A segunda metade da década de 1990 foi possivelmente o período mais fértil para o rock alternativo. Foi quando o grande público, as gravadoras e a imprensa especializada passaram a olhar com naturalidade misturas sonoras de apelo comercial involuntário. Nesta toada surgiu o Stereolab, grupo franco-inglês que lançou em 1996 o cultuado Emperor Tomato Ketchup.
"Metronomic Underground" abre o disco como uma espécie de mantra eletrônico funkeado. Uma canção repetitiva que se cristaliza num groove envolvente.
A power balada "Cybele's Reverie" vem na sequência. É um single de colorido especial, com orquestrações e um ritmo pop certeiro. O sotaque e a interpretação da Mary Hansen abraçam o ouvinte. Não menos que adorável.
De timbres curiosos, complexa melodia, baixo inquieto e groove em 5/4 , "Percolator" faz da psicodelia algo moderno. Há ainda ótimos cordas inseridas no arranjo. Divertidamente tensa.
Seja pelo grave que caminha ao fundo ou pelo timbre de caixa um tanto quanto magro/estragado, "Les Yper-Sound" parece se comunicar com o trip hop, só que menos sexy e mais "bobinho" (no bom sentido). Adoro o som rústico do sintetizador.
Nesta mesma atmosfera, sons analógicos saturadíssimos formam a cama em "Olv 26". Tem muito de krautrock nessa composição. Por cima, uma linha melódica vocal da Laetitia Sadier à la Nico. Apaixonante.
Ecos de Velvet Underground voltam a aparecer em "Tomorrow Is Already Here". Adoro como o panorama da mixagem serve ao ritmo da música. Destaco também a crueza cristalina dos timbres. Atenção para o solo de vibrafone.
Mergulhado em efeitos espaciais/borbulhantes e no motorik do krautrock está a surreal "Emperor Tomato Ketchup", música de astral elevado.
De atitude garageira, "The Noise Of Carpet" tem uma energia que destoa do restante do disco, mas que não chega a ser um problema, já que é uma tremenda faixa.
A bucólica "Monstre Sacre" é de beleza impressionante. Sua progressão harmônica, o uso de violinos como efeito, a interpretação singela... tudo é muito bem montado.
A dramaticidade cósmica se mantém em "Slow Fast Hazel", caindo em "Anonymous Collective", de desfecho viajante.
Sem limites composicional e de produção, o Stereolab apontou caminhos nada ortodoxos para o rock alternativo.
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