domingo, 20 de dezembro de 2020

RETROSPECTIVA 2020: Melhores "lives"

Não faria o menor sentido falar sobre os grandes shows de 2020, visto que esse ano foi todo cagado. Foi o primeiro ano desde que eu tenho uns 12 anos que eu não fui em NENHUM show.

Os únicos shows internacionais que eu lembro que chegou a rolar no Brasil foram os do TTNG, Amenra, John Cale e Martin Barre. Obviamente todos bem no começo do ano.

Já os cancelados/adiados vale uma lista, só para deixar registrado o estrago: Travis Scott, Lana Del Rey, James Blake, Brockhampton, Charli XCX, Kali Uchis, Denzel Curry, Idles, King Princess, Tierra Whack, Sammy Hagar, Wu-Tang Clan, Black Midi, Taylor Swift, Billie Eilish, Kero Kero Bonito, Converge, Propagandhi, Napalm Death, Thundercat, Pentagram, The Yardbirds, Gong & Steve Hillage, fora o Setembro Negro (com bandas como Diamond Head, Angel Witch, Vio-lence, Tribulation), dentre tantos outros shows nacionais.

Por outro lado, o fenômeno das "lives" serviu para entreter, diminuir o tédio na quarentena e até mesmo gerar alguma renda para diversos artistas e trabalhadores do backstage, tão duramente atingidos nesta pandemia.

Esse formato, embora não seja o ideal e muito menos equivalente a presenciar um show de corpo presente, pode ser interessante se bem trabalhado. Acho que tem tudo para evoluir e continuar a gerar frutos (artísticos e econômicos) para quando a pandemia passar. 

Vale dizer que grandes empresas patrocinaram diversas "lives", com direito a mega produção, o que para mim foge da finalidade real diante do isolamento social. Exemplo disso ocorreu em "lives" sertanejas e até mesmo com o Skank, que fez uma transmissão direto do Mineirão.

Eu prefiro a ideia de "lives" mais "caseiras" (fundamental diante da pandemia), com menos publicidade e mais espontaneidade. Eis alguns exemplos que curti:

Teresa Cristina 
Acho que de imediato vale falar da Teresa Cristina, que recebeu o título de "Rainha das Lives" por trazer serenidade à noite das pessoas com suas lives praticamente diárias. Quem gosta da canção brasileira e do samba pode extrair momentos bacanas dessas apresentações.

The Rolling Stones: You Can't Always Get What You Want 
A versão nem é das melhores (na real é até meio "torta"), mas foi disparado a coisa mais legal que rolou no One World: Together At Home, o evento promovido pela Lady Gaga no auge da quarentena. Só de ver o Charlie Watts tirando onda já vale conferir.

Chitãozinho & Chororó 
Ainda no começo da quarentena, quando o BBB tornou-se o único entretenimento do brasileiro médio, a dupla sertaneja deu uma aula de profissionalismo em "live" nessa produção "caseira" e extremamente bem feita.

Lucas Silveira da Fresno (QuarentEmo)
Em casa, sozinho, no maior espírito DIY, levantando uma grana, invocando o renascimento do emo (doses de humor, por favor). Bem legal. Ele é talentoso.

Bruno & Marrone
Com o primeiro completamente bêbado. Juro que me diverti. É o suficiente. Mas nada muito sério ou que mereça ser revisto.

Post Malone e Travis Barker tocando Nirvana
Uma nem tão surpreendente, mas curiosa interação. Funcionou em alguns momentos. Valeu pela curiosidade.

Lulu Santos
Ele sabe o que faz. Aquela típica "live" que traz alegria em meio a tempos difíceis.

Plebe Rude no Festival BRB Play
Me surpreendeu o profissionalismo da banda. Das melhores "lives" que assisti. Simples e muito bem feita.

Lamb Of God
A banda é ótima, não teria como não funcionar. Cada um na sua casa, mandando ver nos seus respectivos instrumentos. Soa um pouco sintético - como tudo feito por eles -, mas é bacana.

Arrigo Barnabé no #EmCasaComSesc
Não somente uma apresentação, mas uma aula (no sentido real da palavra). Nada de afetação, apenas ele e o piano. Bem legal.

Caetano Veloso
Melhor que a "live" em si, que comemorou os 78º aniversário do Caetano, foi ver o jornalismo brasileiro demonstrando ignorância ao apontar como exotismo o fato do Moreno Veloso ter tocado prato-e-faca, instrumento tradicional no samba baiano e carioca, que tem inclusive a Dona Edith Do Prato como símbolo máximo. De resto, um momento bonito de um gigante da canção brasileira).

Toninho Horta Live Jazz no Sonastério
Fino, sério, elegante, majestoso... a guitarra brasileira com personalidade e brilhantismo.

Idles no Abbey Road (KEXP)
Uma das melhores bandas da atualidade no estúdio mais lendário de todos os tempos. Execução e captação calorosa de um repertório acima da média, com direito a versões "estranhas", mas que eu adorei, vide "Reptilia" (Strokes).

Krisiun no Kiss Club Live
Os irmãos mais extremos do metal mundial numa performance que revela a força braçal do trio.

Jards Macalé 
Belissimamente gravado no Inhotim, num dia ensolarado, diante de uma obra do Hélio Oiticica, eis um registro espetacular deste grande compositor. Sua banda é formidável, com destaque para o guitarrista Guilherme Held. O repertório é acima de qualquer suspeita.

Ratos de Porão
40 anos de uma das melhores e mais importantes bandas do Brasil. Além da performance arrebatadora, há depoimentos bem legais sobre o grupo, do Mano Brown ao Edgard Scandurra.

Paulinho da Viola
Transmitido pela Globoplay, a live do Paulinho da Viola foi das melhores produzidas. Nada de invencionismo, mas muito bem captada. Sua interpretação e repertório é acima de qualquer suspeita. Genial.

Blood Incantation (Adult Swim)
Rolou um festival online da Adult Swim, que entre ótimos shows do Kamasi Washington, Colin Stetson, Algiers e Mastodon (vale conferir todos!), saltou aos meus ouvidos e olhos a apresentação do Blood Incantation, que eu tinha adorado o último disco, mas nunca tinha visto nada ao vivo. E é uma cacetada! Os músicos são bem competentes. Prato cheio para quem gosta de death metal.

clipping. (KEXP)
Um dos melhores grupos de hip hop da atualidade numa performance corrosiva. Produções altamente abrasivas. Espetacular.

Bill Callahan (Tiny Desk)
Tão cru quanto cristalino. No meio do mato, com sua voz grave e profunda, boas histórias e performance graciosa.

Dua Lipa (Tiny Desk)
Não basta ter lançado algumas das melhores canções pop do ano, ela precisa ser tão linda e carismática?

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