quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Pitacos sobre o show do Macca

Faz menos de 24 horas que presenciei o show do maior compositor vivo e, muito provavelmente, maior compositor da música POP de todos os tempos. É óbvio que estou falando de Paul McCartney. Como de costume, gosto de dar pitacos sobre o que vi, só que desta vez as 140 caracteres do Twitter não foram suficientes. Deste modo, meio embriagado, recorro a esse meu humilde blog.

1º Pitaco: Allianz Parque.
Pode chamar de clubismo, birra, inveja ou qualquer outra palavra que tente desmerecer a minha honesta opinião, mas o que penso é que o Allianz Parque é conceitualmente uma droga. É evidente que o fácil acesso é uma maravilha (que, diga-se de passagem, de nada adianta ter metrô do lado se quando os eventos acabam ele está fechado, vide ontem), mas me incomoda essa "modernização" sem propósito. Para espetáculos musicais, a nova arena nem se compara ao antigo Palestra Italia (melhorou muito no quesito acústica), mas para jogo acho lamentável. Deixa passar a euforia e começará a aparecer pessoas com saudades de comer amendoim, sentado no cimento, de chinelo, vendo o pequeno Palmeirinhas jogar. Cadeira numerada, escada rolante, cerveja sem álcool e ar condicionado é o escambal! Típico do futebol corporativo dos tempos atuais. Se for pra ser assim, sou bem mais o trambolho antiquado do Morumbi. Por isso reitero a grande lema da torcida do Juventus: "Ódio eterno ao futebol moderno!".

2º Pitaco: Que outro artista pode se orgulhar de ter esse nível de composições em seu repertório?
Eight Days A Week, All My Loving, Let Me Roll It, Nineteen Hundred And Eight-Five, Blackbird, Eleanor Rigby, Band On The Run, Back In The U.S.R.R., Let It Be, Live And Let Die, Hey Jude, Day Tripper, I Saw Here Standing There, Yesterday, Helter Skelter, Golden Slumbers, Carry That Weight e The End... só para citar algumas. É muita coisa, não!?

3º Pitaco: A simpatia.
Confesso que não esperava que um artista que não precisa provar mais nada para ninguém, com grana de enriquecer gerações e mais de 70 anos nas costas, pudesse soar tão revigorante quanto diziam. Mas é verdade. Ele é bem humorado e, mesmo que o show seja milimetricamente ensaiado, a espontaneidade com que ele lida com a plateia é de verdade, basta ver os vídeos da mesma tour em outros países.

4º Pitaco: O músico.
Tem baixista mais melódico que o Macca? Além disso, ele é um guitarrista e pianista esforçado com momentos de genialidade e cantor subestimado. Sua banda também é de nível elevadíssimo. Como é bom ver isso as vezes.

5º Pitaco: A praga do disco recente é uma injustiça com Paul.
Não importa o nível das composições que o Paul venha apresentar, nada se equivale ao estardalhaço emocional provocado no público no momento em que o primeiro acorde de uma das canções dos Beatles ecoa. Nem mesmo as do Wings parecem sensibilizar com a mesma intensidade a plateia, quem dera as boas faixas do disco New (2013). Mas até ai não dá para reclamar, é normal. Até os deuses sofrem com a "maldição do trabalho novo".

6º Pitaco: O público continua mal educado.
Infelizmente, não foram só as ótimas músicas já citadas que ouvi. Escutei também palmas de senhoras em tempos que faria os caras do Meshuggah coçarem a cabeça. Mas até ai faz parte do pacote. O que me irrita é papo furado durante as músicas e "rockeirice beberrona conservadora pseudosuperior" digna de me fazer querer sair de lá correndo direto para uma balada sertaneja. Tem que ter muito saco para aguentar esse público meia-idade advogado/rockeiro.

7º Pitaco: Sir nada, é Santo mesmo.
Se começar a chover em São Paulo como no dia do show e não enfrentarmos problemas sérios com o abastecimento de água e, o mais difícil, o Palmeiras voltar a ganhar títulos, pode canonizar o Paul porque seus milagres já estão ultrapassando os limites da arte.

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