quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

RETROSPECTIVA 2018: Shows do ano (entre os que vi, claro)

Está cada vez mais inviável listar os melhores shows do ano. Isso ocorre devido a dificuldade que é ir aos espetáculos. Coloque neste pacote o preço exorbitante dos ingressos, a dificuldade que é se deslocar por São Paulo, falta de tempo e até mesmo a preguiça de aguentar um público cada vez mais mal educado. Todavia, consegui ver alguns bons shows, do qual falarei neste post.

Vale lembrar alguns shows interessantes que rolaram no Brasil e que eu perdi: Depeche Mode, Kadavar, Roger Waters, Toy Dolls, David Byrne, Toe, Mogway, The Pretenders, Steve Hackett, Premiata Forneria Marconi, New Model Army, Royal Blood, Sun Kil Moon, LCD Soundsystem, Anderson .Paak, Chance The Rapper, Kaki King, Spoon, The National, The Congos, Blondie, At The Drive-In, Thundercat, Killing Joke, Gang Of Four, Corrosion Of Conformity, Eyehategod, Glenn Hughes, Radio Moscow, Father John Misty, Built To Spill, L7, Oh Sees, Fennesz, of Montreal, Warpaint, Deerhunter, Mercury Rev, Quicksand, Earthless, Paradise Lost, Marduk, Destruction, Fred Frith Trio, James Blood Ulmer & Vernon Reid, Chucho Valdés, Herbie Hancock, Odair José com Azymuth, Violab, dentre outros.

Neste ano de 2018, procurei assisti mais shows nacionais. Um pouco disso pelo simples fato de serem mais baratos, sendo muitos deles gratuitos.

Logo no início do ano assisti Siba e a Fuloresta, que embora não seja a minha onda, é uma divertida junção entre o tradicional e o moderno da música popular brasileira. Outra apresentação que não é a minha praia, mas achei extremamente divertida foi a do Del Rey, grupo do China com os integrantes do Mombojó, que rejuvenesce o melhor do repertório do Roberto Carlos. Alias, como seria legal se o Rei abandonasse aqueles arranjos cafonas e caísse na estrada com uma banda de jovens músicos, não?

Mais empolgante para mim foi a apresentação do Otto, acompanhado apenas por um power trio e expondo sua conhecida performance frenética. Definitivamente um ótimo artista em cima do palco.

Após tentativas fracassadas de assistir o Cidadão Instigado, finalmente consegui. E como a banda é boa! O que o grupo não tem de pirotecnia na performance tem em criatividade nas composições e qualidade na execução.

Ah, assisti também um pocket show do Kiko Dinucci com a Juçara Marçal e a Suzana Salles interpretando as músicas do Itamar Assumpção. Tudo bastante simples e enxuto, mas valeu para trazer de volta aos ouvidos um dos maiores compositores da música brasileira.

No carnaval, em meio ao calor que batia do asfalto e a catuaba que descia goela abaixo (tem que entrar no clima), curti a performance do BaianaSystem num trio elétrico em plena São Paulo. Se por um lado eu não acho as composições do grupo grande coisa, a energia que eles proporcionam com ritmos de axé, dub, afrobeat e levadas de guitarra baiana somadas a timbres de sintetizadores, muito me animaram. Vi uma apresentação do grupo também num lugar fechado (Aramaçan, aqui em Santo André), assim como do Rincon Sapiência (que não acho grande coisa nem em disco, nem no palco), mas neste dia só tinha olhos e ouvidos para o Planet Hemp, uma das bandas da minha infância, e que até então nunca havia assistido ao vivo. Gostei demais! Em tempos em que o rock nacional soa conservador e careta, as composições do D2 e do BNegão ainda são necessárias.

Revigorante também foi assistir o Mano Brown no festival Batuque. Legal ver um cara que não precisa provar mais nada para ninguém se doando no palco, soando em forma, abrasivo e incisivo. O completo oposto do Baco Exu do Blues, que até gosto dos discos, mas que ao vivo me pareceu escrachado demais. Muito oba-oba e pouco som. Normal né, ele tem 22 anos, talvez a proposta neste momento tenha que ser essa mesmo. Neste mesmo dia assisti ainda o Edgar, que eu já tinha gostado do disco, mas que se mostrou ainda mais brilhante no palco. Ótimas produções, flow, performance, letras... ele é um cara bacana. De sobra teve também o Slick Rick, que sequer sabia que estava vivo, e que forçou a barra ao tentar vender a imagem de "lenda" (que até é, mas nem tanto). Todavia, na hora de rimar ele foi consistente e talentoso. Bacana.

Em 2018 assisti também a apresentação de dois dos meus compositores e interpretes prediletos da música brasileira. O primeiro é o Chico Buarque. Aqui serei sucinto ao dizer que, embora ache ele um artista não menos que genial, seu show não me agradou tanto. A banda é ótima, mas não tem "peso". Seu canto beira o monótono. E embora cheio de clássicos, me interesso por outro lado do seu repertório. Mas vale dizer que as músicas do seu último disco soam muito bem ao vivo. Resumindo, um artista brilhante num show apenas ok.

Já o Paulinho da Viola fez uma apresentação extremamente elegante. Seu canto é de grande finesse. Ao lado da Velha Guarda da Portela, seu espetáculo traz tanta exuberância quanto energia. Só fiquei com bode do público, afinal, foi um show de ingresso caríssimo e, assim sendo, para a classe média alta de São Paulo. Ver as mesas ao lado acompanhando um show de samba tomando vinho e comendo queijo deixa tudo meio "falso". Ao menos a aparição do Criolo no palco trouxe dignidade urbana à noite. Um show que funcionou somente no palco e nos meus ouvidos. Foi o suficiente.

Na praia internacional, vale ressaltar a apresentação de dois dos maiores nomes da guitarra fusion. Primeiro foi o Mike Stern, que ao lado do grupo brasileiro Balaio evidenciou seu fraseado rico e ácido. Fora que ele pareceu ser um tremendo boa praça. O outro foi o Al Di Meola, que ao contrário do que eu imaginava, também distribuiu simpatia em cima do palco. Isso além de algumas das palhetadas mais absurdas que já vi ao vivo. Impressionante! Pena que tinha uns xaropes enchendo o saco. Quem vai num show de flamenco para conversar? Vale dizer que quem abriu o show do Al Di Meola foi o Pepeu Gomes, que por mais que eu adore, neste dia ficou pequeno para ele.

Ah, vi também um show do Tom Morello, que embora soe ainda "em teste" nos palcos em carreira solo, confirmou ser o guitarrista singular que é. Neste mesmo dia assisti também o John 5, esse sim com um show bem estruturado, capaz de agradar até mesmo que não se interessa por rock instrumental. Muito legal mesmo.

Agora vem os dos melhores shows que assisti em 2018. Desculpe a obviedade, mas o primeiro a ser citado é o do Radiohead. Como já escrevi sobre ele, vou poupar palavras e linkar o texto. LEIA AQUI

O segundo a ser citado foi o do Nick Cave & The Bad Seeds. Tanto já foi dito sobre esse show que só me resta assinar embaixo. Performance emocionante de um artista identificado com a cidade e com um público imerso no espetáculo (tirando alguns excessos de "Ele Não" que encheram o saco, mas tudo bem). E é impressionante como o Bad Seeds tira som, não? Que banda! E não é absurdo nenhum dizer que o Nick Cave, embora já um veterano, esteja no seu auge. Excelente repertório e performance!

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