terça-feira, 5 de maio de 2015

TEM QUE OUVIR: Jethro Tull - Aqualung (1971)

Quem se deixa levar apenas pelo espetacular riff de "Aqualung" do álbum homônimo do Jethro Tull, pode se enganar com relação a proposta do disco.


Embora o hit que abra o álbum seja uma pérola do hard rock setentista, com destaque para a performance do subestimado guitarrista Martin Barre - tremendo riff e solo -, a sonoridade do trabalho como um todo está muito mais próxima de uma fusão do rock progressivo com a música folk.

Ian Anderson além de grande cronista - tal como um menestrel -, esbanja dramaticidade vocal e certo virtuosismo com sua tão característica flauta na bela balada celta "Mother Goose" e na psicodelia acústica de "Up To Me". Vale dizer que sua maneira de tocar o instrumento de sopro fez escola. Ele tem uma "sujeira", projeção de ar e canto atrelado a flauta que proporciona sonoridades únicas. 

Se por um lado as curtinhas "Cheap Day Return", "Wond'ring Aloud" e "Slipstream" são donas de melodias lindíssimas e arranjos preciosos, o peso quase heavy metal dá as caras nas igualmente ótimas "Cross-Eyed Mary" - regravada posteriormente pelo Iron Maiden - e na tensa/épica "My God", com direito a mais um tremendo riff de guitarra, além de delirante solo de flauta. A performance ao piano de John Evan em "Locomotive Breath" também merece destaque.

Temas como a distância entre Deus e as religiões e letras abordando os desabrigados ingleses - representados na clássica capa do disco - aproximam o trabalho de uma obra conceitual, fato que Ian Anderson sempre negou. De verdade está somente a beleza das composições aqui encontradas. Clássico do rock progressivo, de sucesso comercial na época impressionante para o gênero.

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