domingo, 7 de junho de 2015

TEM QUE OUVIR: Janis Joplin - Pearl (1971)

Discos póstumos costumam ser um engodo da indústria da música para gerar dinheiro fácil em cima do saudosismo putrefato. Pearl (1971), lançado apenas três meses após a morte da lendária Janis Joplin, é uma entre poucas exceções.


Embora póstumo, o trabalho foi produzido diretamente por Janis. Ou seja, não se trata de uma compilação de sobras, mas de uma obra finalizada pela cantora.

A rockeira "Move Over" abre o disco com a potência elevada e ótimo desempenho tanto de Janis quanto de sua banda. Mas é na abordagem blues de "Cry Baby" que a cantora impressiona. A dinâmica que intercala entre berros viscerais e sussurros suaves é maravilhosa.

Tanto no quesito técnico, quanto interpretativo e timbristico, Janis é genial, podendo ser comparada as grandes divas do blues, jazz e soul, vide a excelência de seu trabalho na linda "A Woman Left Lonely" e na swingada "Half Moon". Atrelado ao seu talento musical está sua rebeldia junkie, sorriso tímido e visual hippie - todas características presentes na capa do disco. Com isso, não é difícil entender o porque da sua chama manter-se acesa décadas após sua morte.

Se por um lado "Buried Alive In The Blues" é, devido a morte prematura da cantora, uma ótima faixa instrumental, por outro lado a clássica "Mercedes Benz" é uma divertida e majestosa canção a cappella de Janis.

Entre as faixas restantes, impossível não destacar o refrão explosivo de "My Baby", a maravilhosa melodia da balada-folk-hippie "Me And Bobby McGee", o poderoso timbre de hammond em "Get It While You Can" e o talento de Bobby Womack na composição de "Trust Me".

O disco é para muitos (inclusive eu), de longe, o melhor trabalho da Janis Joplin. Infelizmente, seu auge artístico é também seu ato final.

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