terça-feira, 6 de outubro de 2015

TEM QUE OUVIR: Nick Cave And The Bad Seeds - Murder Ballads (1996)

Nick Cave é um cara fúnebre. Mesmo quando escreve sobre relações amorosas, ele parece dramático e calculista. Imagine então o que acontece quando ele decide abordar assassinatos em suas composições. Temos a trilha sonora de terror noir perfeita para dias frios.


Dono de uma tenebrosa voz grave e herdeiro legitimo do caótico rock gótico do Birthday Party, não seria estranho se as composições trouxessem um peso instrumental brutal. Mas não, assim como Bernard Herrmann, Nick Cave constrói o suspense - ao lado de seu já lendário grupo, The Bad Seeds - em baladas densas, com pianos de tabernas, percussões primitivas e uma grandiosidade sonora oriunda de um reverb que parece ter sido gerado num castelo vampiresco. Isso tudo fica evidente logo de cara na espetacular "Song Of Joy".

Contemplando os mais perversos serial killers e assassinos, Nick Cave narra a história de velhos conhecidos do mundo da música, vide a tenebrosa "Stagger Lee", com direito a berros desesperados duelando com as guitarras ruidosas do Blixa Bargeld. Já na circense "The Curse Of Millhaven" é uma diabólica Loretta que aterroriza sua aldeia. Tudo é narrado/interpretado brilhantemente por um Nick Cave desesperadamente ofegante.

A participação singela da PJ Harvey em "Henry Lee" parece surgir para confortar o coração com sua doce melodia, mas é apenas mais uma psicopatia de Cave. O mesmo vale para a atuação da diva pop Kylie Minogue na exuberante "Where The Wild Roses Grow".

Se instrumentamente há sons de sinos, alicerce no blues e melodias que lembram o Tubular Bells, liricamente é a angústia claustrofóbica e a capacidade de prender a atenção do ouvinte a maior qualidade do Nick Cave. Murder Ballads é um filme sonoro impecável.

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