de polidez). Sua voz é ótima e a personalidade forte, ainda mais sabendo como é a indústria musical brasileira.
Claude Debussy
Nunca é tarde para ouvir La Mer (1905) do Debussy. Agora, é legal dizer que o interesse veio após ver o André Abujamra e o Hélio Ziskind dizendo que ouviram a obra antes de compor a abertura do Castelo Rá-Tim-Bum. É uma inspiração e tanto. Voltando ao Debussy, é uma verdadeira maravilha impressionista. A orquestração, a evolução da composição, os climas e cenários, tudo funciona com maestria. Curioso que embora sua estrutura rítmica e harmônica seja bem avançada, ela não é uma obra que causa temor. Ela cria um imaginário belo. Espetacular. Ouçam, tem cerca de 25 minutos, é curtinha.
Luiz Bonfá
Nascido em outubro de 1922, o centenário do Luiz Bonfá passou praticamente despercebido. Eu mesmo confesso que não me atentei a data. Só me liguei agora que terá um show no SESC em homenagem ao compositor/violonista. Não vou conseguir ir no show, mas fiz minha homenagem aqui reouvindo o artista, muitas vezes lembrado somente por “Manhã de Carnaval”. Provavelmente, depois do João Gilberto, ele é o violonista associado a bossa nova mais prestigiado fora do país. Não por acaso, visto que ele é técnico, classudo e dono de tremendo bom gosto. Vale ouvir com atenção.
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