sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

TEM QUE OUVIR: Bob Dylan - Highway 61 Revisited (1965)

A história todos já sabem, mas não custa resumir: Bob Dylan - até então jovem promessa da música americana, cantor/violonista de personalidade e, acima de tudo, compositor genial -, chamava atenção como principal representante da música folk, sendo seu trabalho importante não só para a música, mas para toda a contracultura e o processo em defesa dos direitos civis que ocorria nos EUA. Preso a uma fórmula sonora, o artista sobe ao palco do Festival Folk de Newport em julho de 1965 empunhando uma guitarra. Entre vaias e gritos de "traidor", Bob Dylan funde-se ao rock. Se no começo essa eletrificação da música folk causou burburinho entre os mais conservadores, um mês depois a maioria já havia se rendido ao som vigoroso de Highway 61 Revisited (1965).


Além obviamente da qualidade enquanto letrista, o grande triunfo do Bob Dylan neste período foi trazer as raízes do rock (principalmente a tradicional country music americana e o blues rural) para uma linguagem mais contemporânea, tanto no que diz respeito a produção, quanto a instrumentação e desenvolvimento das composições.

Distante de fórmulas radiofônicas, Dylan abre o álbum com um clássico inusitado. "Like A Rolling Stone" e seus mais de 6 minutos é um épico guiado pelo som do órgão de Al Kooper, a produção reverberosa do Tom Wilson e a interpretação convicta do compositor, onde sua letra corrida e contestadora chega até mesmo a remeter ao que o rap faria no minimo 20 anos depois.

A tão polêmica guitarra elétrica é crucial na intensa "Tombstone Blues", onde as frases quentes do instrumento empunhado pelo lendário Michael Bloomfield parecem borbulhar. Por outro lado, é a gaita e o piano saloon que dominam a vagarosa e esfumaçada " I Takes A Lot To Laugh, It Takes A Train To Cry".

Bob Dylan muda a trajetória do rock através dos textos ferozes de "From A Buick 6" e "Highway 61 Revisited", além da stoniana "pré" Stones "Queen Jane Approximately". Ele também se mostra inspirado na bela balada "Just Like Tom Thum's Blues" e na espetacularmente tensa "Ballad Of A Thin Man", dona de uma das suas melhores performances vocais.

Sua raiz folk se manifesta na acústica "Desolation Row", contendo um dos mais belos (e abstratos) textos da história da música, distribuído em seus rápidos 11 minutos.

Genial e revolucionário, Highway 61 Revisited é fundamental para entender não só a carreira do Bob Dylan, mas a música popular do século XX.

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