sexta-feira, 28 de agosto de 2015

TEM QUE OUVIR: David Bowie - Young Americans (1975)

Em 1975, David Bowie já não era mais aquele personagem andrógino glam/proto-punk que surpreendera o mundo anos antes. Apaixonado pela soul music da gravadora Philadelphia International (PIR) - que incluía no seu cast nomes como The O'Jays e Billy Paul - e pelos shows de James Brown e Curtis Mayfield que assistira no Apollo Theatre (Harlem), Bowie fez uma viagem pela música negra americana e virou um crooner esquelético, cocainômano, obcecado por Aleister Crowley.



Para estruturar essa sua nova fase, Bowie se uniu no estúdio Electric Ladys com um time de estrelas conhecidas apenas pelos fãs de soul music: Carlos Alomar, guitarrista porto-riquenho que havia tocado com James Brown; Andy Neewmark, baterista que fez parte da Sly And The Family Stone; David Sanborn, requisitado saxofonista que gravou com Stevie Wonder, Albert King, Gil Evans e Todd Rundgren; dentre outros talentosos músicos.

Logo na virada de bateria e na melodia de sax da introdução de "Young Americans", já elevamos o astral ao máximo. Extremamente swingada e atenta aos problemas sociais enfrentados pelos jovens americanos, a faixa tem um refrão em coro irradiante.

Enquanto Carlos Alomar e Bowie brilham na bela "Win" e na balada delirante/dançante "Right", quem rouba a cena na grooveada "Fascination" (sobre cocaína?) é o baixista Willie Weeks.

Mais uma vez guiado pelo sax de Sanborn e com influência da música gospel, "Somebody Up There Likes Me" se revela um ataque a Nixon. Já "Can You Hear Me" é muito mais simples em sua temática romântica, embora dona de arranjo orquestrado primoroso.

O álbum ainda reserva duas participações importantíssimas: a do guitarrista Earl Slick e do eterno beatle John Lennon. Ambos marcam presença em "Across The Universe" - a única que remete aos tempos de Ziggy Stardust, para muitos melhor que a versão original do grupo de Liverpool e dona de ótima bateria de Dennis Davis -, e "Fame", o grande sucesso do disco, que fecha a obra atacando a indústria da música. O hit é sustentado pela guitarra ultra swingada de Alomar.

O Camaleão mais uma vez ditou tendências. Poucos anos depois, a disco music estouraria diluindo muito do que Bowie já havia conquistado em Young Americans.

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