quinta-feira, 25 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: Angra - Temple of Shadows (2004)

*Um post extremamente pessoal.

Final de 2004. Eu, no auge dos meus 14 anos, começava a me interessar seriamente em estudar guitarra. Virtuosismo era premissa básica. Entre os ídolos internacionais que apareciam nas revistas especializadas no instrumento - Steve Morse, Steve Vai, John Petrucci -, alguns nacionais brilhavam - Edu Ardanuy, Juninho Afram e, a dupla do Angra, Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt -, apontando um rumo para milhares de moleques sedentos por heavy metal melódico, técnico e épico. Neste quesito, nenhum outro disco fez tanto minha cabeça quanto o Temple Of Shadows do Angra.


Angels Cry (1993) e Holy Land (1996) já tinham levado o nome do Angra para o exterior (principalmente para o Japão e a França) e feito a cabeça de muita gente. Mas para a minha geração, Temple Of Shadows é que foi o grande álbum da banda.

Se o competente vocalista André Matos já não fazia mais parte da formação, por outro lado, o instrumental do grupo se modernizou através do virtuosismo do Aquiles Priester (bateria) e Felipe Andreoli (baixo). Bastante calcado no power metal, "Spread Your Fire", "Angels And Demons" e "The Temple Of Hate" comprovam isso. Até mesmo para quem não gosta do estilo, essas canções costumam saltar aos ouvidos. Para jovens instrumentistas, um desafio a ser alcançado.

Mas é do meio pra frente que o álbum pende para o espetacular. "The Shadow Hunter" flerta metal progressivo com música brasileira sem soar forçado ou presunçoso. "No Pain For The Dead" é profunda em sua melodia e letra. "Sprouts Of Time" e "Morning Star" são de riqueza sonora impressionante. Já "Late Redemption" traz a participação impecável de ninguém menos que Milton Nascimento, elevando a estado de graça a emotiva composição.

A temática bem amarrada envolvendo uma guerra santa - mérito do subestimado Rafael Bittencourt enquanto compositor -, além do épico final proporcionado pela orquestrada "Gate XIII", dão um brilho conceitual a obra.

Ao me dar contar que se passaram 10 anos que o disco foi lançado, sofro uma mistura de felicidade e tristeza. O tempo não perdoa ninguém, nem a mim, nem ao Angra, que não mais obteve o mesmo êxito. No entanto, guardo com carinho meu CD autografado.

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