quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

TEM QUE OUVIR: Peter Gabriel - So (1986)

Peter Gabriel tinha tudo para não ser popular, mas é. Com composições complexas - embora bastante melódicas e convidativas - além de fantasias esdrúxulas - como esquecer do girassol ambulante ainda nos tempos de Genesis? -, o homem à frente do grupo de rock progressivo se lançou posteriormente numa carreira solo musicalmente importante e comercialmente rentável.


Embora já com quatro elogiados álbuns solo na bagagem, Peter Gabriel explodiu popularmente com So, lançado em 1986 pela Geffen. Seu alcance foi de extrema importância para a ascensão da chamada "world music" (rótulo besta, mas que pegou). Isso porque o trabalho faz uma mescla de art rock, new wave e pop com ritmos africanos e brasileiros, além de motivos melódicos étnicos, vide a balada "In Your Eyes" e a linda "Mercy Street" (com percussão do Djalma Corrêa e célula rítmica do baião). Ao lado Talking Heads e do Paul Simon, Peter Gabriel foi um dos precursores dessa fundição cultural dentro da segmentada música pop.

A faixa que projetou o álbum foi "Sledgehammer", dona de clipe completamente inventivo e de alta rotação na programação da MTV. O timbre grandioso extraído dos sintetizador Fairlight CMI domina a composição. Por outro lado, uma melodia de flauta com perfume de ancestralidade japonesa traz uma ambiguidade estrutural à canção. Destaque também para a linha borbulhante de baixo.

A força do disco não se deve exclusivamente a Peter Gabriel. A guitarra etérea de David Rhodes, a linguagem particular de Tony Levin no baixo, as levadas criativas dos bateristas Jerry Marotta e Manu Katché, além das produções/arranjos enormes de Daniel Lanois, são de extrema importância para o resultado final. Tudo isso fica evidente nas ótimas "Red Rain" (tremendo groove e Gabriel emulando o Bruce Springsteen) e "That Voice Again" (excelente refrão e estrutura nada convencional).

Na balada "Don't Give Up" é a voz de Kate Bush que realça a composição. Stewart Copeland ataca a bateria na dançante "Big Time". Já em "This Is The Picture (Excellent Birds)" temos Laurie Anderson, Nile Rodgers e Bill Laswell. Um timaço que somente Peter Gabriel poderia reunir.

Tudo aquilo que o Phil Collins sonhou fazer (música pop elaborada com alcance comercial e prestigio da crítica) foi conseguindo em So

Nenhum comentário:

Postar um comentário