terça-feira, 9 de junho de 2015

No centenário de Les Paul, suas criações ainda fazem a diferença

Les Paul é para muitos apenas um modelo de guitarra fabricado originalmente pela Gibson e copiado por tantas outras marcas. Ainda são poucos os que reconhecem em Lester William Polfus - ou simplesmente Les Paul - uma vida doada não só ao instrumento, mas a música.

Seu interesse pela música se deu logo na infância, aos oitos anos de idade. Diante da primeira adversidade musical, que era tocar gaita simultaneamente com o banjo, inventou um suporte que prendia o instrumento de sopro na cabeça. Posteriormente, Neil Young, Bob Dylan e tantos outros fizeram sucesso usando essa invenção simples, mas eficaz.


Após trocar o banjo pela guitarra elétrica, Les Paul sentiu a necessidade de criar um instrumento de corpo sólido. Se foi o primeiro a fazer isso eu não sei - Leo Fender e até mesmo a dupla Dodô e Osmar foram outros precursores - mas fato é que a guitarra que leva seu nome fez sucesso.

Com o caminhar dos anos, o modelo passou pelas mãos de nomes como Paul McCartney, Duane Allman, Mike Bloomfield, Mick Taylor, Pete Townshend, Jimmy Page, Neil Young, Robert Fripp, Billy Gibbons, Ace Frehley, Joe Perry, Mick Ronson, Marc Bolan, Al Di Meola, Gary Moore, Neal Schon, Peter Frampton, Randy Rhoads, Slash, Zakk Wylde, Warren Haynes e tantos outros, escrevendo assim não só a história do instrumento, mas da música na segunda metade do século XX adiante.


Mas tem uma invenção do Les Paul que foi ainda mais importante, fazendo a diferença na obra dos maios diversos artistas, do Muddy Waters ao Skrillex, passando por Beatles, Beach Boys, Stevie Wonder, Steely Dan, Queen, Michael Jackson, Peter Gabriel, Public Enemy, Chemical Brothers, Metallica e quem mais você possa imaginar. Falo da gravação multi-canal. 

A gravação multi-canal deu a possibilidade de gravar cada instrumento individualmente, contribuindo não só para a qualidade da captação e das performances, mas também para a criação de camadas sonoras. 

O interessante é que Les Paul fez isso não utilizando fitas magnéticas, mas discos de acetato, trabalhando com trilhas sobrepostas, não paralelas. Além disso, ele era capaz de alterar a velocidade da gravação, criando assim efeitos inimagináveis até então. Escute a faixa "Lover (When You're Near Me)", gravada somente por ele em sua garagem (meio século antes de qualquer um poder ter um software de gravação em casa) e lançada pela Capitol.


Como se tudo isso não bastasse, como instrumentista ele percorreu pela música popular americana, jazz, country e tantos outros gêneros, fazendo shows, gravando discos, trilhas para rádio/TV, em parcerias com sua esposa Mary Ford e com o também lendário guitarrista Chet Atkins. Tudo isso faz com que ele seja admirado por 10 entre 10 guitarristas.


Les Paul morreu aos 94 anos em 2009. Sua idade não o impediu de manter até o fim da vida uma apresentação semanal com seu trio no Iridium Jazz Club em Nova York. Na plateia não era difícil encontrar nomes como Jeff Beck, Brian May, Slash, Zakk Wylde, Steve Vai, Eric Johnson, Joe Bonamassa e tantos outros.

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