Batons pretos em bocas conhecidas me fazem crer que a moda gótica voltou. Ou seria apenas uma tendência labial? Possivelmente tenha até mais ligação com a Lorde ou algum filme na linha do Crepúsculo do que com a Siouxsie Sioux. De qualquer forma, achei que era hora de tirar a poeira de uma das mais legais obras do rock dark/gótico. Falo do seminal Mask (1981) do Bauhaus, lançado pela 4AD.
Com um espetacular (e pesado) disco de estreia já no currículo, o Bauhaus confirma em Mask sua maturidade nos quesitos timbres, arranjos e composição. Os teclados e violões presentes na bela "Passion Of Lovers" é um sinal claro da evolução não só do grupo, mas também do pós-punk.
Na linha de frente da banda está o vocalista Peter Murphy e o guitarrista Daniel Ash, mestre em texturas ruidosas, vide "Hair Of The Dor", que é embalada pela bateria tribal de Kevin Haskins e o baixo melódico de David F. Essa consistente e subestimada cozinha chega a flertar com o funk na ótima "Kick In The Eye", sendo a faixa uma espécie de "David Bowie mórbido".
A guitarra esquizofrênica de Ash combina perfeitamente com a letra delirante de "Of Lillies And Remains". Em alguns momentos, tudo soa perturbadamente dançante, vide o que ocorre em "Muscle In Plastic" e, evidentemente, em "Dancing". Já o lado mais dark fica explicito na épica "Hollow Hills", de clima gélido, noturno e amedrontador. Dá pra ver a lua em meio a neblina.
"In Fear Of Fear" tem traços tanto do pós-punk quanto de funk, reggae, free jazz e krautrock, sendo uma das melhores (e criativas) faixas do grupo. Mas é a tensa "Mask" - um dos mais improváveis singles - que fecha esse álbum extremamente influente. Danzig, Billy Corgan, Trent Reznor, Marilyn Manson, Steve Albini, Jello Biafra, Peter Steele e Stuart Braithwaite assinam embaixo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário