terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Cirque du Soleil + Poperô = EDC

Minha coluna dessa semana no Maria D'escrita:


Neste último fim de semana, rolou a primeira edição no Brasil do EDC (Electric Daisy Carnival), um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo.
 
Controlado pela empresa Insomniac – da gigante Live Nation, que agencia centenas de arenas ao redor do mundo, além de artistas como Madonna e Jay-Z e turnês de nomes como Jonas Brothers e U2 -, o evento passa longe de qualquer experiência sonora limite, sendo a constatação da caretice que a música eletrônica se tornou.
 
Claro que no meio da programação de festivais como EDC é possível destacar algum nome interessantes, vide por exemplo o sempre competente DJ Marky. Mas não dá para levar a sério um lineup que tem o Tiësto como destaque. Colocando na vitrine os principais nomes da EDM, o festival nada no fluxo da indústria musical.
 
EDM é a sigla para Eletronic Dance Music, uma maneira simples (e aparentemente eficaz) de anular qualquer subvertente da música eletrônica, tendo em vista que o público jovem não estaria mais interessado em diferenciar house do techno, trance, electro, drum and bass, bigbeat ou dubstep. EDM é o novo pop, feito para adolescentes que buscam “transgredir” suas rotinas em eventos corporativistas ao som de um poperô insosso. Foi assim que nomes como David Guetta e Calvin Harris adentraram o mainstream.
 
Daí em diante não demorou para Diplo gravar com Britney Spears e Beyoncé; Deadmau5 produzir músicas para videogame; Axwell remixar Usher e o Skrillex fazer parceria com Justin Bieber. Vale dizer, todos esses produtores são muito competentes.
 
Quem mais curtiu essa ascensão da EDM foram os promotores de eventos, já que as apresentações dessas novas estrelas têm custos de produção menores e faturamento maior, o que animou e fomentou patrocínio das companhias de bebidas alcoólicas e energéticos. Com dinheiro em caixa, os megafestivais de EDM viraram um “Cirque du Soleil místico”.
 
Vale dizer que aponto tudo isso sem o menor "moralismo prol música de verdade". É só a constatação dos fatos. Dito isso, para os que não se importam com essa diluição artística e está nessa por diversão, Tomorrowland Brasil 2016 promete ser um prato cheio. Eu prefiro quando a música eletrônica chega ao grande público sem fazer concessões artísticas, vide aqui:

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