terça-feira, 24 de junho de 2014

TEM QUE OUVIR: Joy Division - Unknown Pleasures (1979)

Joy Division é daqueles grupos cult que despertam o comportamento "não ouvi, mas já gostei". A prova disso é que o emblemático Unknown Pleasures (1979), único trabalho lançado em vida pelo quarteto, não corresponde a imagem equivocada que muitos tem sobre a banda.


Sendo um dos pilares tanto da cena de Manchester quanto do pós-punk, o Joy Division é constantemente rotulado como uma banda sombria. Muito pelo fato do vocalista Ian Curtis ter se suicidado antes mesmo do grupo atingir seu prestigio. Ou até mesmo devido a clássica capa, contendo a morte de uma estrela captada por um medidor de pulso. Hoje nada mais que uma estampa de camiseta corriqueira em shows de rock.

Musicalmente, a banda formada pelos futuramente New Order - Bernard Sumner (guitarra e teclados), Peter Hook (baixo) e Stephen Morris (bateria) -, apresenta ritmos concisos, linhas de baixo melódicas/agudas, além de produção "cavernosa", que ajudou a definir muito da sonoridade do pós-punk. Mérito também do produtor Martin Hannett. Já a crueza da execução é (des)mérito dos integrantes mesmo.

Outra característica forte do grupo são as letras desesperançosas/existencialistas do depressivo Ian Curtis, que cantava como se estivesse resmungando.

Embora descritivamente a coisa pareça mórbida, as canções curiosamente soam bastante dançantes. Como destaque é possível citar a maravilhosa "Disorder", a esquisita "She's Lost Control", a dark "Shadowplay" e a punk "Interzone". Ouvi-las e acompanhá-las involuntariamente com movimentos corporal epiléticos - tal qual o vocalista - sempre me pareceu apropriado. 

É verdade que faixas como "Day Of The Lords", "New Dawn Fades" (de ótimo riff e que lembra o que faria anos depois o Danzig) e "I Remember Nothing", são donas de atmosfera sombria intoxicante. Entretanto, resumir a sonoridade do grupo a isso é um equivoco.

Este clássico lançado pelo pequeno selo Factory é a obra definitiva de um grupo que com pouquíssimo tempo de atividade alcançou a idolatria. Álbum fundamental para o surgimento de bandas como o The Smiths, Sisters Of Mercy, Depeche Mode, Interpol, Savages, dentre outras.

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