segunda-feira, 22 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: Pixies - Doolittle (1989)

É coerente dizer que o Pixies escreveu grande parte do manual do rock feito na década de 1990. Musicalmente isso deu desde o intenso Surfer Rosa (1988), disco que deixou Kurt Cobain de queixo caído. Mas é comum encontrar quem prefira Doolittle (1989), um trabalho inegavelmente melhor acabado.


Abandonando a produção caótica/espetacular do Steve Albini, o grupo recorreu ao novato Gil Norton. Embora a visão nebulosa sobre fatos bíblicos, violência e doses nada moderadas de surrealismo continuem a rondar as composições do Black Francis, o disco é consideravelmente mais acessível. Mesmo os momentos barulhentos - e não são poucos -, são seguidos de boas melodias e dinâmica agradável. Daí saiu a fórmula "barulho + sussurros" adotada por milhares de bandas. Um exemplo? Ouça a paulada "Tame" e tente não lembrar do Nirvana.

O hit "Here Comes Your Man", uma balada solar que destoa dentro do repertório, aqueceu as vendas do disco, sendo um sucesso inesperado para a gravadora 4AD. Já a quase shoegaze "Monkey Gone To Heaven" conseguiu destaque no circuito alternativo. Não por acaso, já que é uma tremenda canção.

Se "I Bleed" é uma pérola psicótica que recorre a dobradinha vocal hipnotizante promovida por Black Francis e Kim Deal, "Dead" é guiada pela guitarra freak do Joey Santiano. 

Há ainda momentos enlouquecedores como "Silver" e "Crackity Jones" (com traços de Minutemen). Já as maravilhosas "Debaser" (que baita faixa para abrir um disco, hein!), "Wave Of Mutilation" (emotiva, urgente, ganchuda), "Gouge Away" e "No. 13 Baby" (com traços de Sonic Youth) estão no mais alto escalão do rock alternativo.

Clássico de uma geração destemida.

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