sexta-feira, 29 de maio de 2015

TEM QUE OUVIR: Curtis Mayfield - Super Fly (1972)

Quando o assunto é Super Fly, é oportuno separar o filme de sua trilha sonora. Se na sétima arte o clássico longa de blaxploitation não é grande coisa, em disco a trilha sonora elaborada por Curtis Mayfield é digna dos melhores momentos da soul music.


Curtis Mayfield vinha há anos acumulando alguns singles de sucesso desde o tempo que integrava o Impressions, vide o clássico hino gospel "People Get Ready", lançado em 1965. Todavia, foi na década de 1970, quando ele guinou sua letras para problemas sociais dos bairros mais pobres dos EUA, envolvendo conflitos raciais, crimes e drogas, que ele atingiu o auge de sua popularidade e qualidade artística. Neste disco, "No Thing On Me (Cocaine Song)" é a canção que melhor evidencia essa direção. 

Além de compor e cantar como poucos, Curtis é um subestimado guitarrista, sendo a base de canções como "Pusherman" uma preciosidade das seis cordas, com direito a um dos melhores timbres de wah-wah da história. E seu talento não para aí, já que a produção do disco é assinada exclusivamente por ele.

O groove alucinante de percussão, o arranjo de cordas na introdução, as frases de trombone, além dos timbres de teclado em "Little Child Runnin' Wilde" são espetaculares. Tudo isso é embalado pela voz suave, porém intensa, de Curtis.

Sucessos como "Freedie's Dead" e "Superfly", ambas com lindas orquestrações, linhas de baixo pulsantes e groove contagiante, viraram matéria prima para inúmeros samples, que o diga Beastie Boys, Notorious B.I.G., Racionais MC's e tantos outros. 

As viagens instrumentais propostas em "Junkies Chase" e "Think" (linda progressão de acordes) são maravilhosas. Já o arranjo de "Give Me Your Love" é apaixonante.

Ouvir Super Fly é uma experiência cinematográfica melhor que assistir o próprio filme. Além disso, é a prova de que existe pérolas da soul music fora da Motown e da Stax, já que o disco foi lançado pela Curtom.

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