sexta-feira, 6 de junho de 2014

TEM QUE OUVIR: The Cure - Disintegration (1989)

Uma pesquisa recente estimou que uma a cada cinco pessoas já apresentou sintomas de depressão. Pensando nisso, fica fácil entender o porquê do Disintegration (1989) do The Cure ter feito tanto sucesso. 


O álbum foi lançado numa época em que a banda estava "desintegrada", com Robert Smith sofrendo a chegada aos 30 anos e Lol Tolhurst se afundando no alcoolismo. Essa vibe ajudou a construir esse que era pra ser o último trabalho da banda. Todavia, os prêmios, a critica positiva, as vendas exorbitantes e os bons shows não permitiram o fim do grupo.

Todas as marcas registradas do Cure estão aqui presentes: letras melancólicas, melodias docemente agradáveis, arranjos grandiosos, timbres de bateria eletrônica, sintetizadores etéreos e o baixo criativo do Simon Gallup. Fora a arte gráfica impecável, transparecendo a imagem gótica da banda, com direito a batom e palidez fúnebre do líder Robert Smith.

A abertura climática do disco com cinematográfica "Plainsong" é de beleza sombria. "Pictures Of You" vem na sequência demonstrando a eficiência pop da banda. "Closedown" é ritmicamente pesada e, por incrível que pareça, influenciou diversas bandas do black metal escandinavo. 

Por sua vez, linda "Lovesong" (ótimas guitarras, teclados e linha de baixo) e a ingenuamente aterrorizante/dark "Lullaby" (tremenda linha melódica de guitarra, memorável timbre de teclado e balanço funky) sustentam o prestigio do álbum. E isso é somente o lado A.

É fora do comum o equilíbrio que o grupo alcança entre peso e sensibilidade em "Fascination Street" (mais uma vez com ótima linha de baixo). Já "Disintegration" tem diversas camadas a ser explorada via seu instrumental denso e gélido.

Sincero, soturno, belo e cheio de personalidade, Disintegration é único. É um álbum capaz de recuperar alguém deprimido e afundar quem for pego desprevenido. O rock gótico finalmente encontrara sua perfeição. Só mais tarde é que fomos entender que, ao lado do Pornography (1982) e do Bloodflowers (2000), o disco forma a trilogia perfeita da obscuridade.

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