quarta-feira, 12 de agosto de 2015

TEM QUE OUVIR: Ozzy Osbourne - Blizzard of Ozz (1980)

A década de 1980 não parecia promissora para Ozzy Osbourne. Um outrora ícone de uma das principais bandas de heavy metal, se via agora desempregado, musicalmente superado, falido e viciado tanto em álcool quanto em cocaína.


Já enclausurado em seu mundo decadente, no aguardo do esquecimento, eis que uma garota chamada Sharon, filha de um magnata da indústria musical, se apaixonada pelo desprezado rockeiro. Ambos encontram na paixão a disposição para dar uma nova rota ao Príncipe das Trevas.

Para isso, Ozzy precisava de uma banda. Entre inúmeros guitarristas testados, encontrou no ex-Quiet Riot, Randy Rhoads, a união perfeita. O guitarrista modernizou a linguagem do heavy metal através de seus riffs e solos com forte influência da música erudita, além de pegada e timbres vibrantes. Deste approach saiu a clássica "Crazy Train".

Mas é a alucinante "I Don't Know" que abre o disco, evidenciando um timbre muito mais esganiçado do Ozzy quando se comparado aos tempos de Black Sabbath.

Entre baladas como "Goodbye To Romance", a peça erudita "Dee" (dedicada a mãe de Rhoads) e a problemática "Suicide Solution" (que embora seja sobre alcoolismo, foi acusada de incitar ao suicídio um adolescente em 1986), o verdadeiro destaque é a épica "Mr. Crowley", canção sobre o mago ocultista, de introdução fúnebre e solo de guitarra virtuoso. A música tornou-se o cartão de visita do jovem guitarrista, que faleceu tragicamente num evitável acidente de avião, sem deixar grande número de canções registradas, mas o suficiente para ser sempre lembrado como um dos principais músicos da época.

O disco foi um sucesso e deu novo gás a carreira do Ozzy, embora nenhum outro trabalho posterior tenha alcançado o mesmo êxito artístico. Os talentosos Bob Daisley (baixo) e Lee Kerslake (bateria) reivindicaram na justiça (e ganharam) o direito por royalties atrasados. Desta forma, na versão remasterizada do disco lançada em 2002, Sharon optou excluir seus instrumentos originais e substitui-los por takes dos novos (e talentosos) músicos da banda do Ozzy. Nem preciso falar pra priorizar a versão original do disco, né? Clássico do heavy metal.

Um comentário:

  1. Disparado o melhor trabalho do maluco comedor de morcegos, na mera opinião de "roqueiro de bom gosto" que sou desde sempre.

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