sexta-feira, 19 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: The Clash - London Calling (1979)

Existe uma santíssima trindade na discografia do punk rock: The Ramones (1976), que inaugurou o estilo como o conhecemos; Never Mind The Bollocks, Here's The Sex Pistols (1977), uma injúria aos padrões sonoros e comportamentais; e London Calling (1979), a obra que proporcionou sobrevivência, dignidade e maturidade ao gênero.


Após a virulência dos Ramones e Sex Pistols, não havia muito a ser feito além de aperfeiçoar musicalmente e politicamente o punk rock, nem que para isso fosse necessário abandonar a caricatura tosca do próprio estilo.

Digo isso porque, após a audição do caldeirão sonoro presente neste álbum, fica explicito que de punk rock restou somente o passado da banda, além da icônica capa inspirada no disco de estreia do Elvis Presley, só que aqui contendo a fúria do baixista Paul Simonon ao destruir seu instrumento predileto. O momento foi capturado precisamente pela fotógrafa Pennie Smith, que não se intimidava ao dizer que a ampla comercialização da obra deturpou o material, tirando de si sua real essência.

Com dois discos na bagagem e a mão do produtor Guy Stevens, o Clash juntou um material de mais de 1 hora dividido em 19 musicas e 2 LPs (vendidos ao preço de um disco comum). Seria maçante se não fosse tão espetacular.

Joe Strummer e Mick Jones se mostram compositores talentosíssimos na politizada/contestadora/clássica "London Calling", dona de espetacular linha de baixo, guitarras cortantes e letra impressionantemente bem escrita. É importante lembrar que a faixa foi lançada durante a ascensão da Margaret Thatcher. Vale dizer que embora engajada, a canção não soa pedante.

Já em "Spanish Bombs" é a Guerra Civil Espanhola que é abordada, isso dentro de uma maravilhosa introdução e linda melodia.

A ampla paleta musical da banda fica explicita em faixas como "Brand New Cadillac" (rockabilly), "Jimmy Jazz" (skiffle), "Lost In The Supermarket" (pop), "Rudie Can't Fail" (reggae, meio two tone), "Clampdown" (punk rock), "The Card Cheat" (power pop) e na mistura de tudo isso em "Train In Vain".

O álbum pode até ter gordurinhas. Todavia, seu alcance já está enraizado na cultura pop. Um clássico indiscutível.

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