domingo, 30 de agosto de 2015

Descobrindo novos sons via documentários

Ao procurarmos um documentário musical para assistir, existe a tendência de irmos em busca a nomes que já conhecemos e adoramos. Afinal, quem não vai querer ver um filme sobre o Bob Dylan dirigido pelo Martin Scorsese (vide No Direction Home, de 2005)? Todavia, é sempre interessante/esclarecedor conhecermos artistas diferentes via documentários. Sendo assim, aqui vão belas dicas para fugirmos do óbvio musical e cinematográfico.

- The Devil and Daniel Jonhston (Jeff Feuerzeig - 2005)
Artista cult, Daniel Johnston ganhou prestigio ao ser citado por integrantes do Nirvana, Pearl Jam, Beck, PJ Harvey, dentre outros. Seus discos gravados amadoramente em casa ainda no começo da década de 1980, trazem devaneios de um brilhante compositor perdido entre amores fracassados e sinais de esquizofrenia. Alucinado, Daniel é internado em clinica psiquiátrica, tem crises mentais nervosas e, num momento fantástico do filme, é procurado pelos integrantes do Sonic Youth, que o encontram completamente atormentado por, segundo ele, o Demônio. Emocionante e tragicamente cômico.

- Anvil!: The Story of Anvil (Sacha Gervasi - 2008)
Uma banda que no auge do heavy metal serviu de influência para integrantes do Metallica, Motörhead e Guns N' Roses, se vê agora completamente esquecida. Seus integrantes revezam entre shows vazios e trabalhos paralelos entregando merenda. Comovente e hilário. Uma verdadeira história de paixão pela música.

- The Wrecking Crew (Danny Tedesco - 2008)
Dirigido por Danny Tedesco, o filme conta a história da Wrecking Crew, um grupo de músicos de estúdio que gravou inúmeros hits da música popular americana entre as décadas de 1950 e 1960. Pérolas dos Beach Boys, Monkees, Sony & Cher, Frank Sinatra, Nancy Sinatra, The Mamas & The Papas, dentre outros (incluindo jingles e temas para programas de TV), foram gravadas por instrumentistas exímios e anônimos para o grande público, vide os guitarristas Tommy Tedesco (pai do diretor do filme), Glen Campbell (que depois despontaria em carreira solo), Barney Kessel, os bateristas Hal Blaine e Earl Palmer, a baixista Carol Kaye, o pianista Leon Russell, dentre outros. Uma história musical dos bastidores que precisa ser conhecida.

- This Is The Life (Ava DuVernay - 2008)
Good Life Cafe, um espaço alternativo destinado para palestras e vendas de produtos naturebas, ganha uma noite semanal exclusiva para apresentação rappers, fomentando uma cena de jovens e talentosos artistas, vide Chillin Villain Empire, Ellay Khule, Ganjah K, Medusa, Volume 10, Jurassic 5, Freestyle Fellowship, Ava DuVernay, dentre outros. Recomendado não só pra quem gosta de rap, mas principalmente de música alternativa.

- Thunder Soul (Mark Landsman - 2010)
Uma bela história envolvendo a Kashmere Stage Band, uma banda de colégio que superou diversas adversidades, inclusive raciais, ganhando prêmios e fazendo uma espetacular fusão do jazz com o funk. Três décadas depois, os músicos se reúnem e tocam para seu professor/maestro, Conrad O. Johnson. Puro groove e emoção.

- Last Days Here (Don Argott e Demian Fenton - 2011)

Mais que a história da cultuada banda heavy/doom metal, Pentagram, o filme narra as batalhas de um fã para trazer o líder do grupo, Bobby Liebling, de volta a vida após anos de abuso de heroína, metanfetamina e crack. Daquelas histórias onde nada parece dar certo.

- Searching For Sugar Man (Malik Bendjelloul - 2012)
O vencedor do Oscar de 2013 de Melhor Documentário narra a história de Sixto Rodriguez, um artista folk americano que lançou na década de 1970 dois discos que passaram completamente despercebidos. Sem prestigio, o cantor/violonista abandonou a música. Mal sabia ele que sua obra virara sucesso na África do Sul, sendo seu nome mais celebrado que de ícones como Beatles e Elvis Presley. Suas canções viraram símbolo da resistência contra o Apartheid. O filme mostra o encontro do ídolo com uma multidão que clamou por sua aparição durante 30 anos. Inacreditável se não fosse real.

- A Band Called Death (Mard Christopher Covino e Jeff Howlett - 2012)
Três irmãos negros de Detroit montam uma banda de rock no começo da década de 1970, dando as costas para a soul music da Motown, que reinava em sua terra natal. O som explosivo do grupo era punk rock antes do punk rock nascer. David Hackney (guitarra e voz) assume a liderança da banda e embarca todos num conceito relacionado a morte, incluindo o nome do grupo: Death. Embora tenham conseguido gravar um único álbum, inúmeras gravadoras dão as costas para banda. O mórbido nome amaldiçoara o promissor grupo, que só foi encontrar prestígio décadas depois de seu fim.

- Jason Becker: Not Dead Yet (Jesse Vile - 2012)
Um jovem guitarrista extremamente virtuoso, no auge das pirotecnias na guitarra, sendo destaque em revistas especializadas no mundo todo, com uma carreira brilhante pela frente - incluindo o papel de guitarrista do David Lee Roth, que tivera ao seu lado Eddie Van Halen e Steve Vai - viu tudo isso indo ralo abaixo ao ser diagnosticado com uma terrível doença degenerativa que limita todos os seus movimentos, ainda que mantenha sua mente intacta. Mais que uma história comovente presente num filme inevitavelmente dramático, a vida do Jason Becker é uma lição para todos nós.

- The Punk Singer (Sini Anderson - 2013)
Se tem uma figura determinante para a cena Riot Grrrl é a Kathleen Hanna, vocalista do cultuado Bikini Kill e, posteriormente, do interessante Le Tigre. Todavia, ela sumiu dos holofotes sem dar grandes explicações. O filme explica o porque.

- Desagradável (Fernando Rick - 2013)
Uma lenda da cena movimentada do bar Garagem no Rio de Janeiro na década de 1990. A banda tornou-se a única a trabalhar seu conceito em torno da macumba. As letras, os ritmos e a postura insana no palco (e fora dele), tudo é extremo quando se fala em Gangrena Gasosa. Não faltam histórias divertidas sobre o grupo no documentário.


- Keep On Keepin' On (Alan Hicks - 2014)
Genuinamente emocionante, o filme não precisou recorrer a clichês para ser tocante. Ele narra não só a história do genial trompetista Clark Terry (tido como mestre até para Miles Davis e Quincy Jones), mas também a sua ligação com o jovem pianista Justin Kauflin. CT (como é chamado pelos amigos) já está velho e doente, porém consagrado. Justin é cego e enfrenta a insegurança para sobreviver como músico. Todavia, engane-se quem acha que o filme é dramático (embora o choro seja quase inevitável). É mais uma amostra da beleza de indivíduos especiais numa amizade belíssima e com muitos momentos divertidos.

- Los Punks: We Are All We Have (Angela Boatwright - 2016)
No maior estilo DIY, jovens (na maior parte latinos) da zona periférica de Los Angeles, organizam shows de punk rock nas garagens dos amigos, fomentado uma cena musical vibrante. Caso o filme não existisse, dificilmente saberia da existência de tais grupos. Só por isso ele já vale.

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