terça-feira, 29 de setembro de 2015

Rock In Rio - Balanço final

Minha coluna dessa semana no Maria D'escrita:


Passado o Rock In Rio, chegou a hora de fazer o balanço final do festival. Para o assunto não ficar saturado, trago aqui não só aqueles que foram os meus show prediletos no evento, mas também disco de tais bandas que servem de apresentação para quem quer conhecer melhor os grupos.

Mas antes disso, deixo vários adendos:

– Como o Nasi (Ira!) tá cantando mal, não?
– Incrível como o Al Jourgensen chama mais atenção (ao menos da grande mídia) pela sua personalidade pitoresca do que pelo som absurdamente fantástico que ele produz com o Ministry.
– Vince Neil (Mötley Crüe) tá uma pipa de gordo. O Mick Mars, mesmo com seus conhecidos problemas de saúde, parece estar se movimentando melhor que o vocalista balofo. Mas o show foi divertido.
– Não é que o Royal Blood se deu bem mesmo sendo um duo num palco enorme. Boa banda.
– Tá confirmado: Rod Stewart virou crooner de cassino.
– Além do David Bowie e do Paul McCartney, tem alguém que faça musica pop melhor que o Elton John? Acho que só o Prince. Deixo a dúvida no ar.
– Podem me julgar, mas minha memória afetiva se divertiu com os shows do Angra e do Steve Vai.
– Lzzy Hale é mais linda e carismática que a Rihanna e a Katy Perry juntas. Fãs de ambas sintam-se livres para contra-argumentar.
– Não sei se foi o mosh errado, o desinteresse de um artista inquieto por uma banda já consagrada ou até quem sabe umas três Itaipavas litrão mandadas goela abaixo minutos antes de subir no palco, mas fato é que o Faith No More fez um show apenas correto. Eu esperava mais.
– Queimei a língua: o show do Hollywood Vampires foi legal. Banda de baile de luxo + festival que não aceita ousadias = apresentação divertida.
– Incrível como no meio de tanta música pop rasteira o A-Ha soa quase progressivo.
– Não consegui dar a devida atenção para os shows do SOAD e do QOTSA, mas tenho certeza que foram muito bons, embora sem nenhuma surpresa.
– Perdi boa parte dos shows de sábado. Desculpem, é que tinha entretenimento mais interessantes do que ver a apresentação do embusteiro Sam Smith.

5º Lugar: Pepeu Gomes e Baby do Brasil
Um encontro histórico e a prova definitiva de que a música pop brasileira nas década de 1970 e 1980 eram imensuravelmente mais interessantes que a atual (digo isso sem qualquer vestígio de saudosismo preconceituoso, é só uma constatação). Como se não bastasse reouvir canções emblemática tanto dos Novos Baianos quanto do casal enquanto dupla, a inclusão do filho de ambos – Pedro Baby – contribuiu não só musicalmente, mas também pra deixar tudo ainda mais emocionante. Foi bonito.

Gostou do show? Ouça o Acabou Chorare, clássico disco dos Novos Baianos e flerte definitivo da música brasileira com rock.

4º Lugar: Lamb Of God
A banda apresentou tudo aquilo que mais me agrada no metal. Peso brutal, presença de palco insana, nenhum compromisso com os bons costumes e composições de complexidade muitas vezes ignorada. Observe a técnica de qualquer um do grupo e entenda aonde quero chegar. Ou não, apenas se deixe levar pelo massacre sonoro do quinteto em cima dos palcos.

Gostou do show? Ouça VII: Sturm und Drang, novo álbum da banda e prova definitiva de que o grupo se supera a cada lançamento.

3º Lugar: Deftones
Eu já havia avisado que o som da banda em estúdio é de qualidade inquestionável, mas me surpreendi como tudo funcionou muito bem também no palco. Poucos grupos conseguem unir peso e boas melodias com tanto sucesso quando o Deftones. E assim o heavy metal caminha para o futuro, recebendo influencias do hip hop, música eletrônica, trip hop, shoegaze e tantas outras vertentes costuradas brilhantemente a cada nova composição apresentada pela banda.

Gostou do show? Ouça Diamond Eyes, brilhante álbum do grupo lançado em 2010.

2º Lugar: Gojira
Eu já sabia que o quarteto era extremamente competente, tanto nas composições quanto na execução, mas achava que o show poderia não funcionar num palco tão grande, ainda mais tocando para o público cabeça fechada do Metallica. Mas felizmente o peso descomunal do grupo francês mais uma vez resultou em um estardalhaço que dificilmente vai ser esquecido tão cedo por quem viu ao vivo. Produção sonora impactante.

Gostou do show? Ouça L’Enfant Sauvage, o até então melhor disco da banda.

1º Lugar: Mastodon
Periga ser lembrado como um dos melhores shows de todas edições do Rock In Rio (ao menos por mim). O repertório escolhido foi direito ao ponto, sem firulas, priorizando o peso das composições e a execução visceral do grupo. Stoner, sludge, thrash e death para fã nenhum de metal (ou na verdade música em geral) botar defeito. Genial.

Gostou do show? Ouça Crack The Skye, o trabalho mais progressivo do quarteto e ignorado na escolha do setlist dos shows no Brasil.

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