segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

TEM QUE OUVIR: The The - Soul Mining (1983)

O The The (inevitável redundância) é um projeto ambicioso. Sequer é uma banda, sendo na realidade o alter ego do Matt Johnson, que até então havia derrapado em carreira solo. No comando do grupo ele se manteve em constante mutação, reagindo esteticamente a cada nova formação. Mas em Soul Mining (1983), o debut do The The, tudo já soava precisamente bem resolvido e instigante.


A abertura com a nada ortodoxa "I've Been Waitin' For Tomorrow (All Of My Life)" evidência doses de experimentalismo, com direito a bateria enorme, linha de baixo poderosa e arranjo intrincado. Essa ousadia também se manifesta na quase world music "The Twilight Hout".

No auge do synthpop, o The The estourou com "This Is The Day", canção guiada por melodias de acordeom e violino que invocam a música tradicional dos pubs ingleses. Ao menos "Giant" traz um synthbass poderoso, inclusive remetendo ao que seria feito tanto no rap quanto na música eletrônica.

Embora de instrumentação peculiar, as faixas tem uma sensibilidade pop típica da década de 1980. Isso poderia resultar em algo banal demais, mas o lirismo politico do Matt Johnson equilibra positivamente a sua obra. Isso se faz valer em "The Sinking Feeling", um ataque a Margaret Tatcher.

Dentre os músicos que dão as caras no disco vale citar o solo de piano do Jools Holland na ótima "Uncertain Smile" (que remete ao que viria a fazer o Suede) e a gaita do David Johansen (sim, o do New York Dolls) em "Perfect".

Ainda que nem sempre lembrado, o The The é dos bons grupos do pós-punk britânico. É o perfeito equilíbrio de como soar tão sério e arrojado quanto pop e dançante. Não por acaso tantos talentosos músicos quiseram colaborar com o projeto.

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