terça-feira, 24 de março de 2015

TEM QUE OUVIR: Gentle Giant - The Power And The Glory (1974)

"Expandir as frontes da música popular contemporânea, correndo o risco de se tornar bem impopular". Tendo a consciência dessa proposta, é mais fácil apreciar a sofisticação do Gentle Giant.


The Power And The Glory é sexto álbum da banda. Não é um destaque comercial e sequer uma ruptura dentro da discografia do grupo. É apenas mais um trabalho de excelência absurda, que estava em sintonia com o mundo, tendo em vista que foi lançado no auge do rock progressivo.

Um dos grandes méritos do Gentle Giant é que eles exploram a virtuosidade sem soar massivo. As composições sempre trazem sofisticações interessantes. Tá certo que as inúmeras variações rítmicas, a utilização de compassos pouco usuais no rock, além de estruturas elaboradas (como fugas e madrigais), melodias complexas e até mesmo instrumentos como cravo, alaúde, harpa, cello e vibrafone, causam distanciamento de alguns, mas a viagem após embarcada é extremamente gratificante.

Lançado pelo selo Vertigo, o disco narra a trajetória de um político se corrompendo em seu cargo. Se o tema é atual, os arranjos de caráter erudito tendem a soar datado. Nem por isso deixa de ser esplendoroso ouvir Kerry Minnear, Ray Shulman, Gary Green, John Weathers e Derek Shulman (que mais tarde virou um importante executivo da PolyGram), pulando de instrumento em instrumento, transbordando qualidade técnica, groove e bom gosto melódico.

Como todo bom lançamento de rock progressivo, o disco não tem uma faixa destaque. Sua narrativa como um todo é que faz a magia acontecer. Em tempos de mediocridade, a aventura musical do Gentle Giant soa subversiva.

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