Sabe aquele grupo/artista que não lançou um grande disco, mas soltou uma música legal que não pode passar despercebido numa retrospectiva, seja por ter tocado muito (é agora que postarei os hits de qualidade duvidosa), por apontar novos horizontes, por ter causado burburinho, por ter um clipe curioso ou simplesmente pela música ser bacana? Pois então, são essas faixas que reúno neste post. Vamos a elas:
Obs: Tais músicas não são necessariamente as melhores do ano (longe disso, alias), até porque exclui deste post as grandes músicas que estão dentro dos grandes discos. Aqui estão faixas isoladas que merecem atenção.
Está em ordem do que fui lembrando (um pouco cronologicamente, já que fui compilando durante o ano). Em vídeo está somente as que eu realmente gostei.
Ludmilla - Verdinha Lançada em 2019, mas foi um dos "hits do verão", embora esse ano tenha sido tão estranho que nem "bombou" tanto assim. O funk anda tão monotemático (digo isso sem nenhum juízo de valor, apenas cansei de "quica", "senta", "bumbum" e "raba"), que até mesmo a maconha volta a ser um tema interessante, ainda mais em tempos de tanta policialização. Longe de eu ter adorado, mas também não odiei.
Ludmilla (feat. DJ Will 22) - Cobra Venenosa Depois da treta da Ludmilla com a Anitta, o lado mais legal da briga chegou com essa pedrada cheia de indiretas. Não que mereça tanta atenção, mas é divertido.
Taylor Swift - The Man
Sabe quando um clipe levanta a composição? Pois é, nem vou dizer mais nada. Bem legal. Lançado bem no começo no ano.
Edgar - Carro de Boy
Melodia altamente fixante (relembrando o começo do funk) em cima de um beat com uso de sintetizadores puxando para o miami bass. Letra criativa, politica, impactante e sagaz. O Edgar é um artista diferenciado.
Protomartyr - Processed By The Boys
Vocês já viram o vídeo da pitoresca briga entre o fantoche Galerito (?!?) e o Gil da Esfirra (?!?!) num programa policial amazonense (?!?!?), certo? Pois então, não é que essa excelente banda de pós-punk simulou o conflito em seu divertidíssimo clipe. Pra completar, a música é ótima.
Rina Sawayama (Brabo Remix ft. Pabllo Vittar) - Comme des Garçons (Like The Boys)
Impressionante como a Pabllo é bem relacionada com o melhor do pop internacional. Enquanto isso a Anitta faz parcerias com grandes estrelas estabelecidas, mas que nada tem para oferecer (Madonna, coff!). Curioso.
Bob Dylan - Murder Most Foul
Em tempos de coronavírus, foi ótimo ouvir uma nova composição do Bob Dylan, onde por mais de 17 minutos ele discorre momentos históricos (inclusive musical) dos EUA pós-assassinato do Kennedy. Uma verdadeira epopeia. O instrumental é simples e aconchegante. Há humor e rispidez no texto. Não achei brilhante (como alguns), nem tedioso (como outros), mas certamente um privilégio. O disco veio na sequência.
Milton Nascimento, Criolo e Amaro Freitas - Cais
Uma das minhas músicas prediletas da canção brasileira numa linda versão reunindo três forças pretas de gerações e vertentes musicais diferentes. A fotografia do vídeo é lindíssima.
Meno Tody - Celebridade
Acho bem legal essa junção de trap com o funk proibidão feita pelo Meno Tody. As produções são boas, ele canta com convicção e traz personalidade para faixas com milhões de visualização, embora sem nenhum piu na grande mídia. Aqui não há cooptação do mercado. Perfeito para o Rio de Janeiro de Crivella e Witzel.
MAN ON MAN - Daddy
Novo projeto do Roddy Bottum. Música fantástica, encorpada, de batida insistente. O clipe, de conteúdo divertido, leve e espontaneamente gay, chegou a ser banido do YouTube. Isso diz muito sobre a plataforma.
Cardi B (feat. Megan The Stalion) - WAP
Um hit de beat feito para balançar a cabeça (e a bunda). Grave poderosíssimo! O encontro de duas vozes que, por trás de toda histeria midiática, são muito consistentes. Elas incrivelmente tem flow e energia. Fora que a letra é explícita de um jeito afrontoso e divertido. Acho maneiro.
MC DRAAK - “Nike Jordan Off White“
Com graves saturados, o MC desfila com autoridade em cima de um beat de trap. Eis uma mutação pesadona do bregafunk.
DJ GBR / Mc Lan - Passinho do Bota
Apenas mais um representante do rave funk. Beat esquelético, timbres radioativos e letra sexualmente explicita. É disso que a gente gosta!
The Rolling Stones - Criss Cross
Canção perdida dos Stones da fase Goats Head Soup (1973). Um groove espetacular que só o grupo consegue produzir. De quebra, um clipe deliciosamente irresistível.
Vitor Fernandes - Piseiro Na Capital
Via o ritmo contagiante da pisadinha, o artista ironiza a "alta cultura" dos grandes centros urbanos. Divertido e simbólico.
Kyan (Mu540) - Menor Magrinho
Direto da Baixada Santista, uma mistura cativante de funk, grime e trap. Ótimo flow, letra oportuna e beat irresistível.
Detonautas Roque Clube - Micheque
Incrível como, mesmo do "lado certo", o Detonautas não consegue deixar de ser ruim. Letra infantil, instrumental preguiçoso, execução pavorosa... Indignou a Primeira Dama da mesma forma que na semana seguinte ela já tinha esquecido. Uma bobagem.
Mastodon - A Spoonful Weighs A Ton
Uma versão do Mastodon para uma das músicas mais bonitas do Flaming Lips. Nada mal, né?
BLACKPINK - How You Like That
Quarteto feminino que tornou-se o novo fenômeno do k-pop. Honestamente não empolguei explorar o repertório do grupo, mas ouvi por acaso essa música e achei legal. É bem "americanizado", chegando a lembrar a sonoridade da Cardi B no "momento rap". Boa produção.
Revolta - Hecatombe Genocida
João Gordo, Prika Amaral, Guilherme Miranda, Moyses Kolesne, Castor e Iggor Cavalera. Um time de estrelas do underground nacional para comprovar que não há espaço para nazifacismo bolsonarista no metal brasileiro.
Anitta (feat. Cardi B & Myke Towers) - Me Gusta
Finalmente a tal projeção internacional da Anitta deu em algum resultado. Isso ao menos comercialmente, vide que a faixa ficou no top 10 das mais tocadas nos EUA. Artisticamente não é nada demais.
Papatinho (Anitta, Dfideliz, BIN) - Tá Com o Papato Uma batida simples e irresistível numa abordagem sacana e até mesmo gangsta (no estilo brasileiro). Vou confessar que achei legal.
Anitta, MC Zaac, Tyga - Desce Pro Play (PA PA PA)
Não, esse post não é um tributo a Anitta. Acontece que ela é a maior estrela pop brasileira da atualidade e lançou vários singles de sucesso comercial. Diferente da maioria, essa música é ao menos divertida.
Luísa Sonza / MC Zaac - TOMA
Não é curioso como um símbolo pop do empoderamento feminino produz uma música que não tenciona um miligrama a abordagem sexista que a industrial cultural tem da mulher? Neste sentido, dá para dizer que a Luísa produz uma arte bastante conservadora. Entendo o direito dela cantar sobre o que quiser, mas acho isso curioso. No mais, é um típico hit pegajoso e sexy.
LOONA - "Star" / "Why Not?"
Tudo muito colorido, divertido, ganchudo, bem filmado, jovem, carismático... e tantos outros adjetivos que tão bem cabem na música pop. Das coisas mais legais do k-pop. Isso vale para as duas músicas.
System Of A Down - Protect The Land / Genocidal Humanoidz Após 15 anos sem material de inéditas, duas canções que sonoramente remetem ao que eles sempre fizeram, o que nem de longe é um problema. Bons riffs e linhas vocais com a típica peculiaridade comum ao grupo. As faixas abordam os conflitos políticos presentes na Armênia.
Oneohtrix Point Never - Lost But Never Alone Nem curti tanto o disco do alter ego do Daniel Lopatin. Mas essa música, acompanhada deste clipe bizarro, me deixou em choque. Um misto estranho de sensações. Parece um pesadelo, uma viagem de droga.
Thundercat (feat. Ariana Grande, JD Beck, and DOMi) - Them Changes
Difícil saber quem individualmente manda melhor. Muito mais legal essa interação da Ariana com o jazz do que aquele pastiche oportunista que a Lady Gaga faz com o Tony Bennett.
Eric Clapton (Van Morrison) - Stand And Deliver
A tal música anti-lockdown. Tremenda bola fora, independente das dúvidas que se pode ter sobre politicas de distanciamento social. É bom para a gente aprender a não endeusar ninguém, sequer o "Deus da guitarra".
THAI FLOW - SAVAGE Em menos de 2 minutos, um beat que sucintamente martela nossos ouvidos, abrindo espaço para a voz poderosa da rapper. Mais uma amostra do grime brasileiro que vem ganhando espaço.
MC Taya, Áurea Maria e VINÍ - B3CK DE BANDID4 As duas rapper disparam flows abrasivos em cima de uma produção atmosférica e industrial. No beat há muito de funk, assim como da origem musical afro brasileira. Muito legal.
Kurstin X Grohl: The Hanukkah Sessions - Rainy Day Women 12 & 35
Agora no final do ano saiu alguns vídeos legais e descompromissados do Dave Grohl com o Greg Kurstin. A isso se deu o nome de The Hanukkah Sessions. Vale conferir. Essa versão para o clássico do Bob Dylan ficou bem legal.
Black Eyed Peas, Shakira - GILR LIKE ME Ninguém apostaria 1 centavo que sairia algo de legal na parceria do Black Eyed Peas com a Shakira em pleno 2020. Mas aconteceu! Música no mínimo simpática. Fora que a cantora colombiana está não menos que lindíssima no clipe.
Luísa Sonza, Pabllo Vittar, Anitta - MODO TURBO
As três maiores estrelas do pop brasileiro atual reunidas numa faixas que nem é grande coisa. A masterização é tão comprimida que o beat do refrão nem salta aos ouvidos, tirando muita da força da canção. Por outro lado, a música tem um clipe estranhamente curioso. Tem seu carisma. Tem tudo pra tocar muito em 2021.
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