Lançado pela Impulse!, o álbum soa livre de amarras. Há uma atmosfera esfumaçada e cinematográfica envolto as faixas. É o vanguardismo do jazz num de seus momentos mais palatáveis.
Logo em "Solo Dancer", uma massa sonora de metais costurados formam o arranjo. É uma verdadeira big band intercalando em improvisos radiantes. Primeiro é o sax quente do Charlie Marino que toma a frente em meio ao groove esperto do Dannie Richmond e timbres gordurosos de tuba. Já a segunda parte cria um ambiente escuro e sexy. Trombones e trompetes são tocados em impressionante sintonia e liberdade. Uma maravilha!
O gosto de conhaque amadeirado surge junto ao piano do Jaki Byard em "Duete Solo Dancers". Uma faixa misteriosa e sensual, mais uma vez com poderosos metais e graves exuberantes.
Há grande experimentalismo na inquietante "Group Dancers", onde um piano erudito é complementado por melodias solares de flautas e outros instrumentos de sopro. Até mesmo um lirico violão espanhol surge no desenvolver da peça.
Ficou para o final a intensa "Trio and Group Dancers", que em seus mais de 18 minutos, evolui de forma sinfônica, com diferentes solos e climas. Há um certo tempero mexicano em determinado momento. Uma amostra impressionante do nível elevado em que o jazz havia chegado.
Embora o Charles Mingus seja um criador de talento raro, é fundamental mencionar a importância do Bob Hammer para a feitura dos arranjos. Foi justamente sua participação que fez com que o impulso criativo do Mingus não soasse caótico.
Obra-prima.
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